Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 2

Capítulo 60: Perseguição Pelas Ruas De Eragon

Segundo Brain, as Máscaras Infernais eram objetos usados pelos demônios mais próximos do rei demônio. Cada uma tinha um padrão único e selecionava seus usuários pela sua força.

— Porra! — Kurone gritou, ficando de pé e voltando à perseguição.

Já tinha um tempo que percebeu isso, mas acabou ignorando. O manto que usava tinha algum tipo de habilidade de defesa, por isso o jovem não sofreu dano ao ser atingido pelo chumbo da Boito .20 ou quando quase foi queimado vivo por Rhyan. Ele voltou a correr como se não tivesse acontecido nada.

"Como o assassino pode ser um demônio? Tenho certeza que ele tem a aura de um reencarnado!", pensou, saltando de uma casa para outra.

Eragon não era uma cidade grande, em algum momento eles chegariam a um beco sem saída e nesse momento provavelmente todos estariam cansados. Se aquele homem realmente fosse um Duque do Inferno ou algo assim, Kurone e Flugel teriam problemas. Mas se ele era tão forte, por que fugia? Por que estava sequestrando uma criança? Por que tinha uma espingarda Boito de cano cerrado?

Os telhados acabaram e eles foram obrigados a pular no meio da cidade. A multidão de moradores semelhantes a zumbis apenas saiam da frente, abrindo passagem para a perseguição voraz.

"Pow!" 

Kurone saltou, mas o tiro não foi direcionado para ele. Flugel soltou um leve grito de dor quando o projétil passou de raspão em sua asa esquerda. A garota perdeu altitude, mas se esforçou para manter a velocidade. 

— Não chega muito perto dele, Flugel! — O jovem gritou em um único fôlego, na esperança da voz rouca alcançar a amazona. A corrida estava custando muita estamina, ele podia sentir a mana queimando em seu corpo.

Escopetas eram armas de curto alcance, mas não podiam dar a vantagem de trinta metros ao assassino, precisavam esquivar quando sentissem que ele atacaria.

Kurone franziu o cenho, saltou sobre uma barraca em construção, empurrou pessoas e saltou novamente. Se estivesse com o fuzil em mãos já teria matado aquele assassino.

"Pow!"

O tiro passou próximo do ombro do jovem e seguiu em direção a um civil. O garoto não prestou atenção, mas já sabia o resultado: ele não esquivaria, afinal era um morador depressivo de Eragon, aceitaria a morte como um presente.

— Argh! — O grito do homem morrendo ecoou e Kurone continuou a correr. "Precisamos nos afastar das pessoas!"

— Senhor Kurone! Estamos quase nas fazendas!

O concreto abaixo dos pés rápidos foi lentamente se transformando em terra batida. O cenário mudou de pessoas com rostos inexpressivos e barracas para cercados com plantações de legumes semelhantes aos que viu sendo vendidos na praça.

 "Pow!"

— Ah!

Flugel cometeu um erro. A garota estava acostumada a lutar com sua armadura e, por costume, não deu atenção ao seu corpo. A garota fez um X com os braços, a fim de se proteger do projétil, mas lembrou de última hora que estava sem suas luvas metálicas que cobriam toda a região. Sangue jorrou do braço esquerdo e a garota foi obrigada a aterrissar.

O assassino olhou para os lados, à procura de algo, e parou em seguida, apontando a arma para os jovens.

— Ah! Ah! Você não é humano, moleque? Ah! — o homem perguntou, a voz estava abafada pela máscara branca com uma cruz negra no centro.

— Ahhh! Porra! Eu tô cansado pra caralho! Ahhh! — respondeu Kurone, ofegante.

— Ah! Ah! Se vocês se moverem mais um passo, eu estouro os miolos dessa menininha! — o homem ameaçou, colocando o cano da escopeta perto da cabeça da garota.

— S-socorro! 

— Calma aí! Eu vou espancar esse desgraçado e te salvar!

— Você também, não se mova! — O homem gritou, apontando a arma para a garota tentando levantar voo.

Kurone estava de mãos vazias e a única coisa que Flugel tinha era a faca de cozinha comprada mais cedo. Era impossível lutarem à distância contra um homem com uma arma de fogo. Aparentemente, a amazona respirando com dificuldade não podia usar magia também.

— Ah! Ah! Solta essa garotinha e vem resolver isso no soco! Ah!

— Ah! Ah! Você é corajoso, moleque! Tenho certeza que te acertei um tiro, do que diabos sua carne é feita?

— Isso não interessa! Parece que estamos em um impasse, o que vamos fazer?

— Vou seguir sua sugestão. Vamos resolver no soco.

— Senhor Kurone, não confie nele…

— Relaxa eu…

"Pow!" 

O corpo do garoto foi arremessado para trás com o tiro. Novamente teve sorte de ser atingido no manto branco, mas não sabia por quanto tempo esse truque o protegeria.

— Que porra foi essa?

— Ela disse que seu nome é… Kurone? Isso é um nome japonês, não? Hmm… mesmo nome da vida anterior… mesma aparência…

O homem ficou em silêncio por um momento e…

— Hahaha! Mas hoje é meu dia de sorte! Você é aquele homem, não é! Como eu não percebi antes! Olhe só! Encontrei um dos desgraçados da Cecily! Você é um "Lolicon Slayer", não é? Há! Vou levar sua cabeça pra casa com essa criança!

A voz do homem ganhou um tom insano ao escutar o nome do jovem. Pelas palavras do assassino, ele também era um reencarnado que conhecia a patroa de Kurone, a deusa Cecily, e o título de "Lolicon Slayer".

— Por que um reencarnado anda por aí com uma máscara de demônio enquanto mata crianças? 

— Tsc, você não sabe de nada, moleque. Fique nesse inferno por mais de um ano e vai descobrir. Há!

"Pow!"

A escopeta rugiu e Kurone fez um, dois, três rolamentos até chegar a um local seguro, mas não teve tempo para descanso. Mesmo com o braço ocupado segurando a garotinha que usava de refém, o homem mantinha uma mira perfeita.

"Pow!"

— Senhor Kurone! — A amazona arremessou a faca de cozinha para o garoto que saltava e rolava de um lado para o outro. 

"Pow!"

— Vocês só me dão trabalho, irregulares idiotas! — O homem gritou, apertando o gatilho com ódio.

Kurone conseguiu pegar a faca próxima de si e saltou mais uma vez. Não havia brechas para se aproximar do atirador sem que ele ameaçasse matar a garotinha chorando em seu braço, por isso…

— VAI PORRA!

Ele estendeu a mão tatuada com a marca da Besta. Um raio amarelado caiu sobre o campo e silhuetas monstruosas se movimentaram em direção ao homem. Inacreditavelmente, a aposta arriscada funcionou.

— Que diabos você fez, moleque! — O assassino gritou incrédulo.

Oito criaturas verde-acinzentadas se aproximavam dele, cada uma com uma arma branca diferente, a sede de sangue era visível em seus olhos amarelados.

"Pow!" 

O homem não perdeu tempo e atirou sem dó nos orcs se aproximando, mas a carne deles era dura o suficiente para sobreviver a um tiro à queima-roupa.

Aquela era uma habilidade que Kurone estivera guardando durante muito tempo, ele sabia que podia usá-la quando manipulou os orcs invocados por Edward Soul Za. A habilidade de invocação das criaturas era algo incluso no pacote "contrato com a Dora", junto com a tatuagem estilosa na mão, escondida embaixo da luva negra.

O assassino foi obrigado a se movimentar, atirando e segurando a refém nos braços. Kurone sentiu a mana queimar e se revolver no interior de sua alma, como se reclamasse da habilidade que usou. Era a primeira vez, então efeitos colaterais eram comuns, mas não imaginou que fosse doer tanto.

O jovem olhou para Flugel, em busca de ajuda, mas percebeu que ela tentava estancar o sangramento no braço. Ele precisava cuidar do assassino sozinho e salvar a criança.

— Ahhh! — Ignorando a dor no interior de seu ser, o garoto seguiu o homem que fugia de seis orcs — dois tiveram os miolos estourados pela escopeta.

"Pow!" 

A cada tiro o número de orcs diminuía, mas não tinha problema, afinal Kurone alcançara seu objetivo. O garoto estava perto o suficiente do homem para fazer um ataque.

Segurando a faca, o Santo arremessou a arma que girou, girou e girou até chegar em seu alvo: o braço do assassino. 

— Argh! Droga! — O homem praguejou. 

O braço atingido foi o que segurava a garotinha. Ele não tinha tempo para pegá-la novamente, então focou em matar os dois orcs ainda de pé.

"Pow!"

"Pow!"

Um tiro, uma morte. Os últimos monstros morreram em um grito semelhante ao grunhido de um javali. O homem finalmente relaxou um pouco os músculos e olhou para o jovem que o atacou.

Era a primeira vez de Kurone, por isso os orcs invocados eram de nível baixo, talvez se treinasse mais conseguiria invocar um "chefão" como aquele que atacou Grain.

— Você tem uns truques bem legais.

— Ah! Você não faz ideia do custo disso…

Além da dor após ter usado a habilidade que apelidou de "Convocação de Orcs", o jovem sentia o olho esquerdo latejando, fazia muito tempo que estava com o Olho Sagrado ativo. A dor de cabeça tomava conta do corpo gradualmente e veias estavam visíveis em seu rosto, próximas ao olho amarelado que captava todo o fluxo de mana do ambiente.

— Eu também tô quase no meu limite. Vamos fazer assim, eu te dou um tiro, você morre e eu vou embora.

— Tá parecendo bom demais pra ser verdade.

— Olha, eu já tô velho, não aguento tanta emoção assim, moleque, mas quero pelo menos matar um desgraçado da Cecily. O que me diz? Vou poupar a garotinha e a sua namorada ali. Se bem que a menininha vai morrer de qualquer jeito.

— Então tá! é atirar em mim que você quer? Então pode atirar, agora quero ver me matar!

— Você é bem arrogante, moleque. Não posso julgar, eu também já fui assim. Andava por aí exibindo meu título de "Lolicon Slayer" até o dia que quebrei a cara.

— Tá falando demais pra um assassino, não ia atirar em mim? — Kurone provocou, abrindo os braços e exibindo o peito, na espera do tiro que ceifaria sua vida.

— É corajoso mesmo, você é usuário de drogas por acaso? Esse olho amarelado aí…

— Sim, eu sou! Não… sou pior que isso! Sou um louco dependente de remédios controlados, e adivinha? Acabaram os remédios! — O jovem cerrou os dentes.

— Vamos ver se sua loucura vai te salvar. — O assassino virou a espingarda na direção do jovem e…



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