Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 1

Capítulo 41: Elsie?

— Minhas costas estão ferradas! — Inri protestou. Kurone escutou um “crack” quando ela esticou o braço.

— Enorme! — Dora olhou o cenário, admirada.

— É realmente grande. — Kurone afirmou.

Se comparadas com a vila Grain, as terras de Sophiette eram duas vezes maiores.

No momento, havia moradores de Grain, Fallen e outras cidades da redondeza acampados no jardim de Sophia.

A expressão das pessoas mudou radicalmente ao verem o grupo de Kurone se aproximar. Os pais aflitos foram os primeiros a correr em direção ao grupo do jovem.

No fim, os apenas os moradores de Grain precisaram se refugiar ali — Mas era melhor não contar isso aos moradores de Fallen.

“Dezesseis crianças e a princesa Elisabella foram resgatadas, ahhh, que problemático…"

De fato, Kurone se surpreendeu ao perceber que faltava uma criança nas carruagens. A mulher entrou em desespero quando Sophia disse “falta uma”.

Como alguém pode desaparecer repentinamente?

— Não se preocupe, nós vamos encontrá-la. — Noah tentou acalmar o jovem.

— Você devia descansar.

— Brain tem razão. — A empregada concordou. — Você deve estar bem machucado.

— Inri me ajudou, mas seria bom se a senhorita Elsie pudesse curar minha mão…

— Elsie? — Noah virou a cabeça, confusa.

— Provavelmente você não conhece, é uma empregada de cabelos negros e que fala de um jeito estranho.

— Aquela garota irritante. — Rory, sentada ao lado do garoto, comentou em um tom frio.

— Elsie…

— Kurone, onde você escutou esse nome? — Brain disse em um tom de voz elevado.

— Esse era o nome daquela garota, não?

— Ela era uma empregada?

— S-Sim… Sabe, ela foi quem acompanhou a Rory quando chegamos na mansão Soul Za. Você não lembra da própria colega?

A empregada de cabelos ruivos olhou vagamente para o céu, suspirou e continuou:

— Vou contar uma curiosidade para vocês…

O grupo composto por Kurone, Dora, Rory e Noah olhou atentamente para as palavras de Brain. A empregada pronunciava em tom sombrio.

— O meu nome é Azazel van Brain. Diferente dos humanos, o nome dos demônios é composto por um padrão. Primeiro, o nome do clã.

— E-Então, você pertence ao…

— Clã Azazel.

Kurone engoliu seco ao escutar “Azazel”.

— Além do “van”, cada demônio possui um nome único.

— Então isso quer dizer que dois demônios não têm o mesmo nome? — Noah estreitou os olhos.

— Sim.

— E o que isso tem a ver com aquela criada estranha? — Rory perguntou. A expressão da garotinha estava diferente do habitual, mas apenas Kurone sabia disso — fruto do tempo que conviveram juntos até o momento.

— Os demônios também têm uma hierarquia. — Brain continuou. — São vários os cargos, mas um em especial só pode ser alcançado pelo mais forte. É um cargo que só fica atrás do rei demônio.

— Eu não sabia disso... — Noah comentou.

— Atualmente quem ocupa esse cargo, o cargo de presidente do inferno… É um demônio sádico chamado “Azazel van Elsie”.

Todos ficaram em silêncio. Pelo canto do olho, Kurone pôde ver Rory cerrando os pequenos punhos.

— E-Espera, você acabou de dizer que os demônios têm nomes únicos…

— Sim. Se o que você está dizendo é verdade, a pessoa que esteve com vocês na mansão era ninguém menos que Azazel van Elsie.

— …

— O que você sabe sobre as máscaras? — Rory perguntou.

Por um instante, os olhos de Brain se arregalaram. A garota ficou em silêncio. Pensou bem antes de responder.

— Quase nada. Sei apenas que as máscaras são únicas, passadas de demônio para demônio e apenas os mais próximos do rei demônio podem usá-las.

A conversa andou para um rumo totalmente inesperado. Kurone estava confuso. “Máscara” se referia àquilo que a empregada usava quando matou Edward?

— Rory, onde você ouviu falar sobre as máscaras? Eu mesma nunca vi uma pessoalmente.

— Mas e quanto àquela empregada que matou o Edward? Ela usava uma, não?  — Kurone perguntou à empregada.

A garota franziu o cenho e respondeu com um “quê?”.

— Mas foi você, Kurone, quem matou o marquês…

O que estava acontecendo? A mente do jovem não conseguia mais processar todas aquelas informações.

Todos viram que a garota, Azazel van Gyl, matou Edward com um golpe no peito. Como poderiam se esquecer?

— Rory, quem… Quem matou o Edward?

— Foi a garota com a roupa de criada.

— Dora, quem matou o Edward?

— Uhh! Foi aquela garota estranha!

— Noah, quem matou o marquês…?

— Foi você… Não foi? O que está acontecendo? Minha cabeça está começando a doer agora — Noah sentou-se na carruagem, com a mão massageando a têmpora.

Memórias falsas? Efeito Mandela? O que diabos estava acontecendo?

Apenas as garotinhas e Kurone tinham as memórias reais — ou seriam essas as memórias falsas?

— Nossas m-memórias podem ter sido manipuladas? — Noah perguntou. — Tinha mesmo uma empregada chamada Elsie na mansão?

— Não. Quando Edward fez contrato com a senhorita Besta Negra, foram dadas a ele 50 empregadas. Eu, como líder, lembro o nome e o rosto de todas. 

— Havia uma empregada chamada Azazel van Gyl?

— Não.

— Então — Rory interrompeu —, vocês se esqueceram completamente da existência das outras duas criadas.

— Creio que sim. Azazel van Elsie pode fazer isso.

— Mas a maior pergunta de todas é: por quê? — Noah, ainda massageando a têmpora, perguntou.

— Isso é um mistério. O que a presidenta do inferno ganha fingindo ser uma empregada? Ela podia ter ocultado o nome, mas mesmo assim se apresentou com Elsie e ninguém desconfiou de nada…

Quanto mais pensava, mais a cabeça doía. Gyl e Elsie, as duas empregadas misteriosas, o que elas queriam?

— Senhor Nakano — Uma voz chamou a atenção do grupo.

O dono da voz era um homem de barba por fazer e um físico fora de forma para a profissão: Orcus. Ao lado dele estava uma linda mulher de cabelos loiros e roupas simples, segurando uma cesta.

— Então você é o famoso senhor Nakano. Meu marido me falou muito de você — disse em uma voz doce e calma. O estilo elegante da mulher era o extremo oposto de Orcus — um homem rude.

— A senhora é?...

— Desculpe, eu não me apresentei. Meu nome é Selena, sou a esposa do Orcus. É um prazer.

— É um prazer também. — Kurone baixou a cabeça, fazendo um comprimento ao estilo japonês.

 — Olhem, trouxe isso para vocês, provavelmente estão com fome.

A cesta estendida estava repleta de pratos com comida caseira ainda fumaçando. “Ahhh! Comida caseira”. Kurone adoraria comer um obentô  preparado por Raika agora.

Sem cerimônia, Selena estendeu a toalha, que trouxe dentro da cesta, no chão. A mulher organizou os pratos cuidadosamente e chamou o grupo.

— Eu estou com fome mesmo.

— Uhhh! Comida.

— Cuidado por onde anda. — Rory protestou, mas Dora a ignorou.

Quando sentiu o aroma delicioso da comida, Kurone lembrou-se que fazia tempo desde a sua última refeição. Foi na vila Grain ou na mansão Sophiette? Nem se lembrava mais.

— Podem comer, tem bastante comida para todos. — Selena sorriu gentilmente ao ver a disputa de Rory e Dora por um pedaço de carne.

— Ela é maravilhosa, não?

Orcus, que até então permaneceu calado ao lado de Kurone, comentou. O jovem olhou para o homem e percebeu várias faixas em seus braços.

— Estamos falando de sua esposa, é melhor eu não dar minha opinião…

— Hahaha! Você é muito engraçado. — O homem bateu nas costas do jovem. Realmente, ele não era nada elegante como a esposa.

— Muito obrigado.

— Ehh? — Kurone se surpreendeu ao escutar a fala repentina.

— Obrigado por ter resgatado aquelas crianças. Podemos não ter mais nossa filha, mas Selena ficou feliz ao ver os pais se reencontrando com as filhas.

Permaneceu em silêncio até Orcus continuar.

— Obrigado também por ter matado o desgraçado do Edward. Sei que tivemos nossos desentendimentos, senhor Nakano, mas saiba que você pode contar comigo para o que precisar.

— Certo. Parece que vamos precisar de muitos aliados daqui para frente.

— Ehhh… De qualquer forma, vamos comer logo antes que aquelas garotinhas acabem com tudo. — Orcus bateu mais uma vez nas costas de Kurone.

De fato, era um homem rude, mas, ao mesmo tempo, era alguém que só desejava o melhor para a esposa. Era realmente triste ele não ter mais a filha. Kurone pensou em seu pai. Orcus, apesar de não ter mesma educação e o mesmo dinheiro que o senhor Nakano, certamente era um pai e marido bem melhor que aquele maldito homem.



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