Que Haja Luz Brasileira

Autor(a): L. P. Reis


Volume 1

Capítulo 18: A Hora da Verdade.

— Por mais que hoje seja sexta-feira, alunos, terei que passar uma tarefa para vocês nesse final de semana para entregar na segunda. E como meu trabalho é só corrigir as tarefas, posso fazer isso nesse dia excelente — Disse o professor Bernardo Pitta, com um sorriso malicioso no rosto, brincando com a classe.

— AHHHHH — Exclamou toda a sala com frustração de que teriam que passar o final de semana fazendo a tarefa que o professor de história estava prestes a lhes torturar. Reclamações e resmungos ecoaram pela sala, enquanto Gael, Luis e Daniella assistiam à cena com um sorriso divertido.

— Ah, professor Bernardo, toda semana você vem com isso de atividades no final de semana. Quando poderei descansar assim? — Protestou um aluno no canto esquerdo da sala, enquanto os três amigos observavam a cena com diversão.

— É verdade, professor Bernardo Pitta. Esse final de semana vai ter muita coisa para assistir, como vou chegar na segunda-feira sem ter assistido minhas séries e animes para conversar com o pessoal? — Brincou Luis, entrando na provocação do mestre da sala.

— Vocês são muito engraçados! Se estão reclamando de fazer tarefa no final de semana, posso trocar para passá-la todos os dias depois das aulas, que tal? — Perguntou o professor, já sabendo o choro que viria depois do questionamento.

Ouviu-se um “Não, professor, que isso?” aqui, do outro lado da sala um “Eu nunca reclamei de nada” e outro “Estão vendo, tudo que está ruim pode piorar!”, mostrando como mudaram de opinião rapidinho com a nova proposta do professor.

Bernardo Pitta era um professor respeitado pelos alunos, especialmente porque compartilhava o gosto por filmes, séries e animes com eles. Essa afinidade lhe concedia certo controle sobre a turma, mas ele costumava implicar com quem gostava do Yuno, personagem de um mangá chamado Black Clover. Alguns alunos especulavam que essa implicância ocorria porque ele era fã do rival do Asta, mas, na maioria das vezes, era apenas uma brincadeira saudável que criava uma relação amistosa com seus aprendizes.

O professor tinha uma aparência peculiar, totalmente calvo, sem um fio de cabelo sequer em sua cabeça. Sua forma física também estava longe do ideal, com uma barriga saliente à mostra. Ele usava calça jeans e camiseta estilo polo, que, apesar de não seguir as tendências da moda, o tornavam único.

— Já que consegui convencer vocês disso, nossa tarefa está no livro de história, páginas 116 e 117. Entregar as respostas a caneta e desenvolver todas as justificativas em uma folha, não tem necessidade de copiar a pergunta — Bernardo apontou para o livro, já antecipando as inúmeras perguntas dos alunos quando recebiam deveres. O sinal finalmente tocou, e ele se despediu dos alunos — Vejo vocês na segunda-feira.

Enquanto os alunos saíam da sala reclamando, Gael, Luis e Daniella seguiram em direção a suas casas. Gael parecia um pouco distraído, procurando por alguém no meio da multidão de estudantes. O reforço que havia sido enviado devido a seus atrasos finalmente terminara, mas havia alguém com quem ele gostaria de conversar, mas não conseguia encontrar naquele tumulto. De qualquer forma, pelo menos agora ele podia ir embora com Dani e Luis.

— E vocês, o que vão fazer neste final de semana? — Perguntou Gael aos amigos.

— Ué, você não me ouviu na sala? Tenho um monte de animes e séries para assistir neste final de semana. Vou ter sorte se conseguir ver a luz do sol — Respondeu Luis, brincando com o professor.

— Nossa, Luis, você precisa de vitamina D também. Como fica sua imunidade sem essas vitaminas? E se tivermos uma pandemia? Qual será sua situação? — Indagou Daniella, sempre cautelosa.

— Ah, Dani, que isso? Uma pandemia aqui no Brasil? No século XXI? Isso é coisa do século passado — Respondeu Luis, levando a brincadeira da amiga na esportiva.

— Eu vou perguntar ao meu avô se ele precisa de alguma ajuda em casa. Com todos esses treinamentos e ataques inesperados, mal tive tempo de processar tudo isso — Disse Gael, mostrando estar pensativo sobre o pouco tempo que passou com seu avô.

— Mas como era, Gael? Como era o ciclope? – Perguntou Daniella, curiosa como sempre.

Gael pensou um pouco sobre a pergunta de sua amiga. Os caminhos para aquela resposta eram simples, mas o desfecho parecia incomum. Mesmo assim, decidiu responder:

— Ele era muito parecido com os jogos que jogamos. Para ser mais preciso, o que mais me surpreendeu foi ele saber falar a nossa língua — Gael respondeu a pergunta de Daniella, refletindo sobre o assunto.

— Mas sua força era implacável. Até agora, não acredito que consegui sobreviver à pancada do seu porrete. Se não fosse Emunn, provavelmente teria morrido — Gael havia contado muitas coisas para seus amigos sobre o que havia passado nos últimos dias: o ciclope, Emunn e tudo mais, exceto sobre as novas dimensões. Afinal, era muita informação para eles processarem.

— E Emunn? Ele era apenas um leão pegando fogo? — Indagou Luis, curioso sobre a forma do bestoj de Gael.

— Não diria que era apenas um leão pegando fogo, ele era um leão de fogo, literalmente um fogo na forma de um leão. Mas tinha uma mania de falar em códigos. Não sei por que não ia direto ao assunto — Disse Gael, questionando o comportamento de seu bestoj — Mas, pelo menos, posso agradecê-lo por estar vivo.

— Realmente, tomar uma pancada daquelas deve ter doído demais. Um guardião que te salvou? — Indagou Daniella, querendo visualizar a cena em detalhes.

— Vocês estão cheios de perguntas hoje! O que aconteceu? — Indagou Gael, olhando para seus amigos com uma expressão confusa.

— Gael, você tem noção de que a tempestade que saiu no jornal e destruiu quase um quarteirão aqui do bairro foi causada por uma luta sua com um ciclope? Se isso não for motivo para encher você de perguntas, eu não sei o que é! — Argumentou Daniella, apontando a quantidade de perguntas que estavam fazendo.

— É quase impossível mesmo processar tudo isso. Até agora, acho difícil acreditar que você tenha poderes — Completou Luis, perplexo com a situação.

Gael percebeu que estava ficando difícil manter o segredo das dimensões para eles. Seus amigos já estavam entendendo que ele ocultara algumas informações sobre o que descobrira com os guardiões. No entanto, não era o momento certo para explicar tudo, pois encheriam suas mentes com mais perguntas.

— As pessoas não têm capacidade de enxergar esses seres. Na maioria das vezes, quando há um desastre como um tremor ou furacão, existe uma grande chance de ter sido causado por um monstro que os humanos não conseguem ver — Disse Gael, tentando esclarecer a confusão de uma vez por todas.

— Então, o que nós, seres humanos, sabemos é uma gota nesse oceano gigantesco — Concluiu Luis Felippe, enfatizando que os humanos sabiam pouco sobre o mundo. E ele tinha razão.

Gael se virou para o amigo para reforçar suas palavras, mas ficou surpreso com o que ouviu de Daniella. Um portal se abriu ao lado deles, como se uma parede invisível estivesse no meio da rua, e um monstro surgiu agarrando sua amiga com sua mão direita. Ele segurava um machado apontado para Gael e Luis.

— Quem de vocês é o protetor deste mundo? — Perguntou o monstro, enquanto Daniella gritava de desespero.

Era mais um monstro vindo de outra dimensão, buscando Gael. Dessa vez, porém, seus amigos estavam junto dele, e a situação não era favorável.

O monstro que surgiu do portal era imponente, quase três metros de altura, dominando a cena com sua presença assustadora. Seu corpo era todo verde, emanando uma aparência grotesca e selvagem.

Os dentes caninos afiados se destacavam, sobressaindo da boca quase até o nível do nariz, conferindo-lhe um ar feroz e ameaçador. As orelhas pontudas davam ao monstro uma aparência ainda mais bestial, parecendo prontas para captar qualquer som ou movimento ao seu redor. Sua mão esquerda segurava firmemente um machado maciço, aparentemente feito de um metal desconhecido, com lâmina afiada e desgastada de inúmeras batalhas.

Cada detalhe do monstro transmitia a sensação de que ele era uma força da natureza, uma criatura que não deveria pertencer àquele mundo, mas que de alguma forma atravessara as barreiras dimensionais em busca de seu objetivo.

— O que está acontecendo, Gael? Por que a Dani está flutuando na nossa frente? — Perguntou Luis, travado em seu lugar.

— Um ser de outro universo acabou de chegar, procurando por mim — Explicou Gael sobre a situação.

Daniella gritava de desespero, sem entender o que estava acontecendo, apenas sabendo que estava sendo levada por aquele ser e que ele a apertava com força.

— De outra dimensão? O que você quer dizer com isso? Você não explicou isso para nós! — Enfatizou Luis, ainda mais confuso.

— Não tenho tempo para explicar agora. Temos que salvar Dani daquele monstro. Vá procurar um lugar seguro para ficar —.

Gael indicou a Luis o que fazer naquela situação.

Era hora de colocar todo o treinamento em prática, era a hora da verdade. Com os olhos faiscando de fúria, Gael exclamou:

— Ruja, Emunn!

Fim do capítulo

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