Volume 2 – Hospital Flutuante
Capítulo 46: A Praça da Tourada (Parte 2)
[Instantes antes]
— Que coisa é aquilo? João, vamos dar o pé daqui!
— Eles estão lutando contra aquilo? Não parecem ser da polícia. O QUÊ?
Piloto e câmera ponderavam sobre a decisão a ser tomada, uma curiosidade de um digno momento único ou uma ameaça que daria fim a única vida que tinham.
Usuários de energia desconhecidos faziam feitos que humanos comuns eram incapazes, o incomodo de ver o sobrenatural fez o suor frio aflorar da pele dos dois no helicóptero.
A cúpula ilusória alcançou apenas uma dezena de metros de altura, apenas os três combatentes de última hora e o touro conseguiam ver a arena e a forma de toureiro de Feites no campo aberto atrás do hospital.
Olhos arregalaram a ver a cena perturbadora, era uma exibição de força por uma moça elegante, uma agilidade tremenda de quem possuía um cabelo brilhante e o último suspiro de um jovem de blusa azul.
Nenhuma palavra foi dita do alto no céu, os dois, que eram a única equipe de reportagem capaz de registrar qualquer fato, ressoaram nenhum barulho em total concordância.
O que viram foi irreal — pois assim desejavam — um pesadelo negro que usava o poder bruto a favor de matar um único alvo. O que gravaram foi surreal — pois assim os pavores dos espectadores disseminavam — um corpo foi erguido por algo invisível, que teve a sua forma traçada pelo sangue escorrido.
A manhã daquele dia acumulou o potencial de trazer um juízo para o ocorrido do festival. E nada conseguiu concretar o potencial de fato. A visão de cima do hospital dava abertura para horizontes do centro urbano, embora espaçado pelo enorme campo que rondava as áreas ligeiramente afastadas. Ninguém imaginaria ver aquele cenário calmo e próspero de esperança para a saúde ser sujado.
O sangue pintou o chão da arena. Ou o sangue pintou o verde da grama.
— Corta! Cortaa...
— Tá bom! Hm?
— Bom dia, rapazes.
Boquiaberto, a câmera apertou um botão e encerrou a transmissão dos dados.
Pelo comunicador, a repórter exclamou diante da audiência o parecer das imagens que vinham para as televisões ligadas tão cedo. Seis e cinquenta quatro da manhã, um horário um tanto normal para trabalhadores ou... estudantes.
Porém, outra voz mais grave e educada apareceu no comunicador, apesar da surpresa em sequência, piloto e câmera entenderam de quem era a saudação, engolindo seco.
Apesar da tela ter sido substituída por um fundo com uma breve explicação da previsão do tempo. A última imagem de um jovem espetado por um touro invisível ficou gravadas nas mentes.
A apresentação escura da probabilidade alta de chuva permitiu um reflexo específico de espectadoras numa tv longe daquele lugar de pânico. O sofá estava limpo, escadas limpas, um cabelo crespo limpinho, um cabelo liso limpinho, pele escura, pele clara... Empregadas despertas para se atualizar pelas notícias antes de outro expediente.
— Santo. Deus.
— Ahhh!
Martía, incrédula, parou de piscar. Maria, com lágrimas emergindo, ficou paralisada. Afinal, o jovem que foi o centro de visão da última cena do jornal, era Mark, que foi apunhalado num ato sobrenatural.
O grito sutil de Maria fez o controle cair num tapete abaixo. As empregas se entreolharam lentamente, ausentes de qualquer expressão para traduzir o pesar.
Desta forma, começaram a chorar ali mesmo, longe daquele que trataram como filho.
“Déjà vu”, uma maneira de indicar o sentimento conflitante de viver algo que foi vivido antes, ao menos, que se assemelha como tal. Para Mark, ver seu fantasma em cima de um touro passou como esta sensação, apenas não pode explicar antes de ser atingido.
Desde que viu o fantasma pela primeira vez no acidente do ônibus, sua posição era um tanto peculiar e misteriosa. Perdeu a vontade de justificar sua existência e pulou para e tapa de pensar como funciona.
Quando o via, algo de errado acontecia. Quando o seguia, os eventos tranquilos apareciam. Quando não o via, sentia se livre para decidir. Quando o não seguia, o pior demonstrava ser um destino firme.
Contar sensações era complicado. Mostrá-las era tão complicado quanto. Justo, já que não parecia ser mais o Mark pendurado, agora, talvez fosse a personificação do instinto.
Rosto sério, uma pegada firme. E o rope dart armou sem qualquer ignição. O touro acertou o chifre no peito do jovem e o sacudiu até o corpo ser projetado para o lado.
— Mark! Que infelicidade...
Feites havia conduzido a investida para que o touro não alterasse a trajetória até o primeiro puro, permitindo que Luri pudesse segurar de frente. Insatisfeito, fez a menção de socorrê-lo, mas a líder do terceiro nível havia caído perto.
— Senhorita, precisamos protegê-lo.
— Merda, Mark! Tinha que vacilar logo agora.
Nenhum ferimento estava exposto a olho nu, mas a sujeira no terno branco era capaz de justificar, em partes, a fúria que voltou como resposta. Se levantou e ergueu-se para correrem de volta até o colega de equipe, mas evitaram o passo ao notar que estava tudo bem.
Estava esquisitamente tudo bem.
O atingido lançou o gancho em pleno ar e usou para direcionar numa árvore, rotacionando de volta para mais perto. Ficou ali em pé, depois de aterrissar perfeitamente.
Um furo no peito que mostrava o outro lado, nenhuma preocupação foi notada. Sacudiu um pouco a blusa e desarmou o rope dart. Olhou para o touro, olhou para os dois que observavam arregalados. Nem sequer deu mais atenção, era um certo desinteresse imparcial.
A franja estava mais caída que o normal, cobria os cílios cianos e destacou a boca meio repuxada, feito alguém que buscava uma palavra específica.
— Incinere.
Chamas envolveram por inteiro. Atingiram uma altura capaz de atingir o céu numa cor fora do usual. Um azul escuro tomou forma invés do ciano habitual. O verde misturado por azul esvaiu.
De longe, possivelmente mais quente. Era um poder diferente.
— É o bastante.
O sangue que escorreu secou, o buraco se fechou, toda a sujeira passou. Em um piscar, a torrente de fogo cessou e limpou qualquer sinal dos chifres que o perfuraram. Inclusive a blusa, reparando a mais nova listra branca que surgiu estampada junto ao zíper.
Um ferimento grave que levaria um tempo para se curar fingiu nunca ter existido em primeiro lugar.
Ansiedade e nervosismo sumiram numa calma confiante. Não tinha medo nem mesmo um pequeno pingo de dor na mente.
A criatura se abismou pelo escuro surpresa das chamas, um susto correu pelas camadas de aço sobrepostas e propagou o ruído sutil do atrito. Se revirou para o outro lado, e a raiva retomou antes de encarar e ameaçar outra investida.
— Senhorita, se afaste! Vou atraí-lo novamente.
— T-tá.
Luri seguiu o pedido e correu até Mark, que estava afastado atrás do touro. Seguiu pela mata em volta na marcha veloz que usou para segurar anteriormente. Assim, Feites forçou um pouco a ignição e estendeu o tamanho do pano.
O touro foi incapaz de retirar a atenção do vermelho vívido do toureiro. Outra investida veio, mais um desvio gracioso surgiu; digno da adoração de “olé” de uma plateia falsa.
— Escuta aqui, só você consegue derrubar esse bicho, precisa... Hm?
— Preciso de uma abertura para que eu não seja atingido. Por favor, repita aquilo.
— Óbvio, nem tem que falar... Tá bem?
— Felipe fez a parte dele, preste atenção.
— Haan? Ahhh, droga. Não vem com baboseira, só não vacila dessa vez!
O alerta veio instantâneo quando moça chegou, embora Mark nem ter olhado ou mostrado alguma dedicação de fazer o melhor. O jovem continuou olhando para o touro, interrompendo a fala ao apontar para o mostro que foi manobrado pelo gingado do pano para os dois.
Luri correu novamente e mais um estrondo surgiu nas forças que tentavam se anular. Pouco a pouco, a intensidade do vetor foi para zero, o mostro estava preso no chão enquanto era segurado com muito esforço.
— Andaaa! Egh?!
Por cima, uma corda grossa enrolou nos chifres e tensionou o suficiente para desnortear o touro. O gancho encaixou e prendeu o movimento daquele que vinha rapidamente, sendo puxado pelos motores do arpéu.
A moça ficou desconfiada enquanto um projetil humano foi disparo até o monstro. O touro esperneava para sair da pegada, firmou o pé traseiros e levantou o corpo para ficar em pé.
Foi carregada junta, soltou as mãos e chutou a cabeça do touro, usando o impulso para girar no ar e voltar para o chão.
Mark passou, enroscou a corda e evitou o rabo, que tentou atingi-lo. O jovem se direcionou com exímio e ficou os pés nas costas do touro. O monstro podia ser comparado a uma presa de uma teia de aranha.
Balançou com o braço, girou o corpo no ar, jogou a perna; cada movimento guiou o gancho pelos contornos do corpo do monstro. Cada mexida foi calculada, sem usar qualquer ignição para redirecionar algo.
Talvez uma cena ensaiada.
— Ugh? Ug... Ughh!
— Se abaixa!
Feites se aproximou e desfez o domo. O céu ensolarado se transfigurou em um nublado junto aos campos verdes e amassados, que voltaram após transformarem a realidade.
O bastão com o pano mudou de forma e tornou-se o cajado. Brilhou e zumbiu na energia que cumulava na ponta.
— Eu queria ter uma caneta dessa... — sussurrou Luri.
Os chifres haviam sido disparados, foi para cima e deu meia volta para baixo feito com o alvo travado. Dois disparos rasparam por Mark, que desviou ao inclinar a coluna para frente.
— Agradecido.
Os tiros precisos destruíram ar armas perfurantes em pleno ar.
Quando o touro retirou as patas dianteiras do ar, o jovem tinha em mãos partes da corda do rope dart, formando uma rédea. Apertou e puxou para cima, arrastando e ligando o motor para contrair mais a corda.
Este gigante começou a se debater, duas patas foram arrastadas para a barriga e foi forçado a deitar com o queixo diretamente na grama. Tento rolar, Mark apertou mais. Tentou levantar-se, as patas estavam presas pela pressão. Tentou mexer o rabo, mas cada centímetro estava embolado.
Seus pés estavam livres de qualquer instabilidade. Cada engrenagem reagia pelo toque dos tênis, uma espécie de mecanismo vivo, um organismo vivo que estavam unidos peça a peça.
Resistente, preto, ruídos... nada mais para descrever.
— Incinere.
As chamas vieram.
— Incinere.
Azul escuro venceu o ciano rotineiro.
— Incinere!
— UUuuuuuugh! Ugh! Uuuuuuugh! U... Uu..
Os mugidos ensurdeciam. Era compreensível, uma besta estava sendo queimada viva em temperaturas superiores. Aço derretia e mais gritos surgiram. Aos poucos, o negro tornou mais negro até se tornar o líquido e ir direto a cinzas.
Ainda acima do mostro, garantiu que as chamas corroessem cada átomo. Esperou o último sinal de vida do rabo.
O fogo se acalmou, se esvaia em etapas minúsculas e infinitesimais. Numa agitada das mãos, o gancho se desprendeu do corpo do touro e retrocedeu cada centímetro da corda que convolveu para a base do pulso.
— Devo admitir que tuas chamas são convenientes.
— Yay! O esquentadinho do time fez churrasco! Mas nem é quente de verdade... — Comemorou Luri, antes de sussurrar para si ao passar as mãos pelo fogo azul-escuro.
Mark desceu e foi recebido pelos colegas com a vitória clara. Feites devolveu a forma de caneta da lança e guardou no bolso, cultuando o brilho escuro ao redor. A moça deu um pulinho e um tapinha no ombro do jovem, que não se mexeu.
— Eu sei que é novato, novato hahahha! Nois ganho. Então pra quê essa cara? Mark?
Luri envolveu os ombros do jovem com um braço, e não obteve resposta.
— Licença?
Feites passou as mãos na frente do rosto do esquentadinho, e não obteve resposta.
Mark estava concentrado no chão por algum motivo. A respiração ficou congelada, sua pele mais pálida e pálpebras endurecidas. Simplesmente, caiu no chão.
Um chiado começou a levantar volume vagarosamente. Atrás deles, o corpo do touro se derretia numa gosma negra e começava a tomar tons de branco.
— Mark? Mark!
— Usou energia sem mediar. Acabou de ter um colapso. Vamos sair daqui.
— Ain! Entendi, faz tanto tempo que não passo por isso, mas consigo entender. Tinha que ser o novato mesmo.... é.
Luri se perdeu nos pensamentos ao escutar Feites, uma lembrança veio à mente e chegou a assentir para si, no entanto, suas narinas a interromperam de delimitar a memória.
Em seguida, o nariz do anfitrião da mansão coçou. E, enfim, o ouvido alertou.
— Senhorita Luri!
— Dá a mão!
O rapaz notou a luz e o cheiro de queimado da grama, era completamente diferente das chamas, esteve claro demais e não devia existir qualquer aroma. O touro perdeu a forma e se tornou uma massa branca que chiava alto. Assim, a conclusão veio à tona:
— Irá explodir?!
— Confia, confia, confia, confia — murmurou Luri. — Prevaleça!
No mesmo segundo, a líder do terceiro nível segurou os dois colegas e emitiu o máximo de ignição. A aura preencheu o espaço ao redor e tornou o escudo firme feito uma bolha.
O chiado parou e a substância anunciou a explosão.
Um clarão surgiu no total dos arredores que foi engolido numa descarga que alcançou até a metade do hospital.
A situação transmutou. Devastação: abalo, tiros, explosões, golpes. Havia uma incerteza. A temperatura elevou: suor, calafrios, fraqueza, sede. Com certeza, havia algo para ser previsto. A derrota começou a se definir: pessoas ao chão, choros, gritos... sangue.
Dessa forma, uma mulher jovem com um longo cabelo vermelho aparecia. A ondas de vento criou a oportunidade para mostrar o quanto de volume as formas pontudas tinham como fardo. Espinhos grandes em beldade de cabelo.
Bem mais a frente, homens encapuzados executavam os que cruzavam o caminho num pequeno vilarejo. Homens, que estavam vestidos com braceletes estampados por símbolo rosa semelhante a duas minhocas, foram brutalizados; esfaqueados, alvejado por balas, pisoteados.
As costas ficaram tensas e os ombros subiram, veias apareceram nos punhos que estavam prestes a esmagar a própria carne ao apertar os punhos. Os fios vermelhos se tornaram imunes ao vento e endureceram. Um ódio descomunal foi nutrido dos confins da alma.
O que a mulher observava se tornou combustível do ódio.
Sorrisos vinham nos assassinos, o prazer de finalizar as vítimas se somava e potencializava a crueldade. Assim continuaria se o primeiro não notasse a presença da mulher ao longe do vilarejo.
Os dentes de escondiam e a faca em mãos parou, segurando uma menina assustada que esperava pelo golpe final. A faca caiu e as mãos afrouxaram, permitindo que corresse.
— So-socorro! Algué...
— Poxa, que vacilo! Assim fica fácil de ser quem pegou mais pro cristal.
— So-So... A so... raya...
— O que deu em você? Abstinência? Hm? Ela...
Com a liberdade momentânea, os passos da menina coincidiram com a direção da silhueta mais ao longe. O pavimento rígido em cimento dava direção clara a observadora.
Antes de completar o pedido de ajuda, um tiro perfurou o crânio, deixando a imóvel no chão junto aos braços estendidos para receber algum suposto socorro.
Outro encapuzado, de barba feita e uma tatuagem reconhecível ao sorriso estelar, aproximou com a arma em mãos, debochando da menina que já deixava o sangue fluir. O sujeito percebeu o parceiro assombrado; dentes batiam, língua paralisada e olhos que nunca mais iam piscar.
No resquício de esclarecer, o motivo que não se convertiam a nem uma palavra inteira, o parceiro levantou o indicador para a mesma silhueta ao fundo.
No mesmo instante, o temor se espalhou feito um vírus. Um assassino se alertava e alertava o resto para que se alertassem.
A mulher flexionou os joelhos levemente e estendeu um punho para trás. A posição era digna e realçou as veias que corriam da cabeça para a mão. Uma ignição rosa surgiu, energia começou a circular pelo braço e ventos vermelhos se concentravam feito uma tempestade concentrada.
Respiração pesada acelerava, o ar ia e voltava e os barulhos do mero ato de respirar se tornavam um certo rosnado. Dentes afiados, um nariz pontudo. Mas os olhos estavam escondidos, o cabeça balançou e escondeu a declaração de amargor do coração:
— SEUS FILHOS DA PUTA!
O braço preparado avançou em pleno ar. Uma onda de impacto apareceu e varreu como um canhão invisível o grupo inteiro de assassinos.
A sanguinolência teve o fim impremeditado pela consequência de um soco no vento, um evento elementar de mover o oxigênio pela inercia da força bruta mais pura.
Restou exclusivamente a mulher raivosa, que observava os criminosos serem arrastados pela destruição enquanto espumava pela boca.
— Aaaah!
Apesar disto, um leve gelo percorreu pela espinha. O cabelo remexeu e a suas mãos foram para a cabeça, apertando com a mesma intensidade que propagou o seu ódio.
— Essa! Dor! De! No! Vo! Aaah!
Joelhos despencaram no chão e presas perfuraram os lábios. Antes de qualquer movimento, começou a acertar a testa no cimento. Cada silaba foi um experimento para mitigar o desespero que a fez ter a voz fraca.
— Pu! Ta! Que! Aa-aah! Pa! Riu! Haaanf!
Nada funcionou. Tentou e tentou. Nada adiantou. O folego acabou e, quase rasgando os cabelos para fora, tentou puxar o ar para dentro dos pulmões.
Assim, somente um breu vinha, engolindo sua vista pelas beiras e tampando o som por inteiro.
— Raan...
— Raaanf, haanf... Minha cabeça, aiii!
— Despertado, sim? Fico contente que se recuperou agilmente.
Tal escuro clareou de pedaço em pedaço. A saturação das cores e a nitidez das imagens do cérebro vinham em parcelas. Mark acordou, deitado sobre os bancos de trás do carro, espremendo o rosto.
O anfitrião apareceu no passageiro, tremidas iam e vinham no assento, e uma dor de cabeça estranha que o atingia começou a se esvair em uma mera sensação estranha. Mark levantou o troco em angústia e confusão que tocaram a alma.
— Um vislumbre, eu tive um vislumbre...
— Interessante.
— Quer dizer que Réviz também teve.
— Onde a gente tá? O touro. Vocês deram um jeito nele?
Um comentário preciso veio da motorista, que balançou a chuquinhas, preocupada com o amigo na mansão. Ambos tensionaram as sobrancelhas com a pergunta feita.
Mark sentiu uma aura pesada, o encaravam de um jeito específico: um olhar conturbado de lado ou uma boca espantada no retrovisor interno.
— Irei indagar da maneira correta. Se recorda do que houve após ter perdido a janela de tempo para subir no touro na primeira tentativa, correto?
— Ei! Fala direito, senhor “vosmecê”. Mark, foi você que matou aquela joça preta.
— Hmm. Correto...
A expectativa foi jogada para o espaço, descartada no vácuo. O jovem desviou o olhar dos colegas, sem jeito para se expressar. Diferente de vergonha ou timidez, sua insegurança veio à tona por uma incerteza.
Chama na mente por uma resposta digna, mas vinha ecos de algo incompleto: o fantasma que apareceu em pé primeiro, nas costas do touro; uma serena imagem de suas mãos próximas ao peito.
Havia nenhum sinal de um buraco aberto no troco, de uma dor, de uma sensação confiante ou sem medo. Nenhum sinal de realmente chamar pelas chamas de cor azul escuro.
— O que me lembro é de... bom, as mãos... Na verdade, é uma sensação quase muito igual de quando... bom, usei a “ignição” pela primeira vez. Me lembro de fragmentos, mas não de realmente fazer aquilo. Estava meio que... assistindo a mim mesmo pelo meu próprio corpo. Só que agora eu só apaguei de vez, devo ter desmaiado de pânico mesmo.
— Pânico? Colocação um tanto que incomum para o que fez.
— Você foi muito bem! Se recuperou rapidão da chifrada, hahaha! Foi lá e embalou a carne pro churrasco e ascendeu essa brasa nova! Sabia que não tinha que me preocupar...
— O esquisito é que também vi um fantasma muito parecido comigo mesmo na última vez que senti isso. Tá preula!
O céu continuava nublado, o perigo de chuva que as nuvens escuras mostravam estava cada vez mais denso nos arredores da Cidade Flutuante; mas o sol ainda estava claro com a aproximação do meio-dia. Ninguém perambulava nas ruas. Ainda nenhum veículo ousava em aparecer nas ruas ou avenidas. E, perante a estes fatos, o carro parou no frear brusco.
— Senhorita?
— Mark... Poderia me explicar sobre este fantasma mais tarde?
— Acredita em mim, Luri? O Réviz nem consegue vê-lo nas minhas memórias.
— Os planos mudaram, explica aí, senhor-falo-certinho-ora-pois. Mas eu acredito, sim.
— Iremos acertar cada motivação posteriormente. Neste instante, é valoroso o ato de ir atrás do prefeito. Após outro ataque na sua presença, é compreensível que vão realocá-lo para o perímetro seguro da prefeitura. Estávamos a caminho de lá neste instante.
Luri, firmou os dedos no volante e acelerou o carro novamente. A inércia veio e os dois homens inclinaram para trás.
— Algum problema, Luri?
— Zero.
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