Volume 1 – Um Sentimento Esquisito
Capítulo 16: Morro da Lei (Parte 2)
Enquanto passavam pelo longo caminho no subsolo do morro, mais canos surgiam de várias as direções, se condensavam pelo teto e permaneciam ao logo do corredor numa tubulação maior centralizada. Paredes caindo, tintas podres, ratos e janelas totalmente nubladas por mofo e sujeira.
Do lugar infestado por cores vivas, luzes em tom de festa; a morte permanência à espreita logo ao lado. O tom monótono em marrom escuro tingiu o lugar com a falta de emoção ao ter a escuridão que ia e voltava pelas lâmpadas falhas.
Aquele caminho não tinha ramificações, somente buracos que permitia os insetos observarem os dois intrusos que tinham a formação tão contrastante. Na reta sem fim, portas beiravam cada metro, a ligeira imaginação de tocar nas maçanetas enferrujadas e arredondadas causaria vomito. Desnecessário, mesmo assim. Os dois agiam em sincronia sem a necessidade de se dizer qualquer coisa; viravam as costas um para o outro diversas vezes, Still verificava se havia algo vivo na sala e, quando Dourres virava na direção da mesma porta, uma varredura de sua energia percorria o perímetro e destacava objetos não vivos.
Visão e audição. A dupla analisava cada centímetro, criavam uma melodia com os passos já treinados. Roxo e prata mantinham o ritmo que dava inveja a dançarinos profissionais. Enfim, eram soldados e nada mais.
A energia de Dourres era algo bem peculiar, poder controlar objetos como se conversasse. Ao ligar a ignição, era como se explicassem onde estão, o que são e como estão… o chiado incomum que só o líder podia sentir nos ouvidos… podia até dizer o que comiam. Na prática, uma visão através das estruturas que marcava na aparelhos e objetos por perto — como num videogame.
Seu esquadrão inteiro tinha habilidades muito úteis em um cenário que exigiam discrição, entretanto, havia um motivo compreensível para que sua colega surgisse no telhado: não existia alguém ou algo que pudesse se aproximar sem ser notado por um dos dois. Provaram isso apenas por invadir o local de festa, causar um alvoroço que passou como apenas e único mal-entendido.
Depois de atravessarem e verificarem dezenas de portas e entradas, A parede do fim da linha ergueu a nitidez uma cuva reta no corredor longo, puderam notar a luz que vinha de uma abertura, um local que desafiava a física somete por existir.
Feito uma quebra da realidade, o ladrilho a frente era completamente limpo, lâmpadas perfeitas e paredes brancas e reluzentes. Até o ar tinha uma cor e leveza que deixaram Still com o pé hesitante em avançar. As bordas das paredes limpas emitiam luzes e piscava constantemente. Praticamente uma imensa impressão de...
— Uma ilusão?
— A dimensão cristalina.
— Como?! Ela é praticamente impossível de ser alcançada! Não conseguimos isso nem na nossa ODST! Por que aqui?! — Os olhos dela piscava para tentar focar no ambiente limpo e claro.
— Está instável por não ter um dispositivo de transição, nenhuma porta ou espaço de dilatação, está apenas fundida aqui.
Numa parte, infinitamente depois do ladrilho sujo, havia também outro, mas estava coberto por cima pelo limpo. Havia uma coisa estranha, havia dois lugares a ocupar o mesmo ambiente.
Dourres só andou de qualquer jeito, nem a máscara representou qualquer preocupação. Avançou sobre a contradição física, dizendo:
— Still, nosso inimigo é misterioso de mais para supor que conseguiram isto sozinhos.
Mesmo com tudo que acabou de fazer a minutos, os dois perduraram com rostos opostos; Dourres com um olhar sereno e Still com a face arregalada.
— Espere! O que quer dizer? Por um acaso, está me escondendo algo? Você pode conversar comigo!
Pulou mais adiante do líder, não por hábito de uma formação, mas para realizar a verdadeira missão que deu razão à sua companhia naquela noite: protegê-lo a qualquer custo.
— A última coisa que presumi como líder do terceiro nível é que a ODST é mera extensão do inimigo.
Com o braço no meio do caminho de Dourres, Still vacilou a postura. No segundo que ouviu a afirmação do seu amigo, o braço falhou e abaixou.
Enfim, não teve tempo de devolver a incerteza, vozes pairaram as costas e um salão com cerâmicas brancas e pilares circulares esteve à vista. Se esgueiraram para trás da quina e Still não se concentrou na missão.
Logo, seu olhar fixo ao chão retratava o que a mente repetia: a verdadeira razão por ter sido escolhida a acompanhar Dourres naquela noite.
【 Mesmo dia, mais cedo】
Na sala de vigilância, rodeada por telões que flutuavam em volta, uma mulher retirou a boina e girou a cadeira para falar de frente com Still. O rosto entristecido tinha os olhos fechados que protestavam contra os próprios pensamentos. Abanou a mão como se espantasse moscas — os hologramas, que transmitiram áreas de toda a ODST, foram expulsos para longe ao desligarem.
— Me desculpa… É que… Na verdade. — Respirou fundo. — O Dourres quer realizar um reconhecimento em um ponto de encontro da Estrela Sorridente, porém, com a situação de ausência do pai dele, fiquei em comandar a instalação temporariamente. Então, acima de qualquer outro do terceiro nível, peço a você, Still, que se assegure de mantê-lo salvo... Pelo menos até tudo isso acabar.
— Entendo. Apesar do senhor Dourres ser plenamente capaz de assegurar a missão por conta própria, se me permite, comandante, posso perguntar do motivo de Cortax não ser escalado? Ele tem a maior capacidade destrutiva e será digno de uma prote…
— De maneira alguma! — Levantou com um impulso que fez dentes apareceram.
Sem deixar explicações, a moça colocou a mão sobre o rosto, tampou um pesar que segurou a emoção da resposta. As tremidas que Still viu acontecer somente deixou claro que havia mais variáveis que Dourres.
— A situação irá ficar… complicada daqui alguns dias. Cortax não pode sair deste lugar por um mísero segundo. Antes que pergunte — Interrompeu Still, que só havia aberto a boca —, Beatrice também ficará fora de cogitação, precisa ser você para que… que todo o planejamento do pai dele dê certo.
— Entendido, senhora. — Retomou a porta.
— Aliás, Still...
— Sim?
Xerta estava muito apreensiva em deixá-lo realizar isso, mas a mulher obediente a frente não tinha olhos para as preocupações desnecessárias. No final, o que importou é a missão — Dourres era mais que um simples colega, e isso já era uma justificativa mais que o suficiente. Contudo...
— Independente se este lugar virar de ponta cabeça quando o pai dele e mim sermos incapazes de ajudar, mesmo que Cortax e Beatrice não concordem, quero que fique ao lado de Dourres. Não solte a mão dele desta nunca mais.
— Senhora Xerta...
Sobre a claridade absurda, notou algo extremamente incomum, chegou até mesmo duvidar ao colocar as duas mãos em cada ouvido. Seus olhos cintilantes pulsavam como se procurasse um sinal. Quando, em um instante, voltaram a emissão contínua, disse:
— A explicação fica para depois. E N-não tem nada de perigoso aqui. Parecem segurar armas, mas tanto faz. Literalmente, não existe nenhum tipo de proteção nesta sala — Remexia o queixo e o pescoço, apontava os ouvidos feito uma antena na procura de informações.
Alguns segundos se passaram e ainda almejava escutar com atenção a sala em sua frente, era um local muito grande. O alarme na voz dela não era a facilidade que podiam ter, mas que a Estrela Sorridente estava cometendo erros gritantes.
— Conecte sua audição a minha. — Pediu Dourres.
Still, segurou a mão de Dourres, permitindo que a ignição espalhasse pelo contato físico. Assim, ecoou com clareza a conversa dos suspeitos:
— Você acha que deveríamos acreditar neles ainda? Está maluco?! — Vinha nos ouvidos dela uma voz grossa e rouca.
— A quepão não é confiança meu cairo, hihi… A energia é algo incrivelmente a se CoNsiDElAR… hihih, uh. — Uma voz muito desagradável e pregada que não conseguia ter uma boa dicção respondeu.
— O tempo do processo para carregar os cristais é o foco principal, precisamos manter a relação da igreja até o fim do ritual, temos que garantir pelo menos isto. Só não quero ter que aturar um metido a palhaço mal maquiado que se acha o engraçadão com uns bichos deformados no bolso — Uma voz suave repreendeu.
Still tirou a mão de sua orelha e se virou para líder, lentamente. O brilho da energia enfraqueceu, e Dourres assentiu. Tudo indicava que o tal encontro com o mandante acontecia naquele momento.
— Se o que busca são informações, estamos no lugar certo. — Still abaixou o braço e comentou com severidade.
— Per…
Ignorou. Dourres tentou colocar as mãos sobre o chão, e a ignição fluia pelos braços. Porém, num aperto que fez a eletricidade se chocar e apagar, viu a parceira o impedir. A ignição de Still concorreu pela mão que segurava e anulou a do líder, dizendo:
— Essa distância vai te machucar!
Dourres puxou seu pulso para fora do alcance das mãos de Still. Não comentou nada, apenas fitou a tentativa que quebrou sua confiança, levantou apenas uma sobrancelha, e a máscara rosnou.
— Sei que está aqui para me proteger, buscar a mínima ação da minha parte; ser o comandante desta operação e, somado ao pequeno fato de ser seu líder, devo assegurar que nada interrompa o sucesso.
Still desmoronou suavemente a cabeça, deu um passo para trás, magoada. A boca arqueou e os ombros foram ao alto. Na tentativa de concluir todas as missões, causou desrespeito.
E o outro não importou com a comoção, apenas provou a razão de ter uma máscara para traduzir as emoções de um rosto frio. O líder pôs o punho sobre o toque do chão de vez.
— Permissão!
De forma contrária ao histórico da noite, somente um notebook ficou fixo no horizonte. Nada era marcado na silhueta ao longe, apenas o dispositivo na mesa. Havia uma única pessoa que via o conteúdo na tela, os outros discutiam sem parar com que tinha a posse dessa visão.
O salão era imensamente grande, não dava nem para dizer em que lugar as delimitações da sala existiam, apenas foi óbvio que não estavam mais no Morro da Lei.
A eletricidade se afinava a cada metro. Forçou. A eletricidade começou a crescer ao normal a cada metro.
Quanto mais longe, mais desgastante ficava em analisar. Um suor escorreu pela testa do líder. Grunhiu como se algo estivesse na garganta, colocava força naquela energia como se levantasse um imenso peso.
Foi o cumulo. Através da face congelada de Dourres, a energia caminhou sorrateiramente pelo lugar. A corrente elétrica evitou o campo de visão dos convidados da reunião e tocou sobre uma das portas de entrada do notebook após subir pelos pés de uma mesa ao centro.
No contato certeiro, a imagem do notebook surgiu na mente; uma videochamada com uma pessoa estranha, o vídeo era todo escuro e somente o nariz para baixo era visível — uma indiscrição proposital.
Não havia mais nada naquele dispositivo, estava completamente vazio. Se forçou um pouco e tentou ver o que encontrava na rede daquele notebook… nada. O computador não estava nem conectado em nada, a chamada apenas se fazia pelo nada.
As informações vinham em sua mente como respostas, fazia a pergunta e o resultado era o que procurava. Após encerrar toda a conexão, sentiu uma ligeira dor aguda contida na mesma hora. A imagem encerrou e a conexão foi encerrada. Retirou a mão do chão como alguém que encostou em água fervente.
Still ainda tinha sua atenção na reunião misteriosa. A voz que se sobrepôs às outras foi a de quem estava no vídeo da chamada:
— O cristal. Chegará. Na. Próxima… semana — disse com uma rouquidão de idoso que tossia a quase cada palavra. — Não percam… por hipótese nenhuma! Essa carga será a… última, o ritual começará. Assegurem-se de… mantê-lo… seguro até a igreja terminar tudo, temos aliados em todos os setores. O. Cristal. Coff, coff. será carregado. O Vulax e sua amiguinha vão iniciar as pontas. Façam questão de mandar esse dispositivo para o subsolo!
“Temos um nome”, pensaram.
A moça se virou para seu líder, mas não precisou dizer nada devido a ação. A troca de olhares já significava tudo. Os dois assentiram e prosseguiram.
Dourres avançou, com o caminhar da mesma forma rotineira das noites comuns. No fundo, um dos homens chegou a percebê-lo, coçou a cabeça e forçou a vista para identificar o cinza brilhante que chegava.
A iluminação do local, mesmo sem deixar pistas da origem, começou a piscar até enfim não suportarem a oscilação veloz. Apenas o brilho da tela do computador deixou um ponto de não-escuridão ao redor da mesa. Os sujeitos se levantaram por reflexo, assustados; não puderam ver a outra corrente que conectou no computador, o choque fez com que a chamada de vídeo fosse congelada.
Alguém indesejado apareceu, aquele que percebeu cedo levantou e fez a cadeira cair pela inércia. Foi na direção da escuridão e estalou os punhos e pescoços, preparava um ataque junto aos dentes que remeteram a de um cão raivoso.
— EI! COMO que… Aaaiiiinnnh!
Foi abatido. O puxão repentino para o breu o fez soltar um grito fino de uma moça indefesa. Alguns puxaram facas enquanto outros dois protegiam o notebook com armas na mão. Ao empunhar um rifle, um dos sujeitos deu dois tiros desesperados, tentou iluminar a sala, mas apenas viu um sujeito de cabelos longos com olhos cintilantes.
Mais seis tiros ocorreram sem sucesso. Teve seus pensamentos interrompidos por um vibrar de lâminas sonoras, que invadiram seus ouvidos e o fez convulsionar no chão.
Cada um foi abatido quase instantaneamente pela mulher de cabelo cor de vinho, que se locomovia como um vulto. Nenhum deles foi morto, estavam desacordados que nem uma pedra, embora desejassem a morte. Still criou uma espada de som e enfincou na testa de quem estava na frente do notebook. A arma de som ficou pendurada e o fez perder o equilíbrio.
— O receptáculo... está aqui?
Antes de perder as forças, acabou por balançar a mesa ao tentar frasear o último pensamento. Na sua frente, somente o líder do Primeiro Setor permanecia como uma monstruosidade sem emoção.
Deitado no chão, a mente colapsou e o queixo caiu definitivamente. Olhos reviraram e espuma aflorou.
Dourres acendeu as luzes com um estalar de dedos e segurou o notebook pouco antes de colidir no chão, colocou-o na mesa e esticou a coluna. Still tinha seus braços cruzados, entediada — aquilo não foi o que esperava.
O líder deixou a ignição se espalhar pelo computador. Puxou um pendrive de seu bolso e colocou sua outra mão sobre o notebook, apenas olhou para cada um até que a energia formasse um equilíbrio. Pouco a pouco, o brilho crescia até o tom de amarelo ficar idêntico ao do pendrive.
— Trouxe até um pendrive? E Já fez a cópia?
Não a respondeu, prosseguiu ao aproximar da tela para focar mais na câmera congelada. Dourres fez parecer somente uma queda normal de conexão, ambos os usuários viam um estado travado da última cena vista por cada um.
— Soa — sussurrou Still, com a mão na garganta.
Dourres fez a conexão da chamada retornar, preservou a câmera anterior antes de abater o sujeito — para que não suspeitassem. A imagem da câmera do outro usuário estava ativa novamente. Viram inúmeras batidas de punhos contra uma mesa pela câmera.
— O que… aconteceu?... Cof, Cof. Estão brincando comigo?! — perguntou o velho na chamada, irritado
— A chamada travou momentaneamente, estamos preparados para o carregamento — respondeu Still, com uma pose desajeitada na cadeira, imitando com excelência a voz do sujeito recém desmaiado.
Alguns segundos sem qualquer comentário. Mais uma tosse saiu do notebook. A voz de Still transfigurou para a do homem com a espada na testa. A diferença era simplesmente impossível de perceber.
Encenação rápida que foi o suficiente para o sorriso vil e satisfeito aparecer no outro lado da tela.
— O-ótimo! Irei… agendar outro contato com esse… o pilar central, futuramente, vai...
— Impossível! Meu poder é absoluto! — Um jovem de cabelos cacheados apareceu no fundo da escuridão da transmissão, desconfiado e enfurecido.
A chamada se encerrou em um instante pelo outro lado. Os terceiros níveis se entreolharam e só deram ombros. A operação foi concluída com êxito. O líder se virou para sua colega, dizendo:
— Seja lá o que houve no fim. Deixarei este localizador no notebook por enquanto. — Pegou um dispositivo minúsculo em formato de triângulo.
— Conseguimos o suficiente por hoje.
— Esse tal carregamento deve ser a razão pela aparição dos apetrechos sofisticados, do mesmo jeito que… isso tudo.
Dourres circulou o olhar pelo salão, Still fez o mesmo, mas não havia entendido até sentir um calafrio que fez a sua ficha cair.
— Este lugar é um deles?
— Na próxima semana, haverá algo especial pelo visto. Irei continuar minhas rondas e localizar quem vai receber essa carga. Vulax...
— Vamos discutir isso mais tarde.
Embora a resposta seja, uma indesejada, Still ficou aliviada, segurou no ombro do parceiro e puxou de volta para a saída. Se retiraram do suposto espaço de festas e notaram que até mesmo os subordinados abatidos, que cuidavam da entrada da sala vazia, apreciavam a festa — Still sabia perfeitamente causar amnésias com o auxílio de suas habilidades.
Já estavam fora do estabelecimento, chegavam próximos ao carro que estavam os quatro soldados de prontidão — dois deles jogavam cartas, mas esconderam ao notá-los.
— Só podem ser robôs mesmo — comentou um deles ao vê-los se aproximarem com a mesma expressão que saíram.
— Vamos! — ordenou Dourres enquanto abria a porta do carro.
A viagem de volta foi agoniante para os outros da operação, tinham medo de perguntar algo, já que Still mexia as mãos como se preparasse um soco no primeiro que desse a deixa.
【 Manhã do dia seguinte, na ODST】
No dia seguinte, tudo normal. Dourres foi até os cientistas da área próxima ao prédio do terceiro nível e encontrou o jovem que o ajudou com as luvas. Antes mesmo que o líder levantasse um milímetro do lábio, o cientista o saudou, abaixava a coluna várias vezes no vaivém.
— Obrigado, obrigado, obrigado. Muito agradecido por ter me poupado.
Também ficou aliviado, embora só pela máscara, em ver o trabalho do cientista. Um ligeiro sorriso tomou o conceito do real no rosto de Dourres.
Quando chegou no lugar que anteriormente testou as luvas, mostrou o pendrive com a cópia do notebook da missão anterior.
— Não mostrei isso para mais ninguém ainda. — Colocou a cópia perto do bolso do jaleco do jovem. — Quero que confirme algumas informações. — O cientista deu passo para trás, sentiu o pesar da responsabilidade em meio ao suor frio. — Entrarei em contato mais tarde, não perca até lá.
Os galos cantaram, o barulho amigável fez as pálpebras da donzela se levantarem. A baba pela boca e os cabelos desarrumados concluíram a noite virada dentro da sala de vigilância.
— Bom… Bom dia e. Aaah! Xô, bicho do cão! — Caiu da cadeira.
— Perdoe-me o susto, senhora Xerta.
Um robô chamado “Still” apareceu em formação de sentido a poucos centímetros de Xerta. A assombração relatou todo o ocorrido. A mulher de cabelo com cor de vinho se retirou em um piscar de olhos, deixou a vice-chefe novamente sozinha.
— Se ao menos ele fosse poupado também — comentou Xerta, triste. — Mas é necessário para o pôr do sol aparecer…
Cortax estava em seu quarto no prédio do terceiro nível ao lado de uma gata, bolinhas de várias cores pairavam e giravam no aro, formavam um círculo que flutuava feito um malabarismo. Estava impaciente, deitado na cama, enquanto a gata na cadeira parecia imóvel.
Uma ignição verde surgiu e as bolinhas flutuaram civilizadamente para sua mão numa pegada que já esperava por isso.
— Que missão esquisita de última hora é essa, hein? Tá imitando o Dourres? — perguntou Cortax, indignado.
— É algo extremamente... importante — comentou a gata ao se ajeitar na cadeira.
Uma luz de cor rosa preencheu o corpo do animal no mesmo momento em que espreguiçava, a silhueta do corpo tornou inconstante, fez a cadeira tremer até que a uma forma grande humanoide e brilhante desceu dela.
— Preciso assegurar algumas coisas para o chefe.
— Visitando seu tio? Tá enganando quem, Bia?
Cortax fechou a cara como se tivesse algo faltando. Quando se levantou, o gato não estava mais lá, porque assumia a forma de uma mulher que deixou sua ignição se desfazer momentaneamente.
— Vai demorar muito? Cê sabe que somos os melhores para te auxiliar, não é?
— Não se preocupe. Vai ficar tudo bem — Abriu a porta após dizer num tom ríspido.
— Bia, espera, por favor! Pelo menos... vamos comer algo juntos antes de ir.
Beatrice foi para o outro lado e fechou a porta sem dar ouvidos a Cortax, o rosto despencou numa melancolia que fez lágrimas caírem sem parar, carregava um fardo emocional tão grande que a fez sentar no chão com as costas contra a parede.
— Merda… — sussurrou, apertando os punhos. — Não, eu vou voltar. Esse ritual vai acabar e vou salvar o Dourres — Foi em direção às escadas, mas, ao se interromper perante o degrau, deixou o desejo do coração fluir para a boca. — Se ao menos eu tivesse aquelas malditas chamas cianas.
【 ???】
O chefe do Primeiro Setor, pai de Dourres, estava em um lugar remoto dentro de uma caverna bem profunda. Preso por cordas e suspenso à um círculo marcado por tinta branca, que continha pedras brilhantes como cristais em várias cores.
A intensidade do brilho de cada uma aumentou sequencialmente até completar a volta pelo círculo.
— Me desculpe, Cortax, Beatrice, Xerta, Still e... Dourres. É-é tudo pela p-perfeição — lamentou o chefe enquanto lágrimas escorriam sobre o rosto até tocar o chão.
A gota final das desculpas tocou nas marcas brancas e fez uma luz branca imensamente forte surgir em sua frente, estava aparecendo no chão, iluminando toda a caverna. Outros cinco encapuzados com mantos vermelhos, marcados pelo digno símbolo da estrela que nunca parava de sorrir. Então deixaram as vozes saltarem num coro único e cheio de fervor:
— Que o pôr do sol se concretize!
O que achou da obra? Considere deixar um comentário!
Muito Obrigado! :)
Entre no servidor do Discord dedicado a obra! Consiga acesso a curiosidades, elementos descartados, ilustrações futuras, playlist da obra e atualizações detalhadas do desenvolvimento: