Pôr do Sol Brasileira

Autor(a): Galimeu


Cidade Flutuante – Um Sentimento Esquisito

Capítulo 16: Morro da Lei (Parte 1)

Em algum lugar do Primeiro Setor.

A noite já havia chegado sobre Dourres, que estava sentado em cima do prédio do terceiro nível. Apesar das luzes por toda a instalação que deixavam tudo claro com o dia, o encantador brilho das estrelas cativaram o olhar estático e misterioso. 

Esse comportamento fez os funcionários que estavam ali por perto perceberam o homem sentado no lado de fora. Tal imagem do filho do chefe no telhado tornou as perguntas em reações automáticas:

— Ele tá bem? 

— O que aconteceu agora?

— A gente devia fazer alguma coisa?

Passavam em volta, questionando, somente deram os ombros e ignoraram de vez. A concentração que Dourres tinha era invejável. Permanecer quieto por muito tempo era uma habilidade única. 

— Morro da lei… 

Junto ao delicado toque que formava o perímetro da máscara, formulou com a boca as palavras que ouviu do sujeito no beco que encontrou Cortax. Aquele era o dia que o tal mandante ia se apresentar, o mesmo dia do alívio de inúmeras caminhadas.

Abaixou o rosto e… suspirou? Os olhos fechados destacaram uma ansiedade anormal no rosto do homem-estátua. Entre os joelhos, um par de pés invadiu a visão com uma autenticidade tingida de roxa, um uniforme militar colorido e digno de chamar atenção.

— Pensativo perto da missão? Não considerar parar, correto?

Os ruídos penetraram os ouvidos despreparados, ele retomou o agir inválido de emoções e levantou o rosto até encontrar a origem da invasão. As curvas belas destacaram a oposição da postura em posição de sentido. O questionamento se revelou pertencer à mulher muito alta, com cabelos que lembravam vinho, que tinha mechas que ondulavam o rosto. 

Mesmo com a aparição repentina perto do líder do terceiro nível, demonstrou uma expressão tanto quanto parecida; olhos fixos, respiração imperceptível, coluna reta. Dourres balançou a cabeça, negou enquanto contraiu de volta o relaxar recente.

— Por um mísero segundo, imaginei que faltaria, Still. Toda essa operação possui o viés de precaução. Hm… também imaginei que Xerta iria te assombrar se faltasse. 

A moça se sentou ao lado de Dourres quando uma ventania passageira fez seus cabelos voarem. Fitou os olhos serenos do líder de esquadrão e permaneceu, não recebeu nem uma piscada em resposta — as estrelas recrutavam a atenção sem parar,

— O que presume?

— Equipamentos estranhos estão aparecendo nessa região, levando em conta nenhum evento que justifique isso, seria racional presumir situações piores do que apenas o oportunismo.

Extremamente direto. As respostas vinham na velocidade que não esperava a pergunta terminar. Still ficou desconfortável. Apertou os dedos e pôs a atenção nas mesmas estrelas, tentou achar a causa daquilo.

Não pode. No telhado, o vento soprava, transmitia a pressão à mudança do clima vazio. Levantou e permaneceu em pé logo a frente de Dourres; tampo a vista, e o fez levantar a sobrancelha em dúvida.

— Possuímos outro esquadrão preparado para o reconhecimento ao seu comando nesta operação, líder. 

Still, uma mulher alta que fez seu superior levantar o queixo, era a única que conseguia converter os “uns e zeros” em ações dignas de uma máquina de carne, embora que seu comportamento precise ser igual ao dele; muito direta e seca.

— Descansar. Qual a necessidade dis…

— Sei que isso é importante, estou ciente de tudo, e assim como o resto de nós, ter você aqui é prioridade. Um mero carro será o menor dos problemas.

É. Verdade, sim. A última frase deu flashes do que fez Dourres se levantar de uma vez, surpreso. O momento em que usou a energia pela primeira vez. Barulhos de borracha, que deslizavam sobre o asfalto, ecoavam na memória feito imagens recentes.

— Xerta me convenceu a nada. Finquei minha vontade desde antes.

Distraído pelas lembranças, as luzes da ODST reviraram o consciente para transformar em faróis do carro, um veículo que estava ativo de sua energia. Atrás do movimento impetuoso, seu eu criança sorria ao escutar o resultado da colisão.

Sem mais nem menos, Dourres acelerou o carro contra um obstáculo que o fez sorrir com satisfação,

Era o filho do chefe, foi treinado desde sempre para se acostumar com essa ideia. Jogado numa vida de treinamentos que assimilou sua energia ao um “cotidiano” que forçou a dizer que foi normal. 

A falta de emoções não vinham de uma personalidade fechada, vinham de uma escolha, a escolha da sobrevivência. Desta forma, dava valor a todos os colegas que compartilhavam o existir em meio a sua presença. 

Insistiu junto a um passo pesado e retomou a visão da instalação chique e iluminada. Na luz que se diluia sob o ajustar das pupilas, Still apareceu estática também. Ajustou o cabelo no nariz e disparou:

— E os preparativos? Esqueci de dizer que imagino que precisamos ir logo.

— Já a postos no portão. — Apontando para a entrada. 

No lugar alto onde estavam, grande parte da ODST estava a mercê da vista, Still direcionou a conversa ao portão enorme que tinha no centro à frente. Era o grande momento que Dourres queria. 

Perto do local mencionado, notaram mais quatro soldados com coletes e armas bem grandes, e uma van preta que de disfarçava com a paisagem escura. 

Dourres fitou cada soldado, que posaram suas armas em resposta ao usuário de energia. Estalou a linguá com um “eles servem”. Tomou o volante, e o resto se aprontou para a partida. 

O caminho era deturbado. Ao redor da cidade, havia morros que desafiavam as noções espaciais de altura, mas um se destacava mais ao longe. A música retomava as ideias e silenciavam mentes. Still fechou o rosto em completo desgosto.

Soldados saíram a postos. Estavam longe do local que deixava o morro feito uma gigantesca árvore-de-natal infestada de formigas. Um espaço de festas que cobria a área inteira, dava para atravessar para o outro lado somente por dentro do lugar.

Tinha muitas pessoas no lado de fora com inúmeros veículos que exalavam a riqueza e outros que transmitiam uma criatividade de artistas. Uma exposição mergulhada no mar de pessoas. 

O tipo de pessoa que frequentava era… questionável. Bebidas e pessoas loucas, um descaso que fez Dourres mexer as duas sobrancelhas, enojado. Podia apenas ser uma noite comum, música alta e pessoas felizes da maneira não segura.

Enfim, desceram do carro os dois importantes. Still tinha golas altas que cobriam toda a metade para baixo do rosto. A máscara de Dourres brilhava, traduzir algumas expressões de nojo, uma boca aberta que deixava algo feito vomito sair numa imagem fofa; embora ele literalmente estava quieto e calmo. 

Já que foi parte do terceiro nível, o jeito de reduzir a identidade podia ser da maneira que o integrante quisesse. Não importa o que sugerissem: máscaras, capacetes, roupas especiais, ou dispositivos para camuflar a aparência; não havia ninguém que ousaria impor tal detalhe naquele esquadrão.

"Não irei sair daqui sem o que quero... Reconhecimento, porém com a adição de um pouco de presença", pensou Dourres ao encarar as luzes brilhantes que piscavam, incomodado. Se virou para trás junto a sua colega. Reviraram na velociade que fez os homens quase deixarem as armas caírem.

— Ouçam, como comandante desta operação, exijo que os quatro fiquem aqui. Iremos entrar somente nós dois e vamos averiguar o local, retornando assim que terminamos.  Façam o que for necessário para manter nossa presença aqui permaneça despercebida — 

Se aproximou rapidamente, estabeleceu a ordem na distância de um passo dos quatro. Responderam com a formação de sentido assim que tremeram. Logo, voltou em direção ao objetivo, e os dois prosseguiram à pé. 

Enquanto caminhavam, a ignição de Still se manifestou, correndo de seus olhos até a boca. Sibilou o comando ao colocar os dedos da garganta.

— Soa.

Sucintamente, Dourres pode ouvi-la perfeitamente. O vibrar do grave não fazia efeito, o ensurdecedor barulho de festa calorosa reduziu a um som ambiente de sussurros. Roxo azulado envolveu o líder, abraçou as orelhas e caminhou até a garganta.

— Como nos velhos tempos… — continuou Stil, aliviada.

Dourres relaxou os ombros, o desprezo e nojo dos dois foi banido com a energia de sua colega, que sorria tranquila. Por cima dos ouvidos dos dois, uma ligeira luz pairava, ondas sonoras eram transmitidas diretamente e davam clareza perfeita às palavras dela.

Ela tocou com os dedos de forma rápida o ombro de Dourres, a ignição percorreu novamente num curto. Gritou dos olhos até a boca, usou o braço como a ponte da energia que fez o brilho das orelhas sincroniza piscadas, comunicavam entre si a mesma frequência.

— Ainda gosta da “presença”? — perguntou Dourres.

A voz ecoou numa reta até o outro ponto de luz — formaram um sinal de rádio que filtrava todo o som que não fosse a voz deles. Antes que a satisfação da sua colega se mostrasse, sentiu um impacto desagradável que interrompeu o assentir sincero.

Alguém esbarrou sem piedade na moça, que fechou o rosto pela falta de educação. Afinal, era compreensível, estavam próximo ao centro do pátio, perceberam um certo padrão nas pessoas que estavam "festejando". Algumas que estavam perto de uma entrada do salão tinham a tal tatuagem da Estrela sorridente. 

Dourres franziu o cenho com a causalidade da situação. O peso daquela marca foi banalizada a ponto de sua máscara retorcer na imagem de dentes firmes de raiva — as expressões digitais traziam com excelência o que não podia deixar claro, ódio.

Mais passos adiante, mais denso ficava. Um horário de pico, transporte lotado, uma fila pra atendimento. Faltavam exemplos para decifrar a condição anormal de pessoas naquele local. 

Entravam do ponto central do Morro da Lei. Ao atravessarem uma porta reforçada, que lembrava a de abrigos reforçados contra catástrofes, o local abafado revelou a boate que estendia pelo horizonte.

Still sentiu o nariz coçar. Atrás dela, um rapaz de óculos escuros a seguia. O cabelo bagunçado e cigarro na boca não trazia o alívio de um segurança. Ela revirou os olhos ao notar o perseguidor, que tentava chegar mais perto dela enquanto atravessava as pessoas.

— Por um acaso, pensa no mesmo que eu?

— Sempre — respondeu Dourres após virar-se para trás.

A atenção do sujeito estava completamente presa à moça, empurrava homens e mulheres com brutalidade feito obstáculos de um percurso olímpico. Um uniforme militar e pupilas que brilhavam tanto como as luzes da festa — a energia ativa, que mantinha a connexão com Dourres, trouxe a intenção vil do desconhecido.

— Quer que eu faça algo diferente, chefe? — perguntou Still, desacelerando o passo

— Definitivamente não — Dourres colocou suas mãos no bolso, sua máscara se apagou no momento que examinava o teto acima.

Still não insistiu, fitou diretamente o perseguidor e aguardou até ele parar cara a cara. O rosto de transfigurou ao normal, um robô sem emoções; que não convertia impulsos elétricos em sentimentos se o usuário perto não fosse o líder de esquadrão.

O rapaz a examinou de cima a baixo, encarou as belas curvas e fez as veias de Still saltarem. A jovem moça estava como uma estátua fria que aguentava para dar um bote.

— Que tal me dizer o segredo desses olhos, hein? Nova marca de lentes? — indagou o homem.

Chegou com o rosto mais perto dela, tentava impor superioridade desajeitada. Still só apertou os punhos com muita força, seu olhar encarava o homem num tom de uma alma penada que cultuava a vítima; veias espalhavam feito vírus pelos braços. 

Dourres varria o teto com a vista, o acelerar parou e abaixou o corpo. Sob a multidão que o circulava, o dedo tocou o chão num clarão amarelo. 

— Permissão.

Energia fluiu antes do pensamento virar palavras, as lampadas estouraram juntas e a música se tornou o verdadeiro silêncio. Um breu profundo deixou as pessoas confusas e… na frente do rapaz assutado, o brilho rosa dos olhos de Still o deixou, finalmente, espantado.

— Perturbe. — Os lábios arquearam e um vazio agoniante instalou como uma explosão.

As pessoas sentiram um peso profundo no peito, o som perfurante foi abafado constantemente. E o resto também foi. O ambiente ficou abafado e ausente de qualquer som. O escuro não revelava profundidade e não tinha barulho, respondia. Confusão instalou nos festejantes, que suas silhuetas estavam distorças no local atingido por duas energias.

Entretanto, num verberar sem precedência, o silêncio se tornou o desejável. Um zumbido recebeu o lugar e atormentou a balada. Somente os dois terceiros níveis permaneciam com o equilíbrio estável perante ao caos mudo e escuro ao redor. 

Para terminar a varredura, a energia de Dourres se concentrou e dissipou na porta reforçada. Casualmente, somente a lâmpada acima dele estava intacta, ascendeu e trouxe toda a comoção para seu cabelo de cor prata. E também casualmente, puxou uma pistola e deu três tiros em direção ao teto. 

— Quem for inocente, não vai pensar duas vezes — disse Dourres numa olhadela para Stil

Os convidados corriam para fora do estabelecimento, caíram uma confusão na fora. Somente momentânea, nada havia partido para fora, a não ser a falta de explicação aos tais inocentes enorme para as pessoas no lado de fora. Música e tumulto ainda estavam intactos na fora. 

Aqueles que foram lá fora apenas se passaram por loucos enquanto todos negavam qualquer coisa estranha.

A mulher abriu uma área de isolamento, tudo que fosse propagado dentro dela não iria sair. Ausência de som momentânea e o zumbido ensurdecedor eram efeitos de quem estava dentro do alcance. O outro causou um apagão somente na parte inferior do salão interno, uma interferência em qualquer eletrônico. 

Numa sincronia de dois agentes, as pessoas nem perceberam quando a entrada reforçada fechou. A evacuação sem motivos certos deixou o ar leve. Os terceiros níveis se entreolharam, e a máscara sorriu de forma descarada no homem-estatua. 

Quando o breu repentino prevaleceu e o silêncio gritante demonstraram presentes, somente mais sete estavam em pé, inclusive o homem anterior, que estava se levantava do chão, desorientado.

  

O sujeito se assustava com dois pares de olhares brilhantes que o encaravam de forma ameaçadora. O cigarro apagou no momento que o holofote improvisado deixou a atração de prata a derivada do escuro novamente. 

— QUE CARALHOS É… 

Desesperou instaurou ao puxar uma arma por baixa da blusa, mas um soco de Still foi lançado na propulsão de um foguete, os dentes da vítima voavam enquanto foi projetado contra a parede. O suspeito afundou na alvenaria e enraizou rachados do impacto.

Com os olhos que pareciam faróis em cor rosa, ela se virou para seu chefe com uma expressão obediente enquanto. O outro assentiu, fez um joinha calmo, mesmo quando seis figuras estranhas observavam o ato sobrenatural logo atrás dela, que pegaram armas e facas para contra-atacar.

Não havia presença, não havia som e não havia esperança para eles quando começaram a ser varridos por uma mulher que era mais rápida do que poderiam ver. As pupilas piscavam e deixavam sua trajetória incerta, transformou-se em vultos na escuridão.

Dourres estalou os dedos, iluminou o caminho de sua colega que dançava em formas de ataque. As empunhaduras revelaram adagas transparentes que chiavam pelo ar. Os golpes velozes fizeram as laminas incertas atravessar as vítimas. Still cortou os alvos e nada mais aconteceu, eles caíram com bocas cheias de espuma e ouvidos que escorriam sangue.

As laminas não haviam cortado de fato. Still apenas deixou a ignição surgir e engolir as armas até desaparecerem de vista. As adagas de tornaram apenas o reverberar do vento — armas que criou apenas manipulando o som.

Após ter abatido todos ali, virou mais uma vez para Dourres como esperasse algum tipo de resposta — ainda estava com a expressão fria, ajeitou as mechas onduladas e permaneceu em sentido. Dourres formou “ok” com os dedos, e a máscara sorriu de orelha a orelha, a combinação fez Still bufar de satisfação.

O líder esticou os braços e balançou os ombros. Com o amarelo sobre o corpo, bateu duas palmas que varreu o salão novamente. Caixas de som voltaram a tocar música, luzes coloridas piscaram, a porta abriu e o ambiente de boate retornou. Still somente relaxou a postura, o zumbido retomou o local de maneira contrário, retrocedeu os efeitos e deixou o peso abafado ir embora.

Dourres chamou pela colega e seguiu para mais a fundo. Logo atrás, a porta se abriu e revelou aos “loucos” a festa que tanto queriam em estado perfeito. Havia uma cortina em volta do balcão do DJ, o líder passou a mão e deixou o enorme corredor a vista.

Deixou a colega passar primeiro, não pode deixar de ver as pessoas retornarem como se nada havia realmente acontecido. "Animais", pensou. Avançaram sem cerimónia até um cômodo simples que lembrava uma sala de estar.

A mulher dava uma boa olhada em todo o local, mas hesitou por um único segundo quando se aproximou de uma parede que não havia nenhum móvel. Algo muito simples que a instigou a apoiar a orelha na parede. 

Humrum… — chamou a atenção do seu colega intrigado.

Ele chegou mais perto da parede teve e sentiu o sentimento estranho, colocou a mão sobre o queixo e analisou brevemente. Já havia entendido. Seus olhos brilhavam ligeiramente, deu dois passos para trás enquanto dizia:

— Afaste.

Ergueu o dedo indicador, aonde se podia ouvir estática, a ignição surgiu, e triscou delicadamente seu dedo na parede. O que estava escondido na sala era uma enorme escada que se revelava por algum mecanismo de ativação.

Completamente inútil para eles. Antes que colocassem um passo à frente, foi interrompido quando Still colocou o braço na frente. 

— Ecoa. — Seus ouvidos tinham uma luz baixa.

Still aguçou os sentidos, podia ouvir a voz grossa de um homem que estava muito mais distante. Mostrou uma joinha para o colega, ele também respondeu com outro. Prosseguiram a descer as escadas com extrema delicadeza.

— Quantos? — perguntou Dourres ao atentar a cada detalhe do corredor. 

— Cerca de cinco.

Um lugar completamente diferente, tudo ali se assemelhava a um hospital abandonado com luzes que mal se aguentavam acesas. 

 

 



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