Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 2

Capítulo 82: Na Próxima Vez...

“Disseram que eu não posso mais te ver quando meu cabelo ficar completamente branco.”

“Luminus, não seja idiota, eu posso te ver quando eu quiser. Por mais que coloquem guardas para te vigiar, vou matar todos. Não importa o que dizem, afinal você é minha irmã. Prometo que você nunca estará sozinha…”, disse o garoto com uma franja que cobria os olhos.


Rory ficou estática, não piscava ou produzia um único som. Seus olhos estavam focados no corpo de seu companheiro. Ele estava realmente morto, ela nunca se acostumaria a ver os corpos dos seus companheiros, não importava quantas vezes tivesse passado por aquilo, sempre era doloroso.

⚙️ Configurações de Party

[Vazio]

— N-não é possível… você prometeu que não morreria…

O que ainda mantinha a garotinha de pé era o fuzil utilizado como muleta. Por um segundo, até mesmo a batalha mortal entre Azazel e a mulher parou.

— Haha! Não sejam idiotas, era impossível salvá-lo, eu matei o Kurone assim que arranquei o coração dele. A barreira que criei só retardou a morte inevitável para que eu pudesse aproveitar suas expressões, haha! — gritou Azazel.

— Como você ousa!? — bravejou a mulher.

Rory mal prestava atenção nas palavras da demônia, sua visão estava ficando embaçada, na verdade, apareciam interferências a cada minuto.

O Compartilhamento de Mana foi desativado de maneira repentina. Como se manteria viva sem sua fonte de energia vital?

[Aviso! A mana está extremamente baixa, deseja sacrificar 1 Fragmento de Astarte?]

— Isso não é verdade, não é possível!!! — a garotinha berrou, ela estava ignorando as mensagens incômodas. Não precisava mais daquilo. — [Análise].

Kurone Nakano

[Aviso! É impossível analisar mortos]

— Morto… — murmurou enquanto cerrava as mãos. O atrito entre as unhas e a palma fez sangue escorrer — ele está morto. Ele… ele tentou cumprir a promessa, mas você o matou. — A raiva da garotinha foi transformada em ódio ao ver a figura de Elsie. A demônia era a culpada por todo o seu sofrimento, porém Rory sabia que não conseguiria derrotá-la, pelo menos não naquele momento.

— [Análise].

— Hã? É uma daquelas habilidades que mostras os status? Que pena, infelizmente isso não funciona comigo — disse Azazel.

Ela estava certa, o [Análise] jamais funcionaria em alguém tão forte, nem era necessário ver os status dela também, estava claro como era poderosa, no entanto o alvo da garotinha de olhos marejados era outro.


O’Blood Renfield

A Condessa Hematófaga do Caos

Nível: ???

HP: 89%

Mana: 60%

[Aviso! Os “status detalhados” não podem ser acessados]

[Aviso! Devido a quantidade de Fragmentos de Astarte, a Memória de Astarte NV1 foi desbloqueada]

Memória de Astarte [Acessar]


Rory continuou olhando fixamente para a nova mensagem e, após limpar as lágrimas que embaçavam a visão, murmurou:

— Acessar….

Era a primeira vez que via aquela opção. Por ter um nível baixo, não conseguia acessar os status de oponentes como van Elsie ou o Espírito Ceifador. Aquela mulher era alguém acima desse nível, se a garotinha estava lendo, era porque ela foi permitida. Uma tela apareceu após selecionar “Acessar”.


O’Blood Renfield

A Condessa Hematófaga do Caos

O céu escarlate e a nuvem negra que se move rapidamente simbolizam a chegada da Primeira Condessa, a vampira está vindo para matar populações e tomar o sangue deles em seu cálice sagrado.

O’Blood Renfield, a fundadora do clã vampiro, foi a primeira discípula de Astarte. Seu poder é igualável à devoção à sua mestra. 

[Aviso! Fragmentos de Astarte insuficientes para acessar a página 2]


Rory abriu um sorriso satisfeito e olhou para as duas mulheres à sua frente. O rosto da garotinha continha uma expressão dolorosa. Os olhos estavam arregalados, o rosto banhado em sangue e os cabelos desarrumados. As mensagens apareciam sem parar, seu fim viria em breve, por isso…

— Não me diga que ainda quer me enfrentar depois de tudo o que viu? Existe limite para tudo! — gritou Azazel surpresa.

A garotinha apontou o fuzil para a demônia, mas não atirou. Ela olhou para a mulher, O’Blood Renfield, e murmurou com a voz arranhada:

— Cuide deles, por favor.

[Aviso! Foram detectados impulsos perigosos!]

— E-espera, o que vai fazer?! — perguntou O’Blood desesperada.

— Tsc… Na próxima vez, eu acabarei com tudo isso…

[Aviso! Iniciando modo de hibernação!]

— Eu não vou deixar você fazer isso! — berrou Azazel enquanto brandia a foice em direção à menina. — Você não vai escapar dessa vez!

— Eu já sei o que preciso fazer.

Bam!  O tiro do fuzil reverberou pelo ar. O disparo à queima-roupa destruiu o crânio da garotinha em segundos e o corpo sem cabeça foi em encontro ao chão. Não demorou muito para que o corpo se tornasse pequenas partículas azuis indo em direção ao céu. A arma também desaparecia lentamente.

E pela milésima vez, Rory Nakano, ou melhor, Luminus streix Astaroth, a Reencarnação de Astarte, morreu.


— M-mestra Astarte! — gritou O’Blood, mas não se moveu. Estava claro que a garotinha morreu.

— Droga, ela se matou de novo! — praguejou Azazel.

No mesmo instante, toda a ilha balançou em um tremor violento, jogando os corpos sem vida de Kurone e Rory — um faltando o braço e o outro a cabeça — para os escombros. Dessa vez o tremor não parou, pelo contrário, ele aumentava a intensidade a cada segundo.

— Parece que está na minha hora, aconselho que também vá embora, se não quiser morrer — disse Elsie.

— Eu vou matar você, desgraçada — bravejou O’Blood cerrando os olhos.

— Tem certeza? A Reencarnação de Astarte disse “Cuide deles”, vai deixar essas pessoas morrerem? Eu sou tão querida assim mesmo? Prefere eu ou eles? Vamos, escolha! Mas eu não ficarei aqui.

— Argh! Eu prometi a Frederika que iria salvar o Kurone e não salvei, vou pelo menos seguir os desejos da minha mestra. Mas guarde minhas palavras, Azazel van Elsie, guarde bem em sua memória as palavras de O’Blood Renfield. Na próxima vez que nos encontrarmos, eu vou cortar cada pedaço do teu corpo até apagar sua existência deste mundo!

A última parte foi quase inaudível, o som de um tremor gigantesco invadiu o ouvido de todos. O tempo para salvar os companheiros de Rory e Frederika estava ficando curto. Quando O’Blood piscou, a figura da demônia já havia desaparecido.

— Eu vou salvar eles, mestra. Eu promet…

— Eiiiiiiii! Aquiiii! — Uma voz assustadora chamou a atenção da vampira.

Era um enorme dragão negro, em cima dele havia uma figura estranha de armadura vermelha e preta. Aparentemente, eram amigos. 

— Apareceram em boa hora. 

O’Blood já estava imaginando como iria tirar as pessoas da ilha flutuante. Aquele dragão era grande o suficiente para transportar todos?

— E-espera, é a Besta Negra?! 


[Foram coletados o total de 8 Fragmentos de Astarte. 

Fragmentos totais: 9.350

Tentativas totais: 1.000

Tempo para respawn: 3 horas]

Tudo o que Rory podia ver era a escuridão familiar e as mensagens incômodas aparecendo em seu campo de visão. Lentamente, pequenas partículas começaram a iluminar o local, materializando seu corpo.

Ela sentia vontade de gritar, mas suas cordas vocais ainda não estavam materializadas. Nunca se acostumaria com a dor física e psicológica de tirar a própria vida, porém era ainda mais doloroso ver seus companheiros morrerem.

— Luminus! — gritou a mulher em seu trono. Era a garota de longos cabelos dourados e vestido translúcido que falava de maneira estranha ocasionalmente, a deusa Cecily. — Calma, respira fundo e descansa… — ela falou em tom maternal. Os olhos da deusa estavam marejados.

Em minutos, o corpo da garotinha estava inteiro novamente. O uniforme militar e o corpo infantil estavam sem qualquer corte e a cabeça detonada há pouco também estava no lugar. Lágrimas escorreram dos olhos carmesins.

— Eu cansei, não aguento mais isso — ela começou com a voz arranhada —, eu tentei por todo esse tempo suportar, mas a morte do Kurone foi cruel! Ele…

— Luminus, calma, o Kurone não era seu irmão. Ele apenas tinha uma aparência física semelhante, mas a alma era diferente… Acredite em mim, ele não era a reencarnação do Loright…

— Eu não quero escutar! Por mais que não fosse, ver a morte de alguém daquela maneira… Todo esse tempo eu fui fria com ele, agi como uma idiota! Eu não quero mais fazer isso!!! — Após o berro, a garotinha deixou o corpo cair.

— Está quase acabando, só precisamos…

— Matar mais crianças?! Quantas pessoas mais terão que morrer!? Não é só da minha morte que estamos falando! Crianças inocentes… Mas eu já me decidi, já sei o que farei! Esse mundo desgraçado que tirou ele de mim, os malditos demônios, eu vou acabar com tudo! Na próxima vez, não vai sobrar ninguém vivo! Se Astarte quiser, pode vir ela mesma tentar me impedir!

— E-espere, Luminus, não podemos ser precipitadas. Veja bem, nossa missão é...

— Foda-se! — gritou irritada enquanto as lágrimas rolavam. — Não quero escutar! A minha próxima tentativa será a última, vou me vingar, e, se eu não conseguir, vou deixar aquela demônia me matar.

— Lu–

— Calada! Está decidido, vou vingar o Kurone. Minha próxima companheira será alguém que também deseja destruir tudo. Eu, aqui e agora, exijo que a alma de Raika Nakano seja ceifada e trazida para cá!

Cecily não disse mais nada, na verdade, a menina não deixava. Havia ódio e dor nos gritos da garotinha, era impossível dialogar com ela naquele estado. A deusa respirou fundo e disse:

Okay, que assim seja. A próxima Lolicon Slayer será Raika Nakano, a última irmã viva do Kurone. O tempo para a invocação dela é de três horas, ou seja…

— Três anos na Terra — completou a garotinha cerrando os punhos. — Eu não vou mudar de ideia até lá, se é o que você está pensando. Eu e a irmã do Kurone conseguiremos 650 Fragmentos, porém não ligo mais para essa droga de missão. Vou usar o poder da Astarte para destruir aquele mundo e reviver o Kurone.



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