Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 3

Capítulo 132: Ampliando O Conhecimento Sobre Mana

Mana.

A energia vital que existia em tudo e todos fora descoberta pelo jovem Karllos Sophiette na Era dos Deuses. Naquela época, quando os primeiros humanos a não passaram nem três décadas naquele mundo, apenas os deuses tinham o que as pessoas chamavam de “poderes mágicos”. A passagem do livro também citava algo sobre os demônios, mas era uma citação breve.

A mana era como o oxigênio que, ao entrar em contato com a alma do usuário, podia modificar o espaço físico-espiritual. 

Pelo que entendeu, o que modificava a mana eram as “configurações” da alma, que levavam em conta a personalidade, ambições, etc. do usuário. As “configurações” diziam qual o Tipo Elemental e a Classe, assim como a quantidade de mana suportada dentro do corpo.

Quando era utilizada quase em sua totalidade, era necessário um tempo para absorver mana para o interior do corpo novamente.

— Achei que a mana era gerada dentro do usuário, que coisa bizarra — murmurou ao virar a página do livro. — Nie? Você dormiu? O livro nem tá tão entediante assim.

[Não, não é isso. Se o que está escrito aí é verdade, então o que chamam de “configuração” é a conexão entre a alma e o mundo da mana, o corpo físico, ou seja…]

— O Seol, por isso que seu consumo de mana é descontrolado.

Apesar de ser uma deusa, o conhecimento de Annie sobre o mundo e o seu funcionamento era limitado. Segundo ela, jamais teve interesse nesse assunto e o pouco que sabia foi apagado junto às suas memórias de Astarte.

Em um dos capítulos anteriores, o livro citava sobre os “Parasitas”, pessoas como Frederika e Rory, que tinham um corpo modificado e drenavam a mana dos outros. Ainda naquele capítulo, havia um aviso claro para não confundir Parasitas com vampiros, criaturas que sugavam mana por natureza.

Os modelos de explicações, imagens e manuscritos, foram copiados e colados de outros livros, talvez mais antigos, pois Kurone não conseguia decifrá-los. Annie conseguiu interpretar alguns, mas eram modelos irrelevantes.

Pensou que talvez pudesse encontrar a palavra-chave “Raifurori” nos volumes lidos até o momento, mas não teve êxito. Quando perguntou sobre, apenas Hime esboçou uma reação para a palavra. Sabia que aquela sacerdotisa jamais ajudaria.

— É estranho, não parece que as pessoas comuns tenham acesso às informações contidas nesses livros.

Os capítulos seguintes eram: “Ocultando a Presença”, “Detectando a Mana no Ambiente”, “Assinatura Mágica” e “Economizando Mana”.

Nos capítulos iniciais, foi citado que a presença era a força com que a alma, por meio do Seol, absorvia a mana do ambiente. Como um movimento de fotossíntese, a mana ia e vinha do ambiente, porém em intensidade diferente com base no usuário, quando alguém queria intimidar, expandia a sua aura, ou melhor, expelia a mana do seu inteior, sobrecarregando a alma dos outros. 

Por isso Ladinos emitiam menos aura que Magos.

Sua cabeça esquentou ao folhear e encontrar diversas fórmulas magicas semelhante às de matemática, porém com círculos mágicos e outros sigilos.

Fechou o volume antes que o arremessasse no meio da floresta, era muita informação para alguém que mal sabia o básico da história da magia daquele mundo.

Eram eras e mais eras de histórias, mas Lou Xhien pediu para que focasse no pico dos dois períodos mais importantes daquele mundo: a Era Mágica e a Era dos Deuses.

Suspirou lentamente e empurrou mais da sua mana para o objeto ao seu lado.

Ainda era a sua vez. Manter o selo ativo era algo bem simples, Kurone só precisava ficar perto do torii e direcionar sua energia vital para ele, porém era entediante ficar ali sem nada para fazer enquanto escutava os gritos de guerra dos orcs treinando um pouco distantes dali.

Sua atenção voltou-se para a garota de cabelos negros subindo as escadas e indo em sua direção. Ela carregava uma bandeja nas mãos com pão e uma xícara de Camélia.

— São apenas sobras, estamos tentando economizar comida — Lou Souen disse pondo a bandeja ao lado do jovem. Os olhos avermelhado ficaram fixos no livro azul. — Tentando aprender sobre a mana?

— Sim, mas é bem difícil quando não se sabe o idioma oriental — comentou pegando o pão e terminando em poucas mordidas. Bebeu o chá verde para fazer a comida descer mais rápido. — Você parece bem melhor, como tá a Lou Li?

— Vossa Majestade está mais calma, mas se recusa a se aproximar daqui. Não sei o que teria acontecido se ela tivesse visto o que eu vi.

— Como era ele? Digo, o monstro que ia sair da masmorra.

— Não consegui vê-lo direito, mas tenho certeza que era igual ao que matou o senhor Lou Xhien Xhian.

“Então tem a chance de ser o mesmo monstro…”

Percebeu que sempre que Lou Souen citava o nome do seu antigo mestre, o olhar dela baixava. Devia ter sido uma experiência assustadora ver aquele torii surgindo e o monstro querendo escapar, por isso resolveu não tocar mais no assunto.

Comentou sobre o que aprendeu no livro, mas a sacerdotisa de cabelos negros não tirava o olhar do portal vermelho, talvez temendo que o monstro pudesse escapar de lá a qualquer momento.

— Não se preocupa, se ele aparecer, eu chuto a bunda dele — falou Kurone para reconfortá-la, mas pareceu não ter funcionado.

Saíram de lá quando Berthran chegou, era o turno dele de manter o selo ativo. Desceram as escadas em silêncio, aparentemente até uma garota era afetada pela tensão da situação. Pensou em sugerir uma partida daquele jogo complexo, porém desistiu ao lembrar que precisava treinar.

Estavam sendo empurrados contra a parede, seria questão de tempo até outra ronda de garotas artificiais ser mandada para lá. Se reportassem o aparecimento do portal, talvez pudessem atrair a atenção de Asmodeus di Laplace para aquela ilha.

A última coisa que precisavam era um combate direto contra o Arquiduque do Inferno, ainda mais quando não sabiam absolutamente nada sobre ele. Asmodeus era como um fantasma, apesar do seu tão alto posto no Conselho do Inferno. 

Kurone separou-se de Lou Souen na ponte do laguinho, o jovem passou o resto do dia treinando o seu corpo. Parou, ou melhor, caiu na encosta da ilha quando não podia mais se mover — após cinquenta voltas ao redor do local.

O peito subia e descia desesperado, buscando oxigênio como alguém emergindo após muitos minutos debaixo d’água.

Suor pingava da testa e banhava todo o corpo malhado. Apesar de tanto treino, aquele era o seu limite. Podia queimar mais mana e transformar em estamina, mas doeria muito e, segundo o seu mestre, esforçar-se muito poderia gerar o efeito contrário em seu corpo.

Levantou-se quando não sentia mais os músculos ardendo ao caminhar, mas ainda cambaleava e o campo de visão tremeluzia.

Após dois meses naquela ilha, conseguia andar por lá sem ficar perdido na imensidão de árvores com folhas rosas. Pelo posição de Hipérion, a lua azul, aparecendo lentamente, era o horário de Ayshla manter o selo ativo.

Ficou definido que o seu turno era na parte da manhã, por isso precisava dormir cedo, embora ainda não tivesse sono, mesmo após dar cinquenta voltas na ilha.

Desceu a parte íngreme da ilha, mas parou ao escutar o som de passos nos arbustos. Um inimigo? O mais provável era que fosse Alley, o familiar de Lao Shi, espionando-o nos galhos das árvores. 

Odiava aquele animal.

Fez menção de materializar a sua Boito .20, porém parou as partículas azuis quando viu uma menina saindo do interior dos arbustos. Ela arregalou os olhos, por aquela reação, presumia que a garotinha estava apenas caminhando pela floresta e não esperava encontrá-lo.

— Ple-plebeu?! O que está fazendo aqui? — questionou surpresa, mas logo suspirou ao ver o estado do garoto, provavelmente pensando: “Ah, estava treinando.”

— Qual foi da cara decepcionada? Não me diga que pensou que eu te segui para uma parte remota da floresta só para fazer travessuras com você? Que pervertida… — brincou limpando o suor da testa, a voz ainda ofegante devido ao movimento violento dos pulmões.

Um sorriso malicioso surgiu no rosto do jovem.

Hã? O que você quer dizer com travessuras… E-ei, por que está se aproximando com essa expressão, — ela recuou assutada — estou avisando, fique para trás!

Hehe, aqui eu posso fazer muitas travessuras com a Lou Li e ninguém vai notar, não era isso que você queria?

— Tra-travessuras? Co-como o quê? — perguntou virando o rosto corado.

— Tipo jogar terra no seu cabelo ou fazer cócegas até você não aguentar mais.

— Plebeu idiota! — Ela estendeu as mãos rapidamente, recitando algo inaudível para o jovem, e o arremessou contra o tronco de uma árvore, fazendo-o grunhir ao bater as costas.

— Ai, ai, vocês não sabem brincar mesmo, eu já tô todo quebrado e você ainda faz isso.

Ela ficou preocupada ao notar que exagerou na força do arremesso, era demais para alguém que acabava de voltar um treinamento intenso. 

Levantou-se apoiando a lombar com ambas as mãos e fazendo drama. Sentiu-se culpado quando a garotinha acreditou e o fez repousar sobre o seu colo enquanto ela usava magia de cura em seu corpo cansado.

— É preciso ficar nesta posição para não fraturar a coluna — explicou com o rosto corado. Era incrível como o nível de “tsunderesice” dela se equiparava ao de Rory.

Como um bom apreciador, examinou o local onde estava deitado, avaliando a maciez das coxas e a posição confortável da cabeça. “Oito vírgula cinco pontos.”

[Posso saber quanto o senhor avaliador de coxas deu para mim?]

Claro, quando estava no interior da sua mente, Annie não conseguia ler os seus pensamentos, ou seja, não escutava os pensamentos desnecessários sobre o seu colo quando Kurone o tomava para dormir.

“Dez pontos! A Nie é sempre nota dez!”

[Seja sincero.]

“Oito vírgula nove.”

— Kurone, — Lou Xhien chamou sua atenção — posso te perguntar uma coisa?

O que era aquilo? Estava com um péssimo pressentimento. Olhou para o rosto da garota da sua posição e, logo atrás dela, avistou a luz da lua azulada. Não gostava daquela sensação, era como da vez que Luna declarou-se para ele, e aquilo não terminou bem.



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