Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 3

Capítulo 147: Voz Do Mundo

“Oi? Tudo myundo está me escutando? Nossa, que vergonhya! Todo mundo está escutando minhya voz!”

“Permitam-me que eu me apresente, meu nome é Kawaii Kyuto, e eu vim dar a sentença finyal de vocês, humyanos e criaturas de todas as idades!”

— Ka-Kawai?! — balbuciou Kurone, segurando a espada de treinamento. Por conta do deslize, ele foi atingido com tudo por um soco de Hime. 

— Conhece a dona desta voz? — perguntou Lao Shi, que assistia ao treinamento do garoto. Ao lado do mestre, estava a deusa com orelhas de raposa, Inari.

— Ela é… quero dizer, era minha amiga em Eragon, por que a voz dela tá sendo reproduzida no céu? 

— Precisa escolher melhor os seus amigos — começou Inari, com uma rara expressão séria. 

— Isto é a “Voz do Mundo”, — quem continuou foi Kumiho, a raposa branca do tamanho de um gato nos braços da deusa — alguém que tem acesso a essa relíquia certamente não está do nosso lado.

O jovem cerrou os punhos e encarou o céu. Kawaii, a garotinha reencarnada com orelhas de gato que portava a submetralhadora Ingram M10, ela foi a guia dele durante o tempo que passou em Eragon. Infelizmente, Kurone teve a vida ceifada por Azazel van Elsie antes de vê-la por uma última vez.

Ela teria realmente traído eles? Aquela menina não era alguém com o objetivo nobre de ajudar os reencarnados daquele mundo?

“Por myuitos anos, nyós vivemyos entre vocês, apenyas analisando o funcionyamento dessse mundo…”, a voz reverberando pelo céu prosseguiu.

***

“... E julgamyos que vocês são uma verdadeira praga. Guerras, desigualdade social, sofrimyento, peste, fome… eu podia passar o dia todo citando coisas, myas meu tempo aqui é limitado, myas o foco aqui é saber que vocês são os causadores de tudo isso…”

— Baal, meus ouvidos me enganam? Isto seria realmente o que estou pensando? — questionou Azazel van Elsie ao demônio à sua frente.

Ambos ainda estavam parados na mesma pose de minutos atrás, quando Baal passava o relatório econômico para a Presidenta do Inferno. Então, a voz ecoou pelo céu e eles ficaram estáticos, apenas escutando a meia-humana falar.

— É como a senhorita Azazel suspeita, — confirmou o mordomo — isto é um feito da Voz do Mundo. Pensei que esta relíquia estava desaparecida.

— Eu também. — A fisionomia de Elsie não era o de alguém assustado ou surpreso, muito pelo contrário, Baal podia imaginar que ela estava formando um sorriso por trás da máscara preta e branca. 

Claro, ela já estava com a ambição de ter aquele tesouro em sua coleção pessoal. Baal via com o canto do olho tanto a Falx do Ceifador como o Orbe Amarelo, ambas as relíquias obtidas em Eragon, ao lado do trono que a demônia estavas sentada.

“... Como resolvemyos este problemya, então? Ora, simples! Eliminyamos todas as pragas e transformyamos este em um campo livre dos vermes… Mas quem somos ‘nós’, você pode estar se perguntando…”

***

“... Desde os primórdios da civilização, ainda nya Era dos Deuses, nossa raça viveu com os seus antepassados, seguindo as regras impostas por sua sociedade. O ‘nós’ ao qual me refiro é uma raça myais sábia, forte e inteligente que vocês: os reencarnyados, e se pararmyos para pensar, sua raça só existe devido à nossa…”

Oh, destino imponente e instável, tu não cansas de surpreender-me? Tu estupras as minhas esperanças e rir-se disso ao lançares uma reviravolta impensável nesta tênue linha temporal, onde eu ocupo o reles papel de espectador. Tu desafias a mim, destino, mas quem responderá a ti será o meu querido Vassalo.

Azrael apalpou lentamente a unha que selara o seu pacto com Kurone Nakano, o seu Vassalo da Morte. Um pequeno sorriso formava-se em seu rosto conforme escutava a ecoar da Voz do Mundo invadindo o Hangar dos Mortos. 

***

“... Aqueles que descobriram sobre nós nos chamyam de ‘E.T.’, umya sigla realmente sem graça, e poucos conhecem esta sigla, pois ninguém jamyais conheceu um reencarnyado e sobreviveu, embora vocês possam ter contato com eles diariamente…”

***

— Ei, Cecily, você disse que não tinha como magia interferir no Domínio? — Rory levantou lentamente ao sentir a Voz do Mundo impactando contra a fenda dimensional que separava aquele salão do mundo real. 

Apesar de saber que as chances de alguém invadir ali eram quase minímas, ela materializou o seu fuzil militar.

— Teoricamente, sim, mas, assim como os Navegadores e o Kurone, existem exceções, e essa parece ser uma exceção das grandes…

Rory limitou-se a apenas torcer para que nada de ruim acontecesse a Niflheim. 

No canto daquele salão, estava uma tela com um contador, sinalizando que anda faltavam mais de duas horas, ou seja, dois anos, para ela conseguir retornar ao mundo real.

***

“... Seu vizinho pode ser um reencarnyado, ou talvez seu pai! Oh! Talvez possa ter sangue de reencarnyado correndo por suas veias… Viu como conseguimos nos misturar a vocês? Myas este nyão é o ponto…”

“... Vocês já tiveram sua oportunidade de nos mostrar do que são capazes e fracassaram, nós assistimos a tudo calados, myas agora é a nossa vez! Por isso, se você é um reencarnyado de Segunda ou Terceira geração, nós o convidamos e se juntar a nós…”

“... Todos os outros morrerão, por isso, caso tenhya umya família, você precisará de uma licença para ela. Nyão queremos Ádvenyas ou reencarnyados de Primeira Geração conosco…”

“... Por questões de segurança, ainda nyão podemos revelar a localização da Nyação dos Reencarnados, nosso grande império de sangue puro, myas em breve verão os nossos sinyais…”

“... E quando este dia chegar, corram para ele, myatem todos os demônios, humyanos e qualquer outra raça que não for um reencarnyado! Podem fazer escravos se desejarem, pois será essencial no nosso império, contanto que eles sejam castrados…”

“... É isso… Ah! Caso encontrem alguém chamyado Rhyan Gotjail ou Eimon Grandschwert, myais conhecido pelo vulgo de ‘Reitor’, tragam eles vivos para mim! E também umya Ádvenya que atende pelo nome de Hime e outra pelo nome de Inri. É isso, agora sim! Kawaii encerrando a chamyada, nos vemos em breve, em um novo mundo!”

Outro barulho de trovão reverberou pelo mundo, até nos locais onde não haviam sequer uma nuvem no céu ou alma vivente, ao longo do mar intangível, dos continentes caóticos e dos mundos à parte daquele.

— Kawaii!! Maldita, devolve a Fran!! Desgraçada! — bravejou Rhyan, atirando diversas vezes com a sniper para o céu azulado.

Sophia o alcançou rapidamente e insistiu para que ele se acalmasse, afinal Kawaii não estava mais ali, nunca esteve, na verdade, era apenas a sua voz que ecoava pelo mundo.

Quando o anúncio começou, Rhyan e Sophia estavam no escritório da mansão, prontos para assinar os novos papéis trazidos por Selena, a esposa de Orcus. Eles ficaram abismados quando a voz da menina ecoou, o jovem ruivo foi quem ficou mais surpreso.

Ele explicara que Kawaii Kyuto, uma meia-humana, sequestrou sua escrava, Fran, e todos os estudantes de um instituto especial de Eragon.

Desde aquele dia, Rhyan vivia para encontrar Kawaii, mas não tinha qualquer pista. Agora estava mais perto de cumprir o seu objetivo, afinal o inimigo, ou pelo menos a voz dele, foi até eles.

— Rhyan! — gritou um homem correndo rapidamente. O corpo musculoso e a presença de apenas um braço demonstrava que aquele não era outro senão o reitor do instituto de Eragon, Eimon Grandschwert, o homem que foi citado pela voz.

— Reitor… era a Kawaii, a maldita reapareceu.

— É, eu escutei tudo, parece que ela quer a nossa cabeça… Uma coincidência cômica, pois eu também quero aquela cabeça dela, ou pelo menos aquelas orelhas de gato — ele falou olhando para o cotoco no ombro, o local onde tinha o membro perdido na batalha de Eragon.

— Parece que uma terceira entidade acabou de entrar na nossa brincadeira — comentou Sophia, ainda encarando o céu com raras nuvens, com uma expressão de dúvida.

Não queria acreditar, mas a meia-humana utilizou a Voz do Mundo para fazer aquela transmissão, algo que era um tesouro de Karllos Sophiette, mas desapareceu misteriosamente há milênios. 

— Terceira? — Eimon olhou para ela com uma expressão séria e prosseguiu: — Jovem, você não percebeu? Ela acabou de declarar guerra usando a Voz do Mundo, a última vez que isso aconteceu nós mudamos de Era dos Deuses para Era Mágica. 

— Pelo visto a Kawaii tá querendo dar início à Era dos Reencarnados — completou Rhyan, com ódio na voz.

— Mas o fato é que uma guerra foi declarada ao mundo, e aqueles que querem seu domínio ou o protegem não vão deixar isto passar batido — finalizou o Reitor.

— Os Ádvenas e o Conselho do Inferno vão aceitar essa guerra sem pensar duas vezes, na verdade eles foram desafiados pela voz e não tem outra escolha — falou Sophia.

— Exatamente, sendo assim, não temos outra escolha a não ser ficarmos mais fortes para lutarmos em pé de igualdade nesta guerra. Agora que não é mais uma simples rixa entre Andeavor e as terras de Sophietta, será mais fácil conseguir apoio — explicou Eimon.

De fato, alguns líderes ficaram receosos de ajudar na luta contra Azazel por estarem em um momento estável com relação à guerra já existente entre os demônios e os reinos humanos. Na verdade, aquela guerra já não tinha a mesma força do passado, sendo apenas uma estratégia política e econômica atualmente.

Se envolver em uma briga com Azazel van Elsie, a Presidenta do Inferno, podia ter efeitos colaterais. Porém, agora não era mais uma guerra simbólica ou apenas uma desculpa para conseguir recursos de outros reinos.

Se fosse anunciado de outra maneira, ninguém levaria a sério, mas a coisa era diferente, pois o arauto utilizado pelos ditos reencarnado foi a Voz do Mundo. 

— Devemos começar buscando o apoio do Monarca do Oriente, ele mais do que ninguém vai aceitar essa guerra, aquele velho adora uma bagunça — comentou Sophia ao analisar as melhores escolhas que tinham no momento.

— Realmente, ter o lendário Arquifeiticeiro Grau 10 ao nosso lado não será ruim — falou Rhyan com uma expressão menos tensa.

— Dizem que esse lendário Arquifeiticeiro, acho que é Lao Shi o nome dele, é um cachorro do Monarca, com certeza ele vai ser mandado pra cá se conseguirmos o apoio do velho — comentou Sophia em escárnio, só estava ponderando pedir ajuda do Oriente por ser uma situação crítica. 

— Se ele não for lendário até demais, jovem Sophiette. Ninguém nunca viu este homem na vida, é melhor irmos em busca do apoio bélico dele, se Lao Shi realmente existir, será um bônus — falou o reitor acompanhando a dupla para o interior da mansão.

Bastava que chegassem ao escritório para intensificar as ações de buscar por novos aliados, pois o tabuleiro preparado por Azazel van Elsie acabava de se expandir.



Comentários