Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 1

Capítulo 33: Edward Soul Za

Quanto tempo mais teria que esperar?

Edward andava de um lado para o outro, impaciente. Já fazia um tempo razoável, a empregada já devia ter chegado com as outras crianças.

A essa altura, Brain já descobrira a traição e, agora, deve estar em desespero. A Besta Negra logo destruiria tudo, incluindo esse “abatedouro”, por isso precisava sair o mais rápido possível do reino.

— Você é horrível…

— Ora, cara Elisabella, não está contente por ainda está viva? Você ia ser um sacrifício para a Besta Negra.

— Prefiro a morte que ficar mais um segundo perto de você.

Edward ignorou a garotinha que o insultava e foi novamente para a janela.

— Enfim! 

Uma carruagem com o brasão da casa Soul Za se aproximava do esconderijo — uma pequena casa de madeira na floresta.

O marquês ficou em frente a porta para saudar a empregada que conduzia a carruagem. Não podia ter testemunhas, principalmente uma serviçal demônia.

Quem conduzia o veículo com as crianças era a empregada de tapa-olho — também era a responsável pelo jardim da mansão Soul Za. Os cabelos longos da garota cobriam o rosto, mas, aparentemente, não atrapalhavam o campo de visão.

A empregada parou a carruagem alguns centímetros próxima de Edward.

— Vamos ver como está a senhorita Rory. — disse enquanto andava em direção ao fundo da carruagem.

Todas as garotas estavam encapuzadas, vestidas em mantos cinzas, assim como orientado por Edward para evitar o olhar de curiosos pela estrada.

— Senhorita Rory… — falou em tom nojento.

O marquês correu os olhos pelas crianças na carruagem, a procura da garotinha de cabelos brancos e personalidade forte.

Mal podia esperar. Por baixo daqueles mantos estavam crianças trajadas em biquínis escolhidos pelo próprio.

Porém, a prioridade agora era fugir do reino. Teria que conter seus desejos e focar na fuga.

Primeiro, eliminaria a empregada e em seguida colocaria todas as crianças em uma única carruagem.

"A empregada!"

Acabou distraindo-se com as crianças e ignorou completamente a presença da empregada.

— Ei, venha aqui — ordenou a garota que descia da carruagem.

— ...

— Como estão as coisas na vila Grain?

— …

— Vamos, me responda! — gritou impaciente para a garota calada até então.

— Eu não aguento mais… — A garota sussurrou cerrando o punho.

— Quê?

— EU NÃO AGUENTO MAIS!!!

O grito grave que nenhuma garota jamais poderia produzir reverberou por toda a floresta.

— Essa voz… Não me diga que…

— Sim, seu desgraçado! Sou eu!

A garota, ou melhor, garoto, revelou sua identidade jogando a peruca fora.

— Tsc. Você é um idiota mesmo. — Rory praguejou saltando para fora da carruagem e mirando o fuzil para Edward.

— Essa situação é um pouco cômica. — Edward analisou a dupla.

Kurone usava maquiagem, um tapa-olho e vestia um uniforme de empregada. Rory, por sua vez, usava um manto cinza por cima de um biquíni bizarro. Sem dúvidas, era uma situação que o marquês jamais imaginou.

— Não me encare, tá querendo morrer? — A garotinha ameaçou.

— Vejo que voltou a ser a senhorita mesma. Então, a presença do senhor Nakano influencia seu humor.

— Uhh… Vou te matar.

— Pfff.

— Do que está rindo!? — Rory apontou o fuzil para o companheiro vestido de empregada.

— Calma aí! Lembra que nosso inimigo é o Edward.

— Foi um reencontro realmente interessante. É uma pena que não posso ter a senhorita Rory comigo, então, se me permitem, preciso fugir do país.

— Você acha que vamos deixar?

— Senhor Nakano, por mais que me esforce, não consigo o levar a sério com essas… roupas. Mas, admito, o senhor ficou até bem de vestido...

— Calado! Esquisito! Pervertido! — Kurone, constrangido, apontou para o marquês.

— Enfim, aconselho também que fujam desse país o mais rápido possível. A Besta Negra em breve chegará aqui. Podem ficar com a princesa Elisabella, ela é velha demais para os meus gostos no fim das contas.

— Qual é a dessa "Besta Negra"? — Kurone perguntou para o marquês que virou as costas.

— É uma história interessante e longa, então permita-me resumir.

— Um jovem esquisito da casa Soul Za um dia viu uma criança nua, desde daquele dia, jamais conseguiu ficar "duro" com qualquer outra mulher. Esse jovem era julgado por todos, então, um dia, na biblioteca, ele descobriu sobre a lenda da Besta Negra, um monstro da era dos deuses.

— …

— Esse jovem dedicou muitos anos para aprender a antiga linguagem demoníaca e tomou coragem para invocar a fera. Em troca de empregadas demônias, um exército pessoal de orcs, dinheiro, realização dos fetiches e eliminação de inimigos, tudo que o jovem precisava fazer era entregar crianças para a Besta Negra.

— Então… Glup… — Kurone tentou processar as informações antes de continuar. — Por que esse jovem… Ou melhor, você traiu a Besta Negra?

— Tudo que eu fiz foi para realizar meus fetiches. Sabe o quão doloroso é, para mim, ver crianças virgens sendo devoradas? É claro que eu não iria entregar as crianças!

— Essa história só serviu para provar o quanto você é louco.

— Que seja. Se não vai me deixar passar, então mandarei um exército de orcs atacar a capital.

— Rory!

— Hum.

"Bam!"

A garotinha atirou contra o marquês, mas a bala foi repelida em seguida.

— O quê...

— Não falei a você? Magia também faz parte do pacto entre mim e a Besta Negra. Posso não aparentar, mas sou bem forte.

— Tsc.

— Veja, essa é a prova do nosso pacto! — O marquês levantou a manga do sobretudo e mostrou uma marca verde na mão. A marca tinha a forma de uma ferradura.

— Rory, recuar!

— Sim.

Ambos saltaram para os arbustos mais perto a fim de evitar as chamas invocadas por Edward.

Rory ainda não estava 100%, por isso a luta seria um pouco difícil, considerando que o inimigo tinha o poder de um demônio antigo.

— Acabei de mandar um exército de orcs em direção a capital! Quem será que matará os cidadãos primeiro? A Besta Negra ou os orcs?

A habilidade de invocar orcs de Edward era ativada mentalmente e os orcs eram invocados até a 100 metros de distância do marquês. Os monstros deviam ir em direção a capital e matar todos, mas…

— Por que estão vindo para cá?

— Ei Edward, me pergunto quem vai te matar primeiro… Os orcs ou a Besta Negra? — Kurone brincou mostrando o pulso para Edward.

— Impossível!

Era idêntica. A marca na mão de Kurone era idêntica à marca de Edward. Como era possível?

— Olá, humano Edward.

A voz vinda de cima da árvore chamou a atenção do marquês. Era uma voz infantil, com uma dicção horrível, mas mesmo assim, causava um terror indescritível na alma.

Poderia ser...



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