Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 3

Capítulo 160: Olhos De Um Irmão Preocupado

O grande pássaro deixou-os na encosta de Lou Xhien Pi’yan e levantou voo novamente, desaparecendo na densa neblina. Ele era uma versão grande de Alley, que também desapareceu no ar, provavelmente voltando para junto do seu mestre.

Assim que saltaram da grande ave, Kurone, Inari e Ayshla ficaram atentos a todo o cenário, esperavam encontrar o Arquiduque ali, mas foram recebidos por dez garotas artificiais portando katanas.

O local onde estavam era um cais que se estendia até a parte central da ilha, na verdade era uma extensão daquele chão de madeira. O cais era coberto por uma água rasa em seu início, mas ela desaparecia conforme andavam.

Como já estavam dentro da ilha, a barreira erguida por Lao Shi fazia efeito, então Kurone limitou suas ações a observar a orc fêmea avançando com o seu cutelo médio.

Aquele foi um dos motivos para escolher Ayshla como acompanhante em sua missão, nenhum dos outros orcs usava tanto a força física como ela, seria problemático ir na companhia de Bhor, que dependia da sua magia de visão distante, ou Bramman, que usava feitiços de furtividade.

Rapidamente, a orc deu conta das garotas artificiais, dando golpes com a parte cega do cutelo e fazendo as sacerdotisas desmaiarem. Era preciso uma força sobre-humana para realizar aquele feito.

O cais estava seguro, então Kurone e Inari apressaram passo. O jovem ficou incomodado com a água tocando as suas botas, mas ignorou aquilo e seguiu rapidamente, deixando a água rasa para trás e chegando finalmente na verdadeira entrada da ilha.

Nem precisava utilizar o Olho Sagrado para sentir uma presença esmagadora vinda da maior torre daquela ilha. O céu estava um pouco escuro por conta da neblina da Duquesa do Inferno, por isso notaram luzes acesas em alguns dos andares daquela construção.

Porém, não podiam atacar de qualquer maneira. Conforme andavam, eles utilizavam os prédios ao redor como esconderijos. A cada segundo viam uma horda de garotas artificiais seguindo em direção ao mar aberto ao meio.

Kurone estava preocupado, apesar de saber da possibilidade de Mamon von Faucher, o Terror do Nevoeiro, estar no meio do campo de batalha, ele jurava que ela ficaria ao lado do Arquiduque. Mas não tinha mais o que fazer, ele só podia torcer para Hime dar conta daquela demônia perigosa.

Berthran e Baltazhar também conseguiriam lutar de igual para igual contra ela, sem falar que não tinham a limitação de não usar mana por conta da barreira, como Kurone.

Após outro grupo de garotas artificiais passar logo ao lado deles, o jovem e as duas mulheres correram em direção à grande torre.

Algo deixou Kurone incomodado, não fazia sentido o Arquiduque ficar naquela torre no meio de uma batalha, sem falar na pouca segurança que ele tinha, quase todas as garotas artificiais foram mandadas para o campo de batalha.

Em poucos minutos, eles chegaram à entrada do local. Ele tinha um muro médio, se comparado à altura da torre, no entanto alguém ali em cima podia ter a visão total de toda a ilhota.

Havia apenas uma entrada para a construção, e ela era guardada por duas garotas artificiais com longas lanças em mãos. A julgar pelo seu jeito incomum, eram as sacerdotisas especializadas em lutas que Lou Souen citara, aquelas da ilha Lou Xhien Thian.

Pensar naquela sacerdotisa fez Kurone franzir o cenho, mas ele preferiu acreditar que ela ficaria bem. Pelo menos constatou que Lou Xhien e os dois orcs que a acompanhavam não teriam problemas com a Duquesa, afinal ela estava no mar.

Àquela altura, Lou Souen já devia ter localizado Lou Xhien no ponto de encontro e elas preparavam-se para retornar à ilha Lou Souen. Assim pensando para limpar a mente, o jovem suspirou antes de dar a ordem:

“Ayshla, é com você.”

“Sim, mestre, abrirei caminho. Tome cuidado.”

“Você também.”

O grupo do garoto estava atrás de um edifício logo à frente da grande torre. Para não chamar atenção, a orc fêmea deu a volta na construção e atacou, desviando a atenção das sacerdotisas que guardavam a entrada.

Aquela era a hora perfeita. Kurone e Inari, na forma de Rory, dispararam para dentro do pátio, porém foram recebidos lá por um pequeno exército de cinco garotas artificiais.

Não tinha mais como escapar de um combate direto contra elas, por sorte todas estavam desarmadas, usando uma pose semelhante ao estilo louva-a-deus do Kung Fu.

O garoto assumiu a base marcial ensinada por Lao Shi, não era nada gracioso como a posição das garotas artificiais, mas ele dominava bem aquele estilo de luta. 

As sacerdotisas avançaram nele desferindo chutes precisos e golpes de mão aberta, mas o jovem assumiu uma posição defensiva, focando em evitar os ataques e buscar uma brecha para nocauteá-las, uma investida nos pontos de pressão seria suficiente.

A primeira garota artificial a desmaiar recebeu um soco no estômago quando tentou acertar o garoto com um ataque de mão fechada. Kurone fez uma expressão feia no rosto por golpear uma jovem com tanta força, mas logo precisou voltar a se defender para evitar ser atingidos pelas outras.

Era difícil alternar entre defesa e ataque, pois, se não contra-atacasse, alguns golpes poderiam quebrar os seus ossos. Uma prova da força anormal daquelas guerreiras era um buraco aberto no muro quando uma delas errou o chute e acertou direto no concreto, produzindo um grande estrondo e fazendo Kurone engolir em seco.

Mas ele aproveitou-se daquela brecha e atingiu a sacerdotisa presa no muro com um golpe de mão aberta em seu pescoço. O garoto precisou de uma extrema concentração para acertar exatamente no ponto fraco dela, seu corpo tremeu ao escutar um leve estalo após o golpe. Torceu baixinho para não tê-la matado. 

— Não se preocupe, ela ainda está viva, se concentre nas outras — falou Inari. A deusa estava escondida atrás de uma grande carruagem luxuosa enquanto assistia à toda luta.

Por algum motivo, todas as carruagens estavam limpas e os cavalos, bem alimentado, mas o jovem não tinha tempo para ficar reparando naquilo, ainda havia três garotas artificiais perigosas à sua frente.

Ele montou sua posição de batalha mais uma vez e partiu para cima, porém foi recebido por uma rasteira da garota do meio e rolou pelo chão acinzentado. Sentiu o perigo aproximando-se e saltou rapidamente para cima de uma árvore rosa.

Assim que ele se deslocou, o pé de uma das sacerdotisas bateu contra o chão e criou uma cratera no local que ele estava anteriormente. Aquilo provocou uma vertigem no jovem, pois, se não tivesse se movido, aquele calcanhar teria afundado no meio do seu rosto.

As três garotas artificiais circundaram a árvore com o jovem escondido. Aquela era uma das poucas árvores no pátio, que também estava bem-cuidada, assim como as carruagens e os cavalos.

[Nossa, lutar sem mana é mais difícil do que pensei.]

“Alguma ideia de como aumentar nossa força?”

O maior problema ali era que Kurone dependia apenas da sua força física. O jovem era acostumado a imbuir mana em seus golpes para torná-los ainda mais mortais, no entanto a força de um humano no seu ápice físico ainda era inferior à de uma garota artificial.

[Tenho uma, mas é apenas uma suposição.]

“Não tenho muitas opções no momento!”

[Sim, sim. Comecei a pensar algumas coisas depois de lermos aqueles livros da Lou Xhien, principalmente aquele sobre manipulação de mana interna, então decidi usar uma fórmula arbitrária para…]

“Nie, não quero ser chato, mas tamo ficando sem tempo!”

[Desculpe! Depois te explico, por enquanto, apenas confie em mim!]

Ela nem precisava dizer aquilo. A relação deles era algo composto principalmente pela confiança. O jovem fechou os olhos e saltou da árvore, tomando distância das três garotas, mas logo elas se aproximariam novamente.

Contudo, o garoto sentiu um poder incomum percorrendo o seu corpo. Era um sentimento familiar, seu corpo estava apenas surpreso por senti-lo ali, onde não devia haver mana. 

“Mana?!”

[Explicações mais tarde, como você disse!]

Algo que o jovem deixou de notar foi que aquela era uma mana de essência estranha, seu próprio corpo demonstrou isso. As mechas brancas nas extremidades do seu cabelo se movimentaram em direção ao topo. Os fios ganharam uma tonalidade prateada brilhante e os músculos do jovem contraíram-se.

Kurone não reclamou, depois ele pediria uma explicação mais detalhada a Annie, mas agora seu foco era derrotar as garotas artificiais. 

Com uma corrida rápida, ele saltou em direção às três sacerdotisas que já se aproximavam. O garoto tinha mais confiança em sua força com o auxílio da mana. Quando fizeram contato, ele conseguiu derrubar duas das três garotas.

A última sacerdotisa o encarou com ódio, mas quando se preparava para outra investida, ela foi surpreendida por uma explosão vinda da torre à sua frente e, no mesmo instante, foi atingida por algo rapidamente e jogada em direção ao muro.

Demorou um pouco para Kurone processar o que aconteceu, mas ele soltou um grito de surpresa ao notar que o objeto arremessado da torre era, na verdade, o corpo de Lou Souen Eiai.

Ambas as garotas artificiais que se chocaram ainda estavam conscientes, mas Lou Souen estava em um estado péssimo. Aparentemente, ela levou vários socos no rosto. 

— Traidora desgraçada! Onde, fale logo, onde está a minha irmã!? — Do local onde a sacerdotisa foi arremessada, onde havia um grande buraco provocado pelo impacto do seu corpo com a parede, a figura de um jovem de cabelos laranjas rugiu em fúria.

Kurone entendeu no mesmo momento que avistou aquele ser com ódio nos olhos, aquele era o Asmodeus di Laplace, o Arquiduque do Inferno e alvo do dele. Porém, o demônio nem se importou com a presença de ninguém ali e voltou a gritar em direção a Lou Souen:

— Diga logo onde a Lothus tá ou vou matar você, maldita!!! — ele berrou como um louco, fazendo o peito de Kurone sentir um leve incômodo. Aqueles olhos, sim, eram o de alguém igual a ele que só tinha uma coisa como principal objetivo: — Eu quero saber para onde você levou a minha irmã!



Comentários