Pôr do Sol Brasileira

Autor(a): Galimeu


Volume 2 – Hospital Flutuante

Capítulo 45: Pacientes do Inevitável


 

[Manhã, mansão em algum lugar da Cidade Flutuante] 

 

Sem pedir pela permissão de ninguém, o destino se mostraria traiçoeiro mais vezes. Este comportamento peculiar e desleal do futuro estava para ficar ainda mais conturbado. 

Ou sem exigir nada, a manhã seguinte havia chegado. 

O azul claro e mechas pretas balançava ao lado do amanhecer anunciado pelas janelas, ia de um lado para o outro e vacilava em cada passo. Confusão esteve evidente em meio aos lábios espremidos por dentes e braços inquietos, feito alguém que discutia no espelho. 

E perdia na argumentação silenciosa. 

Luri, a tão respeitada líder, havia passado a noite em claro. Orelhas foram vistas quando abriu o espelho do guarda-roupa, declarou a aparência maltratada do terno predileto e cabeça bagunçada.  

Ficou assustada com o que viu e fechou rapidamente. Porém, antes que a pegada da maçaneta completasse o movimento, desacelerou pouco antes do impacto produzir qualquer som alto. 

O ombro tencionou e olhou para trás, fechando o guarda-roupa com cuidado. Aquela mulher tinha a devida cautela para a personalidade inconstante como uma de criança, no entanto, quando havia aquela pessoa no centro da visão, concentrava-se a um só comportamento: ternura. 

Próximo à porta, numa poltrona que estava apontada para a entrada do quarto, em posição que evitaria a chance de o pior acontecer, estava sentado o causador do último tumulto da noite anterior.  

Luri foi para mais perto do amigo; parou logo na frente, olhando para seu rosto com um certo receio. 

Réviz adormeceu sobre a mão que apoiava a bochecha feito um pilar da cabeça tensa em suspeita. Embora não desperto, a boca puxada e a sobrancelha contraída mostraram que ainda desconfiava de todos. A dona das chuquinhas era quem mais entendia… 

“Não dormiu direito desde que encontrou Mark, né?” Fez questão em não dizer de fato alguma palavra, mas era contra a sua vontade.  

“Tem que entender logo que sou eu no comando, não se cobre tanto”. Uma singela mão estava lentamente no caminho de tocar o rosto do amigo, no entanto, virou contra a trajetória desejada e afastou a ponta do dedo quase em contato.  

Luri negou os próprios sentimentos ao respirar fundo. Retificou a postura e foi mais para o lado, alterando o destino da mão para o ombro. O branco nos olhos brilhou e a ignição sutil apareceu; caminhou pelo seu braço até se espalhar para o corpo de Réviz. 

A aura apareceu e formou um escudo de camada extremamente fina sobre a pele; muito diferente dos que usou em combate. Assim, retirou a pegada do ombro e conseguiu expulsar um pouco da tensão acumulada no rosto do colega, que relaxou na mesma hora. 

— Vai conseguir dormir mais, que bom! 

Deu pulinhos em volta da poltrona e terminou as acrobacias ao aterrissar de barriga na cama. 

Permitiu com que sua voz saísse e ficou grata por concluir a pequena missão daquela manhã. O escudo aplicado não continha o objetivo de proteger de impactos, mas para acalmar a mente — além de deixar o sono mais pesado.  

Lavou o rosto no banheiro e ajeitou o cabelo e terno. Sua confiança havia retornado totalme… 

Três batidas surgiram na porta. Luri retirou os dedos do cabelo e relembrou que não era um hotel ou uma viagem de descanso. Estufou o peito e foi de imediato atender o chamado, imaginado que era o avisado pelo anfitrião nada suspeito. 

— Saudações. Assim como dito ontem, tenho tópicos para esclarecer. 

Mark, já também acordado, estava sentado no peitoril da janela, utilizando apenas a regata para parte de cima do corpo, vendo o amanhecer conflituoso de esperança e medo.  

Três exatos toques apareceram.  

Alcançou a blusa querida e, antes que colocasse com nenhum processo especial, havia notado algo que capturou a atenção. “Outra listra, na parte das costas”. Sentiu o tecido e nada havia mudado, retirando o fato que era a segunda listra que surgiu como uma estampa surpresa na blusa. 

Três toques apareceram outra vez, mais apressados que a sequência anterior.  

Terminou o processo e mergulhou na blusa, indo até a porta. Quando abriu viu Feites posturado, aguardando pela resposta com olhos fechados. No entanto, a surpresa maior foi ver a líder entrar no quarto sem cordialidade ao se espremer para dentro. 

Erm… Bom dia? 

— Ah, ok. Bom dia! — Foi na direção dos outros dois que dormiam na cama. 

— Com sua licença, Mark, tenho um assunto que queremos tratar ainda nesta manhã. 

— E o que seria? Espera. Luri? O que tá fazendo com eles? 

Mark estava prestes a sair para escutar os detalhes que Feites queria mostrar, porém, um brilho azul veio logo atrás e acabou deixando o anfitrião tingido. Ao ver a origem da luz, viu a moça estender a ignição ao espalhar a aura pelos outros irmãos. 

Certamente, era justo que pensasse ser uma medida preventiva de algum plano. Uma sobrancelha saltou em Mark, que ficou preocupado pela chance de os irmãos estarem em perigo. 

— Não esquenta! Isso vai fazê os dois dormirem bastante, talvez o dia inteiro, hihi! — disse Luri antes de sussurrar para si no final. 

— Um escudo fazendo eles dormirem? 

— Aceita o roteiro, zé! Não foi eu que escreveu como minha energia funciona. 

Esquecendo a estranheza da cena, viu os irmãos menos tensos ao se esticarem e reviraram na cama naturalmente. Abriu mais a porta e permitiu a moça sair de volta, sendo puxado pela mão. 

Feites aguardava de forma paciente, então, quando a moça terminou de garantir uma condição do tal assunto, cruzou os braços e revelou os olhos brilhantes. 

— Iremos ao encontro do prefeito. Contudo, antes de qualquer ação, peço desculpas pela grosseria que demonstrei na noite de ontem. Pus meus anseios numa prioridade que me impediu de pensar nas dificuldades que enfrentaram. Me perdoe. 

— Calma. Tá tudo bem. Não precisa ser… tão formal. Todo mundo teve uma noite difícil, ainda é complicado acreditar que encontramos alguém como você. 

Mesmo com o queixo levemente levantado, a postura de superioridade desmanchou ao se curvar. Mark ficou sem reação e estendeu o braço para um aperto de mão, respondido com um sorriso agradecido do anfitrião. 

— Fique bem, Feites. Consigo ver o porquê age deste jeito, então explique para ele. Vamos até o carro enquanto isso. 

Luri se adiantou na frente em direção às escadas, balançou os cabelos e aguardou para que fosse acompanhada. Mark fechou a porta, depois dar uma última checada nos irmãos adormecidos. “Não sei o que vai acontecer, mas acho que é sério. Prometo explicar as coisas”. 

— Os sobreviventes estão reunidos num hospital, no qual está cercado pela imprensa que destacam o estado de calamidade que a cidade está. Desta forma, tenho certeza de que o prefeito aparecerá para um pronunciamento. Vossas presenças aqui no mesmo intervalo de tempo configura um mau sinal. O  responsável da tragédia possui conhecimento nós em algum nível. Vamos buscar esclarecimentos a sós com o prefeito, pois, na hipóteses de ser a estrela, tomaremos uma conclusão devida. 

— Então é aquele mesmo prefeito das memórias? 

— Não, é outro reencarnado assim como a mim… ou a você. 

— Ah, é. Você ia me explicar esse trem. 

A cada degrau que desciam pelas escadas, Mark voltava para expressão mais vazia e confusa. Luri notou isto com um certo remorso, abaixou o queixo e focou nos próprios passos. 

Havia situações pendentes que o anfitrião da mansão devia resolver com cada um. Feites sentia uma falta de compreensão no objetivo ao ver as expressões ausentes de astúcia ou… animação para fazer algo que queriam. 

— Os livros da biblioteca mencionam que Felipe imaginava que outros com a exata energia da criação dos puros originais apareceriam. Dessa forma, não só nasci com a mesma energia como herdei suas memórias. Assim sendo, parece que a profecia só pode garantir a parte da mesma energia… 

— “Criação”?  

— É o termo usado por Adnis e os puros ao descrer tais poderes sobrenatuais. 

— Na ODST, nunca ouvi falar disto. 

— É outra prova que os adminstradores tem  suas raizes do lado oposto da guerra, o mesmo que deu origem a estrela sorridente. 

Se adiantou e abriu a porta da frente da mansão, a qual mostrou o jardim não tão chamativo, cercado por árvores secas e chão acinzentado — feito uma pintura de uma floresta arrasada por um incêndio. 

— Ué! E o Réviz? 

— No terceiro nível de sono, haha! 

— A senhorita Luri usou sua energia no senhor Réviz.  

— Ele precisa descansar, e a gente precisa de calma para compreender a situação que nois se meteu. Tem muita chance dele perder a paciência. Ele não sabe ser um robô ou uma estátua. 

— Co-compreensível. 

Mark colocou a mão na frente para tentar se adaptar na claridade que o fez contrair cada músculo da cara. Revirou o pescoço e notou o carro estacionado mais ao lado. Mas o dono do veículo estava ausente.  

Luri sacudiu o jovem quando respondeu, foi uma pergunta que já esperava em prontidão. Realçou o argumento por ter mantido o adormecer do amigo, e Feites assentiu ao lado quando foi mencionado — Apesar de Mark não saber quem exatamente ficaria com raiva de quem, afinal, os dois ficariam com raiva. 

Sem mais delongas, Luri deu uma corridinha até o carro, babando ao passar o dedo pela carroceria. Quando entrou, tocou em cada átomo do volante e sentiu o tato na alma.  

— Vou dirigir meu precioso de novo… Hãn, hãn! Criança fica atrás! 

Ah! Tá, tá bom, tá… 

Mark ia diretamente para o banco ao lado da motorista, contudo, a condutora virou uma fera por ter as regras quebradas. Saiu num pulo e voltou-se para os assentos de trás, ficando ao lado de Feites, que o encarava fixamente. 

— Algum problema? 

— Estava a me perguntar se possuí um tempo de vida próximo ao meu. 

— Tenho dezoito anos. E você? 

— Dezoito vírgula nove anos. 

— Entendi, haha. 

A pessoa com a pose de nobre e braços cruzados era séria a ponto de ser desproporcional. Era formalidade demais para uma só pessoa. Mark foi respondido com a exatidão inapropriada para a pergunta e forçou uma risadinha — tinha a mínima noção de responder alguém com procedência decimal numa questão simples. 

O motor ligou e prestou a atenção em quem… massagem no volante? Luri estava tão descontraída pelo fato de dirigir novamente. “Estou cercado de gente com parafuso a menos”, pensou aquele que já questionou estar louco no começo das coisas todas. 

O carro saiu do local e, em poucos segundos, deixaram o perímetro da residência do segundo puro. A cidade ainda permanecia no horizonte, mas rendia ansiedades à distância. 

Enquanto Luri ajeitava o banco e o retrovisor central, deparou pelo reflexo com a pergunta que a fez desmontar a pose de fora da lei; cotovelo para fora e costas relaxadas. 

— Pelos conhecimentos que adquiri. Tenho a breve noção que o senhor Réviz e a senhorita Luri têm uma missão de longa data para encontrar uma mulher. Logo, seria um acumulo de fatores que desencadearia o início da profecia, que, segundo a criança das memórias, seria determinada por encontrar essas figuras. Porém, caro Mark, como exatamente vieram para o meu encontro?  

— Não foi bem intencional… 

— Já que não contém memórias, como aprendeu a usar a energia? 

— Esse. Fogo? 

— Claramente. 

De repente, Feites levantou um questionário para o grupo. Mark não conseguia olhar diretamente para quem o encarava sem piscar, sedento pela curiosidade. Então, uma leve ignição apareceu e incendiou a ponta do dedo.  

— É que. Bom… 

A estrada havia finalmente chegado, Luri tentou manter o foco, mas vacilava ao prestar atenção pelo retrovisor na explicação do que o jovem sentiu, viu e pensou ser um instinto que os levaram a chegar no evento que os trouxeram para a mansão. 

— Resumindo: começou a ficar esquisito quando senti uma dor de cabeça antes de ir pra aula… 

 

 

Dentro do perímetro da Cidade Flutuante, o drástico movimento das ruas que marcaram os ânimos do povo havia cessado por completo. Luri, com olhares tensos pelo caminho, não conseguiu aguentar a estranheza ser exposta como o único carro a perambular pelas ruas vazias. 

Os retrovisores remoeram mais do zero de movimentação: lojas fechadas, casas desertas. As placas do festival e decorações pareciam obras sem sentido, pois havia ninguém para corresponder as festas. 

— “Vislumbres”, estou correto? Uma série de visões sem qualquer padrão de aparição junto ao instinto conveniente. De fato, intrigante. 

— Ô, Feites. Tô no rumo ou não? Tá tudo tão… quieto. 

— Dobre na próxima esquerda e prossiga pela avenida. Quanto ao silêncio: foi a medida de segurança que a polícia implantou durante a madrugada, os cidadãos se isolaram do externo por um motivo específico. Com sua licença. 

— Eita, tinha uma tela?  

— A chacina? 

Feites ficou curioso sobre a história de Mark até então, ajeitou os fios de cabelo que estavam no rosto e se virou atento para o painel do carro. Rapidamente avançou pelo banco e tocou no botão perto do volante, que ativou um holograma que fez os fôlegos dos terceiros níveis do segundo setor empacarem na garganta. 

Uma reportagem surgiu com a apresentadora que relatou o assalto ao banco há um pouco mais de uma semana. Ao redor de um alerta de cenas fortes, imagens borradas do parque eram transmitidas junto a pequena imagem da repórter no canto. 

— A tragédia do parque da Cidade Flutuante foi registrada por volta das oito e vinte quatro da noite, as suspeitas são de um ataque terrorista que ceifou moradores e turistas. Imagens das câmeras operacionais foram encerradas pouco depois do apagão e continuam incertas, provocando um alerta. A contramedida invocada pela prefeitura continua em vigor até o fim da investigação. Os sobreviventes irão ser submetidos sessões com as autoridades após a confirmação dos estados de saúde… — comentava a repórter. 

Mark aproximou e não conseguiu direcionar a atenção para mais nada. Pessoas eram ensanguentadas abruptamente, esmagadas por nada, sumiam do nada, eram arremessadas pelo nada, corriam do nada, tinham medo e gritavam do mais puro nada. 

— Aquelas criaturas não aparecem nas câmeras?! 

— Sinto em confirmar que sim.

— Impossível. 

Pouco depois da cena cortar para uma visão aérea de um hospital, Luri esticou o braço e desligou o holograma. Os lábios tremiam e palavras não vinham. Os passageiros se entreolharam, Mark relaxou sobre o banco e tentou enxergar pelo retrovisor central a motorista que se escondia atrás da própria franja. 

— Já viu essas…  

— Sombras ambulantes? 

Feites ficou incomodado com a palavra “criaturas”, uma descrição vaga demais para o nível de perigo tão específico que foi constatado. Interrompeu Mark, que ficou sem jeito, focando somente na motorista. 

— Queria dizer que não. — As mãos apertaram o volante e giraram para mudar de direção. Sentiram a inércia pelos corpos, e Luri pressionou os dentes. — Réviz e eu fomos convocados para uma missão de reconhecimento em Tif, dezoito anos atrás. Na época, minha irmã, a Quiral, era a líder do terceiro nível do nosso setor, só que ela foi raptada por essas criaturas numa emboscada. Ela não tinha uma energia digna de lutas de linha de frente, mas era uma pessoa única. 

— Como ela era? 

Hunf… — Suspirou. — Cabelo cinza, um tiquinho mais alta que eu, cílios de cor amarela e… ficava emburrada e virava uma estátua. 

— Você já viu esses bixos?

— O prefeito me descreveu vagamente, mas o uso delas diverge do que foi me relatado. Por isso, me motivo mais a entrar em contato.

Mark tentou retirar a preocupação da causa do evento e perguntou algo diferente. Porém, Luri abaixou ligeiramente o queixo e deixou a sombra inundar a consciência, o que demonstrou a total falha na tentativa.  

O carro desacelerou a estacionou um pouco antes do campo mais aberto. Adiante, o grande hospital estava encoberto por repórteres, policiais, ambulâncias e famílias desesperadas no lado de fora. 

— Chegamos. 

— Agradeço a condução. Permitam-me assegurar o resto. Sigam-me. 

Feites saiu assim que Luri puxou o freio de mão. Mark saiu com cautela, porque, ao contrário dos outros, a quantidade de pessoas ali presentes não foi o destaque, pois o barulho grave e constante que vinha dos arredores trouxe uma certa ansiedade. 

Logo acima do carro, um helicóptero passava e rodeava a área ao redor de muito longe. Era perceptível que foi o mesmo que mostrou brevemente as imagens na reportagem, já que continha câmeras ligadas e dispostas a registrar detalhes do início ao fim. 

Viu, viu, viu… e continuou a ver. Havia algo que não via, embora pudesse dizer que sentia. “Esse frio de novo”. Pôs a mão perto do coração e sentiu o acelerar alavancar a ansiedade. Sucintamente, seu pescoço sentiu a necessidade de procurar o fantasma. 

— Mark? — chamou Luri. 

A mente derivou da realidade por um instante com o veículo não tão comum. Retornou ao caminho e seguiu com o grupo. 

— Luri, acho que estou sentindo aquele pressentimento. De. Novo. Tenho certeza que senti isso antes daquela mulher aparecer no palco. 

— Se o cê diz… Tá. Concordo que é bom ficarmoso com a guarda a postos. 

Mark alcançou os passos da líder, que estava confusa por um momento, e a avisou em sussurros. Desfez a fechadura do zíper da blusa e tentou aliviar a tensão que sentiu.  

A líder assentiu e quadruplicou o fervor de foco. Afinou os olhos e passou entre as pessoas ao redor, que devolviam ásperos pelas condições de socorro que precisavam. Pegou na mão do jovem e avançou pela multidão, o trazendo rapidamente. 

Feites já estava no final do mar de gente, as portas estavam impedidas por seguranças e enfermeiras que revisavam listas de pacientes presentes no hospital. 

Mães imploraram para ter a ciência se seus filhos haviam sido resgatados, outros pais choravam e tentavam avançar pela barreira da entrada, usando a força da última esperança ao não escutar o nome dos entes que tanto desejavam. 

Os seguranças entenderam o braço e bloquearam a passagem de Feites, que levantou o queixo e reluziu a energia por um milissegundo. 

— Se-seja rápido. 

Com o simples sinal, conseguiu acesso ao interior num instante. Acenou para os companheiros e mergulharam na pequena abertura criada na barreira. 

— Tão fácil assim? 

— Todos deste hospital são da estrela sorridente, o prefeito me concedeu regalias para usufruir deste fato. 

— Quer dizer que os inimigos tão aqui. Olha só que legal, olha só que bacana. 

Luri perguntou da exceção gerada para o grupo, e Feites retornou com uma resposta nada agradável. Luri ficou decepcionada e emitiu uma voz cansada, despencando os ombros. 

— Não sabem que somos do terceiro nível? — perguntou Mark. 

— Negativo. Se soubessem, minha presença aqui é crucial para mantê-los foram dos alvos. No entanto, o embate não seja neste local, mas iriam espalhar a notícia pela rede da estrela na cidade e não haveria um lugar seguro. 

— Qual o plano? 

— Irei colher informações até a breve chegada do prefeito. Fiquem. Perto. De. Mim. 

Enfim, adentraram completamente nos corredores incontáveis. Apesar de câmeras vigiarem e seguirem o andar, ignoraram e prosseguiram com Feites.  

Parte do grupo do terceiro nível estava num local distante do ponto de partida, guiados pelo puro que conheceram recentemente e que diz ser a variável que corresponderá ao resultado desejado da função.  

Assim, ainda permaneciam, como uma última linha de defesa, o vice-líder; que dormia na poltrona sem qualquer alteração nos músculos. 

 

Um lugar um tanto quanto inconveniente. A sombra das árvores eram o único refúgio do calor da manhã quente, que banhava o horizonte do campo verde e a enorme instalação hospitalar. A grama emitia o som da ventania e as folhas caiam lentamente.  

O verde era esmagado com uma delicadeza um tanto quanto imprópria. Os barulhos de amassos da grama vinham para perto da árvore mais próxima dos raios de sol, parando ao deixar o corpo com belas curvas admirar a vista. 

— Helicóptero? Pff, tanto faz.  

O chão começou a brilhar, seguia o reflexo da fonte de luz que vinha das mãos da mulher enquanto apontou o que viu voar acima do hospital ao longe. 

— Pegou muita energia ontem, garanhão! É uma peninha que tenho que te abandonar… hahahaha! Se divirta uma última vez. O cristal só vai estar cheinho cem por centinho com umas dez ou onze cadáveres, mas você ocupa esse espaço, é uma peeeenaaaa. — Agudos melancólicos soaram da cabeça corada.  

As vestimentas se disfarçariam nas sombras caso não existissem os traços brancos que delimitaram a silhueta depravada.  

O brilho vinha duma pedra luminosa, pulsou num ritmo fixo e apagou sucintamente quando uma gosma se alastrou na ponta do cristal erguido pela mulher, que sorria atrás de uma máscara dividida pelo preto e branco. 

A gosma caiu no chão e ficou lá, parada. No entanto, reagiu e demonstrou vida quando a moça deu a última palavra antes de desaparecer com o cristal apagado nas sombras da floresta que veio: 

— Vingue! 

Entre a vegetação mixada em alturas de um cerrado, a gosma preta engoliu a luz que ousava a tocar e apagou qualquer noção de profundidade. Rastejou em alta velocidade até o horizonte, formando um corpo maior que se montava e rangia em metais e revelou a concepção de dois chifres apontados para o hospital. 

O grupo de Feites ainda permanecia na espera do tal prefeito, no entanto, apenas murmúrios vinham dos pacientes, enfermeiros e médicos que ansiavam pelo evento juntos. 

Contudo, enquanto o grupo parou para conversar com médicos, um assovio fraco e soprozo coçou as orelhas de Mark, que revirou para procurar a fonte do chamado. 

— Criança! Por favor! 

Ao lado, uma sala vazia com apenas um senhor de idade que estava preso a aparelhos o chamou carinhosamente. Levantava o dedo e se remexia para buscar esforços para concluir a árdua tarefa de ser ouvido e visto. 

— Eu? 

O velho fez um joinha, incapaz de responder mais alto outra vez, então acrescentou o assentir da cabeça. Estava deitado e nada mais mexia que não fosse as mãos, um mísero resquício da fala e o movimento programado do corpo de respirar. 

— Água. — Tentou apontar para a mesinha ao lado. 

— Ah! Beleza. 

Mark alcançou o copo d’água e o virou com extremo cuidado na boca do senhor solitário, que, assim que a gota escorreu pela garganta, tossiu numa rebeldia da sequidão que a pele e lábios estavam. 

A quantidade de aparelhos que monitoravam o desempenho da saúde do velho era assustador; pressão, oxigênio, batimentos, respiração e medicamentos que iam diretos na veia. 

Sem perceber, toda a água já havia sido engolida. A cama balançou e o velho despencou a cabeça, se esgotando em apenas a levantar para beber um mero copo. 

“Eu posso… ajudar ele”, se tocou que havia uma maneira de aliviar as dores e o sofrimento, as mãos que curaram feridas graves de uma perna e ossos torcidos, estava apita a garantir mais suspiros daquele idoso. 

Estendeu a mão, a ignição vinha em conjunto quando tocou a testa e… Faíscas apareceram, feito um curto. 

— Fique… tranquilo, minha criança. 

Hân? 

— Não… pre-precisa me salvar. 

— Espera. 

— Eu estou sozinho… não gaste sua energia comigo. 

Ficou confuso quando a chama ciana ignorou o chamado da ignição, escutou o homem sussurrar e forçou outra vez. Porém, antes da nova ignição se concluir, a mão do idoso segurou seu pulso com uma leveza de um papel e o interrompeu. 

— Pode salvar mais gente. Mas eu… estou sozinho. Não há família, amigos ou conhecidos que se importem co-comigo. Haha… Cof. Nunca diria que acharia alguém o poder de curar. 

— Você sabe algo sobre mim? 

— Eu tenho um poder de saber o poder dos outros, muito conveniente… cof, cof, cof… não é? Faz décadas que não vi alguém com poderes também. 

A mão vacilou e deslizou quando perdeu a pegada. Mark pode sentir o calor baixo e ouviu a fala lenta. Virou-se para trás e não viu mais Luri ou Feites perto da porta, os ombros tencionaram e mordeu os lábios pela falta de atenção que cometeu. 

Antes de sair, prestou a atenção no paciente, que mostrou o micro sorriso de gratidão. “Eu ainda vou voltar aqui pra te salvar”.  

— Sim? 

— Desculpa, eu só ajudei rapidinho porque ele me chamou. 

— Tudo bem, obrigada! 

Esbarrou numa moça vestida de branco, que quase derrubou uma bandeja com pães e um café. A enfermeira corou o rosto, confusa pela presença do jovem. Mark saiu do caminho e se explicou rapidamente. 

Mesmo após ter recuperado a postura, o café na bandeira ainda sinalizava ondulações. O jovem notou isso e o calafrio veio outra vez. Colocou a cabeça para dentro do corredor e não viu qualquer sinal do seu grupo.  

Leves tremores surgiam pelo chão. 

— Obrigado, minha criança!  

Quando colocou os passos para fora, foi chamado de volta com o agradecimento verbal do velho. Sorriu de volta e acenou. Logo voltou a seguir em frente pelo hospital para recuperar a posição. 

Os tremores ficaram mais altos. 

“Preciso saber o nome dele!” 

Pisou forte e deu meia volta para voltar para sala, porém…  

Urrrrggh! 

Uma sombra apareceu e destruiu a sala do idoso, atravessou as paredes e freou a investida massiva de cara com Mark, que estava parado no corredor. 

De repente, o touro sombrio invadiu o hospital. 


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