Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 2

Capítulo 51: Passeio Por Eragon

— Começamos com o pé esquerdo, então por que nyão nos apresentamos novamente? 

Vendo que todos afirmaram, balançando a cabeça, ela continuou:

— Eu começo! Meu nome é Kawaii Kyuto. Sou líder dos meio-humyanos e nya minyha vida passada eu era um sul-coreano chamyado Kim Suk-Min, um otaku viciado em idols. Eu… morri de myaneira vergonhosa e nyão quero comentar sobre isso! Quem vai agora?

— O próximo sou EU. Creio que ninguém esqueceu, mas serei benevolente e me apresentarei novamente. Meu magnânimo nome é Rhyan Gotjail. Como dito anteriormente, sou o grandioso herói…

Nyah! Para de enrolar e fale sobre a vida passada!

— Umpf! EU faço o que quero, mas serei benevolente e falarei. Meu antigo nome era Igor Fernandes e EU era um jovem brasileiro comum. Só precisam saber disso. Querer saber mais é violação de minha privacidade. Agora é você.

Percebendo o olhar do mestre, a garotinha tímida tomou a vez:

— M-meu nome é Fran! E-eu sou escrava do mestre Rhyan! É-é um prazer conhecer todos!

— Ahhh! Então agora sou eu! Meu nome é Kurone Nakano. Sou japonês e tenho vinte anos. É um prazer conhecer vocês… Rory…

— Eu não sou obrigada a responder.

— Tudo Bem… E essa daqui é a Rory Nakano! Minha irmãzinha tsundere!

— Quem diabos te deu a permissão de me chamar de "Nakano"? E esse "tsundere"? Tá querendo morrer tanto assim?

Kurone deu de ombros para o comportamento hostil da loli e voltou a devorar seu prato delicioso de sabe-se lá o que.

Após a confusão no quarto, o grupo de reencarnados — e Fran — moveram-se para a cozinha, com uma mesa repleta de especiarias desconhecidas para o jovem.

Enquanto andavam pelo vasto corredor, a caminho da cozinha, Kurone obteve informações importantes sobre a situação em que se encontrava.

O local que acordou era o quarto de um local chamado, secretamente, de "Instituto para Reencarnados", mas, aos olhos do povo, aquele lugar era um simples orfanato. Esse fora o local citado por Nui na carruagem.

Naquele momento, Amélia e Frederika estavam em uma sala especial, sendo acompanhadas por vários médicos. Segundo Kawaii, para mover a "garotinhya amyaldiçoada", foram necessários magos que dominavam a magia [Levitação].

A previsão era que Amélia estaria recuperada em dois dias, e quanto a Frederika… ela já estava bem! Ser metade vampira e receber a mana de Kurone ajudou na recuperação rápida. A garotinha era como o jovem, que possuía uma habilidade semelhante à [Autorecuperação].

— Agora que fomos todos apresentados, que tal umya voltinhya por Eragon? Eu tenho algumyas coisas para comprar e também vamos fazer reservas nya hospedaria.

— Humpf! EU tenho mais o que fazer! Não tenho tempo a perder com passeios.

"Esse cara…"

— E-eu vou ficar com o mestre Rhyan!

— E você… Rory, nyão é? Vem com a gente?

— Tô mais interessada no tal tanque.

— "Tanque"? Ah! Aquela lata velha! Ela tá nya igreja. Vamos passar la myais tarde.

— Então, se vamos passar na igreja de qualquer jeito, é melhor ficarmos juntos. Vou chamar o Orcus.

— Acho que nyão vai ser necessário.

— Hã?

Em apenas um movimento do dedo de Kawaii, a porta da cozinha se abriu, derrubando um homem acima do peso no local. "Devia ter usado um copo pra escutar!"

Provavelmente Orcus escutara toda a conversa, mas, para ele, coisas como "reencarnados", "outro mundo" e "otaku" soaria como palavras alienígenas. Era como um estudante do fundamental em uma sala de ensino superior.

— Na-Nakano! Eu tava passando por aqui e…

— Ok, ok. Nem preciso falar o que vamos fazer agora… mas eu queria dar uma olhada na Amélia e na Frederika antes de sair.

Nyah! Vai ficar tudo bem. O Nui cuidará direitinho delas! Você precisa se distrair um pouco depois de tanta coisa que aconteceu.


Diferente do olhar das pessoas de Fallen — furioso, delinquente e inconformado —, o dos moradores de Eragon parecia estar carregado de medo.

Todos andavam de cabeça baixa.

Os olhos mórbidos se arregalaram ao verem o jovem atravessando a praça. Bom, não era para menos. Naquele país, diferente de Andeavor, a religião oficial era aquela pregada pela igreja da deusa Annie. Alguém andar ali com um manto da igreja da deusa Cecily — logo da Cecily! — era uma verdadeira afronta. Mas Kurone estava pouco se importando.

O garoto franziu o cenho e continuou a andar de cabeça erguida, demonstrando sua posição aos olhares hostis. Patético. Ele passou por coisas piores no Japão! Comparado àquela época, aquilo não era absolutamente nada.

Olhando de soslaio para Rory, Kurone percebeu que ela estava um pouco inquieta. O tufo de cabelos anormal balançava de um lado para o outro. Na verdade, a loli arrogante começara a agir de maneira estranha desde o encontro conturbado com Azazel van Gyl.

Segundo Cecily, aquela não era a primeira vez de Rory naquele mundo. Havia a possibilidade dela conhecer van Gyl? A garotinha possuía muitos segredos, mas sinceramente, não importava naquele momento. Pelo menos por aquele momento. Kurone tinha coisas mais importantes para se preocupar. Não era como se fosse morrer por negligenciar aquilo por enquanto.

Suspirando, o jovem deu de ombros e mudou o olhar para o local que se aproximavam: a maior de todas as construções da cidade-reino. Porém, a igreja ainda não era o objetivo do grupo.

Kawaii sugeriu fazer, primeiro, o registro na hospedaria, pois, o instituto não conseguiria acomodar todos confortavelmente.

Havia multidões e mais multidões espalhadas por todo o local. Era incrível. A influência da Terra podia ser notada nas barracas sendo construídas para o festival que aconteceria em breve.

Kurone reconhecera uma barraca de yakisoba e outra com jogos de pescaria. De fato, os reencarnados influenciaram, e muito, o Festival da Deusa Lunar. O pensamento levou o garoto a questionar-se: “De quem foi o plano de reunir reencarnados em Eragon?” Considerando a aparência da garotinha reencarnada, ele chutou que Kawaii não teria mais que quatorze anos. 

Para uma influência se enraizar daquela maneira, precisaria que costumes e novos hábitos fossem repetidos por décadas até se tornarem parte da cultura local. O chute do jovem era que a pessoa responsável por reunir os reencarnados era alguém na casa dos setenta e poucos anos, e essa pessoa também era o dono do Instituto para Reencarnados.

— Ei, Kawaii…

“Gwraaaaaar!” A pergunta foi interrompida por um grito ensurdecedor seguido de um tremor. Ele não tinha um segundo de paz mesmo! Entretanto, o mais bizarro foi a reação dos moradores.

Ao invés de entrarem em pânico, as pessoas simplesmente tremeram momentaneamente e depois voltaram para seus afazeres. O que eles tinham na cabeça?

“Gwraaaaaar!” O rugido estava mais próximo. Não podia ser para menos, afinal, o dono do estrondo era uma criatura de aparência bizarra! Kurone podia ver claramente da posição em que estava.

Ao longe, a forma da criatura era como a de uma pedra gigante acinzentada. A cabeça minúscula e o corpo obeso da besta eram sustentados por nada mais que um par de asas pequenas. Sim, as leis da gravidade que se fodam! Naquele mundo, a gravidade parecia ter vontade própria, e decidia quem podia flutuar.

“Gwraaaaaaaaa!”

A besta invadiria a cidade em questão de segundos, mas ninguém se importava.

— Rory, o fuzil!

Antes mesmo da ordem, a loli arrogante já tinha a arma em mãos. Bastava apertar o gatilho e mandar a besta de volta ao inferno.

 — Espera. Apenyas olhe — Kawaii repreendeu a dupla.

Esperar o que exatamente? Relutantemente, Rory baixou o fuzil e passou apenas a encarar a criatura se aproximando. 

— E-ei Nakano, aquela coisa vai matar todo mundo!

— Espera, eles devem ter alguma coisa em mente. — Kurone tentou acalmar o guarda aflito.

Será que deveriam mesmo confiar em Kawaii? De fato, a Ingram poderia eliminar o monstro, mas não parecia que ela tinha intenção de lutar. Quando se separaram do comboio, ela nem se deu ao trabalho de procurar as carruagens dispersas.

No fim, ele podia apenas confiar, considerando que aquela garotinha também tinha amor a vida e não queria virar ração de monstro.

“Só espero que essa coisa aí não vire outra loli.”

“Gwarrrrrrrrrrrr!” A criatura gritou uma última vez, antes de chegar ao muro da cidade.

Por que havia um muro em uma cidade flutuante? Pelo que acontecia, naquele momento, Kurone só tinha certeza que os habitantes de Eragon não eram normais.

Talvez o muro fosse um mero enfeite ou realmente ele podia ter alguma utilidade, mas o jovem questionaria Kawaii sobre isso em outro momento.

Em dez segundos, a criatura chegou no muro, pronta para expelir chamas em toda a cidade. Considerando seu tamanho, ela conseguiria, e seus primeiros alvos seriam as pessoas da praça.



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