Volume 1
Capítulo 25: Demônios
Keishi permaneceu estático na cadeira, encarando Kasumi nos olhos, em meio ao silêncio, com a luz da lua iluminando ambos.
— Não vai dizer nada?
Ele relaxou um pouco os músculos, respirou fundo e mudou sua postura.
— A ideia da psicanálise é fazer você se escutar… Seria essa a resposta que um profissional na área daria, mas a verdade é que não sei o que dizer.
— É diferente, né? Ouvir, ver, sentir pessoalmente…
— // — // —
As lembranças daquela noite me são muito confusas. Não lembro se cheguei a desmaiar, mas, quando acordei, estava deitada no meu quarto.
Na mesma hora em que abri os olhos, saltei para trás, batendo com as costas na parede.
Minha respiração era ofegante, abafada e meu estômago parecia se revirar dentro de mim.
Joguei a cabeça pro lado, por causa da náusea. Por mais que o gosto terrivelmente amargo me viesse a boca, também havia um quê de remédio nele.
Fiquei tonta, minhas mãos estavam pálidas, trêmulas e o mundo parecia rodar, provavelmente por causa da minha pressão baixa.
Naquele estado deplorável, um medo veio até mim, quando pensei em checar o meu corpo.
Apertando os lábios fui começando a passar a mão pelos braços, doloridos e roxos, costas ardendo e formigando e, finalmente, minhas pernas, tão cansadas que não tinha força pra erguê-las.
Quando tentei tocar mais acima…
Só o sentimento de lembrar, me fez começar a chorar, ao ponto de não saber quão dor era maior, a física ou a da injustiça…
Deixei as lágrimas escorrerem por um tempo, como nunca na minha vida, encolhida como uma criança.
Quando cansei, a imagem dele olhando pra mim, deu origem a uma raiva explosiva, que me fez atirar tudo que alcançava pelo quarto, bater nas paredes, socar a cama.
No fim, aquilo não me levou a nada, apenas fez perceber o quão inútil era espernear.
Cambaleante, caminhei até a porta, quando encontrei um bilhete pendurado a maçaneta.
Tomei a iniciativa de checar suas feridas, limpá-las e lhe medicar. A Casa é sua para usar a seu bel prazer, entretanto, não poderá deixar suas dependências, medida necessária dado meu investimento em você. Como prometido, terá do bom e do melhor. Dinheiro, roupas, itens de beleza, tudo para uma vida de princesa, de modo a satisfazer meus anseios, por isso, em troca, prezo por sua companhia.
Esmaguei aquele bilhete fervendo de ódio. Ele falava como se fosse uma boneca com a qual podia brincar! E aqueles olhos… Era como se eu não fosse um ser humano…
Precisava tentar fugir.
Os corredores estavam desertos, as saídas, fechadas, com algumas câmeras de segurança espalhadas, mesmos assim, não podia desistir.
Fui entrando nas portas mais próximas para ver o que encontrava.
Numa sala com uma mesa de bilhar, um piano e uma adega mais ao fundo, tratei de buscar algo que pudesse usar, mas tudo estava trancado atrás de vidros e mais vidros, até mesmo nas gavetas.
Não tinha como quebrar com as mãos por causa da espessura, tudo que pude fazer foi arranhá-lo de frustração ao ver as facas sob ele.
Saindo de lá, encontrei um escritório.
Atrás da escrivaninha, estava uma janela grande o suficiente para uma pessoa passar por ela. Instintivamente peguei a cadeira em frente ao computador, mas antes de arremessá-la, me dei conta da vista apontar direto pra colina a baixo.
Atirei ela no chão com raiva e olhei para os arredores.
Só haviam alguns móveis e umas prateleiras com livros.
Foi quando algo sobre a mesa me chamou a atenção.
Lá estavam fotos de cidades destruídas, pessoas desesperadas, homens carregando corpos empalados como se fossem troféus, mulheres sendo esquartejadas vivas.
Enquanto tentava conceber o significado daquilo, vi uma figura brotar na porta.
— Chocante, não é mesmo?
Era ele…
No mesmo instante senti como se meu coração parasse e comecei a caminhar para trás.
— Quando mais novo, mais inocente, ouvia o bombardeio do lado de fora de minha casa como quem ouvia o som da chuva. Todos os dias era uma luta para não ser morto pelos rebeldes que se infiltravam entre as forças de paz. Tinha que ver o espetáculo que era quando pegavam um traidor e o torturavam em praça pública.
Ele retirou um dos livros da estante e começou a caminhar lentamente admirando o resto.
— Não existiam leis, tão pouco uma moral definida, apenas o caos. Um dia era espancado e passava fome, outro era minha vez de retribuir. No fim das contas, descobri que o bem e mal são ambos a mesma coisa.
Enojada e transbordando de ódio, não consegui me conter.
— Seu desgraçado!
Meus punhos doíam de tanto apertar as mãos.
— Se passou por tanta coisa como consegue…
Não pude continuar falando. Meu sangue estava fervendo demais pra seguir raciocinando.
— Como consigo? Simples, basta esquecer da dor, do medo e se concentrar apenas em si próprio. Diante de você não está uma pessoa capaz de sentir as dores da vida, apenas um meio para um fim.
Quando o vi me olhando de novo com aqueles olhos, peguei o que pude sobre a mesa e comecei atirar.
Ele os pegou ainda no ar e os organizou sem que nada tocasse o chão.
Novamente o medo voltou a se espalhar dentro de mim.
— Não fiz questão de lhe esconder nada, nem de trancar os cômodos desta casa, pois tinha certeza que não conseguiria me prejudicar. De fato, esta resistência lhe dá até um charme…
Com a ponta dos dedos, arremessou uma das fotos que cruzou cortando ar ao lado do meu rosto.
No que me dei conta, ele já estava bem a minha frente, repousando a mão em meu rosto.
— Gosto disso… Pensei que a esta altura já estivesse acostumado a ser usada pelos outros, mas pelo visto ainda tem forças para lutar.
Estava tremendo, mas aquela palavra me soou de alguma forma familiar.
— Usada?
— Você não sabia…? Nunca estranhou seu pai ausente, a maneira como ele tratava sua mãe?
Não conseguia me mexer, tão pouco respondê-lo.
Ele colocou uma mão nas costas e caminhou enquanto me contava uma das grandes mentiras da minha vida.
— Seu pai foi um colega de trabalho habilidoso, mas tinha vários vícios. Bebidas, jogos e certos atos libertinos, mesmo sendo casado. Sua mãe foi uma das aventuras dele…
De repente, tudo começou a fazer sentido.
— Chocada? Acredito que seja válido. Conhecendo-o, sua concepção provavelmente foi consentida unilateralmente por sua mãe, como uma forma de barganha. As dívidas dele se tornaram cada vez maiores, até se tornar insustentável. Quando o desespero veio bater a sua porta, ambos tentaram fugir de nós…
Então eles tinham tentando escapar e me deixaram para trás.
A raiva que sentia foi tão forte que se transformou em melancolia. Bem no fundo ainda sentia uma esperança bem pequena deles ainda se importarem comigo. Era como se uma parte de mim finalmente tivesse dado o último suspiro.
— Essa tal moral que dizem ter não passa de uma desculpa para parecerem bonzinhos, quando na verdade estão dispostos a lhe abandonar no momento em que se torna inconveniente…
Novamente levou uma das mãos ao meu queixo e o levantou para mim olhar diretamente para ele.
— Está vendo? Não sou um monstro, só estou sendo sincero, mais que a maioria e, principalmente, comigo mesmo…
Ele começou a me tocar de novo…
De repente, comecei a entender o porquê daquele olhar.
Eu não passava de uma moeda sob ele…
Meu pai usou minha mãe como um brinquedo, ela usou a mim pra conseguir dinheiro, e aquele homem a minha frente me usou para se satisfazer…
Para eles não passava de uma boneca, ou como ele havia dito, um meio para um fim.
Agora você entende como é ser igual a mim?
Foi neste momento que as vozes vieram.
No começo fiquei quieta, olhando para a imagem distorcida da silhueta de onde ela vinha, que as vezes parecia estar ali, as vezes era como fosse um fantasma.
A sua frente está um monstro, e posso fazê-lo desaparecer.
Pode mesmo?
Não se preocupe, vai ser um prazer fazê-lo sofrer.
Sim… É o que ele merece.
Minha consciência ficou turva, como se estivesse tendo um sonho que a muito tivesse desejado.
— Está mais quieta. Resolveu aceitar minha proposta? — Perguntou debruçado sobre mim no chão.
Minhas mãos estavam livres, foi quando desferi um soco na lateral de seu rosto, que, por mais que tivesse tentando desviar, ainda o acertei de raspão.
Antes de ter tempo para se recompor, aproveitei a brecha para chutar-lhe o estômago. De fato, foi tão certeiro que o mandou voando sobre aquela prateleira que tanto apreciava.
Me levantei e sacudi a sujeira de minha roupa.
Por alguma razão me sentia vendo através de meus olhos, mas sem controle do que fazia. Havia estranheza nos meus próprios pensamentos e atitudes, mas não tinha tempo para raciocinar sobre isso.
O medo congelante de outrora tinha se transformado em vontade não de fugir, mas de enfrentá-lo.
Ele ficou caído com livros sobre seu corpo, me observando do chão, com extrema desconfiança.
— Resultado interessante…
Com a mão, arremessou um livro que parei bem na altura da boca, uma distração suficiente para me prensar contra a parede antes de puder reagir.
Seus olhos vieram a penetrar fundo nos meus.
— Sim, ódio, o mais sereno, capaz de queimar o mundo inteiro, parece tanto…
Me movi por impulso e o golpeei a junta de seu braço com uma força que não sabia possuir.
Foi um golpe de sorte, tanto que meus próximos ataques foram completamente bloqueados, alias, acabaram por machucar mais a mim, mas não diminuíram minha vontade de matá-lo.
— Chato… Não gostaria de fazer isso, entretanto não me dá outra escolha.
Seu joelho veio de encontro ao meu estômago enquanto tentava acertá-lo e, quando tentava recuperar o fôlego, senti o cotovelo dele acertar bem em cima das costas, em um dos pulmões.
Não sabia se tentava respirar ou cuspia a secreção que me vinha a boca.
A dor parecia ser intensa, pois sentia meu corpo falhar.
Caída no chão, vi a voz dele com uma irritação evidente, diferente de antes.
— Ninguém mencionou nada sobre sua mãe ser uma de nós, e seu pai, com certeza, não era, porém isso nem é o mais impressionante… — passou para se ajoelhar ao meu lado — Seu semblante, suas expressões lembram…
Minha consciência ficou ainda mais distorcida, ao ponto de não conseguir ouvir as palavras que se seguiram.
Pude ver sangue jorrando de minha boca em direção ao rosto dele, na altura dos olhos, o que abriu uma brecha para revidar com movimento parecido com o de uma finalização de luta, como judô, embora nunca tivesse se quer tentado praticar uma.
De lá, ele revidou, mas desviei e corri por trás dele, em direção a porta.
O tempo, a velocidade das coisas era confuso. Quando me dei conta estava no bar de mais cedo.
Pulei por cima do balcão, peguei um dos bancos ao lado, para quebrar os vidros que se espalharam como gotas de chuva levadas por uma rajada de vento.
Ele já estava em meu encalço, dai joguei as garrafas por cima dele.
Um de seus braços estava bem mais lento, assim, várias delas se quebraram por cima dele, cortando-o e o encharcando enquanto continuava a avançar enfurecido, quando voltou a segurar meu pescoço.
Na hora olhei com espanto. Porquê não consegui me mover, apensar de ter podido escapar?
— Deveria ter escolhido melhor e quebrado o vidro com as facas, mas tinha que quebrar minhas bebidas. Que seja, não vale o preço manter uma cadela ingrata como você viva.
Não sentia meus músculos tensos, tão pouco sinais de que revidaria. O mais estranho um calor excitante que vinha subindo meu ventre.
— Então, qual seria a graça? — Respondi com um tom sedutor, inconsciente do porquê.
No meio da confusão, vi a luz de um abajur piscando largada no chão, então veio uma faísca.
O Próximo instante foi tão marcante quanto as velas de um bolo de aniversário se ascendendo.
Os gritos dele soaram como música para meus ouvidos, a maneira como se movia desesperado parecia uma dança e quando começou a se debater no chão, achei hilário.
A maneira como me encarou em seus momentos finais já quase morto foi tão…
Tanto eu quanto minha outra parte queria ficar, mas não podia. As chamas estavam se alastrando pela casa e logo ficaria difícil de fugir.
Uma sensação de cansaço veio fazer o pouco de mim adormecer, como quando você está com sono depois de assistir televisão até mais tarde.
— // — // —
Kasumi estava olhando para as mãos, sentada sobre a cama de hospital, com Keishi estático na mesma posição de outrora.
Lentamente, uma lágrima escorreu do rosto dela, e engoliu a seco, depois respirou fundo algumas vezes, até se acalmar.
— Sabe, não vou me importar se disser que sou um monstro.
— Você acha que é…?
Ela respondeu acenando com a cabeça.
— E o que pensa em fazer a respeito disso?
Kasumi olhou fundo nos olhos dele e respondeu com uma agressividade serena.
— Matá-los, cada um deles… Usar meus demônios a serviço do meu ódio.
— Já entendi — respondeu balançando a cabeça — Você disse ter 14 anos na época, o que fez nos anos que e seguiram?
Sua resposta foi rir, nem alto, nem baixo, mas com ironia.
De repente, recobrou a seriedade.
— // — // —
Quando acordei, estava deitada em um beco num algum canto da cidade.
Meu corpo doía por completo, desde a cabeça até a ponta dos pés, descalços e gelados, coberta por manchas de queimado.
A primeira coisa que ouvi foi o som da televisão de um prédio a minha esquerda, comentando sobre um incêndio em uma mansão na manhã daquele dia.
Olhei para os lados e descobri já estar escuro, então na direção das luzes da rua.
As pessoas iam e vinham de um lado para outro. Colegas de colégio, trabalhadores de alguma fábrica, todos indo para casa.
Foi quando me dei conta que não tinha pra onde ir…
Sem dinheiro, sem casa e sem mais ninguém ao meu lado.
Aliás Nunca houve…
Agora podia recomeçar tudo desde o zero. Ao mesmo tempo, estava cheia de ódio, confusa e profundamente decepcionado com tudo e todos, cansada de ser um alvo do egoismo dos outros.
— Que gracinha, eim?
Dois rapazes de índole duvidosa se aproximaram de mim. Se quer repararam em minhas roupas sujas ou em na melancolia estampada em meu rosto.
Em outro momento teria me sentido intimidada, mas percebi o quão insignificantes realmente eram, tanto que nem deram o trabalho de esconder aquilo que queriam, se maquiaram para parecerem bonzinhos ou demonstraram uma gentileza cínica que fosse.
Eram peões, presas fáceis para qualquer um mais experto que eles, um meio para um fim…
— Quer tomar alguma coisa com a gente?
Dei um sorriso falso e respondi num tom que viria a me acompanhar até hoje.
— Que tal, um banho?
O mais próximo chegou a parar de respirar e o mais atrás ficou olhando para os lados sem saber o que fazer.
— Serio?
— Claro que é… E que tal se o outro bonitão me comprar umas roupas? Pode ser aquilo que achar melhor pro meu corpo.
Como bem imaginava, eles ficaram eufóricos, cegos pela própria luxúria e fizeram o que pedi.
No caminho, só suportei que tocassem meus seios, porque sabia que doeria mais neles do quem em mim.
Consegui me lavar, roupas novas e até dinheiro pra comer alguma coisa, só tive que deixar os dois de idiotas no quarto de motel com a desculpa que sairia pra comprar camisinha.
Aquela foi a primeira vez que enganei alguém e marcou o começo da minha nova vida.
Poucas eram as opções pra alguém sem estudo, família e menor de idade como eu.
Me envolvi com cangues, seduzia clientes para comprarem nossos produtos, saia com caras ricos pra chantageá-los depois, contrabandeava mercadorias.
Hoje gostaria de dizer que fiz isso pra sobreviver, mas a verdade é que tinha raiva do mundo e das pessoas.
Acho passar a noite com alguém, arrumar confusão, beber, fumar, tudo era uma forma de dizer pro mundo o quanto ele era sem sentido, o quanto o odiava.
Demorou muito tempo pra voltar a ter confiança em alguém.
Por mais incrível que pareça, nem todos com que me envolvia eram ruins, alguns só não tinham pra onde ir, como eu.
Aos poucos fui me identificando com eles, vivendo meu dia a dia ao seu lado, compartilhando dos mesmos problemas, lutando pra ganhar a vida.
Quando me dei conta, estava no meio de vários esquemas, comandando um pouco de tudo, protegendo os peixes pequenos.
Alguns precisavam se vender, era como não morriam de fome. Outros não queriam pagar impostos e contrabandeavam mercadorias. Ainda haviam aqueles que precisavam de proteção contra valentões, principalmente os queridinhos da polícia, ou as vezes se vingar de injustiças daquela vida cruel.
Começamos a movimentar muito dinheiro e eu estava no centro de tudo, fazendo minha parte.
Um dia, estava caindo de bêbada em uma festa quando dois caras decidiram me ajudar a chegar em casa.
Aconteceu de ambos resolverem se aproveitar de mim. Talvez nem fosse fazer nada, apenas insinuaram algumas coisas, e seguiram o rumo de algumas coisas obscenas que fizemos quando o álcool subiu a cabeça, mas aquele olhar…
Algo dentro de mim reascendeu a vista turva daquele dia, junto do calor e do desejo…
A moral que já me era escassa se tornou inexistente. Lembro, de velos gritando, enquanto os matava devagar, me cobrindo de sangue e excitação.
Viu? Falei que era bom. Num dia você é a vítima, mas no outro… É tudo uma questão de desenvolver o apreço pelo gosto doce depois da amargura.
Em algum momento perdi consciência e, quando acordei, estava nua em uma poça de sangue, segurando os olhos deles.
Entrei em choque ao perceber o que havia feito, andei de um lado para outro, tonta, sem saber pra onde ir.
Excitante, não?
Meu coração disparou. Conhecia bem aquela voz…
Ah, finalmente reconheceu, minha cara.
Era ele…
Como sobrevivi? Com uma poética virada do destino, onde realizei o trunfo de matar a mim mesmo e sobreviver. Como havia proposto, agora estaremos na companhia um do outro, mas desta vez, não há escolha…
— // — // —
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