Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 3

Capítulo 161: A Irmã Do Arquiduque

Rapidamente, Kurone correu para ajudar Lou Souen a ficar de pé. Ele suspirou aliviado ao ver que ela estava bem, mas tinha uma expressão de dúvida no rosto. Por que ela não foi para o ponto de encontro?

Como se lesse os pensamentos do garoto, a sacerdotisa respondeu com a voz um pouco trêmula:

— Eu tentei enganar ele… disse que sabia onde estava a irmã dele e ataquei quando ele ficou com a guarda baixa… mas ele é muito rápido…

Ela foi imprudente. Era a primeira vez que via Lou Souen agindo irracionalmente, logo ela que era a personificação da razão e lógica.

[Talvez ela pensasse que poderia matar o Arquiduque e evitar que você ou Lou Xhien se machucassem.]

O Arquiduque saltou do alto da torre, pelo buraco aberto após arremessar a sacerdotisa, e aterrissou no pátio abrindo uma cratera no chão. O demônio lançou um olhar feroz para o jovem protegendo a garota artificial com a mão.

Hã? Então é você que tá por trás dessa porra aí? Devo admitir, tô impressionado com o negócio de abrir o mar… Eu desisto.

A última frase fez Kurone, preparando-se para a batalha, arregalar os olhos. O que ele queria dizer com “Eu desisto”? Um truque barato para fazê-lo baixar a guarda?

— Digam onde tá a minha irmã que eu pego ela e vou embora — falou Asmodeus em um tom mais calmo. Apesar de ter um rosto de expressão hostil e uma voz de delinquente, ele falava sério quanto à sua desistência.

Kurone olhou para Lou Souen, em busca de explicações, mas a sacerdotisa estava tão surpresa quanto ele. Limpando a garganta, ele finalmente falou:

— O que me garante que você tá falando a verdade? Por que diabos eu deveria acreditar em alguém com o título de Arquiduque do Inferno?

— Escuta, mano, meu único objetivo nesse mundo é proteger minha irmã, tá legal? Eu não sei o porquê, mas senti que você ia me entender… Me digam onde ela tá que prometo ir embora, aí vocês só precisam se resolver com a pirralha da Mamon.

[Não detectei nenhuma mentira.]

“Sério que vai ser tão fácil assim? Porra, agora tô me sentindo um otário.”

— E o que você vai fazer quando sair daqui? — perguntou Kurone, ainda hesitante em baixar a guarda.

Ele não acreditava que o Arquiduque devia pagar pelos seus crimes. 

O demônio desistir da ilha sem lutar era uma grande vantagem, no entanto o garoto não queria que aquilo se repetisse em outro lugar. Não era certo roubar o lar dos outros como ele fez e depois sair como se nada tivesse acontecido simplesmente para destruir outros lares.

— Eu vou procurar outro lugar, mas isso não é da sua conta. Diz logo onde a Lothus tá antes que eu perca a minha paciência!

Após ouvir aquilo, o garoto franziu o cenho. 

Era exatamente o que ele temia, Asmodeus pretendia tomar outro lugar como sua base. Mas antes de prosseguir com o diálogo, Kurone olhou para Lou Souen e recebeu um sinal de confirmação dela.

Se ele não estava enganado, aquilo significava que a sacerdotisa sabia onde estava a irmã do Arquiduque.

[Kurone, pode parecer algo irracional, mas nós não podemos deixar esse demônio solto por aí. Porém…]

“É, vamos desistir de uma vitória fácil por conta do nosso senso de justiça estranho. Mas desde quando minha vida é fácil mesmo?”

[Fico feliz que concorde comigo, e também por saber que você está começando a se preocupar com os outros.]

— Muito bem, — Kurone falou lançando um olhar sério para Asmodeus — se você concordar em desistir dessa ideia de atacar locais que têm pessoas, eu prometo devolver sua irmã. Você pode ir para florestas, cavernas ou sei lá mais onde, contanto que não tenha inocentes lá.

O Arquiduque pôs a mão no queixo e começou a refletir por um momento. Kurone sabia que não ia ser algo tão simples, afinal o demônio disse que seu objetivo era proteger a irmã. Se ele estava se escondendo de algo ou alguém, a maneira mais segura de se esconder era construir uma fortaleza.

As ilhas Lou Xhien tornariam-se sua fortaleza quando a grande muralha de pedra emergindo do fundo do mar bloqueasse toda a entrada e saída daquele lugar. Era impossível ter toda aquela proteção em uma caverna ou floresta.

— Foi mal, mano, mas não vai dar. Eu tentei resolver de um jeito pacífico, mas não deu, desculpa, Lothus — falou o demônio assumindo uma posição de batalha.

Enfim Kurone entendeu o motivo dele ficar calmo no início, era uma promessa à irmã que ele chamava de Lothus. O garoto mais que ninguém sabia da importância de cumprir uma promessa feita a uma irmã.  

— É melhor você ficar para trás, a coisa vai ficar feia aqui — disse o garoto aproximando-se do Arquiduque. Ele também assumiu sua postura de arte marcial.

Pelo atitude do demônio, podia supor que ele já sabia sobre a barreira ao redor da ilha e da impossibilidade de utilizar a mana. 

O fato do Arquiduque não poder usar magia poderia ser uma vantagem para Kurone, mas quando viu os músculos marcando o cropped preto de Asmodeus, ele mudou de ideia. Aquele demônio passava o ar de uma verdadeiro delinquente, desdo os cabelos laranjas espetados, os dentes afiados e o corpo definido devido a muito treinamento físico.

Kurone engoliu em seco ao sentir a intenção assassina vinda do oponente. Asmodeus não tinha motivos para deixá-lo vivo, afinal Lou Souen sabia da localização da sua irmã. Por mais que a sacerdotisa tentasse correr, o Arquiduque ainda conseguiria alcançá-la após matar o seu inimigo.

Uma leve preocupação passou-se pela mente de Kurone, ele devia focar em sua luta, mas não podia deixar de pensar aquilo: se Lou Souen não fora encontrar Lou Xhien e os orcs no local marcado, então o que teria acontecido com eles? Ainda estariam esperando pela sacerdotisa ou teriam se aventurado pela ilha a procura dela?

Com a Duquesa no mar, ele também não podia deixar de ficar preocupado com Hime e os outros, mas limpou a sua mente e focou apenas na figura do Arquiduque à sua frente.

— Eu vou quebrar casa osso do teu corpo, desgraçado! — berrou Asmodeus aproximando-se. No momento em que o demônio deu um passo, a sua Máscara Infernal materializou-se em seu rosto.

***

— E aí, encontrou ela? — perguntou Lou Xhien, preocupada.

O orc à sua frente, Bramman, balançou a cabeça de forma negativa. 

— Para onde ela foi?...

Lou Xhien, Bramman e Bhor, o orc arqueiro, afastaram-se um pouco do ponto de encontro para procurar a sacerdotisa, no entanto não tiveram êxito na busca. A princesa das garotas artificiais limpou o suor da testa e suspirou.

Era muito arriscado adentrar mais a ilha, porém havia a possibilidade de Lou Souen estar com problemas, ainda mais com o fato de que a Duquesa Mamon também estava naquele lugar.

A garota olhou para o cais, onde o pequeno barco deles foi amarrado. Memorizando aquele lugar, ela começou a andar em direção ao centro de Lou Xhien Pi’yan.

— Senhorita, pode ser perigoso. O mestre disse que não devíamos nos arriscar — apontou Bhor. Apesar de dizer aquilo, o orc começou a seguir a menina, afinal ele sabia quer era impossível parar Lou Xhien.

— Qual o caminho mais seguro para o Distrito Comercial? — ela perguntou a Bramman, que fez uma análise completa da ilha com suas habilidades de furtividade.

— É por ali — ele apontou para um local repleto de pequenas casas.

O grupo correu pelos becos mais escuros. Apesar de ter ciência do risco que corria, Lou Xhien também sabia que não podia perder tempo, afinal Lou Souen, sua meia-irmã, poderia estar em perigo.

Os gritos de guerra dos orcs no mar ecoavam por toda a ilha e o céu estava escurecido devido ao nevoeiro. Aquele era um cenário incomum para a menina que viveu tantos anos pacíficos naquele lugar.

Lou Xhien parou de correr quando escutou o grito do orc que seguia em sua retaguarda. Bhor caiu no chão e rolou quando se aproximou da parede de uma casa pequena.

Sem perder tempo, Bramman jogou Lou Xhien para trás e foi atingido por algo arremessado do interior da casa. Ele não teve tempo para se defender, então foi jogado para trás com o impacto, batendo contra a parede de outra casa próxima.

A menina que foi empurrada pelo orc olhou feio para o interior da casa, onde viu a figura de uma jovem saltando pela janela. A estranha carregava pequenas lâminas nas duas mãos, eram lâminas similares às que foram arremessadas em Bhor e Bramman.

— Vocês são as pessoas que estão causando problemas para o meu irmão! — gritou a jovem desconhecida apontando as lâminas para Lou Xhien.

Por eliminação, aquela só podia ser a irmã do Arquiduque que Lou Souen mencionara. Lou Xhien entrou em sua posição de batalha, puxando a espada curta do seu pai que carregava na cintura. Ela sentia uma aura hostil vinda da oponente.

Os olhos da irmã do Arquiduque queimavam em ódio quando olhava encaravam o grupo ali, mas não parecia ser uma raiva direcionada propriamente para eles.

As duas meninas encararam-se, cada uma segurando sua própria lâmina e prontas para avançar quando a outra fizesse qualquer movimento, porém ambas olharam para o lado ao escutar outra pessoa aproximando-se rapidamente.



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