Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 2

Capítulo 73: Fuga Da Prisão

O plano era simples.

Dora participaria do Sabbat dos Demônios para proteger seu novo amigo, Kurone Nakano, porém não podia se distanciar dele por conta da falta de mana… aí surgiu a brilhante ideia de pegar emprestado — mas sem permissão — o Orbe Verde da mansão da mulher de cabelos rosas. Aquela coisa exalava uma quantidade inacreditável de mana. Era o suficiente para a garotinha participar da reunião, voltar para casa com uma pose de vitória e deixar Kurone feliz, ela assim pensou, no entanto… tudo deu errado!

Houve uma briga pouco tempo após o início do Sabbat e, por algum motivo, todos votaram para que a loli parda fosse aprisionada no castelo até segunda ordem.

Uma prisão comum jamais seria o suficiente para prender a temível Besta Negra, mas aquela cela era diferente, Dora tentou de tudo: chutes, socos, fogo, magia e mordidas. Todas foram tentativas inúteis de fuga.

Por fim, ela teve fome, e como as porções servidas a cada hora eram poucas para seu apetite insaciável… a garotinha engoliu o Orbe Verbe!

— Eu… eu queru voltá pra casa…! — A dicção de Dora piorou em meio ao choro. — Minha barriga dói!

A menina chutou algumas vezes as grades metálicas da cela enquanto derramava torrentes de lágrimas, mas o ferro permaneceu imutável, não tinha mais nada que pudesse fazer para fugir.

— Ei — uma voz soou no fim do corredor, estava muito escuro para ver o que acontecia —, você não tem permissão para passar! — gritou outra voz aflita, dessa vez de um homem, provavelmente o guarda da prisão.

Gritos e sons de golpes reverberaram pela escuridão e, em segundos, o local voltou ao seu silêncio, porém ele foi quebrado novamente pelo som de passos rápidos se aproximando. Repentinamente, uma silhueta parou em frente à cela da garotinha chorosa e a encarou.

Os olhos marejados de Dora só precisaram de um instante para reconhecer a figura.

Era uma garota com uma máscara branca assustadora, adornada com dois longos chifres, olhos vermelhos, presas saindo do que seria uma boca com dentes afiados e um nariz anormalmente grande. Se comparado a um animal daquele mundo, aquela seria a máscara de um “Ogro do Oriente”, mas não era tão semelhante àquele monstro.

Abaixo do acessório branco de aparência macabra, a figura trajava uma armadura completamente vermelha, com alguns detalhes aqui e ali em preto, era uma verdadeira armadura de batalha que cobria das pontas dos dedos ao pescoço, apenas os longos cabelos loiros identificavam o ser como uma mulher.

— Na-Nakano!! — gritou um tanto assustada, recuando alguns passos para o interior da cela.

Ela lembrava-se claramente que Nakano, o Demônio do Oriente, foi uma das pessoas que votaram a favor de sua prisão? O que a demônia queria? Uma sessão de tortura? Dora cerrou os olhos marejados e permaneceu em postura de batalha.

— Acalme-se, eu vim para te libertar — disse Nakano, a voz da garota era abafada pela máscara horrenda, produzindo um som ainda mais macabro.

Normalmente, os membros do Conselho do Inferno, ou a maior parte dos demônios, usavam roupas bem chamativas e sensuais, como Leviathan, que exibia os seios voluptuosos e Belphegor, que usava um terno negro simples. Nenhum deles vestia roupas próprias para a batalha como uma armadura, com exceção de Nakano.

— Por favor, se afaste das grades — ordenou a demônia enquanto sacava a arma de suas costas.

Assim como a armadura, o punho e o guarda-mão da espada de curvatura estranha sacada por ela era de coloração vermelha e preta, porém a lâmina tinha um prata reluzente com glifos negros.

Dora obedeceu rapidamente e saltou para o fim da cela, em instantes, um tinido ecoou e as grades foram destruídas em um único golpe. A garotinha estava livre.

— Eu tô… Brigadu! Brigadu, Nakanooo! — Ela saltou em direção da garota enquanto derramava mais lágrimas, porém Nakano foi mais rápido e se esquivou, fazendo Dora bater a cabeça contra a parede.

— Faça silêncio, precisamos sair daqui logo.

Sniff… Tá bom, mas num acho que vão encontrar a gente aqui.

— Esse não é o problema, esse lugar vai pelos ares em algumas horas.

— Quê!??

Shh, mandei fazer silêncio.

— Des-desculpa!

A dupla de fugitivas seguiu silenciosamente pelo corredor tomado pela escuridão, porém Nakano parou repentinamente e disse:

— Já deu, faça silêncio.

— M-mas eu num falei nada!

— Não estava falando com você… Droga! O guarda que eu derrubei fugiu, temos que sair daqui logo. — A demônia segurou a mão da garotinha e correu pelas escadas.


— Leviiii! O que você tá fa-zen-dooo? — perguntou uma garotinha animada de cabelos rosas com mechas azuis e vestido igualmente colorido.

— Apenas apreciando meu lindo mundo — respondeu a mulher olhando fixamente para o horizonte além da janela.

A vista era magnífica, afinal elas estavam no oitavo andar do castelo do rei demônio, um lugar que apenas membros do Conselho do Inferno tinham acesso. O local favorito de Leviathan ford Ingrid era ali, na janela, ela odiava ser incomodada, porém, por algum motivo, não desgostava da garotinha mascarada à sua frente, Mamon von Faucher.

Ambas eram sempre o centro das atenções quando entravam no castelo. A máscara de Leviathan era minúscula e elegante, cobrindo apenas o seu olho esquerdo, e as roupas bem reveladoras, principalmente na parte dos seios.

Em contraste, Mamon era pequena e de peito magro, ela chamava atraia olhares, diziam alguns, pelo seu jeito fofo de “idol”. Para alguém que adorava ser o centro das atenções, a garotinha era uma inimiga de ford Ingrid.

— Você tá indo embora? — perguntou Mamon.

— Sim, já fiz tudo o que queria, vou voltar para meu domínio e evitarei ao máximo vir a outro Sabbat. 

— Hmmm, Levi nunca me convida pra Lyeh.

— É o meu santuário, jamais convidaria outro demônio. Ali só podem ficar eu e meus esposos adoráveis.

— Ahh, entendi, entendi. Você faz todo tipo de sacanagem com garotinhos lá e depois joga eles pro seu animalzinho quando ficam velhinhos…

Mamon ficou com cara de quem diria "Por favor, deixa eu ir com você", porém, antes que ela pudesse falar novamente, um jovem ofegante chegou correndo e gritou:

— A Besta Negra fugiu da cela com a traidora!

O dono da voz ofegante era o jovem que normalmente transmitia as palavras do rei demônio nas reuniões, ford Ingrid o achava um pouco fofo, mas era muito velho. Ela franziu o cenho ao escutar “traidora”, aquilo estava acontecendo muito ultimamente. Azazel van Elsie e van Gyl seriam consideradas traidoras em breve e, até onde todos sabiam, Baal, um empregado exemplar, foi visto com as duas. Era difícil de aceitar que o homem estava com as demônias do clã Azazel, porém não havia sentido nos atos dele, na verdade, Baal sempre fora alguém misterioso.

— Bora caçar a bestinha! — gritou von Faucher.

— Podem ir, não quero ficar suada correndo atrás de uma fugitiva, retornarei aos meus aposentos.

— Es-espere, senhorita Leviathan, estão dizendo que a traidora colocou explosivos em todo o castelo.

— Hmm… Quem seria a traidora?

— A senhorita Nakano!

A mulher parou de maneira graciosa e pôs a mão no queixo. Aquela era a marca registrada de quando Leviathan ford Ingrid pensava. Após alguns segundos, ela concluiu:

— Os explosivos estão na sala de reunião — disse com convicção, como se pudesse ver os explosivos no local dito.

Liderados por ela, Mamon e o jovem foram até a sala de reuniões e ficaram parados, estavam com medo, mas queriam ver a grande, bela e cruel Leviathan ford Ingrid, a Duquesa da Cidade Submersa, em ação. A mulher começou a vasculhar todo local, olhar embaixo das mesas e das cadeiras até que, enfim, sua atenção foi direcionada para um jarro no canto da parede.

Leviathan caminhou de maneira imponente e, apenas encostando o dedo, quebrou o jarro, fazendo com que esferas negras rolassem pelo chão. Ela sorriu ao perceber que estava certa, os explosivos estavam realmente na sala de reuniões.

— Caso resolvido.

— Levi é incrível!

— Como o esperado da senhorita Leviathan, nos salvou de um grande desastre.

— Hunf, aquela pobre demônia achou mesmo que podia me enganar? Por favor, ninguém consegue competir contra meu raciocínio rápido.

Ambos aplaudiram a mulher exibindo-se enquanto fazia os explosivos desaparecerem, porém foram parados logo em seguida, quando dois homens adentraram ofegantes e gritaram quase simultaneamente:

— O Duque Asmodeus encontrou os explosivos!

— Alegrem-se, um dos guardas encontrou os explosivos…

— Ehh?!! — gritou Mamon.

— Isso não é bom… — Leviathan rapidamente entendeu o que estava acontecendo e fechou o punho irritada. Odiava quando tentavam fazer pouco de sua inteligência.


— I-isperaaa! Tô cansada! — A garotinha gritou, tentando se desvencilhar da mão de Nakano.

— Temos que sair daqui o mais rápido possível ou vamos ser tomadas pela explosão. A essa altura alguém já deve ter encontrado alguns dos explosivos.

— M-mas para onde a gente vai ir?

— Vamos primeiro salvar Eragon e depois voltar para Andeavor e… Não, não! Vamos primeiro para Andeavor!

— Eh?

— Eu já mandei você ficar em silêncio.

Dora olhou assustada para a mulher discutindo consigo mesma, o mais bizarro era o fato de parecer que ela estava realmente dialogando com outra pessoa.

Tudo bem… vamos primeiro para Eragon.

— Eu não entendi nada… mas tá bom! Vô virar dragão e te levar para onde o Kurone Nakano tá… Pera aí! Nakano? O que você…

— Sem tempo para explicações, têm guardas vindo em nossa direção!

Rapidamente, Dora assumiu a forma de fera quadrúpede, chamando a atenção de todos, mas não importava, afinal ela foi rápida o suficiente para fugir antes que eles preparassem as bestas para atirar. 

Booooom! Logo atrás do enorme dragão negro, o céu se tingiu de laranja com um enorme cogumelo branco no centro. Nakano, montado na criatura, gritou e apontou o dedo do meio — coberto por uma luva negra — para o cenário.

— Vão se ferrar seus demônios idiotas! Que falta de elegância, abaixa esse dedo!!

Dali de cima, ela podia ver claramente a figura de Leviathan ford Ingrid irritada. Provavelmente a demônia estava dizendo coisas como “Tragam a cabeça dela para mim”.



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