Volume 2 – Destino Flutuante: A Entrada da Cidade
Capítulo 29: Segundo Vislumbre
O pesar era inexistente em Réviz, que escalou o hotel e fitou ao redor feito um vigilante inconveniente. Ao balançar a cabeça por todas as direções, encontro o assunto desejado mais distante.
Traje de caçador era efetivo em disfarçar no escuro, entretanto, numa adição significativa, puxou um capuz e se definiu como imperceptível.
Atravessou as ruas ao saltar entre os prédios, usava os objetos como meras ferramentas de locomoção, esgueirou, girou e agarrou com exímio pelo percurso. A demonstração de parkour merecia prestígio, logo, para encerrar a apresentação no passo pesado, aterrissou numa rua escura e deslocada de qualquer cidadão, o único lugar que faltava ser tocado pela luz colorida que preenchia pelas ruas mais ao longe.
Uma multidão passou pela rua em fervor de festa, cantavam e dançavam a frente de uma carreta que seguiu até o parque, havia um gradiente de emoção que tendia das periferias até as regiões centrais da cidade. O vice-líder, vendo a rua vazia, com seus moradores todos fora de casa, realçou a falta de moderação no ritmo festivo:
— Animais…
O desprezo pelo distanciamento curto entre as pessoas o fez fungar o nariz. Após atentar para frente, a antiguidade foi constada confirmada na mente: “Museu da elevação, o segundo lugar que vislumbrei”.
Réviz fitava a grande placa acima, comparava a versão recebida pelos olhos do agora com as imagens vislumbradas anteriormente entre pontadas na cabeça. Branco e belo, um lugar movimentado e adorado num dia ensolarado. Agora, o branco desbotado em meio ao cinza morto e insaturado que dava o contraste fiel como abandonado.
— Previsível para um museu, infelizmente.
Entretanto, era notório a presença de alterações recentes. Gritando pelo concreto corrido e a armadura exposta, imensas mensagens coloridas abordavam a entrada. Fogos de artifício preencheram os céus, e Réviz nem deu a mínima importância, focado milimetricamente.
O movimento da cidade estava concentrado nos barulhos que viam de suas costas: música, vendedores, famílias felizes; uma festa para todos. Um ambiente que não trazia tanto agrado para o terceiro nível, embora tal comoção fosse descrita de forma perfeita nos cartazes na porta do museu.
“Venham! Amanhã acontecerá o grande festival flutuante!”, uma mensagem com desenhos amigáveis pendurados ao serene ambiente sem alma.
Ignição singela percorreu o corpo, que disparou em uma escalada até o topo pelos pilares. O telhado era quase inteiramente composto por vidro, a iluminação natural e dos fogos realçaram o estado deplorável e largado do lugar sob clarões de felicidade.
— Igual ao vislumbre. Um museu enigmático.
Uma cobertura de vidro percorria pela extensão do telhado, deixando o interior visível através da luz fria da lua. Aproximou-se do centro e abriu uma escotilha por perto, se atirou do topo numa aterrissagem que ecoou e ascendeu poeira das relíquias.
Seu traje escuro se camuflava perfeitamente nas sombras, entretanto, um grande brilho branco tocava sua silhueta extravagante. A luz pulsava como se alimentasse uma ansiedade incomum no ambiente histórico. Em meio aos replandeceres momentâneos, notou os objetos de exposição do lugar: pinturas, estatuas, fotos, armas e um grande mapa de toda a cidade.
Aquele museu era a personificação da história do lugar que sempre parecia flutuar de longe, que tinha uma imensa importância nos seus vislumbres. Com uma pressa e delicadeza incerta, caminhou até a porta do fundo do museu, onde trazia a atenção rítmica, desviando de esculturas de pessoas importantes.
— Não parece ser um dispositivo de segurança.
A entrada estava realmente trancada, mas a escotilha se manteu aberta. A situação precária do exterior complementava o interior, seja lá qual era o uso do lugar, se tornou claro que era diferente de expor as pessoas cobertas por poeira.
Aquele local tinha uma função diferente, uma que não permitisse vândalos quaisquer de atravessar ou cidadão sedentos pelo aprecio de uma boa história.
Passou pela última estátua e parou. Retomou o olhar e confirmou a suspeita incomum. Era uma estátua de um homem barbudo com cabelo espetado e amarelo. Numa pose poderosa, o sujeito representado pisava em outro, que tinha um enorme cabelo roxo e liso, amarrados a uma lança quebrada.
— Esta lança...
Se recordou dos vislumbres que compartilhou com Mark. Na visão de um grupo encapuzado, um cabelo roxo se enrolava numa lança semelhante. A descrição era conveniente e passava a impressão familiar.
Abaixou o corpo e notou a placa. Tentou ler a interpretação da representação mostrada, mas todas as gravuras estavam desgastadas a ponto de serem ilegíveis. Passou a mão e limpou um pouco da poeira. Ao examinar outra vez, sibilou:
— “Uma guerra de ideais, justiça e paz. Nossos antepassados, usando a vida dos inimigos em troca do futuro seguro...”
Distante da mensagem central, havia uma pequena frase mais ao extremo direito da placa. Após limpar, pode completar o retratado na estátua:
— “E sorrindo para a paz sob o céu estrelado”. Humf...
O jogo de palavras era o suficiente para dar a ilusão de a quem referia. Coincidências pairavam ao redor de Réviz, bastava que seguir até o fim para abocanhar a resposta.
A luz continuou a oscilação interrupta, banhou a placa e capturou novamente atenção do agente.
Esgueirando com muita cautela sobre uma noção vaga do destino, não sabia o que esperar daquilo. Sua face se contorcia em frieza e… curiosidade, ter encontrado uma figura tão precisa no museu era a prova de que a missão de décadas tinha resultados a mostrar.
A postura se tornou atônita quando percebeu a verdadeira utilidade da sala que tinha a luz.
Abriu a porta-dupla com delicadeza e se preparou para qualquer virada de fatos. Com a guarda erguida, preparou e...
Paredes rodeadas por monitores gravavam ângulos constantemente do centro da cidade, mostravam as pessoas de cada rua em volta do parque, bebendo, conversando, beijando e se divertindo.
O monitor do meio da parede era o maior, transitava entre imagens mais claras destes ângulos. Porém, não foi isto que fez a boca abrir e o ar entrar, foi o perceber que o maior registrava a visão total do hotel em que hospedou seu grupo.
Pode até ver Nirda passar entre as janelas, tentando melhorar o humor de Mark.
Observados? Era essa uma de suas interpretações, entretanto, seu fundamento de lógica desmoronou quando percebeu, no lado esquerdo, que a fonte do brilho em sequência vinha de um imenso cristal em um altar.
Cada olhada era uma pergunta. Por que o vice-líder de esquadrão estava sendo pego de surpresa? Era realmente possível algo tão esperado de alguém inesperado?
“Qual o significado disto?”
— Rhouuf...
Os olhos percorriam frenéticos pelo branco que tingia a sala. Encurtou a distância com a ponta dos dedos até a pedra, mas o movimento hipnótico foi travado ao escutar o ronco de um sujeito mais ao fundo em sua direita.
O choque com a informação não deu tempo de perceber a missão que um terceiro nível devia ter em mente: não abaixar a guarda. Sua jornada para encontrar respostas dava frutos, não conseguia se conter com a devida postura. Negou com a cabeça, agoniado pelo próprio fracasso em se manter são.
Definitivamente, buscou se manter preparado ao avaliar o local que entrou. O cômodo era largo demais para ser focado em apenas vigiar. Dessa forma, retomou ao comportamento cauteloso e rígido ao olhar para quem dormia.
O ronco começou a reverberar mais alto, a pessoa, que relaxava com a cadeira inclinada e apoiada na parede, tinha braços jogados para trás enquanto babava. Tão indefeso assim?
“Talvez, eu possa saber do que isso se trata” pensou, inconformado.
Retirou sua luva direita e levou deu dedo para a testa do dorminhoco. Antes que sua ignição manifestasse e invadisse a mente do desconhecido. Faíscas apareceram como uma alucinação de um oitavo de piscada e deram um curto pelos dedos.
“Outro!?” A ignição enlouqueceu com o toque, se propagou em meio ao ar sem controle em um milésimo. Deu um salto para trás ao notar o despertar do indivíduo, que se equilibrou na cadeira após deixá-la em pé e cultuou a presença inesperada:
— Um curto… — Bocejou. — Parece que é a primeira vez que me vê, não é? — disse causalmente, com uma voz amistosa.
Posição de guarda enrijeceu sobre a reação de Réviz, que via ali a ameaça inesperada. “Esse curto significa que...”.
— Ah! Não me diga que não sabe. Afinal, é o blá blá blá de dois usuários quando se tocam de primeira vez. — Coçou os olhos.
Um comportamento tão amistoso aparecia com algo tão esquisito… Receio preenchia os pensamentos do agente, a visão se deparou com a marca no pescoço daquele que não conhecia.
— Um exilado. — comentou em tom seco.
— E você é um terceiro nível, não tá em lugar de fala pra me julgar não — retrucou, apontando o indicador junto a um sorriso corado.
Com o reconhecimento e apresentações forçadas, concluíram uma introdução crua, a qual foi prosseguida com troca de olhares silenciosos.
— Qual é o objetivo deste lugar?
— Ô, moço, cê que não era pra tá aqui em primeiro lugar… — Estralou o pescoço. — E eu não posso te entregar a paçoca.
Essa conversa não tinha mensagens iguais. Enquanto um se preparava para o desconhecido, um transmitia uma certa ameaça com hospitalidade ou amizade.
— Escuta só. Que tal você me deixar te dar uns tabefes para você esquecer disto, tipo, literalmente, e eu puder concluir aqui sem ter que manchar as mãos? — Coçou as orelhas.
— Huh! Conheça teu lugar. Considere esta mesma proposta para si.
O sujeito relaxou a postura, triste com o resultado. Ombros despencaram, queixo negou e balançou as mãos ao esticar a coluna. A sequência de alguém recém despertado era desleixada. Ficou notavelmente desapontado, pois o rosto confiante apareceu como uma ameaça já ganha.
— Já que insiste. — Jogou a coluna para trás. — Comecemos... — Ignição percorreu por todo o seu ser em cores misturadas e rítmicas. — Direção! — sussurrou, animado.
As duas mãos brilhavam fortes em cores que disputavam a mesma intensidade, o amarelo e roxo. O cristal, que foi a razão inicial a levar ao conflito sem hora marcada, parou de emitir presença quando os pulsos pararam abruptamente, permitiu em ter o guardião dorminhoco destacado em meio a escuridão.
Uma áurea amigável vinha do homem quando levantou a mão direita para um estalar de dedos. Réviz, atento a cada centímetro do usuário de energia encontrado, espantou-se ao notar o desligar um a um dos monitores até a ausência do visível pudesse ser uma descrição direta da sala.
Dessa exata mesma forma, o sujeito prosseguiu até Réviz, quem desviou de um soco direto com o girar de quadril.
Um chute alto veio numa corrente de ataque devido ao desvio. O vice-líder executou um mortal para trás que o deixou de costas para a porta que retornavam até o salão principal do museu.
As mãos adversárias pareciam dançar no escuro, possuindo cores que não se via normalmente. Foi muito ágil. Dedos foram até a ponta do nariz, mas permaneceram à deriva pela ventania gerada no reflexo exageradamente veloz e frio do invasor de museus.
Aquele individuo parecia ter sua energia canalizada nas mãos, estava claro que seu objetivo era o toque direto. Réviz tinha um impulso exponencial a cada metro que o adversário se aproximava.
“Ele precisa do toque físico como a mim”, notou a insistência no toque das mãos coloridas.
Eram assustadoramente rápidos pelo grande local histórico, tentava a aumentar a distância com aquele que possuía incerteza das capacidades completas que mostraria.
O olhar afiado do terceiro nível analisava o comportamento inimigo com detalhes minuciosos. “Mão aberta, mais brilho”.
A ignição daquela energia trouxe brilho de cores mutáveis que haviam de ter um padrão do comportamento. “Seja o que for, preciso evitar”.
Pulavam paredes, quebravam itens. Insatisfação atormentou o guarda desajeitado. Dentes tremeram e um desabafar irritado foi emitido no mesmo momento. Réviz, na espera do avanço, se pendurou na parede. Mas o ataque não veio.
Percebeu o adversário afastar num salto. E, ao procurar o inimigo, uma escultura invadiu o campo de visão no meio da luz do luar. Um barulho de pedras rachando e fragmentos que caiam ao chão surgiram atrás da escultura.
— Nada pessoal.
A estátua foi levantada com empenho. A ignição amarela estava tão intensa que iluminava os arredores como um farol. Num ato ainda mais desajeitado, o inimigo atirou a estátua em Réviz enquanto deu uma piscadinha com a língua para fora.
O projetil improvisado foi desviado e aproveitado. Réviz pulou no objeto e usou como um caminho suspenso para uma investida.
Olhos ascenderam e as pernas aceleraram. Junto do punho erguido, recriou o ataque que racharia o escudo da Luri.
Projetou o adversário contra a parede feito outro projetil forçado. A nuvem esbranquiçada das estátuas preencheu o campo de visão, entre os lutadores.
Mais tentativas de surpreender Réviz que não conseguiam sucesso. Ações que não deviam ser previstas foram revigoradas a frente: uma pintura foi lançada e perfurou no branco do ar. Réviz nem teve a ligeira vontade de agir. O objeto nem chegou aos pés dele.
— Xô testar um trem.
O amarelo brilhou e revelou momentaneamente a silhueta por trás da poeira. Seu adversário usou objetos ao redor como munição, atirando em alta velocidade qualquer coisa que as mãos coloridas tocavam.
Um clarão surgiu junto a uma torrente de furos apareceu, Réviz foi abordado pela distração inevitável e desesperada, que não tinha poder defensivo eficaz do que os próprios punhos. A nuvem dissipou enquanto o terceiro nível pulou antes de girar o corpo no ar, ficou ileso ao colocar o corpo no vão entre os tiros no ar.
Dedos singelos foram até as costas… No milésimo anterior em que Réviz ia atingir o chão, um olhar determinado e confiante o cercou por cima.
A ignição marrou apareceu e foi condensada nas costas. Surpreso com o tempo de reação do invasor, o guarda foi forçado a recuar. Tentou cancelar a tentativa do ataque sem escapatória em uma fuga também sem escapatória.
O braço de Réviz foi em direção ao pescoço e o imobilizou, prendendo suas pernas com as do outro e desviando do impacto com o piso — impressionantemente, o tatame se tornou o próprio oxigênio, podendo fazer uma plateia vibrar numa competição pela virada instantânea da vantagem.
Réviz segurava o rapaz pelas costas num mata-leão e tinha a oportunidade de ouro. Aterrizaram no chão e usou o guarda para amortecer a queda bastava finalizar o confronto.
— Contra…
— Ainda. Não!
Eletricidade percorreu em um grito que se propagou no mesmo com o pescoço amarrado. Luzes de roxo e amarelo se tornaram outro clarão em meio a uma ignição tão potente que podia ser vista de muito longe feio um relâmpago.
Raios percorreram e espalharam no ar e pelo corpo de Réviz — um fenômeno tão bonito e capaz de causar pânico para qualquer um que fosse o alvo. Despreparado para isso, a estratégia minuciosa desabou quando percebeu que sua própria ignição — aquela que traria sua “contradição” — se misturou com o de seu inimigo e dissipou.
A inspeção mental foi cancelada abruptamente ao colidir com a ignição do adversário.
Desfez a guarda por cima do adversário e se afastou, aflito com o movimento. O outro se levantou, ainda com o sorriso casual enquanto o brilho amarelo e roxo afloravam pelo corpo, chiando em estática.
— Nossa! — Coçou a garganta. — Você não é ruim, hein… Só faltou cuidado meu e… seu! — apontou para o peito de Réviz.
De repente, um símbolo apareceu por cima de sua roupa, era o resultado do mesmo ataque que tentou evitar.
— Não só deixou outro curto aparecer, mas como, também, fez a saída aparecer. — Mostrou a mão esquerda, que balançava como um tchauzinho, pelo fato dela não estar mais brilhando.
— Se há saída, há uma entrada. — Outro sorriso amigável ao levantar a última mão, brilhando intensamente até se condensar em um símbolo na sua palma.
A luz roxa, que um momento atrás pulsava na mão do adversário, estava cravada no peito de peito de Réviz, e a luz amarela pulsava na mão direita do inimigo repentino, sincronizando as piscadas como uma só luz ritmica.
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