Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 2

Capítulo 49: Fuzil, Sniper E Submetralhadora: A Sinfonia Mortal!

Kurone teve aquela dúvida desde o momento que fora reencarnado: "As leis da física não se aplicam a esse mundo?"

Inri lhe advertira antes de partir para não se referir a Eragon como uma cidade, mas sim como um reino. O local era como o Vaticano. A princípio, uma cidade, mas no ano de 1300 da Era Mágica, a igreja declarou independência.

No fim, era uma independência ilusória, pois Elisabella esclarecera que o país recebia recursos de Andeavor. "São um bando de NEETs religiosos."

A cidade, reino, país, ou fosse lá o que fosse, flutuava no céu noturno. Sim, FLUTUAVA! Era uma verdadeira ilha no céu! Como aquilo estava ali?

Após encontrar dragões, demônios e bestas, Kurone pensou que nada mais lhe surpreenderia, mas estava completamente enganado. Que reviravolta inesperada era aquela? Se tivesse olhado para o céu há alguns dias, poderia ter visto aquela ilha e não teria ficado tão irritado.

— É tudo bonito e tal, mas como subimos? Não quero escalar por uma corda. — Rory soltou outro de seus comentários de praxe.

Mas ela tinha razão. Nem todos conseguiriam subir por uma escada ou corda. Teria alguma escada rolante por perto ou seria muito conveniente?

O jovem varreu o cenário, mas não encontrou nada com um formato próximo ao dos objetos que imaginou. Antes de voltar os olhos para Rory, ele viu um garotinho se aproximando.

— Nui! — saudou o menino de orelhas caninas.

Demorou alguns minutos para as pernas curtas percorrem o espaço entre a carruagem dele e a de Kurone.

— Chegamos, senhor Nakano! Enfim chegamos! Roof!

— Mal chegamos e já quero ir embora. Como vamos subir?

— C-calma, senhorita Rory, tem uma maneira bem rápida de subir…

— Se abaixem!!!

Por sorte, o Olho Sagrado ainda estava ativo. Se ele não estivesse… uma bala de calibre .338 teria atingido Nui em cheio. "Crack!" A bala alojou-se no interior da carruagem. "Amélia!", gritou internamente, mas não havia tempo para correr e certificar-se se a cocheira estava bem. Kurone escutou outro "crack". A arma estava sendo carregada novamente!

— Rory, eles estão nas árvores!

— Ok.

Orcus puxou Nui pelo colarinho da roupa de médico e se escondeu atrás da carruagem com o garotinho. Um veículo de madeira não os protegeria, mas Kurone deu de ombros. Por algum motivo, o foco do atirador era Rory.

— Não saiam daí! — ordenou o jovem ao que a dupla assentiu com um "certo!".

"Bang!"

Outro tiro passou raspando a cabeça de Rory. Os projéteis eram envolvidos por mana, o que dava vantagem ao garoto que enxergava esse fluxo. Seria fácil desviar assim, porém…

"Voosh!" A bala ricocheteou em uma pedra e voltou para as costas da garotinha arrogante. Era como se estivesse sendo guiada por um controle remoto.

"Porra!" Por mais rápida que fosse, não havia como a loli desviar. Porém, ela o surpreendeu mais uma vez.

O Aprimoramento de Sentidos permitiu o jovem ver Rory silabando o seguinte: "Chan-ge-pla-ce".

Quando a compreensão chegou à cabeça dele, já era tarde. Kurone estava de costas para o projétil… Sim, ele trocara de lugar com a loli arrogante!

"Clack!"

O som doentio da bala adentrando a carne humana ecoou. "Argh!" O local atingido foi o ombro. "Que porra essa loli tem na cabeça!?"

Kurone rolou por aproximadamente cinco metros antes de tocar o local atingido e contorcer-se de dor. No fim, foi apenas uma dor momentânea. 

De alguma maneira, após ser abençoado com o Olho Sagrado, a habilidade [Autorecuperação] do jovem aumentou exponencialmente. Uma ferida como aquela curaria em questão de minutos. Aquilo era mesmo influência do Olho ou talvez fosse algo relacionado ao contrato com Dora?

— Argh! Isso foi algo terrível!!!

— Você ainda tá vivo, por que tá reclamando? Você só tem utilidade nessas horas mesmo.

Não havia tempo para contra-argumentar com a loli desgraçada. O atirador estava pronto para mais uma rodada. 

— Esse é um jogo de dois. Onde eles estão?

— Ali!

Rory cerrou os olhos para a direção apontada pelo garoto. Em segundos, um objeto negro materializou-se em sua mão pequena.

A vantagem do fuzil era clara. Pelos disparos, Kurone deduziu que a arma do atirador fosse um tipo de AWM. Levaria alguns minutos para o atirador preparar o próximo tiro. Nesse meio tempo…

"Bang!"

"Bam! Bam! Bam!"

Rory não deixaria essa brecha passar!

"Bang!"

"Bam! Bam! Bam!"

— Rory! São duas pessoas! Eles vão subir a montanha!

— Não vou deixar.

"Clack!" O cão do fuzil mudou. O doentio modo automático estava ligado. 

"Bam! Bam! Bam! Bam! Bam! Bam!"

"Bang!"

Pelo Olho Sagrado, o jovem pôde ver o fluxo de mana das duas silhuetas correndo de um lado para o outro, a fim de evitar os disparos da loli. Sem ter para onde fugir, a dupla de atiradores aproximou-se.

"Bang!"

Apesar de perto, quem quer que fosse que estivesse manuseando a sniper não perdia a precisão. Kurone e Rory foram obrigados a usar um tronco como trincheira.

"Bam! Bam! Bam!"

"Bang!"

"Bam! Bam!"

"Bang!"

A velocidade de recarga da AWM aumentou. Nem um soldado altamente treinado poderia fazer tal feito. O portador da arma não era alguém normal!

"Bang!"

Uma hora as balas deles acabariam? Se também utilizassem mana como munição, aquela batalha se estenderia por mais algumas horas, talvez dias ou até meses. Seria então uma batalha de quem aguentaria mais. No entanto, Kurone poderia brincar disso por um ano todo e sua mana não esgotaria.

"Bam! Bam! Bam!"

"Bang!"

"Ratatatatatatatatatatatata!" Um som diferente ecoou pelo ar hostil, dando fim à sinfonia mortal. Era como o barulho produzido pelas máquinas de datilografia. Se não estava enganado, aquele era o rugido da submetralhadora carregada por Kawaii: uma Ingram M10.

Os tiros consecutivos não foram direcionados para ninguém, eles simplesmente se perderam no céu noturno.

— Ô, o que vocês estão fazendo?

Aquela voz irritada era familiar. O tom de fala que imitava o de um gato e a silhueta infantil não poderiam pertencer a outro senão a garotinha de cabelos negros e orelhas felinas arroxeadas. 

— Senhora Kawaii! Roof!

Orcus e o garotinho, que se abrigavam inutilmente atrás da carruagem, apareceram ao escutar o som da submetralhadora.

Nyão vão me responder? Eu já vi vocês! Isso nyão é myaneira de tratar nossos convidados! — A garota gritou para os atiradores atrás dos arbustos.

— D-des-desculpe!

— Convidados? Que desrespeito! Não avisaram para este EU que teríamos demônios asquerosos invadindo minhas terras! — A voz masculina sobrepôs a infantil. 

Os arbustos farfalharam e duas silhuetas saíram deles.

O primeiro a sair foi um jovem de longos cabelos ruivos e roupas extravagantes. Em contraste à arrogância emanada por aquele jovem, a garotinha ao lado dele mantinha o corpo rígido e os olhos marejados. Mesmo parecendo um pequeno animal indefeso, Kurone cerrou os olhos ao ver ela segurando, ou melhor, abraçando a AWM.

A dupla que saiu do arbusto foi alvo do olhar repreensivo de Kawaii.

— Que ideia de jerico foi essa de atirar em nossos convidados?

EU, como um nobre herói, não pude ignorar a presença de um demônio em minha cidade sagrada. Mas não se preocupe! EU consegui neutralizar a aberração!

Do que ele estava falando? Rory estava bem ao seu lado…

— …!

Kurone escutou um par de pés tocar o chão. Não poderia ser. Era impossível. Frederika estava dormindo dentro da…

— …!

A garotinha saltou da carruagem com a mão sobre o peito. Havia sangue por toda a roupa esfarrapada. Foi o primeiro tiro? Ele estava direcionado para Frederika dormindo no interior do veículo?

Ao ver o jovem de manto branco, a menina tentou andar mais, mas o corpo não permitia.

— …! …! …! …!

Kurone congelou. Tudo que podia fazer era olhar estático para a garotinha quase rastejando. O que estava acontecendo? Aquilo era real?

O golpe final fez o jovem acordar para realidade.

— …! …! K.. K.. Kuro… — A voz quase inaudível continha um tom de súplica. Ela estava implorando, mas perdeu as forças antes de terminar. Como alguém podia fazer aquilo com uma criança?!

Antes de chegar no grupo, a menina cambaleou e caiu no chão. O sangue não parava de escorrer. Nui poderia fazer uma cirurgia de emergência? Como alguém poderia salvá-la sem tocar em seu corpo!?

"Clack!" O gatilho foi destravado. Não, não era o de uma arma. Era aquele gatilho imaginário que Kurone prometeu nunca mais apertar. Ele estava no limite.

Primeiro Amélia, e, em seguida, Frederika. Todo homem tinha seu limite, e para não deixar tudo acumular até transbordar, era preciso apertar o gatilho para descarregar a fúria.

EU, só… — A fala do ruivo arrogante foi interrompida pela sombra à sua frente.

Nem mesmo Rory conseguiu acompanhar a velocidade de seu companheiro. Em questão de segundos, o garoto com o manto branco estava em frente ao monstro que atirou em Frederika.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!

A última coisa que o jovem arrogante viu antes de apagar foi o punho furioso de Kurone, envolto pelo grito ensurdecedor.

"Crashhhhhh!"

O som doentio de ossos, dentes e sabe-se lá o que mais quebrando ecoou pelo ar noturno de Eragon.

O ruivo arrogante em roupas nobres foi arremessado por mais de duzentos metros, quebrando árvores e pedras.

Antes de ser repreendido, o corpo exausto de Kurone despencou. A última coisa que sua visão captou foi a mão em um estado deplorável, com dedos presos por uma camada fina de pele. Como um soco podia fazer tanto estrago? O sangue também escorria da boca forçada até limite no grito.

Isso sempre acontecia quando ele perdia o controle, como daquela vez no Japão…



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