Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 3

Capítulo 138: As Regras Do Jogo Não Podem Ser Violadas

Kumiho recuou ao ver o aglomerado de chamas negras tomando conta do corpo do jovem, os seus olhos amarelados encararam as labaredas roxas e, antes que pudesse comentar algo, Inari adiantou-se com espanto:

— Um Vassalo da Morte, não é possível que o maldito Azrael tenha mantido um desses escondido por tanto tempo. Kumiho, mudança de planos, acabe com ele primeiro e deixe a garotinha viva.

Lou Xhien estava caída ao lado da grande raposa devido às diversas queimaduras espalhadas pelo seu corpo. Ela suportou até onde podia para proteger o garoto, foi algo admirável, considerando que seu oponente era o monstro que matou os seus pais, o motivo dos seus pesadelos

A criatura abriu a bocarra e brandiu a cauda para disparar uma salva de chamas, mas dessa vez o seu oponente não fez questão de desviar, apenas encarou, aguardando que ela o atacasse. E assim fez.

O cenário distorceu-se quando o calor alastrou-se, era uma temperatura infernal de mais de 100 °C, nenhum humano comum conseguiria sobreviver, porém o jovem apenas estendeu sua mão tomada por fogo negro e ergueu uma barreira de trevas flamejantes, rebatendo o ataque inicial do monstro.

— Então isso que é um Híbrido?...

— Ele prefere ser chamado de Quimera, minha cara — Lao Shi corrigiu Inari. — Ele está combinando o Tipo Elemental escuridão com o fogo, criando chamas negras, algo realmente impressionante.

Ignorando a conversa que podia ser escutada de onde estava, Kurone avançou em direção à grande raposa e, quando estava próximo o suficiente, brandiu sua Boito .20.

Percebeu isso há um tempo: Rory podia manipular as balas do seu fuzil militar, fazendo-as ora serem balas de fogo ou gelo, outra de borracha. Pensou que, provavelmente, bastava imbuir mana na arma para modificá-la, e estava certo.

Do interior da sua espingarda de canos cerrados, chamas negras explodira e foram em direção à cabeça do monstro de dez metros, que foi obrigado a diminuir de tamanho para desviar. 

O jovem via o mundo girando e mal podia manter o seu equilíbrio, as chamas negras consumiam mais mana que as normais, sem falar que ainda tinha muitas queimaduras graves e lhe faltava o braço direito para ter uma luta decente.

Enquanto ainda estava no ar, ele impulsionou-se em direção a Kumiho, precisava acabar com aquela luta antes que desmaiasse sem força, o seu maior inimigo era abaixa resistência à drenagem de mana, de nada adiantava ter energia infinita se acabava cansado rapidamente.

Estendeu as mãos e lançou uma salva de chamas negras semelhantes às da raposa branca, porém mais letais, apesar da aparência inofensiva. 

Kumiho cuspiu chamas para rebater, mas ainda foi atingida por alguns dos projéteis flamejantes. Quando ia dar mais alguns passos para trás, grunhiu com uma dor inesperada.

A criatura olhou para trás e avistou a garotinha com o braço repleto de queimaduras fincando uma lâmina curta na sua pata traseira. Apesar de tremer, ela teve coragem para arrastar a pequena espada, fazendo sangue jorrar do interior do monstro.

A criatura estava no tamanho de cinco metros, se estivesse menor, provavelmente Lou Xhien teria conseguido tirar sua pata fora. Ela deu um coice para arremessar a garotinha, não queria tirar sua atenção da batalha principal.

Mas foi inútil.

Quando percebeu, Kurone estava com a sua espingarda de canos cerrados apontada para o seu rosto. Ele não hesitou em apertar o gatilho e, liberando chamas negras, queimou a parte frontal da criatura.

Olhou preocupado para Lou Xhien, mas ela levantou com um olhar de quem dizia “continue em frente!”. Ela mal conseguia ficar sobre os pés, pois usava toda sua magia de cura no jovem com uma aura de labaredas roxas.

Kumiho levantou rugindo e lançou chamas e mais chamas na direção da dupla, mas todas foram rebatidas pelo jovem que tinha a visão turva, aquela era uma luta em que qualquer um dos dois podia ganhar, apesar da raposa branca quase não ter machucados, bastava um golpe do fogo negro para matá-la.

Eles continuaram a batalha de projéteis, chamas bateram contra chamas e espalharam-se pelo ar, as que iam em direção ao templo de pedra eram dissipadas pela magia de água de Lao Shi, apesar de ele precisar fazer o dobro de esforço para abater as chamas negras de Kurone.

Sem outra escolha, a raposa branca precisou contar com a sua força e agilidade indo em direção ao jovem com a bocarra aberta. A cauda foi brandida em cortou o vento, empurrando o seu oponente para longe.

O garoto retirou o seu trunfo do Inventário Interno: o Orbe Vermelho que guardou para não ser danificado no fogo, porém não se podia mais chamar disso.

Assim que Kurone o tocou, a energia colapsando dentro da esfera assumiu um tom negro arroxeado, assim como as labaredas que criavam uma aura sombria ao redor do jovem. Seu trunfo tornou-se um Orbe Preto-Arroxeado.

— O Tipo Elemental Sombra é peculiar, não? — comentou Lao Shi com um sorriso discreto. — Ele tem poucas magias conhecidas, mas seu foco é ampliar o poder do usuário. Creio que o usuário mais notável foi o ser conhecido como Suserano da Morte, e teve também o seu discípulo original, certo?

Inari não respondeu, seus olhos estavam fixos na batalha, ou melhor, em Kurone. 

Bastava arrancar um braço dele para acabar, aí poderia matá-lo em seguida, porém aquele garoto não tinha expressão de quem iria desistir.

Brandindo sua escopeta de canos cerrados, ele avançou em direção à criatura que já corria para encontrá-lo. Ambos chocaram-se no meio da arena, criando uma explosão de chamas laranjas e negras.

A enorme raposa branca o atacava com as garras afiadas e ele devolvia com tiros da sua Boito .20. Em pouco tempo, pelo e carne estavam repletos de queimaduras profundas, porém nenhum dos dois ainda queria ceder.

— Humano… acho que te subestimei — ofegou a grande Besta Divina. Ela era mais fraca que Dora, mas aquele “divina” no nome não era à toa. — Deste jeito não teremos um vencedor. — Àquela altura, ela mal conseguia materializar suas chamas.

— Você que acha, eu só vou parar quando arrancar essa tua cabeça, desgraçada! — praguejou com a voz rouca. Podia materializar o quanto de chamas quisesse, mas o problema era a sua estamina, em breve desmaiaria de cansaço.

Foi nessa hora que Inari finalmente interveio.

— É o suficiente… Este humano venceu a batalha — ela anunciou levando os braços ao alto. — Eu me precipitei ao usar toda aquela energia em um golpe decisivo, estamos sem mana para continuar lutando, Kumiho. Me desculpe.

A deusa saltou do templo de pedras, seguida por Lao Shi, e ficou entre os dois oponentes que ainda se encaravam na arena.

— Mas, pelos céus, quem imaginaria que o meu oponente seria um Vassalo da Morte de verdade, — ela suspirou olhando com pena para a sua Besta Divina — nós perdemos, Kumiho. Como prova do meu reconhecimento, aqui está o seu prêmio…

Estendendo as mãos para o garoto, ela restaurou o seu braço direito em questão de segundos, fazendo-o arregalar os olhos em surpresa. Curar membros era algo impossível até para o mais forte dos magos humanos.

— Um segundo, — começou Lao Shi — não é assim que funcionam os jogos. Nós tínhamos um acordo, o jogo só pode acabar quando os requisitos forem cumpridos, violar as regras dos jogos é uma blasfêmia.

Aquele homem sempre levava as regras dos jogos muito a sério, seria difícil acalmá-lo, mesmo sabendo que, se Inari o escutasse, Kurone acabaria morto. 

— Não é como pensa, — o seu mestre continuou — ela só desistiu porque você ia matar a Besta Divina dela, o vencedor já estava claro, mas a batalha não podia ser cancelada. 

— Não havia sentido em matar ela se ele venceria, seria um desperdício.

— Regras são regras, e eu odeio trapaceiros. — O Arquifeiticeiro olhou com ódio para a mulher trinta centímetros mais alta. — Mas deixarei que o meu discípulo… Kurone, ei, Kurone, tudo bem, meu caro?

O jovem mal conseguiu escutar as últimas palavras do seu mestre, ele simplesmente viu o mundo girar e apagou, assim como as chamas negras que tomavam conta do seu coro. O Sigilo de Azrael em seu peito desvaneceu lentamente.

Antes que pudesse cair com tudo de cara no chão, Inari se adiantou e o segurou, pondo o seu rosto repleto de queimaduras graves contra o peito voluptuoso. Ela passou a língua nos lábios como alguém que pensava em coisas indecentes.

— Deseja realmente continuar a luta? — ela falou olhando para Lao Shi — Saiba que não esperarei ele acordar se concordar.

Enfim o homem desistiu, vendo que aquela seria uma lutar sem vencedores caso prosseguisse. Então, olhou para trás e viu Lou Xhien andando com dificuldade, em suas mãos estavam a lâmina de Lou Xhien Xhian.

— Eu não vou… permitir que essa coisa continue viva — a menina falou apontando a arma para a enorme Besta Divina, os olhos verdes da garotinha estavam tomados por ódio e lágrimas.

Inari a encarou sem interesse e, estendendo a mão livre, a fez desmaiar para que não causasse problemas.

Em meio a toda aquela comoção, a mente de Kurone mergulhava profundamente na escuridão. Conhecia para o lugar que iria agora, por isso não teve medo. Na verdade, estava ansioso para encontrar Annie lá, pois ela desapareceu desde que o seu pacto com Lucy voltou a funcionar.



Comentários