Volume 2 – Lembranças de um Passado Perdido
Capítulo 37: Dúvidas
Que tipo de experiência foi esta? O que houve? Estava em pé há segundos e agora... Não, droga! Recomponha-se, Felipe. Apesar de ter meus joelhos no chão e a força nas pernas roubadas, esforcei-me para averiguar os arredores. As pálpebras tinham espasmos e o suor frio congelava a pele num reflexo do espanto quente… “Espanto quente?” Era o que me faltava... Vamos, foque! Essa dor descomunal é tão retardadora.
— AHHRG!
Esse sentimento inconstante, fui capaz de me sentir na posse do corpo do rei por instantes, aquela caverna, a neve que nunca vi na minha terra e… o rei Édnis. Os lugares eram diferentes, não tinham a aparência da minha aldeia ou da cidade do castelo. Era outra cidade? Um outro setor? Minha cabeça irá explodir em sobrecarga mental, preciso respirar fundo, fundo, mais fundo. E recobrar o ambiente.
Na minha frente, antes dos degraus que tornavam a altura elevada do trono que destacavam a superioridade do rei, os outros convocados estavam agoniados em dor. Sofia estava derrubada completamente sobre os azulejos, segurava as contrações do estômago que trariam os fluidos para fora; Pedro derramou lágrimas que formaram um ligeiro rio de lamentos. E pensar que um dos escolhidos foi um rapaz de baixa resistência emocional.
— Tenho ciência que as percepções do mundo físico retomam de maneira totalmente desagradável, peço perdão, mas se levantem.
Neste momento, meu corpo agiu sozinho ao ouvir a voz do rei, forcei meus braços contra o chão e pus meu ser de pé. Os arredores giravam tanto… cambaleei para o lado num passo em falso e esbarrei em algo. A visão turva tomou a nitidez e percebi quem estava no caminho.
Marcos, o convocado de cabelo partido em dois, estava perfeitamente em pé, apenas fisicamente. Os seus lábios tremiam e os dentes rangiam. De alguma forma, seja o que houve de verdade, permaneceu firme. Que homem assustador! Caso estivesse a sentir a metade do que eu estava, era digno de ser um convocado realmente promissor.
— Ô, SEU MAJESTADE! Conte logo a tranqueira que fez com a ge… Igh! Dimiscosta, vagabundo cor-sim-e-cor-não!
Sofia se ergueu numa onda furiosa e direcionou as palavras a Adnis com o indicador. Marcos avançou com a mão e tampou a boca da moça desengonçada, que retirou o toque num tapa de desgosto. Ver aquele homem sem voz tentar calar alguém era algo a mais. Sofia tinha as presas para fora e continuou a chegar mais perto do trono.
Antes que tenha podido processar, o rei terminava de retirar a coroa e deixar no canto do braço da cadeira chique. Mais comportamentos sem sentido em sequências intermináveis. Qual era o real objetivo dessa reunião? Minhas mãos fecharam e comecei a me irritar também, dúvidas me enfurecem mais o colapso de uma paixão fervente.
— Memórias. Memórias de cerca de mil e oitocentos e oitenta e dois anos atrás, o ano em que o Leste e Oeste foram repartidos e desmembrados em setores. Memórias de uma promessa que definirá o futuro da convivência e prosperidade humana. Memórias que revelam a missão que traz a origem da convocação de vocês quatro.
Adnis acendeu a luz branca, emblemática e curiosa pelo corpo. Me fechei por inteiro e contraí meus músculos, esperava outro evento de explicações faltosas e… nada procedeu. Após aumentar a abertura entre os dedos que foram tampar meu olho, percebi o rei sair do trono.
— O brilho que aparenta se comportar como uma raiz de árvore viva se chama “energia da criação”, dá pra dizer que parece com a nova eletricidade também. É uma manifestação palpável do desejo condensado aos seres que detém um fragmento do criador, almas.
— Almas?! A parte de “imortais” das lendas é literal mesmo?! — Pedro, ainda em posição fetal, resfolegou quando ouviu a palavra-chave.
— Com todo respeito, acho que o senhor não está sendo claro o suficiente.
No segundo que protestei, o sujeito misterioso suspirou feito um cavalo depois do fim do expediente, tive a sensação de que concordava comigo, embora nenhuma sílaba fosse comprovada pelos meus ouvidos.
Pedro finalmente fez a menção de levantar-se, ergueu a cabeça e foi prontamente ajudado por Marcos, que o puxou com a mão.
Adnis coçava a cabeça, fechou os olhos e assentiu a mim com um “entendo”. Estava impossível ficar de forma certa em estado de raiva. O rei se diminuía e deixava qualquer tipo de tratamento para algo mais simples e… sincero, eu diria. Do meu lado, Sofia virou o rosto e negou escutar o comentário do rei:
— Para dizer a verdade, gostaria de mencionar que fui burro hehe…
Os dedos brilhantes dançaram no ar e desenharam uma forma simples que parecia um “L”, um clarão veio das minhas costas e os joelhos de todos dobraram pelo empurrão preciso, que nos fizeram sentar. Cadeiras brilhantes forçaram nosso descanso, espantei-me de súbito.
— Criei essas cadeiras de luz sólida pela energia da criação para acalmar os nervos e angústias. Mas... eu podia ter feito isto antes de projetar as memórias… — sussurrou para si. — Seus anseios podem ser solucionados de forma precisa com a devida atenção durante a hora destinada. Peço perdão outra vez e…
— A missão.
Essa voz grossa e imponente, quanto me atentei melhor, percebi que os lábios de Marcos mexeram alguns centímetros. O tom ríspido e curto destacou uma certa apatia pela comoção dos outros dois convocados. Estávamos no topo da torre mais alta do castelo, o lugar onde o rei passava a maioria do tempo. Fomos escolhidos a dedo para estarmos aqui e, invés de demonstrarmos um respeito e cordialidade um tanto quanto cabível, o estado mental foi segregado em: negação, temor, apatia e meu realismo infundado.
Sofia voltou a atenção ao escutar o manifesto de Marcos. Somente Pedro, que permaneceu meio abatido, com as pupilas apontadas ao chão, demonstrou a verdadeira indiferença ao ouvi-lo. Esse indivíduo o conhece? Outra pergunta apareceu…
Sem demonstrar um sinal de resposta concreta, colocou os óculos dos motoristas de carruagens voadoras e deu uma chance a discussão. No fim, restou apenas depositar o resto das atenções ao rei. O pesar do ar refletia no meu peito por estar perto de indivíduos tão peculiares numa onda de atos inesperados. Queria que acabasse demasiadamente rápido.
— Aah… compreendo que devo ir ao ponto principal logo. — Adnis terminou de descer o último degrau e continuou em voz alta: — Temos dezoito anos para instruir por completo a energia e alcançar a missão ao pôr do sol! Vamos atingir a perfeição! — Abriu os braços para os lados enquanto a energia da criação aflorou.
Perfeição? Qual o significado abstrato queria me mostrar?
Sim, perfeição isso e aquilo! Perfeição e perfeição, mais e mais perfeição! Dezoito anos passaram e a história confusa reverbera constantemente em um ciclo amedrontador!
Treinamos, treinamos e nunca conseguimos a tal energia. O exército de Édnis é cruel e habilidoso, nossos homens não têm chance. Adnis me deu essa energia há menos de um dia, mas me sinto tão confortável ao usá-la...
Provar uma ideologia de vivência ao usar os seres humanos como ferramenta era algo fora de cogitação. Contudo, Édnis tem uma mente não vil, uma mente egoísta. Comparar suas ideias com a de Adnis é tentar mostrar que o sol e a lua são iguais. E isso não tem permissão para acontecer.
A capacidade de controlar energia é algo perigoso. Nem mesmo nós, que passamos tanto tempo em processo físico e mental, podemos garantir algo saudável e bem apropriado.
Esquece, Felipe! Analise bem a situação, é o ponto de a estratégia do rei aguardar o sinal.
Cheguei nesta torre vigia abandonada há algumas horas, minha posição é uma visão deslumbrante do vasto campo gelado, que está rodeado por picos brancos de rochas imensos. Nunca fui adepto a montanhas pelo meu receio com altura, e aqui estou numa torre instável de madeira. Que hipocrisia da minha parte.
Apanhei minha lança e a girei enquanto admirava a paisagem. É uma pena ter que manchá-la de sangue. Sinceramente, não queria, entretanto, e enfim, estou aqui.
Espero que Sofia tenha cooperado de forma correta, se escondendo no lado oposto ao meu, a força dela é crucial para derrubar as carruagens reforçadas. Espero que Pedro tenha terminado os portais a tempo. É incrível como Adnis pensou tão rapidamente, tinha a noção exata de qual energia cada um teria e as aplicações per… feitas. Estou passando a odiar esta palavra.
Acima de tudo, espero que… Por pensar no tal demônio, eis o sinal. No centro do campo de batalha, o local onde dava o espaço entre os dois exércitos de Adnis e Édnis, uma gigante chama ciana ergueu até os céus.
— E, no momento final, para servir de combustível, ainda tenho dúvidas.
Manobrei a lança e a reduzi a uma mera caneta. Suspirei e deixei a ignição aflorar. Minhas roupas se tornaram pálidas e transparentes. Aos poucos, minha silhueta perdia a nitidez e me uni ao não observável.
— Crer.
A energia roxa prevaleceu e me tornei uma ilusão ao saltar da torre, que derreteu perante a paisagem e se tornou o nada. De forma direta, o rei me deu o dom de moldar a realidade da maneira na qual eu desejar. É uma pena que não era simples como parece. Não sou capaz de interromper essa guerra completamente… apesar de ter sido o que desejei.
A situação piorou muito nos últimos tempos. Um momento, desde quando esta cabana ficou revirada? Quando me toquei verdadeiramente dos fatos, minha retomada as lembranças foram transbordadas para os arredores.
Mesa revirada, copos de alumínio sujos e quebrados, janela quebrada… A maldita neve. Ainda quero acreditar que aqueles três estão em ótimo estado. Uma nevasca começava a gritar sua presença pelos arredores. Me sentei e… me sentei? Quando sai da cadeira?
Realmente estou perdido. Minha ira foi defasada num ritmo tardio de melancolia e desesperança. Apenas quero descansar e pensar naquela outra situação depois. Acelerei de maneira exagerada o ritmo mental. Passar por tantas recordações após um surto era algo que devia evitar… Droga, se Pedro estivesse aqui... Preciso aprender a lidar com a ansiedade que nem ele.
Aquela guerra foi há décadas. E ainda me assola.
Agora, coloquei um pé na frente do outro e fui para o lado de fora. As partículas pálidas me incomodavam demais, apertei o olhar e tentei enxergar o local onde a minha lança havia aterrissado. Por sorte, a ponta ainda estava à vista, mas por pouco foi soterrada pela neve. Toquei na lâmina e suspirei. Minha ignição piscou no polegar e fez a arma voltar a uma caneta.
— Era para estarmos todos bem.
Sim. Era.
— Como assim desaparecem?
Sim. Como assim?
— Nós vencemos a guerra, e por que perdemos agora?
Sim. Por quê?
— Onde erramos?
MERDA! Não fui capaz de permanecer calmo, chutei a neve e deixei minha energia aflorar. Ao meu redor a silhueta dos três colegas aparecem. Droga! Mal lembro das aparências atuais deles, faz… anos.
— Aaaaaaah!
Olhei para cada um. Ver as aparências turvas e defeituosas atiçou meu impulso emocional de irritabilidade. Avancei um soco naquele que tinha o cabelo de duas cores, quem devia ter o rosto do Marcos, embora estivesse preenchido por uma escuridão incomparável.
Meus dedos atravessaram e perdi o equilíbrio ao pisar em cima de uma pedra escondida pela neve. É… complicado. Está certo isso? Alguém como eu tomado por emoções assim de repente? Estaria a enlouquecer de fato?
— Hahahahahhah! Estou parecendo a Sofia.
A ignição parou e as ilusões dos meus colegas derreteram perante a mim. O sorriso despreocupado foi sendo tomado pela depressão novamente. Na lateral da cabana, havia pedaços longos de madeira empilhados. Peguei alguns, vagarosamente. A neve perdeu a importância. Apesar das partículas acumularem ao redor do rosto e ouvidos, nada fiz. Devia mesmo brigar aos ventos?
— Necessito de um sono para recobrar meu juízo.
Tampei a abertura da janela criada pela minha impulsividade fajuta e ridícula provisoriamente. Entrei na cabana e me sentei na cadeira. O zumbido do vento pelas frestas surgiu e nada fiz.
Fiquei aqui, e fiquei aqui. No fim, precisava só me acalmar. A nevasca chegou finalmente de maneira decisiva e deixou qualquer visão para o lado de fora sem qualquer definição real. A noite escureceu os arredores. Estava só eu e a cabana. Assim, depois de um considerável tempo de amargura do pesar dos pesares pesados e densos, senti minhas pálpebras serem puxadas pela gravidade.
O zumbido pareceu diferente. Era pontual e rítmico, confuso e, ao mesmo tempo, preciso. Não consegui dormir. Minha mente embriagada em tristeza e sono me trouxeram a realidade como adormecer infinitamente tendendo a zero. O tempo não passou, mas me senti apagar e esvaecer.
Um general de guerra assolado pela depressão.
Levantei o corpo, desorientado. E o zumbido… Não é o vento, são toques na porta. Existe algo que está a bater em um padrão. Resfoleguei e me alertei. Não é possível que me seguiram, a população iria ter desistido ou me perdido de vista na distância que percorri. Nenhum mercenário teria coragem de me desafiar.
Aprontei a caneta e ativei a sua forma original de lança. Abri a porta lentamente e notei que havia nada. Hm? Inclinei minha visão para baixo e notei uma… criança?
— Por favor! Por favor! Pode me abrigar, por favor? Espera, general Felipe? Aqui tão longe no centro da Passagem? Não vai me dizer que seu território foi tomado por um sujeito que tinha os mesmos poderes de ilusão que tem?
Um momento… Creio que possuo mais dúvidas neste momento:
Esse garoto sabe o que me ocorreu?
As ideias cultivavam a noção do surreal. Uma criança me seguiu até aqui? Impossível, tais pequenas pernas eram mal desenvolvidas demais para percorrer a mesma distância sobe o mesmo tempo. Fazia cerca de dois dias que fugi da minha cidade no Setor de Quiral, onde foi criada a primeira ODST. Eu, Felipe, general honrado, fui atingindo por um golpe vil que virou meu povo contra mim.
Após a guerra do pôr do sol há quarenta e sete anos, os reis desapareceram da face do planeta. Tudo o que restou para nós, os quatro generais do Oeste, os convocados de Adnis, foi assumir a posse das terras do Leste e Oeste. Era insano pensar em, sucintamente, ter o controle de inúmeras vidas, oriundas de um rei doente como Édnis.
Nossa escolha foi decidida. Sobe as mesmas dimensões dos setores, separamos a liderança para cada um de nós, apenas em mente de duas condições que se complementam: centralizar a capacidade ofensiva em instalações principais e esconder a energia da existência.
Adnis nos contou que era possível desenvolver a energia naturalmente, entretanto, após seu método ter fracassado, nos forçou a um treinamento de preparação pouco antes da guerra, alegando ser “volátil e arriscado” apenas para dar as condições para florescer em nós.
Confiamos nele até o fim, afinal, contrariar o rei era impensável. Mistério resumia aquele rei com extrema precisão. Ainda desacredito que alguém que não envelhece desapareça do mapa de repente. Qualquer vestígio da guerra precisava ser apagado. Então, precisei atuar como ditador inevitavelmente.
Quando percebemos, havia humanos que conseguiram a energia muito depois do fim da guerra. Logo, identificaríamos indivíduos que apresentavam façanhas notáveis: rapidez, som, levitação, metamorfose, voo… A lista de potencial aumentava, embora nenhum deles fosse capaz de alcançar o nível de poder que nós, generais, atingimos.
De forma direta, nós éramos o único grupo que, apesar de habilidades diferentes, tinham a mesma cor de ignição, o preto.
Sofia, aquela que controlava minúsculas explosões que aumentavam sua força corporal. Pedro, aquele quem dominou os portais e abria fendas perante o espaço. E Marcos, aquele que tinha o dom de se curar, de ser imortal, de ser a chama, de ter o apelido de “demônio”. Se houvesse algo ou alguém que pudesse ter habilidades anormais, devia ser descoberto e trazido até um de nós.
Porém… Alguém apareceu do jeito indevido.
[ODST de Quiral, há mais de dois milênios]
Há duas semanas, enquanto recebia relatórios das patrulhas do nível um, um arquivo me trouxe fotos nelas. Estavam sujas e manchadas por sangue velho, quando reparei melhor, notei que eram fotos minhas que mostravam a negociar com bandidos de vigésima categoria.
Minhas?! Mal tenho tempo para sair deste posto! Deve ser uma montagem, uma armação… Era uma pena que não passou pela minha cabeça que podia ser alguém que passou despercebido indevidamente.
Como ousariam em, nem mesmo, pensar nas gravidades de uma brincadeira dessas?! Repudiei tais documentos e procurei o responsável pelas fotos...
Ninguém.
Todos os registros de atividades do nível um passavam longe de alguém ter tirado a foto e colocado naquela pasta específica. Meus dentes apertaram em desgosto.
No dia seguinte, havia mais duas fotos. No terceiro, havia mais três. Situações diferentes… O quê?! Rasguei ao ver a terceira foto. Quem?! Como?! Me mandam a cena forjada que me mostrava a me aproveitar de uma mulher... insanidade. Pagará aquele que é insano de me desrespeitar!
Ao tentar rasgar cada fragmento da pasta que tinha as imundices, um papel incomum caiu no chão. O peguei e constei ser uma carta. Meus dedos foram frenéticos para ler, consumidos pelo meu ódio acumulado e ressonante para condenar o culpado.
“Édnis vive. O pôr do sol nunca chegou de verdade”. O idêntico tom de sangue velho de antes. Impossível, achei que não veria este nome nunca mais. Diabos! Preciso agir imediatamente, não deveriam sonhar em escrever e muito menos pronunciar este nome. Niguém devia se lembrar da guerra.
Abri a janela do meu escritório, assustado. Dei uma palma e pude ouvir o bater sutil de asas se aproximar. Meu pombo-branco apareceu e logo curvou a cabeça.
— Leve para qualquer um dos três o mais rápido possível! Vá agora mes…
— General Felipe.
Estendi meu dedo e apontei para o horizonte. Antes que pudesse completar a ordem ao ver o pombo voar com a carta amarrada na perna, um sujeito me abordou. O toque no meu ombro me fez virar de uma vez.
— Diga-me logo o que houve.
— O senhor conferiu o jornal?
Atrás de mim, o meu fiel colega tinha de prontidão vários papeis em mãos. Era um dos meus agentes, trabalhava intensamente para monitorar as atividades criminosas, sua extensa maquiagem no rosto e os brincos com o símbolo da nossa ODST eram capazes de amedrontar a distância qualquer mal-intencionado.
— Achou o responsável por estas fotos?
— Dê uma olhada, chefe. Deve muitas explicações… porque isso não tem graça.
Apanhei com força das mãos dele e fitei as páginas. Han?! As fotos estavam logo na primeira página, existiam outras que nem cheguei a ver anteriormente, “General Felipe pego em discordância com a boa vivência, a decadência iminente”. Título tendencioso de uma figa! Absurdos a serem chamados de fatos! Rasguei a folha e pisei nos restos mortais não vivos. Preciso do responsável! Preciso!
— Por um acaso, está conectado com tal façanha descomunal?!
— Não, não. Apenas queria alertá-lo. Os cidadãos estão protestando no portão de entrada.
— Protesto?
Protesto, a mim? Preciso esclarecer isto quanto antes. Sai do escritório e me encaminhei ao ponto de entrada. Todos os trabalhadores estavam se distanciando de mim. Medo, aflição e nojo eram direcionados. E as vozes e os barulhos de golpes contra a entrada ecoava. Irritava os guardas, que gritavam pela calma por cima das torres de vigia ao redor.
Assim pararam ao notar minha presença, que destaquei com passos pesados e um olhar afiado. Aquele que produziu inverdades deve pagar caro! A imagem de um indigno da sociedade era vinculada a minha pessoa e clamada como verdade. Mentira e pronto! Assim devo dizer.
Acenei para a torre, e o portão rangeu. O silêncio ensurdeceu os sentidos e a luz atravessava até alcançar meu rosto. Além de caras enfurecidas e cheias de desprezo, uma figura peculiar estava destacada no centro da algazarra, a suposta moça que foi abusada na foto.
— Estuprador do capeta!
— Ele é um corrupto!
— Este é nosso governante?! Este traste?!
Essas dúvidas não param de aparecer…
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