Volume 1
Capítulo 25: Lolis São As Melhores!!!
— Fiquei deveras impressionado. — O homem bateu palmas e andou vagarosamente no campo devastado pelo raio. O corpo dos orcs e a vegetação se tornaram cinzas, que eram levadas pelo vento.
Em contraste ao campo acinzentado, uma carruagem permaneceu imaculada pela explosão — assim como as pessoas lá dentro.
— No que estava pensando, desgraçado!? — O aventureiro de cabelos loiros gritou de dentro do veículo intacto.
— M-mestre! — A cocheira cerrou os dentes ao ver o homem de pé em meio as cinzas: Edward.
— Me desculpem, me desculpem, mas precisava de iscas para pescar esse peixe enorme... Mas mesmo assim ele conseguiu escapar... — Edward dirigiu a atenção para a garotinha ofegante em cima da carruagem. O peito pequeno de Rory subia e descia enquanto os pulmões gritavam por mais oxigênio afim de recuperar mana.
— Você tentou nos matar! — Alan perdeu a paciência ao escutar as palavras do marquês e puxou a espada curta.
— Não é uma boa ideia fazer isso, digo, apontar uma arma para mim...
— CALADO! Argh...
A fúria do jovem foi acalmada por um golpe de Amélia direto na nuca.
— A-Alan!
— Me desculpe... — Amélia golpeou também a arqueira assustada para que não tomasse qualquer decisão precipitada.
— Como esperado da Amélia, precisa como sempre.
— Fico lisonjeada, mestre.
Os olhos, junto a expressão de Amélia, se tornaram sombrios. Seu mestre planejava matá-la até pouco, onde estava sua fúria? Já sabia de tudo, que serviria de sacrifício para o plano homicida de Edward funcionar?
— Elsie, você está aí?
À pergunta do marquês, uma garota com roupas de empregada apareceu na porta da carruagem.
— Aqui... O que o shenhor vai fajer com a Roryjinha?
— Creio que isso não diz respeito a criados.
— Entendo...
A garotinha exausta foi tirada de cima da carruagem pela cocheira e colocada no interior, bem ao lado de Alan e Ari — ambos estavam desacordados.
— Para onde vamos levá-los, mestre?
— Eu não pensei nisso... Talvez o "abatedouro"... Ah! O esconderijo!
— Tem certeza?
— Senhorita Rory não é mais um perigo, agora que está completamente indefesa, posso usá-lo com um dos meus brinquedos... Ahhhhh! Que excitante! Mal posso esperar para me deleitar! Vamos!
A carruagem foi conduzida até uma parte escura da floresta, distante da clareira devastada pelo raio, uma entrada secreta foi revelada em meio as rochas. Os primeiros metros da entrada foram completamente escuros, mas ao chegar na metade, o túnel escuro foi iluminado por tochas penduradas nas paredes rochosas.
— O lugar onde tudo começo, que irônico... — Edward falou com Rory.
— Tsc...
A garotinha não tinha forças para responder, mas provavelmente, se pudesse, responderia com um piada sarcástica.
— Não se esforce muito... Eu estive analisando a senhorita e o senhor Nakano, aparentemente, você não pode lutar sem ele... Por isso armei uma maneira de afastar ambos e fazer a senhorita gastar o máximo de mana possível... Bem engenhoso, não?
"Armei." Isso significava que Edward tinha aqueles orcs sob seu controle? Então...
— A senhorita deve ter muitas perguntas, responderei todas, mas tudo em seu devido tempo... E acredite, passaremos muito tempo juntos.
A carruagem parou em frente a uma porta metálica, aberta em seguida por Elsie. O local à frente era um tipo de prisão subterrânea com diversas celas.
— Chegamos...
— O que faremos com eshes dois?
— Jogue ambos em uma cela, por enquanto. É uma pena que a garota seja muito velha... E quanto a senhorita... — Edward voltou o olhar cheio de más intenções para a garotinha deitada na carruagem. Rory estava consciente todo o tempo, mas não tinha forças para responder, mesmo se tivesse, precisava economizar o máximo para um momento oportuno.
— O que faremos com isso, mestre? — Amélia apontou o fuzil ao lado da garotinha.
— Livre-se dele. Senhorita Rory não precisará mais desse objeto.
— Como desejar.
Apesar de se manter firme, Amélia tremia por dentro. Aquilo estava errado, muito errado. Não tinha ciência de nada que seu mestre pretendia fazer, mas precisava obedecer a todo custo, assim como aquilo havia ordenado em sua criação. Para a cocheira, Edward era mais perigoso e repugnante do que aquele monstro.
— Ah, Amélia!
— Sim, mestre.
— Traga aquilo que pertenceu à pequena Khalia.
— C-certo...
O objeto trazido por Amélia de dentro de uma das celas era um tipo de cadeira de rodas feita de madeira. A sujeira indicava estar abandonada há alguns anos. Rory foi posta sobre a cadeira repleta de teias de aranhas e arrastada por Edward para um dos cômodos do túnel.
— Esse lugar deve ser nostálgico a senhorita, mas caso não se lembre, irei refrescar a memória da senhorita. Aqui é a prisão subterrânea da vila Grain.
Rory movimentou as sobrancelhas brancas vagarosamente.
— É uma parte oculta que apenas os guardas conhecem... Originalmente, era usado como um local para tortura de prisioneiros, mas eu o transformei em meu pequeno paraíso... Olhe, logo a senhorita vai entender. — Edward continuou empurrando a cadeira de rodas, passando por celas e mais celas, a maioria acomodava esqueletos.
— Chegamos.
— Urgh.
A surpresa foi tamanha que nem Rory pôde evitar a surpresa e produziu um grunhido baixo. Em um dos cômodos, estavam as dezessete crianças desaparecidas da vila Grain. Todas penduradas na parede, presas com correntes em ambas as mãos. Mordaças silenciavam o grito por socorro e vendas negras encharcadas de lágrimas as impediam de ver o cenário nojento.
— Que... porra é essa… — balbuciou.
— Então a senhorita não está completamente incapacitada pela falta de mana... Fico até aterrorizado com essa resistência assustadora.
— Enfim, veja, senhorita Rory, esse é meu paraíso particular, é lindo, não é? A senhorita fará parte dele em breve. — Edward falava com uma expressão insana no rosto bonito. As crianças acorrentadas tremeram ao escutar a voz insana de seu sequestrador.
— Você...
— Hã?
— Você é repugnante, humano nojento.
— Nojento? Nojento?
— ...
— Por quê? Por que todas as pessoas têm que julgar a mim e meus gostos? Por quê? É sempre assim! — O marquês perdeu a postura por um momento.
— ...
— Veja! Fui obrigado a vender minha própria alma para poder aproveitar desse paraíso, tudo porque as pessoas me julgavam! Definitivamente não é errado gostar de crianças!
— Você escuta o que fala…? — Rory se esforçou para uma última frase de desprezo.
— Ah... É uma pena, a senhorita é como eles... nunca vai entender.
— ...
— As pessoas não sabem aproveitar e não me deixam aproveitar.
— ...
— A pureza, a inocência, o sorriso angelical, o rosto limpo assim como a alma, os cabelos lisos, os olhos sem luxúria, os lábios macios, a cintura fina que cabe em uma mão aberta, os seios sem extravagância, as coxas perfeitas, os pés limpos, as costas lisas, a pele imaculada, os quadris firmes, as vozes doces... É tudo Perfeito! Essa é a verdadeira definição de perfeição...
— ...
— Agora…
— ...
— Imagine como é prazeroso arruinar tudo isso! Transformar o brilho nos olhos em uma escuridão sem igual, sentir toda a pele tremendo, arruinar todo o corpo, quebrar toda a pureza enquanto grita palavras indecentes em no ouvido sensível e puro, escutar a voz doce clamando por socorro, as lágrimas levando embora toda a inocência — O marquês salivava enquanto gritava…
— Nojento...
— Desculpe, desculpe, perdi a compostura por um momento. Vou esperar a senhorita recuperar-se um pouco mais para eu me divertir sem correr o risco de matá-la sem querer.
O marquês conduziu a cadeira até uma das celas já ocupada por alguém.
— Essa é uma cela de luxo. Espero que não se incomode em dividí-la com uma garota mal-humorada. — Edward brincou enquanto abria a cela.
— Também é um prazer revê-lo, desgraçado.
— Oh, que garotinha rude.... Permita-me apresentar sua companheira de cela. Essa é Rory. E Rory, essa é a princesa Elisabella, divirtam-se no tempo que vão passar juntas, em breve Elisabella servirá de sacrifício.
Após a apresentação, a cela foi trancada e o silêncio tomou conta de toda a prisão subterrânea, até um homem descer as escadas.
Orcus, o guarda assustado, desembainhou a espada e andou vagarosamente na escuridão...