Volume 1
Capítulo 34: Plano Diabólico
Edward saltou para um arbusto por reflexo.
Estava cercado. Kurone e Rory com o fuzil impediam o caminho até a carruagem, a garotinha estranha de pele morena saltou da árvore, selando qualquer outra rota de fuga. E tinha também o exército de orcs se aproximando.
Poderes inutilizados. Não tinha mais a ajuda das empregadas demônio e aquilo que de alguma maneira era a Besta Negra estava a sua frente.
Um verdadeiro beco sem saída para uma pessoa comum… Mas não para o Edward Soul Za.
— Hahaha! Que excitante!
Rory franziu o cenho ao ver a expressão bizarra do marquês.
— Tem muito tempo que não me divirto assim!
— Vou estourar cada um dos seus dentes, seu pervertido. — Rory ameaçou mirando o fuzil para o homem insano.
— Eu estaria com problemas se não tivesse poder demoníaco ao meu lado.
— Do que está falando? Eu roubei o seu pacto! — Kurone protestou.
— E quem aqui está falando do pacto com a senhorita Besta Negra?
Um sorriso diabólico se formou no rosto do marquês enquanto ele apontava para Kurone.
Suor frio inexplicável percorreu toda a espinha do jovem. Rory, ao seu lado, percebeu o sentimento compartilhado.
— Agora. — A garotinha anunciou.
Rapidamente, uma mulher com uma espada média saltou dos arbustos em direção a Edward.
— Marquesa Sophiette… Que prazer em revê-la — falou em um tom nada preocupado com o ataque surpresa.
— Sophia! — Kurone tentou avisar, mas já era tarde.
Um raio amarelado despencou do céu e, por pouco, não atingiu a marquesa que se esquivou. Porém, Sophia não pôde relaxar, pois, a chuva mortal de raios continuava. Era como se a nuvem no céu estivesse perseguindo apenas a garota.
— Quanto tempo será que consegue aguentar, marquesa Sophiette…
Edward tentou provocar, mas teve que saltar para longe rapidamente, senão, seria atingido com um tiro do fuzil.
O marquês era rápido. Não podia ser comparado com Sophia ou Rory, mas era mais rápido que a maioria dos humanos.
Seguindo a mão, raios de diversas cores começaram a cair na direção de Kurone e Rory.
— Precisamos nos aproximar! — o jovem gritou para a Besta Negra.
A garotinha moveu-se em uma velocidade inacreditável e, em instantes, já estava nas costas do marquês.
Se comparado a todos ali, Kurone era o mais lento, porém, conseguia acompanhar todos os movimentos graças ao Aprimoramento de Sentidos.
— Iiic!
A perna fina da garotinha foi ao encontro das costas do marquês. Edward quicou pelo chão e deu de costas com uma árvore, que diminuiu sua velocidade. Ótimo. Era o primeiro ataque.
— Cof, cof… Achei que seria algo mais forte…
Edward se levantou, ainda mantendo sua expressão calma misturada a insanidade, e se preparou para mais um ataque.
— Não me ignore! — Sophia brandiu a lâmina em direção a nuca do marquês.
— Argh!
Ao invés de desviar, o homem insano segurou a espada com ambas as mãos e encarou a marquesa.
Uma corrente elétrica percorreu a lâmina ensanguentada e arremessou Sophia para um tronco velho.
— Argh! Parece que você melhorou desde a última vez, Ed.
— Gostaria de dizer que foi graças a meu esforço, mas não gosto de mentiras. Agradeço de coração a um certo demônio que me fez uma visita.
O marquês rasgou um lado da calça, deixando à mostra uma tatuagem que a cobria quase toda.
— Tsc! Outro pacto! — Sophia praguejou.
— Sim, isso aqui foi feito por uma pessoa especial, é uma pena que vocês não lembrem dela… — Edward disse olhando de maneira sugestiva para Kurone.
— Enfim, creio que esse poder é o suficiente para enfrentar até a senhorita Rory.
— Tá se achando de mais.
Rory, impiedosamente, disparou uma salva de doze tiros em direção ao marquês, mas estes foram destruídos na metade do trajeto pelos raios.
— Que irritante.
— Uma batalha por turnos é uma droga, vamos todos juntos! — Kurone protestou, tentando reduzir a distância entre ele e o marquês.
— Não tão rápido, senhor Nakano.
Percebendo que fora imprudente, Kurone preparou-se para se esquivar do raio, porém, chamas negras o atingiram em cheio e começaram a queimar a roupa de empregada.
— Deixe comigo.
O ar se modificou e um jato de água caiu sobre o jovem em chamas.
— Porra! O maior problema aqui é a distância… Ninguém consegue se aproximar.
O grupo composto por Sophia, Rory e a Besta Negra ficou ao lado de Kurone, encarando o marquês que se afastava cada vez mais.
— Ali! — A Besta Negra apontou para o exército de orcs que se aproximava.
— Ora, ora… Então estavam contando como isso… É mesmo uma pena.
Em um estalar de dedos de Edward, todos os monstros se tornaram nada mais que cinzas.
Foi como na vez da carruagem. Um raio amarelado despencou do céu e profanou tudo o que tocou, os transformando em cinzas, agora levadas pelo vento.
— Droga!
— O Ed ficou bem forte mesmo… — Sophia franziu o cenho.
Sendo uma das pessoas que mais se esforçou tanto na luta da vila quanto nesse momento, a marquesa estava exausta. Não era para menos. A jovem usava uma armadura pesada e precisava se movimentar rapidamente, também não tinha um estoque de mana infinita como Kurone.
— Não precisamos nos aproximar — Rory comentou em tom despreocupado, roubando a atenção de todos.
— O que você quer dizer?
— É simples, se não conseguimos nos aproximar, só precisamos aumentar a força do ataque a longa distância.
— Como? O fuzil não consegue passar pelos raios… Você…
Kurone parou de falar ao ver o rosto da garotinha. Era aquela expressão. A expressão de quando uma ideia diabólica se passa pela pequena cabeça.
— Só vamos precisar de um pouco de tempo, ei, você ainda consegue lutar?
— Claro! — Sophia disse cerrando os punhos.
— Ganhe um pouco de tempo.
— Eu tam…
— Não, vamos precisar de você. — repreendeu a Besta Negra.
Seguindo as ordens de Rory, Sophia correu em direção a Edward, ignorado por alguns instantes.
— Então, vamos começar…
— Que medo… Deu até um embrulho no estômago agora — Kurone comentou.
Provavelmente, a garotinha tinha uma ideia macabra na cabeça.