Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 1

Capítulo 43: Um Mau Presságio

Para alguém habituado a dormir oito horas por dia, Kurone conseguiu lidar bem com a falta de sono de qualidade.

Desde que chegou à Andeavor, as únicas vezes que dormiu tranquilamente foi quando acabou preso após o ataque de Rory e quando visitou a mansão Sophiette.

O jovem passou as últimas duas noites acordado nas terras Sophiette, como um guarda de trânsito, fazendo o controle das carruagens que iam e vinha, transportando os moradores de Grain e das outras cidades.

Enfim, quando pensou em descansar, ele teve que acompanhar Inri até a catedral para o sepultamento real. Segundo Inri, “era o dever de um Santo”.

O garoto esquecera completamente que se apresentou como “Santo dos Hereges” no julgamento de Sophia.

— Primeiramente me desculpem… Argh! — A fala da princesa foi cortada por uma mão aberta tocando sua nuca.

Kurone golpeou Elisabella repentinamente, surpreendendo todos os presentes.

Após o discurso polêmico da garota, um grupo restrito foi chamado para um dos aposentos da catedral, para uma “conversa amigável”.

Dentre os convocados estavam, na poltrona direita, Kurone, e claro, suas lolis inseparáveis. Na esquerda estavam Amélia, Sophia e Inri. Mais três nobres aguardavam do lado de fora.

— Que negócio é esse de noivo?! Isso pega mal para minha imagem de “Lolicon Slayer”!

sniff… Eu não sei o que é “lolicon slayer”, mas eu realmente sinto muito por te envolver nisso sem te consultar primeiro. — Elisabella respondeu em tom choroso.

Vendo a interação da dupla, uma pergunta se passou pela cabeça de todos: “Quando eles ficaram tão próximos?”

Pelo que lembravam, o único encontro da princesa e o jovem foi na carruagem, apenas por algumas horas, mas eles agiam como conhecidos de longa data. Pensar nisso deixou Amélia com uma expressão nublada.

— Eu vou explicar tudo, mas vocês têm que prometer que não vão contar para ninguém.

Após a confirmação de todos, Elisabella prosseguiu:

— Como todos escutaram da boca do marquês Guller, eu só posso ser considerada uma rainha se estiver casada, por ter menos de vinte anos. Porém, conhecendo as pessoas que me cercam, provavelmente eu morreria antes dos vinte anos em um “acidente” ou algo do tipo.

— Mas de qualquer maneira — Kurone levantou a mão —, você não está casada, eu sou apenas seu “noivo”.

— Isso também faz parte do meu plano. Eu poderia facilmente dizer que somos casados secretamente e depois falsificar um documento.

— Então…

— A declaração de guerra contra os demônios só valerá após o meu casamento. Apesar de tudo, demônios são seres racionais e respeitam as regras. Mas eu serei o alvo de observação dos demônios.

“Fez isso tudo para ser alvo de observação? Se tava carente, era só comprar um hamster!”

— Entendo… — Sophia atraiu os olhares dos presentes para si.

— Como assim? Só eu que não entendi? — Kurone perguntou confuso.

— Posso estar errada — a marquesa deu um passo à frente —, mas a declaração de guerra é, na verdade, um “seguro”, não é?

— Exatamente. Eu ainda não contei a ninguém isso, mas… meu pai foi morto por um demônio.

Os olhos arregalados de todos fitaram Elisabella. Um demônio? Não foi um acidente?

A garota suspirou antes de prosseguir, e então contou a história de como encontrou um demônio mascarado em seu quarto e como esse demônio a ameaçou.

Um ser estranho que podia manipular as memórias de todos. Por mais bizarra que fosse a justificativa "ele se cortou com a própria espada", ninguém questionava nada.

A surpresa foi ainda maior quando ela descreveu a aparência do invasor. Não eram todos os demônios que andavam por aí com uniforme de empregada. Aquela criatura só podia ser…

— Azazel van Elsie… — Rory balbuciou, com o cenho franzido.

Kurone percebera que sempre quando escutava o nome “Azazel van”, a expressão de sua companheira mudava. Seria o instinto? Saber que existia alguém mais forte a incomodava? Considerando como Rory era imprevisível, a resposta só viria se perguntasse diretamente.

“Pra receber um ‘vá se foder’ de volta”. O jovem deu de ombros e voltou sua atenção novamente para Elisabella.

— Esse demônio não fica quieto em lugar nenhum! Como diabos ela anda tão rápido?! — Kurone protestou.

— De qualquer forma — a princesa continuou —, ela não vai me tocar tão cedo. Nosso casamento será agendado para o final do ano, ou seja, daqui a aproximadamente seis meses.

— Nesse intervalo… — Sophia cerrou os olhos.

— Eu vou matar Azazel van Elsie com minhas próprias mãos.

— E-então… Não vai ter mais guerra ou ca-casamento quando você matar a Azazel? — Amélia perguntou, um tanto esperançosa.

— Talvez, se o Kurone quiser, o casamento ainda pode acontecer.

— Que baixaria! Eu pretendia fazer a Noah se casar com ele! — Sophia protestou.

Ao ver a expressão de quem ia chorar de Amélia, as garotas piscaram discretamente. “É só brincadeira”, foi isso que a cocheira entendeu ao ver o sorriso malicioso de ambas.

Excluindo Kurone, só havia garotas no local, ou seja, o jovem era o único que desconhecia os sentimentos de Amélia — talvez Dora também.

Elisabella, como se tivesse lembrado de algo, lançou um olhar para o garoto, fazendo ele responder com um "quê?".

— É que eu estava me questionando isso desde o momento que te conheci. "Nakano" é seu nome de família, certo?

— Sim… Ei, você não é a primeira pessoa que me pergunta isso. Por que todos associam meu nome a um tal de "Demônio do Oriente"?

— Você não sabe mesmo? O que seu pai tinha na cabeça quando te deu esse nome?

"E eu vou saber o que aquele fodido pensa!?"

— É porque…

Elisabella tentou explicar, mas um barulho vindo do lado de fora chamou a atenção de todos.

Instantaneamente, uma pressão assustadora se estendeu por toda a sala. Era como a fumaça de um incêndio que se aproximava.

Dora saltou e ficou ao lado da porta, como um gato com os pelos arrepiados, enquanto Rory simplesmente materializou o fuzil — ela não parecia ter sido intimidada pela aura.

Antes de alguém tocar a porta, escutaram os nobres do outro lado gritando "pare aí, você não passará!".

A maçaneta da porta girou lentamente, naquele momento, todos estavam em guarda, porém, a única que portava uma arma era Rory. Por que abrir a porta? Seria mais eficiente explodir tudo de uma vez.

Após algumas tentativas, o dono da aura intimidadora danificou a maçaneta e abriu a porta lentamente.

Rory se preparava para disparar assim que o invasor adentrasse. Da posição que estava, seria um headshot perfeito.

Nyah! É aqui que eu encontro o myaninho Kurone?

Até a loli arrogante se surpreendeu ao ver quem era o ser que possuía aquela aura demoníaca opressora.

Primeiro, um par de orelhas peludas ficou visível, em seguida, uma mão pequena empurrou a porta e pulou na sala.

Era uma garotinha com a mesma altura de Rory. O ser demoníaco que tanto temiam era uma loli de cabelos arroxeados e um dente a amostra. Atrás dela, algo como uma cauda balançava de um lado para o outro.

Apesar de ser uma novidade meio-humanos naquele mundo, o que mais chamou a atenção de Kurone foi a coxa esquerda da garota — não no sentido pervertido!

O manto que a garotinha usava estava jogado para trás, deixando a perna esquerda à mostra. Aquilo pendurado na perna coberta por um short curto era um coldre, e naquele coldre…

“Não pode ser!”

O jovem reconheceu aquele objeto negro no coldre com apenas uma olhada: era uma Ingram M10, uma arma entre pistola e metralhadora.

Myaninho Kurone Nyakano, nós viemos te resgatar! — A garota apontou para a cocheira de aparência masculina.

— Eu não sou homem!

Nyah!? Fiz confusão? Kawaii está profundamente arrependida.

Uma loli desconhecida com orelhas de gato portando uma submetralhadora. Kurone sentiu um arrepio na espinha. Aquilo não era um bom sinal… Que o futuro lhe aguardava a partir daquele momento?

Não saberia! 

Assim como tudo naquele mundo, o futuro era imprevisível, porém, o jovem tinha uma missão a cumprir. Enquanto houvesse lolis e lolicons em seu caminho, ele estaria no rumo certo. 

Prometeu a uma deusa que mataria todos os desgraçados. Prometeu a uma loli delinquente que a protegeria. Em uma conversa descontraída, prometeu a Noah que encontraria o Raul. Por fim, havia o mais importante: prometeu às suas irmãs que tomaria cuidado e retornaria para casa em segurança.

E Kurone Nakano não era um homem de quebrar promessas!

O jovem suspirou antes de levantar a mão:

— Eu sou Kurone Nakano, o “maninho” que você procura.



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