Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 181.6: Decreto De Azazel

Elisabella Andeavor abriu os olhos, devagar, e viu o cenário de sempre: a parede da cela escura. 

Por estar naquela posição há muito tempo, ela sentia cada parte do seu corpo pulsando, a corrente sanguínea ordenava o movimento do corpo, mas as algemas em suas mãos e pés não permitiam.

Ela estava pendurada na parede, a roupa que vestia ainda era aquela de quando fora sequestrada há alguns meses pela Presidenta do Inferno. 

O local onde estava presa era a prisão subterrânea do castelo, um local que nem a própria garota sabia da existência. 

A julgar pelo estado do local, não era usado há muito tempo. Na verdade, aquele castelo continha muitos corredores que levavam a passagens secretas, a prisão ficava em uma dessas passagens.

Elisabella arregalou os seus olhos ao escutar o som de passos. Era aquele dia novamente, o dia em que Azazel van Elsie a interrogaria. 

Era assim há muitos meses…

O coração da menina disparou, mas logo sua mente entendeu que não havia para onde fugir e acalmou o corpo trêmulo. Seus olhos tornaram-se sombrios como nunca e uma expressão de depressão e ódio invadiu o rosto da garota.

— Olá, Vossa Majestade! — anunciou Azazel van Elsie. — Vim aqui para nosso diálogo semanal, você não vai acreditar em como tudo está caótico lá fora!

Ao lado da Presidenta do Inferno, estavam Raul e Azazel van Gyl. 

Gyl era indiferente com relação à tortura, ela normalmente mantinha-se quieta durante as sessões de tormento conduzidas por Elsie.

Raul era diferente, o jovem franzia o cenho ao ver o quão sádica a Presidenta do Inferno poderia ser para obter informações. 

No entanto, Elisabella nunca disse nada, por pior que fosse o seu sofrimento. 

O objetivo da demônia sádica era o caderno de anotações de Kastella Andeavor, nele havia informações sobre tudo que aquela garota descobriu durante os muitos anos de estudo. 

Elisabella não entendia muito daquilo, mas sabia que era algo perigoso para cair nas mãos de Elsie.

Por mais que aquilo levasse à sua morte, ela jamais trairia a sua irmã. Jurou que protegeria as informações sobre os “E.Ts” e sobre o mundo chamado “Terra” com sua a sua vida, e assim faria.

Ela ficou realmente impressionada quando escutou o anúncio da Voz do Mundo há alguns meses, aquilo a fez pensar que estava protegendo algo realmente de valor.

— Então, será que nos contará algo hoje? — a demônia falou em seu tom pervertido. — Ou teremos outra sessão de dores intensas?

— Vá pro inferno, vadia — Elisabella balbuciou com ódio. Cada sílaba dita tinha a entonação de quem odiava com todas as forças o ser à sua frente.

Hahaha! Continua tão…

— Senhorita Azazel, desculpe-me interromper o seu divertimento…

A Presidenta do Inferno olhou com desdém para o homem que interrompeu suas palavras. Era Baal, o seu serviçal misterioso. 

— O que você quer, Baal? Não vê que estou ocupada?

— Eu me desculpo profundamente, mas tem uma pessoa querendo falar com a senhorita… é do Continente Oriental…

A expressão da demônia mudou na hora que ela escutou as palavras do mordomo. Elisabella só podia supor que com certeza não era uma coisa boa, nenhuma pessoa que tivesse contato com aquele ser tinha boas intenções.

— Raul, Gyl, deixarei o interrogatório hoje por conta de vocês… Com certeza terei boas notícias.

— Espero que seja alguém notificando que você tá fodida! — gritou Elisabella, no entanto seus insultos foram ignorados e a demônia saiu na companhia de Baal sem sequer olhar para trás. — E aí, podemos começar?! — Ela voltou seu olhar sombrio para os servos da Presidenta do Inferno. — Ou vocês querem tempo para se aquecerem?

— Eu vou adorar fazer isso, humana, eu não serei tão misericordiosa quanto a minha mestra — comentou Azazel van Gyl.

Raul apenas virou o rosto. 

Ele era humano, por pior que fosse, ainda tinha um resquício de bondade em seu coração, era isso que os seus olhos indicavam. No entanto, Elisabella não hesitaria em cravar uma faca no peito dele se tivesse a oportunidade.

Estavam em guerra, ela tinha ciência disso, era matar ou morrer, fora isso que Kastella dissera-lhe quando ainda viviam juntas. Eram palavras muito pesadas para se dizer a uma criança, mas aquilo acabou sendo útil para a princesa regente.

— Lembre-se que não podemos matá-la ou quebrá-la muito, faça apenas o necessário — falou Raul.

— Vamos lá! Eu tentarei me conter — gritou Gyl puxando uma caixa de ferramentas de tortura da mesinha ao lado.

***

Um magitransmissor aguardava Elise logo na saída da passagem secreta. 

O objeto era como um pequeno espelho com asas de morcego, uma das maravilhosas invenções criadas por reencarnados que viveram naquele mundo há algum tempo.

Refletido no vidro, estava a figura um pouco opaca de um homem adulto, suas roupas indicavam que era alguém pertencente à guarda do Monarca do Oriente, e o distintivo em seu peito revelava a sua posição de liderança.

A aparência era de Yong Huang, o líder da guarda, no entanto Elsie tinha ciência da verdadeira identidade dele: um demônio sintético. 

A Presidenta do Inferno espalhou as Sementes Doppleganger por várias partes do mundo, eram demônios que conseguiam assumir formas humanas e, quando nasciam, seu único objetivo era matar o seu sósia e assumir a identidade dele.

Aquilo que esteve no julgamento de Sophia, assumindo a forma de Elisabella Andeavor, era um demônio sintético. 

Aquela era uma semente rara, mas foi infelizmente morta por Kurone Nakano e a cocheira Amélia.

O verdadeiro Yong Huang morreu há oito anos, e aquela semente infiltrada entre a elite do Continente Oriental era excelente em levar boas notícias à sua mestra.

— Então, o que me traz hoje, minha semente?

“Muitas notícias, minha senhora. Serei objetivo, pois estou em um local de muito tráfego.”

— Pois diga, não tenho tanto tempo a perder também.

“O Arquiduque Asmodeus di Laplace foi morto.”

Era melhor do que esperava. 

Elsie formou um sorriso diabólico em seu rosto ao escutar aquilo. Ela não tinha nenhum problema com o Arquiduque Asmodeus, mas adorava o caos e a destruição.

Mortes eram sempre boas notícias.

— Diga, quem matou o pobre Asmodeus? — ela perguntou animada.

“Foi um jovem, o nome dele é Loright al Mare… ele é discípulo do Arquifeiticeiro.”

— Nunca ouvi falar desse, mas é coisa do tal Arquifeiticeiro… na verdade, esse nome me é familiar, mas não lembro onde o escutei. De qualquer forma, achei que o Arquifeiticeiro queria viver em segredo. Nesse caso, já é hora de considerá-lo inimigo, mate ele quando o encontrar.

“É impossível, minha senhora. Lao Shi já deve ter chegado às terras de Sophiette, ele irá ajudá-los na luta contra a senhora.”

Elsie perdeu o seu interesse naquilo, ela devia ter matado o homem há muito tempo, no entanto decidiu ignorá-lo enquanto ele vivia nas sombras, conhecido apenas pelas lendas do grande “Arquifeiticeiro Grau 10”.

— Mas é apenas mais um humano para minha lista… O tal Loright não deve ser grande coisa, provavelmente é só uma pessoa comum que o Arquifeiticeiro usou para mascarar a verdade: que ele matou o Arquiduque. 

“Como esperado da minha senhora, sempre tão esperta.”

— Tem alguma magifotografia do humano que matou o Arquiduque? Se ele for bonito, pensarei sobre como matá-lo. Se for feio, deixe-o viver, ele sofrerá mais assim.

“Eu fiz cópias das identidades falsas que deram a eles.” 

“Este aqui é ele, atualmente esse humano está usando o nome falso de Iolite Cordielyte e segue para Dart com um grupo de garotas, mas nossos espiões disseram que o verdadeiro objetivo deles é a floresta de Hyze. O motivo não sabemos.”

As letras no documento segurado pelo demônio eram difíceis de serem vistas devido à iluminação ruim do magitransmissor flutuando à frente de Elsie, no entanto a Presidenta do Inferno forçou a visão e observou a foto colada no papel amarelado.

Era um jovem de aparência incomum, mas ele poderia ser chamado de apessoado. 

O rosto era meio afeminado, tinha mechas brancas nas pontas do cabelo e olhos cinzas com um brilho ametista estranho. Os cabelos negros no topo e o manto branco lembravam de Kurone Nakano, o jovem que Elsie matou há alguns meses em Eragon, porém essa era a aparência comum de muitos “reencarnados”.

Hmm… deve ser só uma marionete do Arquifeiticeiro mesmo, mas é bonitinho e não podemos deixar insetos assim vivos. Se livre dele… Quem são as outras garotas? Mostre-me as identidades falsas.

“Como a senhora desejar. Esta aqui eu não sei o nome verdadeiro, no entanto segue com o nome falso de Ruby Redgemstone.”

Era uma jovem de cabelos castanhos-alaranjados e um olhar corajoso que Elsie vira outrora. Ela não estava enganada, aquela só poderia ser…

— A irmã de Asmodeus… Então a Pregadora da Razão está com o assassino do irmão, provavelmente como escrava. Interessante, isto está ficando cada vez mais interessante!

“A outra é Hime, a Heroína Ádvena que é conhecida de longa data do Arquifeiticeiro, ela usa o seu nome de heroína.”

— Não tenho interesse nessa, o anúncio da Voz do Mundo deve ser o suficiente para colocar caçadores de recompensas atrás dela. Quem mais está com o humano?

“Essa outra garota, também não sei o nome dela. O nome falso dela é Saphyr runes Emerald.”

Os olhos de tom avermelhado da Presidenta do Inferno arregalaram-se quando ela viu a imagem da garota chamada Saphyr. 

— Como é possível?! 

Era uma menina de longos cabelos brancos e olhos avermelhados. 

De fato, cabelos brancos eram incomuns naquele mundo, algo quase raro e considerado por muitos amaldiçoado, no entanto aquele rosto e a roupa não permitiam que a demônia dissesse que era apenas alguém idêntico. Não, aquela menina só podia ser…

— A Reencarnação de Astarte?! Não é possível, como ela retornou tão rápido dessa vez? Não faz nem um ano… — A expressão de felicidade desapareceu e deu lugar a um pavor sem igual no rosto de Azazel van Elsie. — A menos que… Claro! Como fui ingênua, eu devia ter me certificado que a Reencarnação de Astarte tinha realmente se matado em Eragon, mas acreditei que não tinha como ela sobreviver!

“E-ela é a Reencarnação de Astarte?!”

— De alguma maneira, sim. Droga! Ela vai estragar tudo, não é possível, não é possível, ela devia ter morrido! Ah… agora faz sentido, Loright é o novo parceiro dela! Semente, eu quero que você ofereça dez mil moedas pela cabeça de Loright al Mare, quinze mil moedas pela Pregadora da Razão viva e… cinquenta mil para quem me trouxer a Reencarnação de Astarte ainda respirando. Divulgue isso por todo o mundo, principalmente onde houver bons mercenários, pois só eles podem derrotar uma mercenária como Luminus streix Astaroth. E também entre em contato com Edward e Guller e avise-os sobre isso.

“Como a senhora desejar…”

— Se me permitem, — começou Baal, o mordomo escutava a conversa via magitransmissor por todo aquele tempo, em silêncio — eu gostaria de oferecer setenta mil moedas para quem trouxer o humano que matou o senhor Asmodeus vivo…

Elsie olhou para o mordomo com uma expressão de animação. 

Dez mil moedas de ouro pela caça fácil ou setenta mil por um trabalho a mais, claro que os melhores mercenários escolheriam a segunda, ainda mais se soubessem que era um pedido de Azazel van Elsie.

— O meu valor é imutável. Dez mil por Loright morto e setenta mil por ele vivo… o Baal realmente admira humanos incomuns.

“Como a senhora desejar, contatarei as outras Sementes e pedirei para que divulguem a notícia. Adeus, minha senhora.”

O demônio sintético desligou, pois sabia que não conseguiria um “até logo” da Presidenta do Inferno. 

Azazel van Elsie tinha um misto de excitação e raiva no rosto.

— Você acha que vai ganhar, não é mesmo, Luminus? Mas não adianta, aprenda isso, o mundo só pode ser salvo pelo extermínio…



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