Pôr do Sol Brasileira

Autor(a): Galimeu


Volume 2 – Destino Flutuante: A Entrada da Cidade

Capítulo 30: Entrada e Saída


 

Eis a virada de eventos que acabou por trazer a percepção que há muito, muito tempo não sentiu: um adversário que exigiu uma compreensão vasta e precisa, alguém que era capaz de dar trabalho.  

Encontrar um usuário de energia não era o fato exclusivo que trazia a feição intrigada, a naturalidade daquele que enfrentava escancarou o quão preparado estava. Invés de ter as variáveis no controle, Réviz sentiu na pele o descuido de uma luta faltosa do preparo.  

Porém, o perigo foi uma adição ao questionamento real: “Não é como o Mark… Por quê?”. O encontro com seu filho adotivo vinha a cabeça, era um cenário totalmente diferente… “O que me trouxe até ele?” 

Um vislumbre havia o guiado até encontrar o jovem de cabelo hipérbole, um usuário fora da ODST que o tornava uma exceção ambulante. No entanto, na sua frente, havia outro que quase tinha as condicionantes iguais, porque o aguardado foi o vice-líder. 

Apertou o punho em meio a mente imersa em uma nuvem densa de não-respostas. Fixou os olhos no guarda e ajustou a postura — sua defesa, agora, se ajustou em algo menos fechado, braços mais separados que, finalmente, consideraram o ataque como técnica defensiva. 

O guarda dorminhoco levantou as mãos e girou o ombro, apontou para o invasor de maneira peculiar para retirar uma culpa hipotética:  

— Olha, não precisa ficar tenso assim. Bastou usar minha energia, duh? — consolou. — Já que vai esquecer mesmo, vou te dizer o que ela faz! Mesmo que eu não seja o vilão, obviamente. 

Uma pessoa sem noção subestimava o terceiro nível de um jeito relaxado. “Inocência ou estupidez, entretanto… vilão?” Esta pessoa sabia o que Réviz era? Ou melhor, sabia a razão tão conveniente que trouxe sua presença crucial naquele local? Precisava tomar controle da variável. 

O símbolo em seu peito pulsava, brilhava nos mesmos tons da outra mão do adversário. Ritmo era destacado, assemelhando a uma conexão de dispositivos eletrônicos. O guarda ficou inquieto com a falta de reação clara do invasor. 

— Deve ter notado um tipo de sincronia, ou seja, possuem uma ligação simples.  — Girou a mão como se lançasse uma magia brega. — Meh! Que tal mostrar numa aula prática? 

Sem jeito, foi até última grande estátua no centro — a mesma em que chamou a atenção do terceiro nível. Preparou os punhos para um golpe certeiro em uma das pernas e se atentou ao invasor, que tinha uma expressão fria, com uma olhadela sorridente. 

Com um golpe do punho brilhante, a estátua se despedaçou em milhares de partes, a cabeça se tornou poeira com a força bruta que a deixou para queda livre. Um reflexo banhou os olhos e revelou o material escondido dentro da possível estátua comum, um aço que reforçava como se fosse o esqueleto. 

Resultado impressionante. No exato momento em que o impacto aconteceu, Réviz sentiu um pesar de força em seu peito. Perdeu o equilíbrio e quase caiu ao chão, resistiu com empenho a dor que o atingiu junto a um fulgor formidável.  

Suas roupas, que somente pareciam armadura leve, realmente amorteceram grande parte do resultado. 

— O que entra, sai! Inclusive a minha dor! — disse, animado. 

Pupilas contraíram com a conclusão: “Ele vai se usar para me atacar”. A energia do vice-líder era perfeita para retirar informações, e não para uso ativo em combate. Dessa forma, contar que o inimigo era tão habilidoso quanto evidenciava que o destino das ignições guiaria o rumo do confronto. 

Bastava ter a energia conveniente para o confronto, um adversário que fosse incapaz de revidar e só. 

Enfim, seria o que qualquer um pensaria como cenário perfeito, inclusive o suposto guarda do museu. Sim... qualquer um sem experiência pensaria. 

O guarda dorminhoco ajeitava o cabelo, exibindo o desempenho mostrado. Remexeu os quadris num joinha presunçoso. Durante a dancinha forçada, o cérebro gritou ao ouvir a mensagem dos olhos: outra investida tão abrupta do invasor, que tinha brilhava por inteiro em marrom junto a mão estendida.  

Uma rajada de vento fez o lugar tremer, ruindo em barulhos do fim dos tempos; vidros vibraram, pilastras arranharam e a determinação à vitória ruiu. Pego desprevenido, sentiu a mão adversária abraçar a testa e enterrar a cabeça ao chão. Réviz marcou seu adversário no piso e sua contradição apareceu novamente.  

Ignição cintilante; outro clarão.  

Réviz teve sua ignição foi negada novamente. Em guarda, segurou um forte chute do dono da cabeça enterrada. O punho dele, pulsando em cores amarelas e roxas, veio em sua direção num complemento explosivo. Não teve escolha, precisou desviar da trajetória, dando brecha o inimigo se levantar enquanto grunhia em dor com o sangue escorrendo da testa. 

O terceiro nível tomou distância mais uma vez até ver o movimento do seu inimigo. O ataque do suposto guarda, que devia projetar os danos somente ao sinal no peito do invasor, tinha destino um acerto arrogante contra o próprio piso, entretanto, foi parado quando o Réviz envolveu seu braço.  

Era difícil captar o movimento como observador, apenas desaparecia e aparecia. 

Disparou uma joelhada no queixo aberto, fez o guarda mostrar sua naturalidade se esvair em tons de preocupação vibrante com nariz sangrando. O terceiro nível concluiu ao afrontar com um soco que não podia ser visto com clareza — um movimento turvo direto para apagar qualquer um pelo caminho. 

Seu punho possuía míseros milímetros do alvo, o nariz empinado. Dessa forma, pode perceber o ligeiro sorriso da satisfação em realizar o mais singelo dos planos do homem loiro. Réviz teve seu corpo projetado à parede após o grande símbolo da mão do inimigo se locomover pela pele até o lugar do rosto acertado, sincronizando com a do peito de Réviz. 

Foi arrastado pelo museu pelo próprio golpe, que destacou o orgulho amigável e quase maléfico do outro. 

Hmmmm… Ah, Ah… A ideia é boa. Não dar tempo pro inimigo e tal, mas… i se não entende do que eu posso fazer… É-é o pior dos planos. — Retirou a poeira dos ombros, como se diminuísse os esforços recebidos, recuperando o folego. 

Sentindo um amasso, Réviz curvou o peito enquanto sangue escorria por sua boca. O ritmo dos sinais do adversário demonstrava que não era a melhor resposta para alguém como ele — e de fato não foi. “Eu não sirvo para corpo a corpo que nem a Luri”. 

— De novo, não quero machucar ninguém, então me deixa logo terminar, tá bom? — Havia algo de errado, aquele nunca podia ser o comportamento de alguém digno de enfrentar um terceiro nível.  

Era um receio movido por obrigação. 

Tinha algo faltando. 

Começou a caminhar até o vice-líder. Permaneceu ao lado e deu três palminhas com a mão brilhante, parando logo em na frente. 

— Que tal você… 

Num terço de único instante, a palma de Réviz veio com tudo sobre seu rosto. A ignição da contradição estava presente novamente… e outro clarão apareceu, porém, o terceiro nível sumiu de onde estava.  

O loiro ficou atônito pelo susto. Foi como uma assombração que pulava na sua cara. Revirou o lugar e não encontrou o paradeiro. Lábios apertavam e ombros aceleraram junto do pescoço. Assim, bastou o barulho de estalo para roubar a atenção do estranho. Como um ataque surpresa, Réviz usou o cancelamento de propósito para forçar uma isca. Percorreu o museu e tomou impulso para uma série de ataques.  

A face do terceiro nível estava completamente estranha… O capuz foi abaixado, e as emoções foram expulsas do corpo. Mergulhou no inimigo sem reagir de forma alguma, apenas fitava e encarava, frio.  

Feito outra estátua.  

O guarda tentou desviar constantemente, mas não era rápido o suficiente para se manter ileso somente com um dos braços; usou sua mão brilhante para aparar os ataques. 

Golpes reverberaram com ímpeto do terceiro nível, que avançava como uma calamidade para o adversário. Sentia cada aparo em seu peito, entretanto resistia com tenacidade e a falta de esboço de qualquer esforço. 

O outro ficava em alerta com a estratégia tão arriscada e assustou a si pela empatia fajuta com a dor do invasor, anunciou a vantagem que existia antes e o viu insistir em um beco de mesma estratégia.  

Pior que ver esta decisão ruim, foi perceber a investida, aos poucos, funcionava — não existia tempo para usar a entrada da sua mão luminosa devido aos golpes que continha. 

“Símbolo, na mão; apenas uma parte…” Réviz percebeu um grande detalhe no embate. O movimento da estátua principal do museu, onde notou a inércia para suas dores, lançou normalmente a destruição pelo lugar. “Fora; tudo”. O golpe fatal que recebeu após acertá-lo não alastrou em volta, somente o fez voar na direção contrária. 

Ou seja, enquanto os ataques forem absorvidos por aquela mão vazia, o guarda sentia parte da dor. E isso era o suficiente… Seu adversário saltou para o alto, apoiou na parede e escalou rumo ao teto. Não teve outra escolha, perseguiu da mesma forma. Com a “saída” em seu peito, queria sempre ter vista de qual jeito ia usar a “entrada”. 

Após os dois estarem cara a cara sobre o teto de vidro, notou que o brilho da mão dele havia desaparecido. Sangue aflorava mais sobre sua boca, embora o fluido vermelho escorresse pelo rosto como gotas de chuva. Ambos sangravam, mas somente um transmitia estar ainda vivo de emoções ao sentir alguma dor. 

Réviz precisava saber o porquê foi atacado em primeiro lugar. Se foi por apenas uma invasão, não devia ter sido respondido por outro usuário de energia. Questionamento sem conclusão apenas trazia o clima de velho oeste, bastava a ligeira menor contração de músculos para outra cena amedrontadora ocorrer. “Cansei de me segurar”. 

AH! Quê isso agora, hein?! Quer agir como se fosse algo justo, terceiro nível? Afinal, aparecem para estragar as coisas, julgando da forma burra! 

— Aparecem? Burra? — sussurrou. 

— Não finja de desentendido! Veio atrapalhar o processo do ritual, né? Sabendo que ajudará todo nós! Não passa de um fantoche da estrela sorridente — Apontou, com fúria. 

Mais dúvidas foram invocadas na mente do vice-líder, que enrijeceu o corpo com a surpresa. Aquele quem dizia isso possuía muita convicção. Tinha uma escolha a fazer; tentar retirar as respostas durante a luta, se arriscando durante o processo ou… parar de se conter. 

— Pensam que estão certos. Eu tava esperando outra pessoa, um fulano dos experimentos de não sei o… 

Semelhante o bote de uma cobra, Réviz pulou como uma bala — essa velocidade que possuía, naquele momento, era idêntica à demonstração da ignição de Luri, porém, ambas as mãos estavam juntas e entrelaçadas. Assim, a decisão foi tomada. 

— Quê? — soltou, surpreso com a sequência. 

O terceiro nível mirou novamente na cabeça, soltando uma ignição agitada. Novamente viu o símbolo da entrada na trajetória, desviou o ataque e projetou para o peito do outro. Num movimento de um quarto de piscada, o guarda não podia desviar e nem usar movimentar de novo a marca. 

Clarão. Se afastou do terceiro nível e teve todo seu rosto desmanchado em medo. A ignição de Réviz não desapareceu, estava mais forte, como se quisesse escapar do seu corpo com a intensidade descontrolada.  

O guarda rangia os dentes em fervor do embate, e o invasor mantinha os faróis marrons estáticos, encarando de forma fria o alvo. Raios se espalhavam ligeiramente, cores dividiram a iluminação dos arredores 

A ignição deu lugar a uma luz que varreu o corpo inteiro do desconhecido e se condensou na sua cabeça. 

Contudo, a força foi unilateral. Réviz, ainda com os punhos no peito adversário, realçou sua decisão: 

 

 — Permissão. — Estendeu a palma para o alto, condensando toda a eletricidade sobre ela. 

 

Uma espécie de névoa apareceu, formou uma esfera perfeita, tendo ele como centro. Raios laranja foram, no gritar de um chiado, conduzidas até atingir o alvo. 

O adversário estava espantado, teve seu corpo perfurado por brilhos de várias direções, porém nada aconteceu. A esfera se dissipou e restaram apenas os dois se encarando. 

Ha! Ah… Ah... Ah. Você me assustou! Acho que devia praticar mais, sabe? Não… pera… 

Caiu no chão, completamente, desmaiado. Sua última vista foram os olhos brilhantes do invasor, que se apagavam cautelosamente em meio a céu estrelado, sujo pela névoa da habilidade recém-ativada. 

— Faz tempo que precisei usar isto. — Suspirou. 

A ignição em seu corpo se transparecia, e a emoção cansada, calmamente, retornava ao rosto do dono. Réviz fitou bem o adversário, curioso. A marca em seu peito desapareceu, mas ainda estava ativa no corpo do outro. Chegou mais próximo e prestou atenção nos símbolos.



 

A vitória foi alcança no horário também não marcado. Revogou a recompensa da exploração: as memórias. O indicador foi levantado e, lentamente, foi de encontro para a pessoa que podia dar cabo do início do fim da missão de vinte anos. 

Contradição. 

Dor aguda atingiu a cabeça, mas prostrou em seguir em frente. O limite não foi alcançado por pouco, mesmo sabendo que podia lidar sem a energia. Bastou parar de conter as capacidades para tudo acabar em menos de um minuto.   

O dedo tocou, ignição aflorou e memórias do guarda constatou.


 O que achou da obra? Considere deixar um comentário!

Muito Obrigado! :)

Entre no servidor do Discord dedicado a obra! Consiga acesso a curiosidades, elementos descartados, ilustrações futuras, playlist da obra e atualizações detalhadas do desenvolvimento:

Discord










Comentários