Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 2

Capítulo 48: Ilha Flutuante

Pelo fato de terem se separado do comboio, a liderança mudou para a carruagem do garotinho com orelhas de cachorro, Nui. Como perderam Amélia, Kurone conduzia a carruagem lentamente — era hora de mostrar o que aprendeu em todas as suas viagens!

Fazia cinco horas que se despediram dos moradores da vila dos mestiços e o jovem começava a sentir-se mal por tê-los mandado dizer aquela frase a Brain. Ummm.. provavelmente, ela pensará que é mais uma brincadeira.

— Quando quiser trocar é só me falar.

— Isso foi de extremo mal gosto!

— Só queria fazer uma piada como a garotinha faz.

— Por favor, não faça mais isso! — Kurone repreendeu Orcus e suas piadas sujas.

O combinado era para um vigiar o estado de Amélia enquanto o outro conduzia, mas claro, Rory fazia o que queria, e ela decidiu dormir por mais tempo!

— Você ainda não falou nada… — O garoto desviou sua atenção do guarda rude para a garotinha com a venda nos olhos. Ela, amedrontada no início, não desgrudava mais dele.

— …

— Você não sabe falar, não é?

Pelo que a camponesa contou antes de partir, aquela garotinha era algo entre um humano e vampiro. Porém, os vampiros daquele mundo não namoravam adolescentes ou sugavam sangue, eles se alimentavam de mana.

Provavelmente, a menina sofreu algum tipo de experiência maluca que modificou seu corpo, a transformando em uma máquina de sugar energia vital. A venda nos olhos tinha o objetivo de identificar a garota. Era como uma placa dizendo: "Olhem! Essa é a vampira mestiça dos rumores! Não encostem nela ou vão morrer!"

Qual teria sido o pensamento dessa menina quando Kurone a tocou? Provavelmente ela pensou que viveria eternamente sem saber o que era ter contato com outro ser. Não conhecia o abraço ou um gesto carinhoso. Sim, uma vida infeliz!

Porém, o primeiro toque com outro ser foi algo agitado e intenso. Ela fora raptada por um desconhecido! 

Mesmo assim, não se importava. A garotinha estava feliz apenas pelo fato de estar ao lado de Kurone, e isso se refletia em seu sorriso.

— Ainda acho que não devíamos levar essa criança.

— Orcus, já tá decidido. Nós vamos levar essa menina até o orfanato de Eragon.

A ideia foi sugerida por Nui. Talvez por ser alguém ligado à ciência daquele mundo, o garotinho de orelhas peludas cerrou os dentes e amaldiçoou quem quer que fosse que transformou aquela menina em uma monstruosidade. Ele também estava triste, afinal, não podia tocar para tentar ajudá-la, mas pelo que explicou, as pessoas do orfanato poderiam ajudar.

— Orcus…

— Hã?

— A natureza está me chamando, mas essa garotinha não me solta, o que eu faço?

— Só vai!

— Mas ela não me solta! Por favor… Eu preciso ir! Solta!

— …!

— Haha! Agora se vira, Nakano!


As pausas para dormir foram reduzidas em três horas e a troca de condutor na carruagem de Kurone acontecia a cada metade de um dia.

Desde que conseguiu se aliviar em uma moita, houveram seis trocas de condutor, ou seja… se passaram três dias!

Onde diabos estava o comboio?

Na última conversa com Nui, ele dissera "faltam mais dois dias até Eragon". Pelas contas de Kurone, eles estavam a um dia da cidade, mas não havia nenhum sinal de vida há quilômetros!

— Já chegamos? — Rory repetiu pela quinquagésima nona vez a pergunta irritante em seu tom frio habitual.

— Rory… eu vou amordaçar sua boca com essa venda.

— Hmpf. Pode tentar.

Claro, o psicológico de Kurone, que já não era dos melhores, estava desgastado. Seria questão de tempo até ele atirar para alto com o fuzil até as outras aparecerem.

— Ei, Nakano! — gritou Orcus. Provavelmente era outro comentário idiota. —, como será os olhos dessa garotinha?

— Hmm… Não sei. Ela me mordeu quando tentei tirar a venda.

— Ainda não deu um nome a isso? — Rory comentou.

— Por que está incomodada? Você nunca chama ninguém pelo nome.

— É porque todos combinam melhor com "idiota". Esse deveria ser o nome de todos os humanos.

— Ei! — Orcus gritou, claramente irritado.

— Ahhh! Eu tô dando muitos nomes ultimamente... — O jovem olhou para a garotinha agarrada em seu braço. — Já sei! Seu nome será Frederika!

— Frederika? Esse é um nome bem normal. Algum motivo especial para esse nome? — perguntou o guarda.

— Ela me lembrou uma garota mágica de um mangá que eu acompanhava. O nome de heroína dessa garota mágica era Frederika.

— Eu não sei o que é esse tal de "garota mágica" e "mangá", mas se te inspiraram, então tá bom. — Orcus enfim se calou.


— Kurone! Acorda Kurone! — A voz irritante e rude do homem rude tirou Kurone de seu sono tranquilo.

O horário de dormir e jantar foram totalmente extintos devido à falta de mantimentos. Ficou decidido que Orcus dormiria durante o dia e Kurone a noite, e Rory… Ela novamente fazia o que queria!

O jovem estava cada vez mais preocupado. O prazo estipulado por Nui se passou em um piscar de olhos, mas Amélia não acordara. Apesar do garotinho dizer "ela acordará em breve", Kurone ainda mantinha um desconforto em seu coração. Era como daquela vez, no Japão, com a garota que tanto admirava. Pelo menos, dessa vez, o médico era alguém gentil…

— Que foi? Já tá na hora de trocar de lugar?

— Não é isso, parece que chegamos no local, mas…

O garoto olhou para o cenário à frente. O local que deveria ser o reino de Eragon talvez fosse apenas um pouco maior que a capital de Andeavor.

Um mar de gramíneas se espalhava por todo o reino e… Era apenas isso! Só havia grama! Sem casas, pessoas, castelos ou qualquer coisa indicando a presença humana.

Era ali mesmo? Não havia nada, absolutamente nada! Era uma armadilha? Kurone usou o Olho Sagrado para expandir seu campo de visão. "Vooosh!" O olho esquerdo oculto pela franja brilhou em um amarelo intenso. O cérebro, imbuído com uma quantidade insana de mana, varreu o cenário noturno em um filtro infravermelho.

Ele captou alguns sinais de vida: pseudo-coelhos correndo pela grama alta. Nada mais. Decepcionante!

— Que palhaçada é essa? — Rory, que acabara de acordar, falou irritada.

Todo o tempo perdido para chegar até ali foi à toa? Amélia se machucou por conta de um trote sem graça?

— …!

Kurone estava prestes a descer da carruagem e tirar satisfação com Nui, quando a garotinha ao seu lado puxou o manto dele. Ela apontava para o alto com seus dedos pequenos.

— Parece que é aqui mesmo… — Orcus suspirou ao olhar o local apontado por Frederika.

Seguindo o olhar de todos, o garoto também levantou a cabeça para o céu noturno, para ver a construção majestosa flutuando sobre suas cabeças. Como era noite, eles não perceberam o quão próximos estavam da cidade.

A expressão que melhor descrevia a situação deles era: "Estava bem acima de suas cabeças o tempo todo!"

O grupo de Kurone Nakano chegara a Eragon, a cidade-reino, segundo Inri, governada ditatorialmente pela igreja.

O festival da deusa Annie se iniciaria em uma semana.



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