Pôr do Sol Brasileira

Autor(a): Galimeu


Volume 2 – Dispensando a Burocracia

Capítulo 49: Política Violenta (Parte 1)


 

Perto e mais perto da mansão estavam. O entardecer tingiu o céu em tons de quentes e a impressão alaranjada ficava firme no concreto. Um barulho de motor vinha ao longe e destacava a aceleração de um carro apressado. Ao chegar mais perto, dois jovens e uma moça saíram do veículo.  

Eram os fatos listados pelo homem mais velho, que estava na entrada da mansão. O cabelo desajeitado e roupas desfeitas evidenciou as olheiras de alguém recém desperto. Bocejou e coçou o rosto, irritado ao prensar os dedos na própria roupa.  

A mulher, ao notar a presença observadora, apressou o passo ao sorrir. Acenou, esperando ser recebida apropriadamente... mas nenhum movimento foi visto em resposta. Continuou a ser encarada por um olhar tenso em silencio.  

Os dois jovens que a acompanhavam pararam. Feites percebeu que as intenções eram diferentes de amistosas, cruzou os braços e decidiu esperar a conclusão enquanto a moça avançava. Mark, por outro lado, não percebeu exatamente; seu corpo parou o andar por reflexo quando o colega assim fez, logo, notou que algo incerto ocorria.  

Existia uma leve subida de uma pequena escada antes da entrada. A mulher insistiu na animação e pulou alguns, adiantando para ficar cara a cara do observador.  

— Iai! Dormiu um tantão, né não?  

— Quieta, Luri Epimoni.  

Os dedos carinhosos iam de encontro ao ombro endurecido, contudo, foi rejeitado pelo leve tapa que recebeu nos mesmos dedos.   

— Réviz, calma...  

— Quieta! Perdeu a noção da última migalha de juízo que tinha?! Hein?!  

Uma raiva cresceu e inflou o peito de Réviz, que deu um passo pesado e levantou o indicador para apontar disseminar mais palavras infelizes.   

— Lhe pedi para deixar tudo comigo. Me fez dormir mais? Um “tantão’, sua anta! Mal tenho palavras para transmitir o quão decepcionado estou.   

— Réviz, por que tá assim? — perguntou Mark.  

— Que normal vê-lo não estar morto depois daquilo. Obviamente nada preocupante saírem usando energia por aí sem pensar duas vezes! 

Após o homem-coincidência tentar divergir o disparo da bronca para o seu angulo, Réviz estendeu um celular. Uma projeção em forma de holograma flutuou para fora da tela e deixou claro as cenas que passaram mais cedo.  

Feites prestou a atenção e fez a menção de dizer algo, se interrompeu para analisar mais as cenas que se repetiam: Luri, na entrada do hospital, gritando para evacuarem; as estruturas sendo destruídas enquanto o grupo corria em volta delas, Mark sendo perfurado pelo nada e. por último, fotos de câmeras de segurança do grupo na fuga da prefeitura.  

— Manipuladas?  

Ângulos não coincidiram, linguagem corporal não coincidiu, o que foi dito não coincidiu. As cenas foral alteradas, a falta de presença do touro era só um detalhe, pois quem parecia causar as destruições era o próprio grupo.  

Feites usou a lança para destruir os corredores? Não. Mark usou o arpéu para perseguir pessoas? Não. Luri ameaçou os civis de morte? Também não.   

Em nenhuma das cenas mostrava do pescoço para cima. Inconvenientemente estranho.   

— Te disse pra não confiar nele, Luri! Aposto que este sujeito está por trás de tudo isso! Deve ser a energia dele! Essas imagens estão nos noticiários da região, estão os usando como culpados da tragedia de ontem!  

E Réviz não ligou. Não queria acreditar no que viu. E Não queria ouvir nada mais.  

— Ré-réviz, me escuta, tem que se...  

— Acalmar? ACALMAR? Isso aqui tudo é a desgraça do território inimigo.   

E assim continuou a gritar para sua própria líder, que começava a se desmanchar com lágrimas. Luri colocou a mão sobre os beiços e ficou incrédula que seu esforço estava a ser usada como uma arma pelo amigo.  

— Para, para, para... vamos explicar. A gente tava só se defendendo! Ele não fez nada, deve ter sido o prefeito. — A mulher tentou contestar, mas era ignorada.  

— Mark?   

Feites tentou alcançar o primeiro puro, viu a penumbra invadir os olhos e nariz do jovem, que não disse uma única palavra. Subiu cada degrau com paciência, puxou Luri para trás e encarou Réviz à altura.  

Hm?!  

— Não acredita nela. Nem nele. Nem em mim. Réviz. Acredita nas memórias? Acredita nos vislumbres? No que mais acredita, queridíssimo pai. Estou cansado de entender nada. E nem por isto estou aqui falando besteiras. O ouvido de ninguém é pinico.  

Elevou a voz e proclamou as observações observadas no observador. Pegou a mão de Réviz e levou na própria testa com um “E então”. O pai adotivo nunca o viu agir daquele jeito, não era uma postura sem filtro, era o inverso, o jovem não pensou nenhuma vez, apenas agiu numa postura seria forçada. 

Desta forma, sobre a raiva canalizada para si, Mark proferiu as palavras que terminaria a discussão de uma só vez. Se Feites era confiável, não importava. Se Luri era uma péssima líder, não importava. Se o prefeito estava mentindo, não importava. O que realmente importava era:  

— Você acredita no fantasma?  

— Fantasma?!  

Humrum, Luri podia te explicar.  Quiral aquilo, Quira isso... Mas acho que você prefere ler minhas memórias de hoje.  

— Não sabe do que está falando!  

— Não sei mesmo. Por isso, prefiro que você VEJA!  

A mão da testa quase foi tirada, foi puxada de volta numa insistência que não acabou até ceder de fato. A atenção inteira se focou no vice-líder do Segundo Setor. Réviz desistiu e colocou as duas mãos.  

— Contradição.  

— Vamos ver quem se contradiz em que agora — comentou Mark, antes de cair no vazio do espaço de sua própria mente.  

Pés, pernas, barriga, nariz, cabelo e alma desapareceram. O horizonte escureceu e restou apenas o pai adotivo na sua frente. A agonia de perder o controle do corpo crescia... apenas crescia. Pela primeira vez, o homem-coincidência não foi afetado psicologicamente pela energia de Réviz.  

A biblioteca mental apareceu e os livros mais recentes se materializaram na estante adiante. Andou e pegou um dos últimos que tinham sido criados. A imagem ilustrada nas páginas adquiriu forma em tinta escuras e aí surgiu o rosto do fantasma, sem expressão ou boca, montado no touro.  

— A descrição... bate... per... per-perfeito.  

Foleou as páginas, procurou no final, virou de cabeça para baixo. Dúvidas já inexistiam. No momento, o que restou foi a vaga explicação do prefeito.  

— Então... não foi em vão... A Quiral está mais perto — continuou ao pegar os livros de mais cedo, com muita energia.  

Depois de tanto se conformar, o vice-líder largou a estante e descançou a vista. As estantes eram vastas, se lembrava do momento que viu aqui pela primeira vez — quando encontrou o jovem no pátio da escola — havia uma sutil diferença: os livros mais recentes estavam mais organizados enquanto os mais velhos estavam jogados em desordem nas estantes antigas.  

Talvez seja a mudança de atitudade, talvez mais uma consequencia das ações do fantasma. Independente da resposta, o que podia afirmar era que as suspeitas morreram. O espaço vazio começou a se desfazer e a realidade voltava a se tornar física para os dois conectatos pelo tato.   

— Mark...  

— Tá tudo bem. Eu não vou me esquecer do que me disse no carro.  

A energia do pai adotivo tinha parado de fluir sobre o corpo do recém terceiro nível. Joelhos falharam levemente e inclinou o corpo para o lado, assim, firmou o pé e restabeleceu a postura no mesmo instante. Negou a ajuda da líder, que ficou sentida pela ordem dos fatos.  

Foi como um pacto formado sem consentimento de nenhuma das partes. Quando o jovem frisou o olhar sério, sentiram que pensaram no mesmo momento. “Você confia no fantasma”. Voltou-se a Réviz e esperou que a situação se resolvesse.  

Dedos nas pálpebras e respiração funda foi vista como a tal resolução, a posição hostil desmanchou no que seria a aparência de uma pessoa com sono. Esfregou os olhos e limpou as sujeiras na roupa e...  

— Consegui... Consegui ver o fantasma. Hm?  

— Conseguiu! Que bom! Já sei que não sou esquizofrênico. É pra garantir, vai que esse raiva aí é doença.  

— É obvio que... Haaa. Compreendo. Fico agradecido pela preocupação. Peço desculpas pelo alarme falso.  

— Nos conhecemos a nem um dia, e tenho a impressão que ele não fará mal a gente.  

— Com tua licença.  

O pai ficou sem jeito, estava pegando fogo — de uma ótima forma — uma vitalização apareceu e a energia regenerativa o fez ficar disposto como uma bela adormecida desperta de uma maldição. Mark fez o sinal e chamou Feites para perto, ignorou qualquer tipo de formalidade e uniu os dois num aperto de mão.  

Num levíssimo curto, uma faísca voou no acordo finalmente finalizado. Anfitrião e convidado estavam satisfeitos mutuamente.  

— Reconheço que acelerei a cerimônia das engrenagens que juntaram nosso destino. Peço perdão por tamanha falta de respeito.  

— Desculpe-me por não ser compreensível. Foi um longo tempo para ter um sinal das respostas que queria. Não vou descontar minha insatisfação em mais ninguém, desculpe-me.  

— Tá ok. Falta você, Luri.  

— E-eu? Re-re... la... xa.  

Mark repetiu a ação, porém, invés das mãos unirem, Réviz puxou o pulso da líder e abraçou a colega. Gaguejos afloraram e Luri sentiu o corpo formigar, envergonhada.  

— Muito obrigado. Estamos perto de ver ela de novo. Me desculpa, e obrigado.  

— S-sim, claro. Amigos são pra isso.  

— Mestre Feites! Mestre Feites!  

Passos corridos ecoaram pelos caminhos dos ladrilhos e cortou caminho pela grama numa linha reta. Ao fundo, um empregado tentava alcançar o grupo, gritou enquanto segurava uma folha enrolada de papel.   

Mark saiu do caminho e, Luri, ainda envergonhada, soltou os braços do amigo e os colocou para trás, desviando o olhar. A noite se aproximava e as luzes da mansão acenderam automaticamente. Bastava que o empregado cumprisse sua função, se aproximou e entregou a folha para o anfitrião de cabelo brilhante.  

— Estava no correio. É do você sabe quem — sussurrou no ouvido.  

— Entendido, fico agradecido.   

O serviçal correu de volta para seu posto. Uma pegada firme envolveu o papel e estirou para mostrar a visão a mensagem que carregava tanta importância para ser trazida com tanto fervor.  

Tracejou cada linha em silencio e, no final da página, travou a respiração com o que o cérebro leu para si próprio. Mark tentou bisbilhotar o conteúdo, mas o papel foi enrolado antes da curiosidade ser saciada.  

— Poderiam ser reunir comigo mais uma vez no interior da mansão? Isto vai definir o desenvolvimento de nossos anseios individuais num único objetivo.  

— Vamos, gente.  

Feites conduziu o grupo e deu o mínimo de contexto, a tensão no corpo e a rigidez da fala traduziu que era um assunto delicado, Luri confirmou o pedido e chamaram os outros dois, que se entreolharam.  

— Mark, ainda desconheço o comportamento da peculiaridade do seu raciocínio, mas devo agradecê-lo da mesma forma.  

— Que jeito estranho de me chamar de imprevisível, hihi!  

Assim Réviz seguiu atrás da Líder, no entanto, o jovem atrasou o andar e parou novamente. Hesitou em continuar e se virou para o horizonte que escurecia pela presença do céu estrelado e a falta do sol.  

Entravam na mansão, a porta ficou aberta para esperar o último que permaneceu. Qual foi a vez que repetiu isso? Nenhuma; pois esta vez não é como admirar um teto com perguntas aflorando no consciente.  

Caso agisse por impulsividade, perderia a noção dos fatos e repetiria tudo de novo. Neste instante, invés de procurar as respostas se baseando no real ou irreal, procurou em criar a própria resposta.  

— Posso não entender nada agora. E vou garantir que consigo entender depois, eventualmente... Ah, sei lá.  

“Só sei que posso usar essa energia para salvar as pessoas como queria, me salvar é só por tabela mesmo”, pensou. Respirou fundo e...  

“Não se esqueça”, soou a voz em sua cabeça. O ápice do metal havia soado e Mark... reagiu.  

Um perdido vento passou pelo cabeço e coçou as orelhas em sincronia. A respiração calma se desajeitou num susto que o fez olhar em volta, percebendo que havia ninguém por perto.  

— E lá vem outra coisa nova pra entender. Tá bom, tá bom. Vai pro final da fila das coisas todas. Vou fingir que não sou só um esquizofrênico ou que tô em coma desde o acidente — continuou, indo para dentro da mansão e procurando pela origem da voz. — E se eu realmente estiver em coma ainda?! 

Após retomar o grupo, perante os convidados especiais sentados no sofá circular, o dono da imensa mansão levantou o braço junto de apenas dois dedos. Barulhos coordenados surgiram e mostraram os empregados e empregadas, que começaram a forma filas para ir para fora do hall de entrada, o tráfego tão uniforme de pessoas foi um ato ensaiado. Uns nervosos, outros entediados.   

Mas sempre existiam rostos preocupados que apontavam para a mesa central da sala, onde se encontrava o papel enrolado.  

Haanf... — Suspirou. — Nesta vez, pedirei perdão com antecedência, pois necessito de trazer à tona a nova situação de imediato.  

— Prossiga, por favor.  

— O prefeito Ernec está nos convocando para um confronto, esse paspalho. 

— Oh! Tá vendo! O senhor falo-certinho falou algo normal!  

Réviz pediu para o desenrolar, Feites assentiu e declarou a síntese gerada por aquela carta. A líder do Segundo Setor ficou incomodada, ajeitou a postura numa irritação que dispensou qualquer palavra após apontar o fato curioso.  

— Você viu o que esse homem fez na prefeitura, Réviz. Tá na cara que é outra armadilha, ele colocou aquelas imagens na cidade toda pra deixar nós de vilão pro maldito personagem dele. Ele sim parece estar segurando umas mentiras desde que a gente chegou aqui.  

— Devo ressaltar a mensagem por inteiro. Odeio a forma que irá parecer que estou a defender um integrante de uma organização que agi maleficamente a nossa sociedade. Contudo...  

— Compreendo a visão de cada um, mas, se não se importam de uma opinião de quem sabe de nada, o fantasma queria proteger ele. Pode ser uma dica pra confiar nele... erm, eu acho. Tô só dizendo.  

Feites se levantou e fez a menção de alcançar a carta. Mark se esgueirou e cochichou entre os dois colegas de esquadrão, a vergonha instaurou quando a atenção do anfitrião também foi atraída.   

— Estou curioso sobre este sujeito novo. “Fantasma”. É literal?   

— Não, não. Pode prosseguir... por-por favor.  

— Irei, sim. — Desenrolando o papel, colocou a frente do rosto e transmitiu a escrita em tinta em ondas sonoras através da voz. 

 

Assim, O segundou puro leu em voz alta: 

“Saudações, inquilino do meu coração. Tua visita me trouxe alegria! Embora tenha precisado expulsar vocês, mesmo querendo sua ajuda. Preciso manter as aparências do meu personagem, e preciso dar continuidade a nossa missão milenar.   

As cenas alteradas poderia ser uma forma nostálgica pro Felipe, mas você é o Feites, deve entender que busco algo a mais. Estas imagens continuarão a circular e tais crimes serão encarregados, e nada irei fazer para impedir.  

Serão perseguidos. Farei questão que isso se espalhe para os outros setores. Sei que está com os terceiros níveis, era questão de tempo até os enxeridos aparecerem.  

No entanto, caso venham discutir com minha incrível pessoa, terei um acordo para acertar. Certo, certinho. Venham até a usina hidrelétrica.   

Sei também que quer ajudar eles por causa das previsões daquela criança, e preciso que os cristais sejam parados antes de chegarem ao pilar central com carga total.  

Querem saber sobre os monstros negros? Me encontrem. Querem saber como achar a Quiral? Me encontrem. Querem voltar pra ODST de vocês sem ser num caixão, seja por mim ou pelo chefinho deles... Me encontrem.   

No lugar de sempre. 

Me ajudem a os ajudar.  

E penso em retificar as imagens que o jornal está espalhando. 

Bye, bye. 

Do seu prefeito favorito.”  

 

— Dá um tempo! — gritou Luri.  

— Deve estar a nossa espera agora. Sou o responsável por envolvê-los, permita-me ir sozinho.  

— Preciso ir junto. Farei questão de averiguar pessoalmente se devo matá-lo quando ver as memórias dele.  

— Matar?! Calma aí, gente.   

Feites guardou o papel com o pesar na voz. A culpa que sentiu ao prejudicar os semelhantes na tentativa de ajudar o fez amargar a boca e fechar os olhos. Réviz, levantou o queixo e afirmou o plano frio em mente, pegando o jovem de surpresa.  

— Luri, mostra um plano melhor — continuou Mark.  

— E-eu? Hmmm.... Aaah! Vamo só arrebentar ele, hehehehe 

— Apesar de concordar, me escutem. — Réviz se levantou e andou para perto da mesa de centro. — Temos que contar as possibilidades. Irei para confirmar as verdadeiras motivações deste prefeito. Se entendi direito, me encontrei com o irmão dele naquele dia, ouvi palavras que eram mais um alerta confuso do que um ataque direto. Luri permanece aqui para proteger Nirda e Will.  

— O quê? Comazim! Óbvio que vou jun....  

— “Feites”, não é? Sua energia é ideal para controlar o foco do inimigo, será perfeito para me permitir chegar perto dele, presumo que ele também é um usuário e precisamos ter cautela.  

O vice-líder ignorou a opinião alheia da líder e deu continuidade até aterrizar os olhos em Mark, que se tensionou ao saber a verdadeira função:  

— Você é nosso coringa. A cura é apenas o bônus comparado a sua falta de habilidade.  

— Coringa? Falta de habilidade? Vai me dizer pra ficar, né?  

— Pelo contrário, quanto mais você se arriscar, maior é a chance de o fantasma aparecer e garantir o destino que desejamos. É só repetir o que o fantasma faz. Se se machucar, o tal instinto suspeito aparece, não é? Você é convenientemente útil para nós.  

— Então eu ser ruim é algo bom.  

— Correto.  

Luri murmurou consigo mesma argumentos incontestáveis para ir, mas, incrivelmente, ela perdeu no debate mental para ela mesma. Se encolheu no canto do sofá, abraçando a almofada.  

Feites assentiu ao plano de Réviz  e ficou curioso quando “fantasma” era repetido diversas vezes naquele dia. Mark, por sua vez, virou o rosto com o constante menosprezo que recebeu. “Já ficou claro que tão me usando como objeto aqui”, pensou.  

Outro sinal com a mão foi ao alto e um empregado surgiu de prontidão de um canto escuro da sala, totalmente camuflado pelo uniforme preto e semblante completamente vazio e pálido: Frederico.  

— Acompanhe a senhorita para o quarto dos outros hospedes. Peçam para remontar as posições de vigia do perímetro. As sombras podem voltar. Em qualquer movimentação suspeita, avise esta moça e se escondam na dimensão cristalina.   

— Sim, senhor.  

— Decididos, posso afirmar. Podemos?  

— Calmou! — Luri correu e tocou nas costas de cada um. Outro escudo sutil apareceu. — Fiquem bem.  

— Obrigado — agradeceram juntos.  

Posicionando a caneta no bolso do sobretudo, Feites chamou os dois terceiros níveis novamente para ir até o carro. O céu noturno estava instaurado com sucesso, o destino do grupo era arriscado e visava os locais próximos a um rio da região. 


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