Volume 2
Capítulo 81: Um Mundo Sem Você
— Tsc, então essas são as lendárias Amazonas Aladas? Não são nada sem sua líder — comentou Belphegor dé Halls olhando para os corpos das guerreiras no chão.
Ele só precisou de poucos segundos para derrotar todas com seu [Controle da Gravidade]. A luta poderia ter acabado ainda mais rápido se tivesse muitas flechas, mataria todas assim como fez com a líder, Flugel.
— D-desgraçado! — gritou uma das amazonas. Era uma brutamonte, a maior entre todas, que segurava uma maça negra.
Ela brandiu a arma e foi para cima do demônio. Aquele era o tipo de inimigo perfeito para Belphegor, que podia controlar objetos da maneira que quisesse. O Duque estendeu a mão e os escombros foram em direção à guerreira, ela tentou destruir todos com golpes pesados, mas foi pega de surpresa por uma pedra vindo do céu.
Plac! O objeto bateu com força no elmo e desequilibrou a mulher, fazendo-a recuar alguns passos. Belphegor aproveitou-se da brecha e lançou mais escombros contra a armadura, forçando ela a usar as asas angelicais como um escudo de penas.
— Você vai pagar por ter matado a Flugel e todas as minhas outras irmãs!! — gritou enquanto avançava. Ela ignorou os objetos batendo contra seu corpo e quebrando a armadura. O demônio era magro, vestia nada mais que um terno e não portava arma, conseguiria quebrar alguns ossos dele facilmente se chegasse perto o suficiente.
— Ahhhh! — bravejou ao se aproximar, se tivesse sorte, conseguiria esmagar a cabeça do oponente. — Argh! — No entanto, não teve essa sorte. A guerreira foi arremessada violentamente pelo [Controle da Gravidade] do demônio.
— Haha! Quero ver se consegue sobreviver a isso!
O homem moveu o braço de um lado para o outro, como se fosse um maestro regendo uma orquestra, seus dedos serviam como uma batuta. O corpo da mulher era arremessado para o local apontado pelo demônio, batendo violentamente contra o chão, paredes e árvores. Ela cuspia sangue ao entrar em contato com o chão e sentir os ossos quebrando lentamente. Foi tola ao pensar que poderia lutar contra um Duque do Inferno.
Tentou se estabilizar no ar com suas asas, mas foi inútil, Belphegor a arremessou contra um enorme paredão e quebrou os ossos responsáveis por movê-las. Penas banhadas em sangue espalharam-se pelo ar.
— Pronto, acabei aqui, agora preciso encontrar o Satiel… — O Duque quase relaxou quando escutou o som de passos se aproximando rapidamente.
Diferente de Azazel, que subestimava todos e mantinha uma pose ralaxada na batalha, Halls tinha o máximo de cuidado em uma batalha. Sempre usava toda a sua força — mesmo dizendo que era apenas 20% de seu poder total — e não deixava o oponente aproximar-se, por isso ele sobreviveu por todo esse tempo mesmo sendo o Duque mais fraco, escondendo sua fraqueza por baixo de uma força inexistente.
— Hã? Não, não é aqui, droga — disse uma estranha que apareceu repentinamente na praça com o mar de corpos alados.
Era uma garota de cabelos dourados presos em um rabo de cavalo e olhos azuis. As vestimentas eram conhecidas pelo Duque, chamadas de hakama no Continente Oriental. O que mais chamou a atenção foi que a garota não estava com medo dele.
— V-você também veio aqui para tentar me derrotar? — perguntou, hesitante.
— Não. Estou procurando outra pessoa, mas você também parece ser um Duque do Inferno… — A garota pôs a mão no queixo fino e começou a analisar o homem. — Hmm… Belphegor dé Halls, não é? Nakano já me falou sobre você. Então é você que está controlando os insetos. Infelizmente não tenho tempo, adeus.
No fundo do peito, o demônio sentiu uma fúria sem motivos. Talvez fosse por ser subestimado pela garota, ou nem mesmo tivesse motivo. Inconscientemente, estendeu a mão em direção a ela.
— Quem diabos você acha que é? Acha que me conhece só porque Nakano te falou algumas coisas? Tsc! Vai morrer agora por sua arrogância!
Vários escombros voaram em direção à garota, cada um com mais de 70cm, uma verdadeira chuva mortal da qual dificilmente o próprio Belphegor conseguiria escapar, no entanto…
Whoosh! Os escombros foram cortados como simples vegetais em instantes. A garota guardou a espada na mesma velocidade que sacou.
— Heh? — suspirou o demônio surpreso.
— Se você vai ficar no meu caminho, então terei que te cortar também — ameaçou a espadachim perigosa.
— Ca-calma, po-pode continuar sua busca, prometo que não atrapalharei.
— Eu espero que assim seja. — Sem se dar ao trabalho de olhar para o demônio, a garota virou as costas e saltou na construção em pedaços mais próximas e, em segundos, não podia mais ser vista.
— Ufa! — O corpo do homem quase caiu quando ele suspirou. Esteve muito próximo da morte. Se o objetivo da garota fosse lhe matar, teria perdido rapidamente. — Não me diga que…
Lembrou-se de uma reunião do Conselho em que o assunto era…
— Um dos 10 Heróis Ádvenas.
A reunião em questão era para discutir sobre o que fazer com os Heróis Ádvenas, pessoas invocadas de um mundo distante para manter a paz em Niflheim. O poder deles era igualado ao de um Duque do Inferno, porém viviam como sombras.
Segundo um dos informantes, uma dos Heróis da geração fora expulsa do grupo e começou a morar em Andeavor, o nome dela era “Inri”, porém ninguém sabia se o boato era verdade, pois o único demônio que andava naquele reino era Azazel van Elsie — ausente naquela reunião.
O coração de Belphegor disparou ainda mais ao perceber o perigo que passou. Por que fez a idiotice de atacar? Se deixou levar pelas emoções e quase morreu!
— De qualquer forma, não é problema meu, preciso encontrar o Satiel… — Ele levantou e andou em direção ao local onde sentia a aura de seu companheiro. Provavelmente ele havia começado uma luta contra seu alvo, o ladrão que roubou o Orbe Amarelo da catedral.
Socos, chutes e golpes estrondosos reverberavam pelo ar. Rory aproveitou-se da brecha criada pela mulher estranha e se aproximou de Kurone.
A circulação sanguínea machucava, ele estava ajoelhado há muito tempo, porém não poderia se mover mesmo se quisesse, o corpo se recusava.
— Eu vou tentar te curar — disse Rory.
A garotinha também não estava em seu melhor estado, era impressionante como ainda tinha sangue para derramar. Aquele corte drenaria até sua última gota. — [Heal]! [Heal]! [Heal]! [HEAL]! — gritou furiosa.
— É inútil — Kurone começou com a você arranhada —, aparentemente, a Elsie criou uma barreira em volta do meu corpo e paralisou o tempo, a cura não vai funcionar. É melhor você…
— Cala a boca, idiota! Na última vez eu não pedi para você me salvar e mesmo assim foi até lá, por isso você tá aqui agora, droga!
Até as palavras como “idiota” e “droga” soavam diferente. Rory estava chorando, banhada em sangue e gritando desesperada para salvar seu companheiro, aquela era a mesma garotinha que atacou uma vila impiedosamente? Era a mesma loli arrogante que mataria alguém sem motivos? Kurone não disse nada, apenas encarou o rosto desesperado tentando curá-lo.
— De novo não, de novo não… — ela repetia em meio a soluços. — Eu não quero deixar você ir de novo! Do que adianta salvar um mundo onde você não vai estar?
Quanto mais olhava aquela face de olhos marejados, mais seu peito se esquentava, a máscara do supervisor ainda estava escondida dentro da roupa e ela se tornava mais quente a cada minuto. Não aguentava mais ver aquela cara de choro, isso o fazia lembrar das irmãs que deixou para trás. O quanto elas choraram por que seu irmão as deixou?
— Você não devia ter me desobedecido! Por que veio aqui? Se não tivesse vindo, você estaria vivo e a garotinha vampira…
— Mas aí… — ele interrompeu — você teria morrido. “Do que adianta salvar um mundo onde você não vai estar?” — O sangue escorria da boca a cada palavra.
Ocasionalmente, eles viam a figura da mulher estranha e Elsie saltando de um lado para o outro enquanto trocavam golpes mortais, mas ignoraram aquilo e um focou nos olhos do outro — os de Kurone estavam ensanguentados.
— Rory, eu não vou morrer ainda. Tenho que vingar a morte da Frederika, aprender a conduzir com a Amélia, experimentar minha primeira bebida alcoólica com o Orcus, desmanchar o noivado com a princesa, ter minha revanche contra o Gotjail, ver as pessoas da vila dos mestiços, perguntar algumas coisas a Cecily, levar uma bronca da Brain e matar o Edward…
— Eu…
— Claro, tenho que conversar com você sobre isso de matar garotinhas. Acredito que você teve seus motivos para matar e… Argh!!
— Kurone! Kurone! Não!
A expressão da menina mudou drasticamente ao ver o companheiro cuspindo sangue sem parar. O corpo dele caiu e espalhou líquido por todo o local, enfim Azazel havia desfeito a barreira do jovem!
— Não! [Heal]! [Heal]! [Heal]! Droga, não! Por favor, de novo não! Eu não vou suportar fazer isso mais uma vez! Eu não vou conseguir! Por favor!
— Haha! Que peninha!
— Desgraçada!
Os gritos de Elsie e da mulher de olhos heterocromáticos ecoaram respectivamente. Em um acesso de fúria, a mulher investiu com tudo para matar a demônia, afinal ela não teria mais utilidade viva.