Raifurori Brasileira

Volume 3

Capítulo 168: Despertar Do Segundo Olho

Lou Xhien correu rapidamente, a pressão emanada pelo Orbe Amarelo era forte o suficiente para fazê-la sentir um enjoo forte. Bhor e Bramman, logo atrás, ficaram ajoelhados devido ao excesso de mana entrando em seus corpos.

Mas Lothus e Lou Souen ainda continuavam de pé. 

Mesmo a garota artificial não era imune à mana, só conseguia resistir muito. Lou Xhien sabia da verdade, ela só resistia ao poder devido ao sangue Sophiette correndo em suas veias.

Do lado de fora, elas podiam escutar os sons da batalha travada por Kurone e Asmodeus, todos ali estavam preocupados, afinal Mamon, diferente do Arquiduque, era alguém conhecida por seus atos diabólicos.

— Precisamos fazer uma análise rápida e completa do Orbe! — Lou Xhien falou ao aproximar-se da grande esfera amarelada. 

Lothus analisou cuidadosamente todo o Orbe. Aquela menina parecia entender cada detalhe dali, ela não podia ser subestimada apenas por ser uma demônia, afinal conseguiu mexer naquele objeto para manipular as outras garotas artificiais e erguer um muro do fundo do mar.

— A Duquesa Mamon tentou extrair a energia do Orbe para outro item — Lothus disse ao notar uma grande fissura no objeto, e esta rachadura aumentava exponencialmente.

— Isso não é bom, é impossível consertar o vidro do Orbe Amarelo, não temos tempo para conseguir um receptáculo para conter toda essa energia… — comentou Lou Xhien, seu rosto ficou rígido de repente porque uma ideia suicida passou-se pela sua cabeça.

— Não, Vossa Majestade, sei o que está pensando, mas não posso permitir, tem que ter outro jeito. — Lou Souen tinha uma expressão séria. Como alguém que conviveu tanto tempo com aquela menina, ela sabia sobre quase tudo que se passava na cabeça de Lou Xhien Li.

— O Orbe vai explodir em oito ou dez minutos. A energia contida nele vai chegar até a capital e devastar tudo o que tocar… Não tem como fugirmos mesmo — suspirou Lothus. O corpo da demônia tremia conforme explicava a situação complicada. — Por que a Duquesa Mamon faria tudo isso apenas por poder? Ela também pode acabar morta!

— Nunca entenderemos o que se passa na cabeça desses membros do Conselho do Inferno, e não temos tempo para perder com isso — respondeu Lou Souen. — Parece que Lao Shi também não vai chegar a tempo, precisamos resolver isso sozinhas.

As três garotas tremeram por conta de uma explosão vinda do exterior, onde Kurone e Asmodeus lutavam bravamente. O barulho aumentou e o chão de jade da torre onde estavam tremeu como se fosse afundar a qualquer momento. 

Em instantes, fissuras tomaram o piso esverdeado, as paredes fizeram menção de ruir e pedaços do teto desabaram.

— Se agarrem em alguma coisa, a Duquesa usou Magia Abismal! — gritou Lothus e, no mesmo instante, sua voz foi sobreposta por uma onda de vento violenta.

***

Kurone mal conseguia mover o corpo soterrado nos diversos escombros. Muitos dos seus ossos foram quebrados e a respiração saía com dificuldade.

Tudo aconteceu de repente. Mamon von Faucher apenas estendeu as mãos e pronunciou algumas palavras, após isso o campo de visão do jovem escureceu e o seu corpo foi levado por uma onda rápida de vento. Quando abriu os olhos, já estava caído ali, o sangue escorria de trás da sua cabeça lentamente e os musculosos pulsavam em dor.

[Kurone! Você precisa ficar consciente!] 

Apesar dos gritos, a voz de Annie parecia longe, aquele era outro dos seus momentos que beirava a morte. Suas forças apagavam-se gradualmente, se ele não fizesse nada, apagaria de novo.

[A Lou Xhien e a Lou Souen podem estar em perigo, você precisa acordar!]

As últimas palavras distantes de Annie serviram de gatilho para o seu corpo fazer algo. Ele estava sendo egoísta, se morresse, não seria o único a sofrer, nunca era. Lou Souen e Lou Xhien ainda estavam na torre, cumprindo seus deveres bravamente enquanto o jovem pensava em desistir.

— Porra! — ele praguejou movendo o corpo ferido. A mana espalhou-se todos os canto, aumentando seus músculos e fazendo o cérebro funcionar mais uma vez. A grande pedra que aprisionava seu pé direito foi chutada e Kurone Nakano ficou de pé mais uma vez.

O jovem arregalou os olhos ao encarar o cenário. Tudo foi reduzido a destroços, era como na vez que Azazel van Elsie usou algo semelhante em Eragon, porém ela sacrificou a vida dos moradores da cidade-Estado.

“Isso seria…”

[Magia Abismal, vimos algo assim em um dos livros da Lou Xhien. Não imaginei que a Duquesa fosse capaz de usar algo tão horrendo como isso.]

Kurone finalmente voltou os olhos para a construção à frente. Quase toda a grande torre foi destruída pela Magia Abismal da Duquesa Mamon von Faucher, mas o garoto suspirou aliviado ao notar que o primeiro e segundo andar ainda estavam de pé, apesar de poderem desabar a qualquer momento.

Inconscientemente, ele tentou correr, porém sentiu um golpe doloroso nas costas e foi arremessado contra o que costumava ser uma casa antes da destruição. 

— Nossa, você ainda consegue se mover. O coitado do Deus deve ter morrido embaixo dos escombros.

Ela ainda estava ali. O corpo de Kurone estremeceu apenas ao ver a figura daquela garotinha de cabelos com um misto de rosa e azul. 

Claro, não podia correr sem pensar para a torre, isso colocaria as garotas em perigo e atrapalharia no que quer que elas fossem fazer para consertar o Orbe Amarelo. Sua missão ali era atrasar ou matar a Duquesa, apenas dele pensar em qual seria a opção mais difícil seu estômago embrulhava.

— Nossa, seu cabelo mudou de cor, que interessante, eu queria conseguir fazer isso com o meu, qual o seu segredo?

Kurone ainda portava a máscara branca no rosto, pelo menos isso ainda ocultava sua identidade. O cabelo dele só ficara branco devido ao uso da mana interna, mas agora que conseguia usar livremente a energia vital do ambiente, ele era dispensável, não fazia sentido desperdiçar algo que poderia ser útil no futuro.

Sem perder tempo ou responder à demônia, materializou a sua fiel escopeta canos cerrados. Arrependia-se profundamente de não ter levado nenhuma outra arma para aquela batalha.

Pow! Pow! Pow! Os tiros da Boito .20 seguiram em direção à Duquesa, porém ela rebateu-os facilmente com um simples gesto com a mão. Era um movimento patético, algo que insultava o nível de Mamon, mas serviu para Kurone avançar.

O jovem imbuiu o máximo de mana que conseguiu em seu punho artificial. Não importava se quebrasse o membro após o impacto, afinal conseguiria recuperá-lo, a dor era momentânea, seu foco era abater a demônia. Sua velocidade foi aumentado devido ao Orbe Vermelho flutuando ao lado do seu ombro direito, ele finalmente decidiu incluir o objeto na batalha. 

O golpe cortou o vento e seguiu em direção à Duquesa, seria algo destrutivo em um ser um pouco mais fraco, porém Mamon apenas levantou a mão e segurou a do garoto. 

Ela preparou-se para cortar a cabeça dele com a outra mão livre, mas foi surpreendida por um calor incomum na mão ocupada.

— Argh! Fogo! Fogo! — exclamou ao sentir o Fogo Infernal de Kurone tocando sua pele.

Aproveitando-se da brecha, o jovem atacou com o outro punho, com a força aumentada pela mana, acertando o ataque em cheio na barriga da demônia. Ela voou e quicou algumas vezes pelos escombros. Aquilo não foi sequer uma investida capaz de abrir feridas no corpo da Duquesa, mas o garoto ficou feliz, afinal viu que não era impossível atingi-la, só precisava usar a cabeça.

— Como ousa, humano!! — ela rugiu ao levantar. Todo o tom fofo desapareceu da voz da Duquesa, a demônia ficou claramente irritada, e uma prova disso era a máscara branca que adornava o seu rosto. Ao invés de um sorriso kawaii de dentes afiados e aparência de gato, o desenho no objeto branco mudou para uma boca rangendo os dentes.

A menina avançou explodindo tudo atrás dela. A única arma que ela usava eram suas unhas extremamente afiadas, mas aquilo seria o suficiente para picotar todo o corpo do oponente.

Sabendo que irritou a inimiga, Kurone manipulou a mana do corpo e direcionou-a para o olho esquerdo. Um brilho amarelado incomum surgiu nos olhos do garoto. O Olho Sagrado estava ativo.

Mas cega pela raiva, Mamon não notou aquilo. A demônia desferiu golpes rápidos e mortais no jovem, desde ataques de mão aberta a chutes rápidos e destrutivos que abriam crateras no entre os escombros.

Embora Kurone não pudesse revidar, ele usava a velocidade propiciada pelo Orbe Vermelho Rank D para esquivar. Um golpe de unhas beirou o seu pescoço e ainda abriu uma pequena ferida, mas não foi algo preocupante, ele ignorou aquilo e continuou a forçar o corpo a mover-se.

Aos olhos de outra pessoa, os corpos eles moviam-se em uma velocidade difícil de ser acompanhada. Apenas um vulto negro e outro branco podiam ser vistos correndo entre os destroços das construções da ilha.  

Naquele momento, Kurone era grato a tudo, pelos ensinamentos e o treino infernal de Lao Shi, pela ajuda do Orbe Vermelho e da Máscara Infernal e por Annie dar-lhe o Olho Sagrado. Se pelo menos uma coisa fosse diferente, ele já teria a cabeça cortada pelas unhas da Duquesa há muito tempo.

Sentia uma queimação anormal vindo do seu rosto, tanto da máscara quanto do Olho. Ele conseguiria esquivar! Só precisava de uma brecha e força para desferir um golpe mortal na oponente.

Mas ao notar que estava lutando de igual para igual naquela luta, a demônia acelerou os golpes. Pego de surpresa por aquele aumento repentino do ritmo, Kurone teve que forçar seu corpo ainda mais o corpo ao limite. 

Ele sentia os ossos quebrados reclamando e os sadios rangendo quando forçava um salto mortal ou uma esquiva que forçava a coluna vertebral ao limite, mas precisava aguentar.

Apenas após alguns minutos Kurone percebeu o verdadeiro motivo por trás da fúria ascendente da Duquesa: ele ria de excitação. Sua vida estava em risco, mas o garoto gargalhava como um louco a cada vez que desviava de uma investida oponente.

Ele nem sequer notou aquilo, mas não importava. Ao ficar consciente, os risos aumentarem. Ele ria porque queria. 

“Mais rápido! Eu preciso ser mais rápido! Mais rápido!”

Um rangido foi ouvido do seu Orbe Vermelho sendo levado ao limite, mas o jovem ignorou, seus sentidos estavam todos focados em esquivar dos ataques previstos pelo Olho Sagrado. Ele precisava ficar mais atento, e foi nessa hora que, em paralelo, uma ideia passou-se pela sua mente.

Era hora de usar um atributo dado por Lucy, porém não era mais o Fogo Infernal, pois seu foco, no momento, era evitar ser morto. 

[Kurone, não faça isso!]

Ignorando o aviso da sua companheira, ele puxou mais mana para a região do rosto. Sentiu como se algo rasgasse seu cérebro, mas aquilo fez apenas suas risadas aumentarem. Sim, ele era realmente um louco.

O Olho Sagrado era a prova do pacto entre um humano e uma deusa. Se ainda possuía o pacto que fizera com Lucy, a falsa Annie de Eragon, então…

“Um segundo Olho Sagrado! Hahaha!”

O olho direito por trás da máscara branca brilhou em um amarelo reluzente, de mesmo tom que o esquerdo. 

O mundo ficou mais lento, o amarelo aumentou, sua velocidade dobrou, a cabeça ferveu… e ele riu ainda mais.