Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 2

Capítulo 71: Daleth!

Não era a primeira vez que via alguém utilizando um cântico antes de lançar magia. Kurone se lembrou de quando Inri levantou uma barreira para proteger todos do ataque da Besta Negra, porém o cântico era diferente.

O jovem usou todas as suas forças para fazer as pernas lhe obedecerem, ali não era lugar para se lamentar, apesar de ainda estar horrorizado com o que Edward fez.

Nyah! É umya Myagia Sagrada! Nunca tinha visto uma de verdade antes! — Kawaii disse animada enquanto balançava as orelhas e a cauda rapidamente.

— Magia… Sagrada…?

Ele escutou o termo antes de pisar naquele mundo, era algo como “Body alguma coisa” que Cecily usara para lhe conceder o Aprimoramento Físico, mas a deusa disse que o uso daquele tipo de magia se restringia aos deuses… De qualquer forma, não era hora para se perder em pensamentos. Ele questionaria Avios mais tarde sobre a diferença entre a magia comum e a "Magia Sagrada", e também qual a utilidade do cântico.

Se Edward ainda possuísse a habilidade de imortalidade, então aquela batalha estava longe de acabar. O garoto cerrou os punhos e olhou para o local onde o marquês-loli foi arremessado.

— Como o esperado de uma Magia Sagrada, é algo com potencial de matar até o mais poderoso dos demônios — disse o marquês saindo dos escombros, era bizarro escutar a voz infantil misturada às palavras requintadas e nojentas dele.

— Tsc, precisamos tomar a coisa da mão dele ou a ilha toda vai pro saco — comentou Rory, a garotinha estava pronta para uma salva impiedosa de tiros, mas quem se adiantou mais uma vez foi Orcus, que estava próximo ao oponente.

— Ahhhhh! — Ele brandiu mais uma vez a espada em um corte rápido, porém foi interceptado por um ataque mágico. O guarda caiu no chão em segundos quando o oponente se transportou ligeiramente para suas costas e a tocou.

— Faz parte do novo contrato com senhorita Azazel, minha magia de [Debuff] foi aumentada exponencialmente, agora é capaz de derrubar um dragão, basta tocar nele — explicou o marquês-loli.

Kurone quase correu para ajudar o companheiro no chão, mas se acalmou um pouco e tentou raciocinar, a SPA não estava sendo útil ultimamente. Orcus não estava morto, o jovem sabia, pois experimentou aquela magia quando chegou na mansão Soul Za. Era incrível como se lembrava tanto do passado naquela batalha, seria isso o que chamavam de "experiência"?

Fazia quase dois meses que estava naquele mundo, nesse tempo, ele quase morreu diversas vezes, experimentou das mais bizarras sensações e viu coisas inimagináveis, tudo isso lhe rendeu conhecimento, e esse conhecimento enfim seria útil…

— Ataques que interferem na alma! Precisamos atacá-lo com isso! — gritou o jovem. 

Se havia uma pessoa que poderia fazer aquilo era o reitor, mas infelizmente, ele não estava ali. 

— Podia ter dito isso antes — disse Avios em seu tom irritante.

— Que lástima, a memória do senhor Nakano estragou nossa brincadeira, então é minha hora de encontrar senhorita Azazel, já tenho o que é necessário — assim dizendo, o marquês-loli pressionou a esfera mágica contra o peito magro e correu pelo corredor rapidamente, como uma criança correndo com uma fruta roubada em mãos.

— Não podemos deixar ele entregar aquilo pra Elsie! 

— Hmm. — Rory olhou para o jovem gritando e confirmou com um único som, em seguida, mirou para Edward e…

Bam! Bam! Bam!

Bam! Bam! Bam!

Bam! Bam! Bam!

Tiros voaram e alguns atingiram o fugitivo, porém ele não diminuiu a velocidade, as balas comuns eram inúteis contra a imortalidade de Edward.

Grande deusa — Bishop fez sua voz reverberar pelo vasto corredor —, clamo a ti, que minhas preces cheguem aos vossos ouvidos, derrame sobre meus alvos o vosso furor, rogo a Deusa da Lua que destrua a alma dos meus inimigos. [Awyrdnys Feorh]!

Uma esfera branca surgiu nas mãos do Santo e logo foi arremessada em direção ao fugitivo. O ataque era enorme, não havia chance de Edward desviar e, se realmente fosse uma magia capaz de interferir diretamente na alma, aquele seria o fim do marquês-loli.

No entanto, segundos antes de Edward ter a alma dilacerada pelo ataque, outra magia, dessa vez uma esfera negra, adentrou o salão e bateu contra a esfera criada pelo Santo. As duas forças se chocaram e, no fim, não restou nenhuma.

— Quê?! — gritou Bishop, o homem tentava compreender o que aconteceu.

— Que coisa, fui apanhado! — exclamou Edward levantando as mãos pequenas.

Repentinamente, o marquês de corpo infantil feminino foi apanhado por um homem que entrou voando pelo corredor, a cena foi tão rápida que, quando todos se deram conta, Edward Soul Za havia sido sequestrado por um estranho de asas angelicais.


No lado de fora, a batalha do reitor contra Azazel van Elsie chegava ao seu clímax. Todo o cenário foi devastado pelos estrondos poderosos e o homem enorme e musculoso tinha o total de vinte armas brancas flutuando ao seu redor, entre elas, havia machados, espadas de curvaturas anormais, alabardas de todos os tamanhos, lanças e até mesmo uma foice.

O corpo com músculos definidos à mostra estava com hematomas roxos e sangue espalhado por toda a parte, no entanto, o homem permanecia com sua expressão imponente imutável no rosto. Ele levantou a mão livre para o céu mais uma vez e invocou uma Morning Star negra.

Em uma das mãos, ele tinha o Mjolnir e, na outra, girava a maça recém-materializada com uma velocidade incrível. Nenhum exército conseguiria parar aquele homem, nem o mais habilidoso dos magos, porém…

— Bravo, bravo! Quantos brinquedos você ainda vai usar até me satisfazer? Ou será que vai cansar antes?! — Azazel bateu palmas enquanto zombava da tentativa fútil de virar a batalha.

Em contraste com o seu adversário, a demônia não tinha sequer uma marca de sangue ou rasgo no uniforme de maid. Raramente tinha usado magia para se esquivar. Para não dizer que ela estava totalmente ilesa, havia seis unhas lascadas em suas mãos, elas não conseguiram aguentar as investidas poderosas das armas do reitor, principalmente do martelo.

O homem nada disse, ele estava totalmente focado na luta. Repentinamente, avançou e arremessou o Mjolnir em direção à máscara de Elsie, a adversária pensou em segurar apenas com uma mão ou dar um tapa, mas foi surpreendida por outro ataque…

— Interessante! — gritou ela, mas aquilo parecia mais com um gemido de prazer.

A parte de cima da Morning Star cortou o ar e foi com tudo em direção à demônia, aparentemente a corrente da arma tinha centenas de metros — nada anormal para uma Arma Lendária. A esfera com espigões presa por uma corrente fez lindas acrobacias no ar antes de chegar no alvo.

No entanto, Elsie só precisou de um chute para alterar a trajetória do projétil e quebrou todo o Mjolnir com um golpe de mão aberta. Ela sabia que aquelas armas estranhas seriam materializadas infinitamente enquanto o seu oponente ainda respirasse, mas era isso que tornava a batalha tão excitante.

— Huh? — A demônia olhou em direção à catedral. — Parece que teremos que interromper nosso encontro por um momento, um dos meus bichinhos foi sequestrado por aquele covarde.

O reitor continuou em silêncio, mas voltou o olhar para o local e viu algo voando em meio à nuvem de gafanhotos, era grande demais para ser um daqueles insetos.

— Mas você parece um homem insistente e não vai desistir tão fácil — ela gesticulou de maneira exagerada —, não é como se eu desgostasse de homens persistentes, mas entenda que tudo tem seu tempo, mulheres precisam de seu espaço pessoal e de um tempo para pensar de vai prosseguir na relação…

— Ahhh!

— Nossa, que selvagem. — Azazel ainda teve tempo para uma piada enquanto desviava da chuva de armas brancas em sua direção. Lâminas e mais lâminas surgiram de todos os lados, aparentemente o homem invocou mais armas sem ela perceber.

A demônia dançou graciosamente, jogando o corpo de um lado e para o outro, com direito a piruetas magníficas. Era fato que o reitor não dominava uma técnica tão avançada como a levitação, mas ele conseguia controlar aquelas armas de alguma maneira, e isso deixou Azazel interessada, contudo…

— É uma pena, mas não posso mais perder meu tempo, foi incrível tudo que passamos juntos… prometo não esquecer de você… Mentirinha! [Daleth]!

Em instantes, toda luz do local desapareceu e o reitor se viu em um breu infindável. Não escutava, não via, não sentia ou podia falar, estava preso em uma dimensão dominada pela escuridão.

— “Daleth”? Então esse era seu objetivo desde o início, Presidenta do Inferno — comentou o reitor para a escuridão ao seu redor.

Não era apenas ele, pelo barulho que se alastrou pela Cidade-Estado, todas as pessoas próximas também haviam caído nas trevas criadas por Azazel van Elsie, provavelmente nem quem estava na catedral ficaria isento daquele ataque, afinal, se o reitor não estava enganado, aquilo era…



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