Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 1

Capítulo 32: Loli Parda X Loli Delinquente

A fumaça de pouco atrás começou a baixar lentamente. Tanto a silhueta da fera gigantesca quanto do jovem desapareceram. A barreira erguida por Inri ficou em pedaços e os mais próximos dela foram arremessados pela explosão.

— Kuroto! — gritou Ana, a única que ficou de pé devido a um feitiço.

O que aconteceu exatamente?

— O Kurone… Cof! — Sophia ficou de pé.

— Não pode ser…

— Há! Então o herege morreu. — O Santo Avios Bishop, escondido até o momento, verificou se o local era seguro e desceu da carruagem extravagante. — Ele achou realmente que conseguiria enfrentar a Besta Negra?

— E o que você fez enquanto isso?

— Argh! — Bishop franziu o cenho com a pergunta indelicada de Inri. — Escute aqui sua herege...

— Tem um barulho vindo dali! — Amélia apontou.

— Ahhh! Guardas! Deve ser a besta! — Bishop correu novamente para a carruagem cercada por dez guardas.

Se fosse realmente a besta, provavelmente estava deitada no chão, sem forças para lutar. Seria a melhor chance para um golpe de misericórdia.

— Eu vou até lá. — Rory disse e, em seguida, atravessou a ponte calmamente. Tinha algo estranho na postura relaxada. Mesmo sendo a fria e cruel loli delinquente, ela acabara de perder o companheiro, e mesmo assim...

A garotinha com nada mais que um sobretudo e um biquíni invocou chamas negras na mão esquerda por segurança.

— Vamos! — Amélia gritou puxando a sua besta fiel.

Sophia e Edgar com uns pedaços de espadas, Ana com feitiço de proteção, Noah e Linda sem nada em mãos, Inri com o Cajado Sagrado e por último, o Santo Bishop, um covarde escondido atrás de mulheres — e do mordomo, Edgar. Todos seguiram Rory em fila indiana.

No local onde os sons eram mais altos, havia uma cretara feita pela explosão. Não demorou mais que três minutos para o grupo chegar ao local.

— Kurone… Ehhh? — Sophia, que tomou a frente, se surpreendeu ao ver o corpo do jovem dentro do buraco.

Graças ao [Aprimoramento Físico], Kurone conseguiu sobreviver a uma explosão capaz de quebrar até mesmo uma Barreira Sagrada, mas perdeu as faixas que colocou sobre o Olho Sagrado — havia uma mancha roxa nessa parte do rosto.

Porém, o que mais assustou a todos foi o que estava sobre o corpo do jovem: um objeto negro. Provavelmente, era um pedaço das escamas da besta.

— Caraca… Não consigo levantar… Isso tá pesado…

— Vo-você está vivo!?

— É bom te ver vivo também — respondeu em tom sarcástico a Avios Bishop.

— Eu acho que você é um monstro pior que a besta. — Brain, a última a chegar na cratera, brincou com o jovem deitado.

— Alguém tira essa coisa de cima de mim… — O garoto apontou para o objeto pesado em cima do corpo.

— Você é inútil mesmo.

Rory escorregou pelas paredes de terra da cratera e chegou onde o jovem estava deitado. O objeto sobre o corpo de Kurone tinha aproximadamente um metro, e pesava mais do que aparentava. A loli tentou puxar de uma vez e arremessar para longe…

— Ehh?! — Todos gritaram surpresos. Bem, não podia ser para menos.

O objeto negro não era pesado, na verdade, tinha o mesmo peso do sobretudo de Rory. O peso que prendia o jovem no chão vinha de algo escondido embaixo do objeto: uma garotinha com a mesma estatura de Rory, completamente nua.

A menina acordou ao perceber a luz do sol batendo em sua pele morena. A única censura do corpo despido eram os longos cabelos brancos.

— Ahhhh! — gritou Kurone, surpreso.

— Uahhh! Hehe, tu foi intenso. — A garotinha morena disse, em uma dicção terrível, enquanto abraçava o jovem.

— Q-Quê!? Me larga!

— Kurone… O que está acontecendo aqui? Não vai me dizer que trocou de irmã? — Brain, no alto da cratera, brincou.

— N-não! Eu nem sei quem é essa garotinha!

— Como assim? Eu e tu tava conversando…

— Quem diabos é você! E por favor me solte e vista uma roupa! — Kurone tentou se libertar, mas a loli morena tinha uma força que não condizia com o físico magro. Se comparado com o corpo de Rory, o daquela garotinha possuía mais volume no busto — questão de milímetros.

— Muahahaha! Tu é esquisito, Kurone Nakano, o lôlęčoín suläyyah.

Lôlęčoín suläyyah? Então essa garotinha poderia ser...

— A Besta Negra! — O grito de Kurone deixou todos imóveis por um momento.

— Não diga besteiras! — protestou Avios Bishop.

— Essa aura negra... então… ela é aquele monstro... — Rory franziu o cenho para a garotinha agarrando Kurone.

— Perdão por nossa falta de respeito! — Brain desceu a cratera e ficou de joelhos. Amélia, Gyl e outras empregadas que chegaram logo depois, fizeram o mesmo.

— Alguém me explica o que tá acontecendo aqui!? — Kurone gritou, claramente irritado.

— Aparentemente, sua mana foi o suficiente para saciar a fome dela, assim como você falou. Não achei que fosse conseguir. Eu estava até preparando o discurso para o enterro...

— Eu quero explicações! Não precisa ter dito isso!

— Hmm... Certo. Segundo as lendas antigas, os demônios precisam de certa quantidade de mana para ter a forma humanoide. Todos nascemos com muita mana, então não podemos voltar para a nossa forma demoníaca, mas, por ter zero de mana, a Besta Negra não pode chegar a forma humanoide…

— Então quando a mana dela acabar…

— Um monstro de 50 metros vai esmagar seu corpo. — Rory comentou em tom frio.

— Uhhh! Não vai! — A Besta Negra falou. — Enquanto eu tiver o lôlęčoín suläyyah, vou ter mana suficiente para ficar nessa forma. 

— Para isso acontecer você não poderia se separar do Kurone.

— Sem falar que ele já é minha fonte de mana. — Rory provocou.

— Uhhh! Ele é meu!

— Acho que é melhor te eliminar. — A deliquente apontou a arma em mãos pra a loli parda.

— Rory!

— Por favor, senhorita Rory!

Edgar e Linda tentaram acalmar a garotinha.

— Ninguém vai pegar tu! — A Besta Negra apertou o pescoço do jovem.

Cof cof! Eu vou…!

O aperto não fazia efeito. Mesmo um aperto daquela garotinha não era o suficiente para asfixiar ou quebrar o pescoço do jovem abençoado por Cecily, o grito foi apenas reflexo.

— Não temos tempo para brigar! Vamos resolver isso depois de capturar o Edward!

— Uhhh! Eu tenho que matar aquele humano. Kurone Nakano, faz um contrato com eu!

— Eu já disse que ele tem um contrato comigo.

— Por que não fazem um contrato temporário, pelo menos por enquanto? Depois vocês podem se matar ou chegar em um acordo — sugeriu Brain.

— Realmente. Isso pode resolver nosso problema por enquanto. Depois que matarmos o Edward, vamos matar ela. — Rory comentou, concordando indiretamente com a sugestão da empregada.

— Um contrato temporário? Como faço isso—

"Chuck." Sem perder tempo, a loli parda tascou um beijo com língua e tudo na boca do jovem despreparado. Vendo aquela cena repentina, Rory ficou estática, tentando processar o que acontecera.

— Rory! — O grito de Amélia foi tarde demais.

A loli atirou impiedosamente na dupla — as balas de borracha deixaram marcas vermelhas bem visíveis no corpo da loli parda.

— Uaaah! Isso doeu. Eu só estava fazendo contrato temporário com Kurone Nakano.

— Acontece que... hoje em dia contratos são feitos apenas com juramentos… Esse método usada pela senhora, na verdade, é para fazer… Bem… Como posso dizer...? É melhor eu falar depois… Mas saiba que você terá que assumir a responsabilidade, Kurone. — Brain falou enquanto olhava preocupada para o jovem.

A Besta Negra tinha mais de quatro mil anos. Durante esse tempo, a magia mudou sem nem mesmo ela perceber. Não poderiam culpá-la por fazer o contrato errado, porém, pela expressão de todos, aquele erro poderia ser fatal.

— Ei B-Brain… Eu fiquei preocupado agora… O que vai acontecer comigo… emmm?

— É melhor conversarmos depois que tudo isso acabar.

— Rory… — O jovem, repleto de hematomas causados pelas balas, olhou para a garotinha ainda paralisada. Rory virou o rosto lentamente para ele…

— Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem... — repetiu, diversas vezes, em seu tom frio, enquanto olhava para a dupla de lábios sujos com saliva.

"Eu vou morrer, não vou?"



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