Volume 1
Sentimentos que Destroem o Coração (Part.1)
ACAMPAMENTO DE KANARIS
A neve caía em flocos suaves, cobrindo o acampamento em um tapete branco e gélido, enquanto Daemis fitava o céu enevoado. Ele segurava uma caneca de leite quente, enquanto o calor subia como pequenos fragmentos de fumaça.
O crepitar distante da fogueira competia com as vozes esparsas dos garotos que, aos poucos, recolhiam aos chalés ou varriam a neve acumulada nas entradas.
— Eu gosto de pensar nas histórias que Hugo costumava me contar — começou Lupin, sentando-se perto da pequena escadaria do chalé e com um sorriso nostálgico. Guerras, vitórias, batalhas gloriosas do império… ele sempre tinha uma história pronta para contar. Eu adorava ilustrar os cenários, pessoas e animais, mesmo que minha habilidade com grafite e papel fosse, digamos, mediana. — Ele riu baixinho. — Ainda assim, gosto de imaginar que, um dia, todos verão meu trabalho.
Daemis, sentado ao lado, observava o cocheiro rabiscar em um papel amarelado, que estava apoiado sobre um caderno surrado, enquanto seus olhos corriam sobre o desenho inacabado.
— Minha única obrigação naqueles dias era vigiar o jovem príncipe — continuou Lupin. — Acredite se quiser, mas isso era mais difícil do que qualquer batalha. Uma vez, tive que escalar os muros do convento, agarrando-o pelas calças e impedindo-o de fugir. — Ele deu uma risada breve, que logo desapareceu. — Bem, essas histórias teriam um destino diferente se a rebelião nunca tivesse acontecido.
— Qual rebelião? — questionou Daemis, sua feição, aos poucos, tomada pela curiosidade.
— O dia em que… o príncipe Leion perdeu sua vida. — Lupin levantou o olhar do caderno, visivelmente tocado pela memória sombria. — E também o dia em que o senhor Halcan o resgatou. — Ele fez um pequeno sorriso.
— Não só a mim. — Daemis assoprou a fumaça. Mais um gole do líquido descendo a garganta.
Lupin assentiu, voltando ao papel. Ele lançou um olhar discreto para Raygan, que estava em pé, com suas costas apoiadas contra o pilar da entrada do chalé.
— Ra-… Aygnar — chamou, hesitante. — Você tem dormido bem?
Raygan nem sequer se moveu. Seus braços estavam cruzados no peito junto da expressão estoica enquanto observava os flocos apagarem as últimas brasas da fogueira.
— Isso não é da sua conta — respondeu, frio como o próprio tempo.
— Tudo bem, tudo bem… — Lupin ergueu uma mão em gesto de rendição. — Mas já que está aí, poderia ao menos conferir o desenho que estou fazendo? Não vai se arrepender.
Daemis olhou para Lupin, arqueando uma sobrancelha. — O que você está desenhando?
— Um rascunho de você e do Aygnar. Bem, você é mais fácil de desenhar, principalmente por ter uma expressão gentil, e nunca aparenta ser um velho carrancudo. — Ele exibiu um sorriso travesso. — Mas, vou parar por aqui.
Raygan ouviu a provocação, mas permaneceu impassível, seus olhos fixos nos telhados cobertos de neve.
— Não, por favor! Quero ver! — disse Daemis, animado e aproximando-se dele.
— Tem certeza? — perguntou Lupin, sem levantar o olhar. — Não sou um mestre em retratos, mas farei o possível.
— Claro, continue. — Daemis inclinou-se para frente, a caneca firme na mão ao observar as linhas tomarem forma.
Os traços começaram a ganhar vida; círculos tornaram-se olhos, bocas, e até mesmo a expressão característica de Raygan começou a surgir.
— Haha, ele tem mesmo essa cara! — Daemis riu, divertindo-se com o processo.
— Não é? — brincou. — Veja a mão dele agora.
— Hahaha!
Raygan até pensou em ignorá-lo, mas a curiosidade falou mais alto em seus pensamentos. Então, ele deu dois passos até eles, inclinando-se para ver o desenho.
Porém, ao analisar as linhas travessas, franziu o cenho.
— Que droga! Eu não tenho essa cara! — exclamou, apontando para o desenho. — E o que é isso? Minha mão? Parece um galho torto!
— Ah, qual é o problema? — provocou Lupin, sorrindo. — É algo que você faria.
— Risque isso! Minha mão não é horrível assim! — resmungou Raygan, voltando para sua posição inicial, irritado.
— Eu gostei! — comentou Daemis, rindo. — Estou sorrindo, veja só!
— Você sempre está feliz, Dae — disse Lupin, satisfeito.
— Lupin… pode continuar a história? — pediu Daemis, voltando o olhar para o amigo. — Como você sabe tanto sobre o palácio e a rebelião de Jighal? Hugo lhe contou tudo?
Lupin hesitou, os dedos brincando com a borda do caderno. — Não tudo, mas…, não sei se deveria contar…
— Por favor! — respondeu Daemis, a voz baixa, quase um sussurro. — Prometo que vai ser a última história do dia.
Lupin lançou uma rápida encarada para Raygan, que parecia entediado, embora retribuísse o olhar fugaz para ele. Um aviso de que ouvira tudo, mesmo que não se importasse.
— Bem… naquele dia…
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O céu parecia tingido pelo próprio sangue dos caídos, um manto carmesim que se estendia por todo o horizonte.
A chuva caía implacável, tamborilando contra telhados quebrados, lavando as paredes chamuscadas e escorrendo pelos cercados destruídos sob o peso dos cavalos que, minutos antes, haviam galopado em fúria.
O som dos cascos reverberava pelos becos enquanto os últimos moradores fugiam, seus gritos abafados pelo trovejar distante e pelo crepitar do fogo já quase extinto.
Por entre os corpos que se juntavam ao chão, um homem andava com passos lentos, como se o caos ao seu redor fosse nada mais que um detalhe insignificante.
A armadura, manchada e reluzente sob a chuva, refletia o medo nos olhos daqueles que, no último suspiro de súplica, viam seu próprio reflexo tremeluzir na lâmina da espada que os atravessava.
Carnes eram cortadas; relincho dos cavalos ao longe, e as risadas, cruéis, pairavam no ar.
— Por favor, por favor! Ele é inocente, eu imploro! — suplicou uma mulher, de joelhos ao lado de seu filho, um jovem pálido e aterrorizado.
O homem parou, virando o rosto para ela. Seus olhos, gélidos e turquesa como um mar sem fim, pareciam não enxergar nada além de uma sombra sem rosto. Ele a observou por um longo instante, o aço frio da armadura cintilando sob a chuva que caía em filetes rubros de sangue.
— Você ama seu filho? — perguntou, a voz afiada como o fio da lâmina.
A mulher, com os lábios trêmulos, assentiu, mal conseguindo balbuciar uma resposta. — S-sim… ele é tudo o que tenho.
O homem arqueou uma sobrancelha, um desdém mortal cruzando-lhe os olhos.
— Então, agora você entenderá o que seu rei sente diante de sua traição. — E num movimento rápido, cravou a espada no ventre do garoto.
— NÃO! — O grito da mãe ecoou, atravessando o vilarejo.
— Ma… mãe… — sussurrou o jovem, o sangue manchando-lhe os lábios enquanto a mulher tentava, em desespero, estancar a ferida, sentindo o calor da vida esvaindo-se sob seus dedos.
Contudo, era tarde. O garoto expirou, e o peito dela despencou sobre o dele, esmagada pela dor.
O último eco do seu grito desapareceu na tempestade, mas a mulher, tomada por uma última gota de fúria, rastejou até a espada caída de um soldado e, com um grito rouco, lançou-se contra as costas do homem.
Ele, com uma precisão assustadora, girou o corpo e agarrou seu pescoço com uma só mão, esmagando-lhe a garganta até que a lâmina escorregasse de suas mãos rubras. — M-monstro…! — Ela arfava, o ar fugindo de seus pulmões.
Ele riu, um som sem alegria. — Monstro, eu? Querida… — Ele deu dois tapinhas no rosto dela, cruel. — Já esteve cara a cara com monstros de verdade?
O homem forçou seu olhar para os soldados ao redor, que, sem qualquer resquício de pudor, arrancavam as roupas das mulheres que gritavam, contorcendo-se em vão. — Esses, sim, são monstros. Devo apresentá-la a eles?
Os olhos dela se arregalaram. Num ato de puro desespero, ela cravou as unhas manchadas de sangue no pulso dele. — Não… Não, por favor! — Os gemidos angustiados se entrelaçaram com a chuva. — Não, não…
Ele se inclinou, o rosto impassível a um fio de distância do seu.
— Seu lamento… é em vão.
A mulher chorava, o corpo balançando-se com o peso da perda.
— Meu filho… não fez nada de errado… meu filho…
Ele a soltou, apenas para erguer a espada novamente, o olhar tão vazio quanto antes. — Leion também não. — E, num único movimento, perfurou seu corpo, permitindo que o aço rasgasse sua carne. — Leion não fez nada de errado — murmurou, seus lábios comprimidos em uma linha fina, apertando ainda a mão no punhal, como se pudesse transferir parte de seu ódio ao subjugá-la.
Ela caiu aos poucos, a vida escapando enquanto a água da lama suja lavava seu rosto.
O seguiu adiante, um passo sobre o corpo já sem vida; tão imperturbável quanto a arma que empunhava.
Todos mereciam a morte!
Homem ou mulher, jovem ou criança… Seus destinos estavam selados no momento em que ousaram se levantar contra ele.
— Senhor! — bradou um soldado, hesitante ao ver o brilho frio nos olhos de seu líder. — O que faremos com os que restaram?
O homem varreu os arredores com um olhar gélido. Entre os escombros e o cheiro acre da fumaça, os sobreviventes — os fracos, os doentes, aqueles que nada tinham além do próprio medo — se encolhiam como sombras desamparadas, impotentes.
— Deixe-os — ordenou, num tom indiferente. — Precisamos desse lugar sob o nosso domínio. Reúna as crianças, as mulheres e os velhos. Informe que o imperador concedeu-lhes uma nova oportunidade para se redimir.
— E quanto aos homens?
Ele sorriu, um sorriso sombrio e sem alegria. — Prendam-nos.
Do outro lado, à costa da região, mais de dez embarcações balançavam nas águas agitadas, prontas para partir.
— Senhor, os barcos estão preparados para a travessia — relatou um soldado, ajustando o peso do próprio escudo.
— Excelente — disse a voz grave do velho. Ele franziu a testa e olhou ao redor. — Onde está o senhor Baylam?
— Ainda na vila… — respondeu o soldado, de olhos baixos. — Devo avisá-lo que estamos prontos para partir?
O velho balançou a cabeça. — Não. Eu mesmo o farei. Certifique-se de que nenhum homem ou cavalo fique para trás.
Halcan, parado ao lado do corcel de guerra, observou seu rei com um misto de reverência e apreensão.
O corpo de Elard permanecia imóvel, enquanto seus cabelos ondulavam ao vento.
Havia algo nele que evocava a ausência de sua própria alma.
Então Halcan, entregando a rédea ao soldado próximo, se aproximou, seus passos calmos afundando na lama fresca.
— Majestade.
Contudo, o silêncio respondeu, espesso e interminável, quebrado apenas pelo tamborilar da chuva contra as armaduras, do ranger dos mastros, pelas ondas que batucavam nos cascos das embarcações e o distante retumbar de trovões.
Mesmo assim, Halcan persistiu.
— Sua esposa precisa de um marido, e seus filhos de um pai.
Silêncio novamente, profundo e cruel.
— Olpheia precisa de seu rei.
Por um momento, Halcan pensou que Elard não responderia. O homem de face abatida, como se suas emoções fossem sugadas ao fundo do mar.
Uma casca vazia.
Ele já se preparava para recuar quando Elard, finalmente, falou:
— Como eles estão?
— Bem. — Halcan sentiu o alívio em sua própria voz. — A imperatriz, a princesa e a criança estão em um quarto vigiado por guardas dia e noite, sem descanso. Pelo que ouvi, ele é um menino robusto. Crescerá e será forte como o pai.
Elard se virou lentamente, olhos vazios se fixando em Halcan. Um sopro abafado escapou dos lábios de Elard.
— Um menino…
Halcan permitiu um sorriso leve. — Todos na capital já celebraram a chegada do príncipe. Posso, no entanto, perguntar se é sábio continuar com este conflito?
— Não importa — disse, sério. — Eles pediram por guerra, e é isso que terão.
— Majestade… — Halcan umedeceu os lábios. Era uma tentativa vaga de fazê-lo reconsiderar tal ideia, mas ele queria arriscar. — O senhor deve garantir a segurança de seu filho; a segurança de sua família!
Elard o encarou, a dor e a ira conflitantes em seus olhos. Como se seus lábios, selados, lutavam para ocultar o que ele verdadeiramente desejava dizer. Um lamento, uma ofensa, ou qualquer sinal que demonstrasse sua dor, já não tinha mais relevância. Seus olhos, por um momento, cerraram-se, enquanto seu punho se firmava contra a palma da mão.
Nada do que ele fizesse, o traria de volta.
Nada.
Não importava quantas vezes lamentasse, jamais teria a sensação de tocá-lo, de sentir seu cheiro e de ouvir sua doce voz.
Os olhos dele umedeceram, embora nenhuma lágrima ousara cair.
Halcan, entretanto, ignorando sua posição, perguntou com um tom sério:
— Um príncipe nasceu! Seu herdeiro, seu legítimo! — expôs, com autoridade. — Ele, agora, é o futuro de Olpheia. Proteja-o dos rebeldes. Faça dele um menino inteligente, um homem forte!
Halcan colocou uma mão firme sobre o ombro dele, prosseguindo:
— Deus o abençoou com outro filho. Todos os que mereciam a morte já encontraram seu destino. Não piore essa tragédia. Essas pessoas são inocentes. Matá-las só intensificará o ódio de Balmont contra nós.
Elard estreitou os olhos, pensativo.
— Não ordenei que os matassem… embora pudesse ser a melhor escolha.
— Melhor escolha? — indagou Halcan, em tom calmo mas firme. — Majestade, o ódio só gera mais ódio. Deixe-os em sua própria miséria. Esqueça-os.
Elard fechou os punhos, os dedos cravando-se nas palmas até doerem, os cabelos pingando em sua testa enquanto ele respirava fundo.
— Eles tiraram meu filho de mim. Mataram a criança que carregava metade do seu sangue impuro. Farei com que eles se arrependam de cada gota derramada.
Com passos decididos, ele avançou em direção à embarcação, o aço de sua armadura brilhando sob a chuva persistente.
— Dorak não morrerá, a não ser pelas minhas mãos — murmurou para si, ainda que Halcan pudesse ouvi-lo perfeitamente.
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A fumaça quente da fogueira subia em espirais preguiçosas, dissipando-se no ar gelado do final da tarde.
Daemis, agora com a caneca repousando ao seu lado, deixou escapar um suspiro.
— Que triste.
Lupin fechou o caderno parcialmente, os dedos deslizando contra o couro, antes de responder:
— Guerras sempre são tristes.
Ele estava prestes a guardar o caderno quando a voz curiosa de Daemis o fez parar.
— Como era o príncipe Leion?
A pergunta pairou no ar, inesperada, como uma rajada de vento frio. Ele hesitou, e não foi o único. Raygan, que estava próximo, virou o rosto ligeiramente, o movimento quase imperceptível. Os olhos semicerrados, entretanto, não escondiam a tensão que as palavras de Daemis haviam provocado.
— O príncipe Leion… — começou Lupin, cauteloso — ele era um garoto sorridente.
Daemis inclinou-se levemente, os olhos brilhando. — E a aparência dele?
Lupin desviou o olhar, procurando as palavras certas.
— Ah…
Quando Lupin abriu a boca para responder, houve o corte abrupto de Raygan.
— Por que quer saber? — interrompeu, cortante.
Daemis ignorou o tom rude e continuou. — Sempre ouço falar dele, da princesa, e do outro príncipe… príncipe… — Ele franziu o cenho, tentando lembrar.
— Príncipe Raygan… — completou Lupin, hesitante, lançando um olhar furtivo para o próprio Aygnar.
— Isso! Príncipe Raygan! Dizem que eles são muito parecidos, mas nunca vi um retrato deles.
Lupin engoliu em seco, evitando o olhar de Raygan enquanto começava a falar. — Bem… eu posso tentar te mostrar… — Ele pegou o caderno novamente. Agora, o grafite estava firme em seus dedos que começavam a rabiscar. — Pelo que me lembro, os olhos dele eram gentis; um castanho escuro, e a ponta do nariz… um pouco fina e empinada.
Os traços começaram a surgir no papel.
— E o sorriso… — Lupin continuou, ajustando as linhas com cuidado. — Era pequeno, mas sincero. Seus cabelos eram lisos, finos, algo assim…
Ele entregou o caderno a Daemis, que analisou o desenho com atenção, examinando cada traço.
— Ele parecia uma pessoa legal — comentou Daemis, os olhos presos no papel.
Mas, de repente, uma sombra caiu sobre o caderno. Ele ergueu os olhos, encontrando o rosto impassível de Raygan. Daemis piscou, alternando o olhar entre o desenho e o garoto.
— O rosto dele… — murmurou, fitando Raygan. — Vocês… se parecem.
Uma pequena rajada de vento flutuou entre eles, movendo suas madeixas.
Não houve resposta, restando somente o silêncio por segundos que pareciam intermináveis.
Porém, a reação de Lupin foi imediata. Ele pigarreou, tentando disfarçar o desconforto.
— A-ah, isso foi porque eu usei o rosto de Aygnar como referência. Eles tinham quase a mesma idade, então parecia uma boa ideia.
Daemis sorriu, aparentemente satisfeito com a explicação. — Ficou muito bonito!
Lupin deu um sorriso forçado, mas sentiu o olhar de Raygan queimando sua pele.
— Não somos parecidos — disse Raygan, a voz cheia de desprezo. — Eu nunca teria um irmão fraco como ele.
E com isso, virou-se e começou a caminhar, as botas afundando na neve fofa.
— Daemis, venha! — ordenou. — O velhote está nos esperando.
— Ah! É mesmo! — Daemis levantou-se apressado, pegando a caneca vazia. — Obrigado pela história, Lupin! Até mais!
Lupin acenou de volta, mas seus olhos ficaram presos em Raygan. Ele o observou se afastar, os passos quase idênticos e o jeito de caminhar que ele reconheceria em qualquer lugar.
Raygan caminhava com a cabeça erguida, os ombros retos que espelhavam o imperador, mas, além dele…
Leion… — pensou, apertando o caderno contra as mãos. — Eles não são parecidos, não realmente. Mas o olhar…
Por um instante, Lupin teve a sensação de que, caso olhasse para os olhos de Raygan por muito tempo, poderia se perder na mesma dor silenciosa que Leion escondia por trás de seu pequeno sorriso.
Parte 2 em breve!
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Ribeira dos Desejos.