Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 3

Capítulo 169: Duquesa Birrenta

Mamon atacava em uma velocidade insana e Kurone forçava o corpo cansado a esquivar. Nenhum dos golpes da Duquesa escapava dos Olhos Sagrados brilhando atrás da Máscara Infernal.

Finalmente, após oito minutos de ataques frenéticos, a demônia foi obrigada a recuar. O olhar por trás da sua Máscara continha uma raiva enorme direcionada ao oponente, ela provavelmente nunca experimentara nada como aquilo.

— O que é você mesmo?

Mas antes que Kurone pudesse responder, ele foi surpreendido por algo que aconteceu a Mamon. Uma mão surgiu dos destroços — a cena lembrava aquelas de filmes de zumbi — e segurou a perna fina da Duquesa.

Nem a garotinha esperava aquilo. Ela arregalou os olhos por trás da máscara, contudo era tarde demais para revidar. A mão emergindo dos destroços segurou a perna dela com força e, após um grito reverberar pelo ar caótico, Mamon foi arremessada.

— Você ainda tá vivo?! — gritou Kurone ao notar que aquela mão pertencia ao Arquiduque Asmodeus di Laplace. Assim como o garoto, o demônio estava com o corpo banhado em sangue e repleto de feridas, no entanto uma expressão excitada era visto em seu semblante. 

Apesar da máscara dele esconder os olhos, um sorriso desafiador estava estampado na boca com os dentes afiados. 

— Tá me subestimando, filho da puta?! Nem fodendo que vou perder e deixar minha irmã em perigo! 

Kurone soltou uma risada discreta. Ele achou realmente que Asmodeus morrera ao ser pego em cheio pela Magia Abismal da Duquesa, porém ali estava a prova de que um irmão faria de tudo para proteger a irmã.

Mas eles não tinham tempo para reencontros calorosos. Após levantar, Mamon soltou um rugido furioso, apesar daquilo ser cômico devido à sua voz fina de garotinha. A demônia impulsionou-se nos destroços e reduziu a distância entra ela e a dupla de jovens. 

— Tá pronto? — Asmodeus olhou para o jovem de cabelos negros, ele moveu a boca de maneira estranha ao notar o brilho amarelado nos olhos do outro. — Tu é estranho mesmo…

Assentindo com um aceno de cabeça, Kurone preparou-se para acompanhar o Arquiduque. Apesar da Duquesa avançar a uma velocidade que humanos comuns veriam apenas um vulto negro, ele podia vê-la chegando devagar, nenhum movimento da demônia escapava dos seus dois Olhos Sagrados.

Ele e Asmodeus foram ao encontro da inimiga. A locomoção era difícil devido aos destroços no chão, mas os jovens quebravam com pisadas fortes aquilo que atrapalhava seu caminho.

Naquele momento, eles mudaram de papéis, Mamon era quem defendia os ataques combinados da dupla. Apesar deles não conseguirem causa um dano real na demônia, ela estava focada em se defender, ou seja, não conseguia efetuar nenhum ataque mortal.

Asmodeus chutava impiedosamente a região dos braços da garotinha, na esperança de quebrar qualquer osso, enquanto Kurone dava socos consecutivos na cabeça dela. A cena era como a de dois caçadores chutando uma tartaruga escondida em seu casco.

Apesar daquela pele fina e um pouco pálida, ela suportava sem problemas os golpes poderosos do Arquiduque. Mas, mesmo não sentindo dor, o rosto por trás da máscara ficava cada vez mais irritado.

Argh! Eu cansei de vocês! — ela berrou. No mesmo instante, uma auréola rosada de ar foi expulsa do seu corpo, arremessando os dois jovens para posições diferentes.

Mamon ofegava, não por estar cansada, mas sim por uma raiva incomum. Enquanto ainda estavam no ar, a demônia disparou lâminas de vento diversas vezes contra os oponentes.

Kurone conseguiu forçar seu corpo a desviar, mas quase teve uma perna decepada pelas lâminas velozes. Para ter mais vantagem àquela distância, ele materializou sua Boito .20 novamente e a direcionou para a Duquesa.

Pow! Pow! Os tiros seguiram inutilmente em direção à demônia e foram rebatidos, mas isso serviu de distração para o Arquiduque atacar. Asmodeus efetuou um chute que estremeceu todo o local, seria um golpe mortal se Mamon não colocasse seu braço fino para defender.

Novamente, a Duquesa decidiu se afastar, ela estava ficando cada vez mais arisca com relação aos dois jovens. Ela era provavelmente acostumada a terminar suas lutas rapidamente e, quando tinha qualquer problema, usava a sua Magia Abismal, algo que não surtira efeito desta vez.

— Vamos ver como vocês se saem com isso! — a demônia falou com a voz um pouco mais calma. Ela esticou a mão e o céu mudou sua tonalidade para um cinza estranho.

Devagar, uma névoa começou a preencher todo o cenário. A visão de Kurone foi tomada por aquela neblina estranha. Aquele era o motivo pelo qual aquela demônia possuía a alcunha de Terror do Nevoeiro.

Kurone não se amedrontou. Era aquele o trunfo da Duquesa? Patético! Ele, que correu risco de vida na masmorra de nível baixo, era acostumado a lutar cego na neblina. 

Haha! Vocês nem verão quando forem… Hã? 

A menina olhou confusa para uma luz estranha vinda de uma parte da sua neblina, ali era onde Kurone estava. A luz aumentou gradualmente.

— Nie, se segura aí!

[Puxa, Kurone, você não tem jeito!]

Kurone imbuía mana em uma bola de fogo na sua mão esquerda. Somente sua mana não seria o suficiente, por isso precisaria pegar emprestado o poder do pacto com Lucy. Sentiu um incômodo no interior do seu peito, o Fogo Infernal nunca era gentil ao ser chamado.

Em uma explosão, a esfera de flamas aumentou. O rosto do jovem esquentou devido ao calor, mas ele era protegido pela Máscara Infernal.

Sem perder mais tempo, o jovem arremessou aquele poder acumulado na mão. Ele não tinha um alvo específico, queria apenas dissipar a neblina, e aquilo funcionou. O nevoeiro de Mamon foi engolido pelas chamas infernais.

— Não é possível! — gritou a menina horrorizada. 

Assim que toda a neblina foi engolida pelo fogo, Asmodeus aproveitou-se da brecha e saltou, atacando as costas da garotinha em seguida. 

Kurone forçou ainda mais o corpo sofrendo com os efeitos colaterais de usar o Fogo Infernal e direcionou mais mana para os músculos da mão. Assim que o corpo da Duquesa aproximou-se, ele arrebatou com um soco. A demônia voltou para Asmodeus.

— Parem!!! — ela gritou parando no ar. Ser tratada como uma bolinha de pingue-pongue fez o nível de irritação da garotinha atingir níveis críticos. A aura assassina dela aumentou, sendo possível senti-la mesmo em meio à energia poderosa emanada do Orbe Amarelo.

[Acho que irritamos ela de verdade agora, Kurone…]

“Sei não, ainda acho que podemos irritar mais.”

[O que você pretende fazer?]

“Atacar até não conseguir mais, precisamos dar o máximo de tempo que conseguirmos para a Lou Xhien.”

Porém, falar era mais fácil do que fazer. 

A intensidade de poder emanado pela demônia podia matar alguém mais fraco sufocado. E tudo aquilo era birra. Mamon não tinha ferimentos no corpo, nenhum dos golpes efetuados nela causaram dano, e, a princípio, ela nem tinha motivos reais para estar ali e iniciar aquela briga.

Vendo a fúria nos olhos da inimiga, quem se adiantou foi Asmodeus. O Arquiduque forçou o seu corpo a correr em uma velocidade que ninguém seria capaz de vê-lo. Com aquilo, ele aproximou-se da demônia em questão de segundos e preparou-se para desferir uma sequência de socos mortais.

Mas a Duquesa não permitiu. Mamon também avançou com a mão aberta e direcionou um golpe para o oponente. Os dois colidiram e Asmodeus praguejou quando a mão da menina atravessou seu grande ombro e o jogou contra o chão.

— Você é o próximo! — gritou a demônia direcionando a unha afiada para o garoto no chão. 

Kurone sabia, enfrentar a Duquesa naquele estado seria muito perigoso, ela era como uma criança enraivecida que chutaria tudo à sua frente, sem pensar nas consequências. Por isso ele correu.

Não poderia seguir em direção ao que restou da grande torre, então seguiu para o Distrito Comercial Han. Lá era um local aberto, mas pelo menos a demônia estaria longe.

[Kurone, cuidado! Na sua frente!]

Assim que escutou o aviso, o jovem saltou. Nem os seus Olhos Sagrados foram rápidos o suficiente para acompanhar a velocidade que a menina usou para chegar à sua frente. Ele tentou recuar, mas foi inútil, Mamon antecipou-se e acertou um chute poderoso em sua barriga, arremessando de volta para o campo de batalha anterior.

Tentou levantar, mas foi chutado novamente um, duas e três vezes. O mundo girava e a visão escurecia conforme ele era jogado de um lado para o outro pelos chutes da Duquesa.

Aquilo só mostrava que, até aquele momento, Mamon von Faucher estava apenas brincando com eles, e o mais assustador era saber que ela ainda não estava totalmente séria. Aquela demônia era mais perigosa que a ameaça da explosão iminente do Orbe Amarelo.

O jovem forçou o corpo dolorido a ficar de pé. Conforme levantava, sentia estalos agonizantes no ombro. Enfim, ao levantar, viu a Duquesa parada à sua frente, a menina ainda fervia em raiva.

— Vocês vão me pagar! Quem acham que são para me tocarem?! Eu sou a ídolo do Conselho do Inferno, ninguém tem permissão de tocar a minha pele perfeita! — ela vociferou levantando as duas mãos.

Terror invadiu o corpo dolorido e destruído de Kurone. Ela usaria novamente a Magia Abismal e, dessa vez, não tinha como sobreviver àquilo, claro, isso se ele já não tivesse notado a presença de um aliado ali.

Kurone usou suas últimas forças para saltar. Não se afastou quase nada, mas deu espaço para que o aliado usasse seu trunfo.

— [Water Seal] — falou Lao Shi, descendo do céu montado na grande águia que era o pai de Alley.



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