Volume 1
Capítulo 24: Fantasmas
Meus olhos estavam pesados, alias, meu corpo todo tinha uma sensação flutuante.
A luz da janela me machucava um pouco a vista, mas tinha uma sombra que trazia um pouco de alívio. Não dava para distinguir o que era, minha visão estava turva demais.
Um pouco de cada vez, fui começando a perceber minha situação.
Meu braço estava enfaixado, minhas costas formigavam e o restante de mim doía só de mexer.
Tentei me sentar, mas o máximo que consegui foi gemer de forma patética.
— Tudo bem?
Óbvio que não estava, mesmo assim, ele falou em um tom tão calmo que conseguiu me irritar.
— Pareço bem pra você?
De repente, senti sua mão me tocar.
Hoje tenho certeza que ele só queria ajudar, porém, dentro de mim, uma sensação terrível de pavor veio, junto com lembranças daquela noite na mansão e outras que jamais gostaria de lembrar.
Meu estômago contraiu, como se tivesse tomado um soco. Tremi tanto ao ponto de espalhar ainda mais aquela dor horrível.
Coloquei cabeça pra fora da cama e comecei a tentar vomitar. Sentia minhas entranhas revirando, felizmente, nada saiu da minha boca.
— O que aconteceu?
Dessa vez, uma voz feminina veio da direção do corredor. Deu pra ouvir ela deixar um prato no móvel ao lado cama. Logo a vi se colocar ao meu lado de joelhos.
— Kasumi, não é?
Quando voltei a mim vi quem eram aqueles dois, Kaori e Keishi.
— Que lugar é esse?
— Disseram que é uma clínica da empresa pra qual você trabalha.
É, fazia muito sentido estar ali.
— Quanto tempo dormi?
Keishi olhou para o relógio da sala.
— Quase um dia inteiro.
Minhas memórias mais recentes ainda estavam um pouco obscuras, mas lembrava de Matheus chegando.
— O que aconteceu depois que desmaiei?
— Seus colegas nos trouxeram até aqui, fizeram algumas perguntas e deixaram ficarmos por enquanto.
Dito isso, as coisas começaram a se encaixar.
Assim como fizemos com Sachiko e as outras pessoas resgatadas, oferecemos proteção, estadia e uma vida nova se necessário.
— Entendi, mas por que estão aqui comigo?
Kaori levantou segurando a mão com os dedos enfaixados e se colocando ao lado de seu par, ambos com uma expressão bastante séria.
— Estávamos esperando você acordar pra agradecer.
Ela foi a primeira a se curvar, quase 90 graus, seguida de forma mais discreta por ele.
Pode parecer estranho, mas aquilo me deixou desconfortável, tanto que desviei o olhar e mordi levemente os lábios, com um pouco de amargor.
— Não agradeçam. Salvei vocês porque era meu trabalho e porque odeio aquele tipo de gente mais que tudo no mundo.
Por um instante, eles assentiram em surpresa, Kaori mais que ele.
— Mas… De qualquer forma devemos nossas vidas a você.
— Achem o que quiser.
Assim me virei na cama para tirar o rosto da frente deles. A dor chegou a diminuir, pois minha vontade de fazê-lo era mais forte.
Parando pra pensar, ainda que quisesse, não deixava de ser um ato de muito egoismo de minha parte.
Egoismo… No fundo consigo sentir minha consciência voltando pra me cobrar por isso. De qualquer forma, precisava de um tempo sozinha pra colocar a cabeça no lugar.
Mais tarde naquele dia, uma enfermeira veio trazer minha medicação e não demorou muito até o sono vir.
Pensava que conseguiria esquecer de novo, de que tudo ficaria pra trás, como um dia ruim.
O meu peito apertou, minha barriga se contorceu e sentia como se um par de mãos estivesse me sufocando.
Não precisava pensar, o sentimento falava por si só, enquanto meu corpo gritava. Sabia exatamente o que aquela sensação de desespero significava.
Quando acordei, levantei com um susto, tentando fazer o ar entrar nos meus pulmões.
Estava suando frio, tremendo, com os braços e as pernas congelados.
Um pouco mais calma, resolvi confirmar se tudo tinha sido um sonho. De fato, o lugar ainda era a clínica, no meio da noite, com a luz da lua entrando pelas janelas de uma forma tão serena que ajudou a acalmar meu nervosismo, mas foi passar um pouco os olhos para ver a silhueta de alguém.
Tentei pular da cama pra pegar qualquer coisa que pudesse usar pra me defender. Não consegui passar da mesa de cabeceira.
Minhas pernas estavam completamente imóveis, e o que mais me chocou foi que sabia exatamente o porquê, só para aumentar ainda mais minha frustração.
As luzes se acenderam e Keishi estava lá ao lado do interruptor.
Mais uma vez, soltei um suspiro de alívio, ainda que meu coração estivesse por sair pela boca.
Ele caminhou em minha direção e pegou alguns papéis, lápis e a outras coisas que tinham caído, sem transparecer nenhuma emoção, os reordenando precisamente como estavam.
Enquanto o via fazendo, a curiosidade crescia em mim.
— Não vai perguntar nada?
Depois de terminar, sem pressa, olhou pra mim.
— E quer falar sobre isso?
Normalmente responderia com um Vá cuidar da sua vida, mas um pouco de esperança veio quando lembrei da mansão, de como eles me protegeram, dele empunhando uma arma por isso.
— E se dissesse que sim…?
Ele olhou para trás, pegou uma cadeira e sentou-se com o encosto apontado para mim.
— Sou todo ouvidos.
Teria estranhado mais a prontidão dele caso não tivesse lembrado de um fato.
— Você é psicólogo, né?
— Estudando pra ser um.
— Então… Por onde começo?
— Por onde quiser.
— // — // —
Nasci no japão, mas minha mãe era russa, aparentemente uma imigrante tentando a sorte
Ela era bem-educada, com boa etiqueta, elegância… Tudo uma máscara de artificialidade que vestia fora de casa.
Entre quatro paredes, adorava fumar, beber e xingar a Deus e ao mundo. Nem a mim tratava com delicadeza.
Quando meu pai estava em casa, era mais discreta quanto a lhe mostrar seus defeitos, deixando para fazer seus vícios em um canto escondido ao surgir da primeira oportunidade.
Na frente dos outros me apresentava como uma princesinha tímida, serena e meiga. A verdade era que tinha medo demais pra falar, ainda mais pra ir contra as ordens dela.
Normalmente passava descalça, com frio, fedendo a cigarro e tentando acalmar a fome com um pãozinho velho e um copo d´água.
Quando meu pai estava, me chamava para ficar perto deles, mas demonstração de afeto nesses dias era tão artificial quanto ela própria.
Qualquer coisa que pedisse ou fizesse que a desagradasse, algo sempre vinha voando na minha direção, nem que fosse um sapato, as vezes o cinzeiro.
Com o tempo fui aprendendo a não esperar nada da parte dela, nem um carinho verdadeiro.
Não dava pra esperar ninguém vir me dar comida, lavar minhas roupas ou pra cuidar de mim quando estava doente.
Por conta própria, consegui aprender daqui e dali, um pouco aproveitado das aulas do colégio, dos professores e colegas, televisão, revistas e outros, a resolver meus problemas sozinha.
Sabe, quando chegou aquele dia em que você acorda com a cama manchada de sangue, ao contrário do susto que a maioria toma, apenas fiquei pensando em quanto tempo havia se passado sem me dar conta. Era como se sempre tivesse tido aquela idade.
Eu era madura demais em relação a meus colegas de sala, por isso, os assuntos e as brincadeiras deles não me agradavam e não tinha amigos, alias, falavam de mim pelas costas dizendo que me achava a toda poderosa. Acho que sentiam inveja ou medo por ser diferente.
Enquanto sonhavam em serem jogadores de sucesso e elas cantoras famosas de alguma banda pop, meu sonho era poder me sustentar com as próprias mãos e não precisar mais da minha mãe sínica e pai ausente.
Preferia passar sozinha, lendo os livros que conseguia emprestado da biblioteca, a maioria de drama ou suspense.
Tinha um apreço por histórias de investigação, de como um detetive andava quase sempre sozinho tentando solucionar os casos que apareciam.
Sentia como se eu e os personagens fizéssemos companhia um para o outro em meio a solidão, juntos, mas sozinhos.
Vez ou outra quando havia um computador disponível na sala de informática, gostava de estudar casos de assassinato, quando ninguém estava olhando é claro.
Minha mãe, quando queria me assustar, contava uma história sobre o estripador de Vladvostok, que caçava pessoas pra comer.
Quando fui pesquisar, não encontrei nada, mas aos poucos fui descobrindo assassinos que faziam exatamente isso e muito pior.
Nas histórias, tinha meio que aquele clichê de se colocar no lugar do criminoso pra saber como pegá-lo. Como daria pra se colocar no lugar de um estuprador e assassino cruel?
Essa pergunta só consegui responder muito tempo depois…
Um dia, quando tinha 14 anos, estava sozinha no canto de costume vendo meu reflexo na janela da sala de aula, pensando no que deveria fazer, quando me chamaram na sala do diretor.
Quando cheguei lá, ele estava acompanhado de um homem de terno cinza, ambos com uma expressão de pesar que chamou minha atenção.
— Kasumi?
Respondi acenando com a cabeça, sem saber como reagir.
— Sou colega de trabalho de seu pai, ele me pediu pra cuidar de você se alguma coisa acontecesse.
Acontecesse? Pensei, achando cada vez mais estranha aquela situação.
— Ele e sua mãe… Os dois morreram em um acidente de carro.
Pela primeira vez, senti um aperto no peito e o ar faltar nos meus pulmões, assim como um frio agonizante na barriga.
Perder um familiar de maneira tão repentina e trágica é uma experiência para muitos traumática, mas para mim, depois do susto inicial, o que senti foi uma sensação de alívio.
Na hora fiquei muito confusa. Como poderia sentir um pingo de felicidade por uma coisa daquelas? Como lidar com se sentir mal por se sentir bem?
Não tive tempo de raciocinar sobre isso.
— De agora em diante, estará sob minha responsabilidade.
Vi nessas palavras a oportunidade que tanto buscava em minha vida, ou melhor, de começar uma de verdade.
Na frente do colégio, uma limousine estava nos esperando, com motorista pra abrir a porta e tudo.
Nós passamos para pegar meus pertences na minha antiga casa.
Quando abri a porta, senti um sentimento de vazio, de perda, literalmente como se estivesse deixando tudo, inclusive meu antigo eu pra trás, mas também senti aquela esperança melancólica de antes.
Não tinha quase nada pra pegar.
As roupas couberam quase todas em uma única mala, com o restante, junto dos sapatos, em outra. Fiz questão de não levar o luxo falso que minha mãe me dava.
O som da porta fechando precedeu minha última vista de lá.
Minha nova casa era linda, cercada por um jardim florido rodeado por muros de pedra e mármore, feita em uma colina com vista para a cidade.
Seu interior era igualmente belo, com granito, madeira fina e prata sobre muitos móveis.
Enquanto olhava a decoração, ele me chamou.
— Gostou?
De novo respondi acenando com a cabeça. Ainda não me sentia segura pra falar com alguém que tinha acabado de conhecer, não por tudo que passei.
— Que bom. Irá morar comigo e posso prometer que nada lhe faltará. Comerá do bom e do melhor — Falou colocando o paletó em um gancho ao lado da porta — Espere para ver seu quarto.
Ele dava para os fundos, bem onde estava aquela paisagem incrível de antes, com uma janela do tamanho da parede inteira, cercada por cortinas de ceda, uma cama com mosqueteira que dava um ar misterioso, um guarda-roupa antigo de madeira trabalhada e um espelho grande com moldura em prata estilizada.
Por mais que achasse tudo muito lindo, não era como se estivesse satisfeita.
— Não parece muito contente, se bem que não posso lhe culpar…
Era estranho, mas conseguia sentir o interesse dele por mim. Digo, porquê alguém me daria tanto?
Por mais infantil que parece, não sabia o que fazer diante de uma demonstração de carinho, a primeira que conseguia me lembrar.
— Tenho uma coisa capaz de animar seus ânimos.
Ele caminhou até o guarda-roupa. O som do ringir das portas lembrava o de um portão e para além delas estava uma coleção de vestidos brancos e que pareciam de um conto de fadas.
— Tudo é seu agora. Os sapatos, os brincos, colares e demais joias também.
Seu sorriso brilhante era encantador, mesmo teatral, assim como o caminhar rumo a saída.
Antes dele ir, de alguma forma, consegui fazer algumas palavras saírem de minha boca.
— Obrigada — falei de cabeça baixa, sentindo até mesmo um calor no rosto.
Virando-se um pouco, ele respondeu sem alterar o ar de felicidade.
— Não agradeça…
Então se foi, me deixando para trás com meus pensamentos tão emaranhados e sentimentos tão confusos que a melhor resposta que pude pensar para todas aquelas perguntas, foi o silêncio.
— // — // —
A lua já começava a aparecer no céu, tão forte que nem precisava acender as luzes do meu novo quarto.
Foi bem rápido para organizar meus pertences, não que tivessem muitos deles, mas precisava de um momento de solidão.
Como costumava jantar cedo, já começava a sentir fome.
Ainda estava vestindo o uniforme do colégio, e a aula de educação física havia bem cansativa.
Tinha uma porta que acreditava ser o banheiro e de fato, quando a abri vi um chão de granito cinza e paredes brancas. A pia era escura e a torneira possuía um contraste prateado. O box era de vidro transparente com uma banheira grande, quase uma piscina. As luzes ficavam em volta das paredes, cobertas por uma capa em volta que as fazia apontar para cima. A cor amarelada lembrava velas, o que me dava uma estranha sensação de conforto e comodidade.
Ao lado do chuveiro estava uma prateleirinha com uma infinidade de produtos de beleza que se quer havia ouvido falar, em embalagens que por si só já pareciam caras e perto delas uma toalha de algum tipo de tecido que tão fazia ao ponto de me fazer sentir vontade seguir esfregando ela em meu rosto.
Sem mais delongas liguei a chuveiro pra encher a banheira e comecei a tirar a roupa.
Quando entrei na água, comecei a sentir a tensão dos meus músculos se esvaindo, e só assim consegui reparar no quão cansada e ansiosa realmente estava.
Vi entre os itens alguns sais de banho. Minha curiosidade me levou a querer saber como era usá-los.
Enxaguei meus cabelos, massageei meus ombros, lavei meu rosto cansado e respirei fundo, sem pressa. Era como se todos os sentimentos negativos de antes fossem anestesiados.
Quando terminei de me secar, enrolei a toalha e mim para buscar minha roupa.
Ao abrir a porta, vi um vestido sobre a cama, junto de outras peças e até um par de sapatinhos lindos e uma carta selada ao lado delas.
Nela estava escrito:
Não se sinta acanhada, tudo é seu para usar a seu bel prazer, entretanto, para nosso primeiro jantar gostaria que vestisse isto.
Assinado, Seu Anfitrião.
Por um instante fiquei pensando no quão chique, até mesmo meio romântico aquilo era, mas uma coisa me chamou a atenção, como ele sabia que estava tomando banho justamente naquela hora? Ou é só minha paranoia de ler contos policiais?
De qualquer modo, tratei de me vestir.
Para minha grande surpresa, tudo caiu em mim como se tivesse sido feito sob medida, até mesmo o sutiã, um pouco apertado, exatamente como tinha que ser.
Enquanto me olhava no espelho, observando o quão bem combinava como minha pele, realçava minhas curvas e fazia me sentir elegante, ouvi batidas na porta.
— Kasumi, o jantar está servido. Pode vir assim que estiver pronta, primeira porta a direta das escadas no fim do corredor.
Não tinha porque demorar, então apenas respirei fundo e fui.
Ao sair do quarto, pude ver as luzes ligadas de forma semelhante ao banheiro.
A Casa era moderna, mas sua essência rústica.
As escadas de pedra escura levavam para a um andar abaixo, não necessariamente o subsolo, mais a parte baixa do relevo da colina.
Quando entrei na sala, me encantei com o fato dela ser revestida por vidros e dar direto para as luzes da cidade abaixo.
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Ela tinha o mesmo efeito de iluminação dos outros cômodos, e sua mesa seguia o padrão de ser de preta, mas não de pedra e as paredes brancas, com exceção de alguns enfeites a volta dos jogos de lâmpadas.
Meus olhos correram até encontrar ele numa das extremidades, bebendo o que parecia ser vinho.
— Pode sentar a meu lado.
Caminhei sem jeito. Era estranho ser vista naquelas roupas, princialmente sem noção de etiqueta.
Seus olhos fitavam cada passo que deva, não parando nem pra levar a taça a boca. De certa forma, me sentia invadida.
Quando sentei, estava diante de mim um prato coberto por uma tampa de prata, o qual fez questão de levantar. Um bife bem grande coberto por ervas e um molho que parecia ter sido propositalmente espalhado de forma estilística estava sob ele.
Parecia mesmo delicioso e não havia comido nada desde o almoço.
Sem demora, peguei o garfo e a face e comecei a cortar com certa rapidez, mas me senti impelida em manter a postura e desacelerei.
Ele seguiu me encarando enquanto bebia, só começando a falar depois de estar quase acabando minha refeição.
— Sabe como se aprecia um bom vinho?
Balancei a cabeça em negação.
— As vezes começa na própria apresentação da garrafa, o rotulo, seu formato o jeito que é lacrada, isso instiga desejo. Depois parte-se para seu cheiro, um aroma único e intoxicante.
No meio da frase dele comecei a sentir fraqueza nos braços e princialmente nas pernas.
Mal pude perceber o barulho de sua cadeira quando levantou, apenas senti os dedos tocarem meu queixo.
— Você pega a taça despeja o vinho bem devagar, aproveitando para ver a cor e a viscosidade do líquido.
A mão dele começou descendo pelo meu pescoço e… Continuou…
— Então começa a chacoalhar para prepará-lo.
Ele me empurrou para o chão, sem expressar nenhuma emoção e tirou o cinto para enrolá-lo a volta do punho.
Tentei levantar, mas estava quase imóvel.
— Quando entra em contato com o ar, o gosto começa a mudar. Começa a revelar sua verdadeira essência.
Um soco veio do lado do meu rosto, seguido de uma dor funda no canto da boca.
Tentei arrastar meus pés, me puxar com os braços. Tudo em vão…
Ele pisou em minhas costas, bem sobre uma das vértebras, dando uma queimação sufocante que tornava difícil de respirar.
O grito de minha dor não conseguiu sair, pois o ar não sequer conseguiu entrar em meus pulmões.
— Dói, não é? Querer gritar e não conseguir. Sente-se frustrada diante de sua própria incapacidade?
De repente, a pressão saiu de cima de mim e virei para vê-lo, o medo me corroendo por dentro.
— Por quê? — perguntei quase chorando de pavor.
— Não ouviu o que disse? De como gosto de apreciar aquilo que vou saborear?
Ele começou a tirar a roupa…
Tentei gritar, mas meus gritos não alcançaram ninguém.
Em meio a penumbra a única coisa que brilhava era o olhar inexpressivo dele, me atravessando como se não fosse um ser humano.
O pouco que conseguia mexer tentava empurrá-lo, afastá-lo.
A sensação era como de estar se afogando, desesperadamente tentando se agarrar a em qualquer pedaço de madeira para sobreviver.
— Sabe por quê escolhi este vestido para você? Pois, existe algo mais belo do que o branco da inocência manchado de vermelho?
O que mais doeu… Foi a amargura da minha impotência…
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Infelizmente não posso mais prometer uma regularidade de capítulos, pois minha vida está conturbada, difícil como não imaginam...
Mas tenho uma boa notícia a vocês. Está história ganhou uma versão em audio feita com muito talento.
Praqueles que tiverem interesse, quem sabe revisar tudo desde o começo, fica aqui o link
Se está lendo até aqui, fico feliz de seguir esta tragetória comigo, que como o ultimo capítulo deixou bem explicito, nem sempre é feliz ou mesmo prazerosa de ler, muito menos escrever, mas gratificante a seu modo.
Até a proxima!
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