Pôr do Sol Brasileira

Autor(a): Galimeu


Cidade Flutuante – Destino Flutuante: A Entrada da Cidade

Capítulo 32: Chacina Flutuante (parte 2)

Respiração agitada definia seu estado físico. Mark sentiu o tremor como um ponto final de sua fuga, porém o ruído de cacos transmitiram uma vírgula para esta conclusão incerta. Atrás dele, a líder do terceiro nível tornou a morte num suspirar assustado de vida.

— ANDA! SIGA EM FRENTE! — gritou Luri.

Os joelhos do jovem tocaram o chão pelo movimento inesperado. A vírgula trouxe um desequilíbrio, e o mesmo ponto dava a razão para Luri estar completamente suja por cinzas e com um rosto enfurecido.

O ataque foi parado e ricocheteado com um simples estender de punhos.

Hesitação não definia o estado mental. Mark levantou e correu em direção ao brinquedo que podia ser um farol escuro naquele caos, a roda-gigante. Apenas ouviu o touro bufar em insatisfação com a parada forçada ao arrastar Luri por alguns metros.

— Uéééé. Essa muié tá com você? Que interessante encontrar tantos usuários…

Apesar do corpo do touro ter tomado distância de Luri num pulo com mais pura raiva em sua persona, a voz suave saia como uma verdadeira contradição. As palavras casuais não tinham ameça, tinham a convicção de uma egoísta:

— Ainda mais encontrar tantos terceiros níveis. Acho que vale a pena insistir.

A dona do terno branco deixou seu cabelo a deriva dos ventos, as chuquinhas estavam desarrumadas e ainda mais espetadas. Ignorou a aparência horrível e se colocou em posição de luta, brandindo os punhos. 

Os adversários recém-encontrados se preparavam para outra colisão. Mark apenas pode imaginar o desenrolar enquanto corria pela trilha de escombros.

Quando se atentou para mais longe, percebeu o cachorro de pelagem branca, fofa e cumprida, que parecia anunciar o caminho certo. Estava acima da montanha de pedaços do que era um bate-bate, com aço e plástico torcido do que um dia foram carrinhos.

Estendeu o braço e disparou o gancho para ao lado do animal, alcançou a elevação com facilidade, porém… o animal não estava mais ali, procurou e procurou, mas seus olhos aterrissaram num evento que não queria interpretar.

Pode encontrar uma área muito aberta, só que todos os outros elementos traziam mais alarme para a ansiedade. Pôs as mãos no cabelo ao absorver a interpretação cruel. A pausa na respiração soou com a falta completa de explicações:

— O quê… Quê. O quê?

Perto de onde estava, a roda-gigante transmitia sua presença incalculável. Perto de onde seu coração estava, a saída estava bloqueada por um longo portão impenetrável. Perto de não queria estar, estava o defensor desse evento… uma chacina perto de se concluir.

Mais criaturas apareciam de cada breu, como se disfarçassem por baixo dos escombros e sujeira ao se formarem a partir de cada centímetro. Avançavam distintos de violência: pulos, socos, mordidas ou chutes. Entretanto, tinham todo o destino como um só.

Réviz reluzia pela escuridão. A falta de luz trazia mais destaque ao agente negro, pistolas douradas refletiam a luz da lua como o mais verdadeiro farol, giravam e giravam, emitia clarões como um canhão.

As armas não traziam tanto barulho, outra coisa tomava o reverberar de tudo: as angústias dos sobreviventes, escorados no portão, protestavam contra as armas, que estavam silenciadas completamente.

O pai adotivo se movimentava agilmente ao impedir a aproximação de tantas direções, criava movimentos acrobáticos que eram capazes de serem definidos como arte. Quando a última criatura finalmente caiu, Réviz não tinha nada mais e nada menos que desprezo, um desprezo fatal que vinha da alma, e um ódio de tudo.

Certificou sua volta, porém seus olhos pararam notar a presença do observador.

— Demorou. Mark.

Angústias também parara. Os barulhos, que podiam ser confundidos com o inferno, se engasgaram. Todos tinham as atenções ao jovem que descia com pressa. O medo traduziu cada movimento desajeitado e desesperado.

— Ré-Réviz, me diz o que houve… por favor, eu-eu pude sentir…

— O que está a esperar? — Girou levemente o queixo, retomou a atenção para os sobreviventes logo atrás.

Mark seguiu a direção com o olhar, a mesma direção que levou a Will e Nirda. Seus irmãos estavam misturados a cena de tristeza. Will estava ensanguentado, e Nirda tinha a água a percorrer o rosto fofo que estava inchado em prantos.

Todos estavam feridos de alguma forma, todos tinham lágrimas, todos haviam sofrido… E Mark apenas pode finalizar o processar neste momento. Os dedos vieram para perto do rosto, a sujeira que notou trouxe uma certa quebra de expectativa, algo faltava. Fitou as pessoas, voltou a mão… repetiu aceleradamente.

— Eu. Eu…

— Mark, entenda! Não há repostas certas. Somos quem devemos arcar com o “quê”. Então, diga-me, está esperando o quê?!

As costas do seu pai adotivo apenas mantiveram clara a bronca seca, mas transmitiam um dever que podia ser o mais certo em sua cabeça. “As pessoas”. Mark sentia um pesar que fazia os membros tremer quando tinha que curar pessoas, algo como uma fobia, o medo de ter que ver as pessoas machucadas sempre.

Então não se esqueceu uma outra vez.

A palavra ferveu pela boca, mãos atearam chamas que estenderam sobre o corpo. O dedo tocou o rosto de Nirda. Fez as chamas ergueram como uma imensa pilha de madeira. A luz ciana percorreu todos, queimando cada ferida que tinham. Alivio era instalado como um recinto apropriado, logo após se assustarem pelo fogo de cor estranha incendiar o grupo de pessoas.

— Mark… — chamou Will, maravilhado pelas imagens que capturou.

Nirda teve a tristeza varrida pelas chamas seguras, que duraram alguns segundos nas perninhas. A energia do jovem de cabelo hipérbole apagaram, somente as pessoas continuaram sobre as chamas, que se esvaiam de cada um quando as feridas eram revertidas. 

Consciência pesou, Mark sentiu os braços e pernas perderam forças. Apoiou com as mãos numa queda brusca enquanto sangue aflorou pela boca. Em menos de um segundo, a garotinha saiu do alcance do irmão mais velho, abraçando Mark com uma força que podia dizer mais que o necessário:

— Mark… Quero voltar pra casa. — As lágrimas caíram e misturaram ao sangue que também tentou secá-las.

Quando ergueu o rosto. A multidão tinha olhos surpresos que o bombardearam, sorrisos vinham como um agradecimento silencioso, ainda imersos no terror da noite do parque de diversão como estátuas que admiravam o absurdo. Assim, Will esteva petrificado, ainda com os braços na posição que segurava Nirda há pouco.

— Longa história, me desculpa, não posso agora — consolou seu irmão, sentindo a garganta pesar em esforço para falar.

A energia esgotava o jovem de blusa azul aos poucos. Sua capacidade era limitada, mas crucial para cada movimento. Reparando isso, Réviz virou para trás enquanto carregava as pistolas.

— Daremos um jeito de sair daqui. Mark, mantenha-os seguros que mantenho você também seguro. — As palavras tinha uma calma anormal.

Virou para trás e fitou seus três filhos adotivos, embora mais monstros surgissem para a batalha do campo aberto. Casualmente apontou para as bestas negras, com uma expressão fria, e atirou nos inimigos enquanto Mark estava no chão..

Os ataques do touro eram indignos daquela que desvia com exímio. Luri permanecia com o embate, era uma acrobata estranha que rodopiava entre as investidas dos chifres. 

Tentou dar golpes na criatura, mas devolvia apenas o barulho de aço em resposta. Não importava o quento tentava, apenas frustrações seguiam como um padrão.

— Vamos lá. Dê seu melhor, quero tanto saber o potencial de alguém como vocês.

O dialogo concreto também desenvolveu nada satisfatório. Raiva tomava conta da face de Luri, lembrava dos momentos em que sua irmã foi sequestrada. “Essas coisas negras”, apertou os punhos e fez o escudo formar novamente.

A postura era totalmente defensiva, seu terno estava quase todo sujo, podia ser facilmente confundida como um pilar distante que esperava pelo ataque inimigo.

— Tem alguma coisa de errado, não é? Você tem um jeito tão diferente, mas ainda me parece familiar, estranho né? Né? Néé?

O tourou se preparou para outra investida, arrastou os cascos ao jogar mais poeira para trás antes de se disparar. Luri desviava sempre com êxito. Ver o inimigo arrasar construções pelo caminho e se aterrar em outras apenas deixava enfurecida.

Os destroços trouxeram mais poeira e fumaça, deixou incerto a posição do touro. Luri esperava para outro ataque em qualquer das direções que a visão alcançava, entretanto, como uma borboleta inofensiva, um ponto brilhante no ar, que parecia um pequeno vaga-lume, circulou em sua volta.

— Hãn? — Foi pega desprevenida pelo brilho calmo.

Depois de duas voltas, acelerou até o centro do impacto do touro, furou pela nuvem de poeira e sua intensidade aumentou quando atingiu o touro antes de destacar a silueta do monstro.

Duas passadas fortes bastaram para que a aberração espantasse a falta de visão, movimentando os ventos em pura força.

Luri, a líder do terceiro nível do segundo setor, estava diante de eventos que era incapaz de entender com certeza. Destruição sem precedentes, criaturas negras e vítimas por todo lado. Podia contar nos dedos quando passou por situações assim, uma verdadeira missão para um esquadrão do terceiro nível.

Raiva ardia nos olhos azuis, seu escudo reapareceu pela áurea que brilhou ainda mais. Estava se preparando para o ataque, imaginar mais pessoas sofrer pelos danos só conluia em mais vontade de acabar com isso.

— Deixa comigo. É… deixa comigo. — Organizando as ideias em mente, tentou buscar calma na posição de largada.

A aura em sua volta transmitia mais luz que a lua naquele lugar. Os pés se espremeram e o joelho estava prestes a se explodir em impulso. O tourou rugiu ao ser correspondido.

Bastava um toque do peteleco trocar a própria testa, um toque que podia fazer ser uma bala incrivelmente…

— Sua puta! Desgraçada! Mulher… Mulher dos infernos! Quer saber, hein?! Farei a sua vida um verdadeiro inferno! Infernoo!

O movimentar muito ligeiro  e exagerado de exaltação gritou. A concentração que canalizou foi pulverizada em surpresa ao notar o homem que se aproximava.

— Quando isso acabar, farei questão de ir atrás de você. Vai desejar que meu irmão me mate! Vai desejar que eu morra antes de poder fazer você sofrer, malditinha do capeta! — xingou aos ares em total berro de mais puro ódio sincero.

Chuquinhas viraram pedra, olhou para trás e finalmente percebeu o dono daquela voz com raiva ainda mais desproporcional. O primeiro apresentador havia aparecido, a pessoa na qual Réviz tinha mencionado em ser o suspeito do museu.

— Quem é você? Afaste-se da…

— Calada, terceira à esquerda, não tenho assunto contigo.

Os olhos dele estavam centrados no mostro mais adiante. Não moveu um músculo que não fosse para disparar ódio naquela direção.

Tamanho desrespeito com ela, pior que isso, ele sabia da identidade de Luri. As roupas dele podiam parecer com a de um piloto de corrida, só que ainda mais suja que o terno que um dia ousou em se declarar em ser branco.

— Olha que fofo! O irmãozinho mimado veio aqui só pra latir.

— Escuta, terceirazinha. Meu assunto é com aquele demônio ali. Não vai adiantar tentar destruir a armadura dela, esse touro do diabo. Precisamos tirar o cristal de uma figa dela.

Como sabia dessas coisas? Quem realmente é ele? Devia mesmo perguntar? Luri tentava iniciar uma fala, mas cada informação que ouvia a interrompia com mais confusão mental. 

— Devemos priorizar as pessoas, um dever que, pelo menos, um militar de quinta como o cê pode entender.

— Ei! Espera! Ô…

O viu retirar suas luvas com total indelicadeza ao arremessá-las no chão. As duas mãos dele resplandecer em pulsos de energia. Variavam pelo roxo e amarelo, sem prestar explicações.

Foi o suficiente para Luri, viu energia se manifestar em curto pelo corpo dele antes de correr em direção ao touro.

Sandir percorreu com total eficiência, desviou de pedras e escorregou por baixo das pernas do grande monstro. O touro, enojado por tal afronta, balançou seus chifres para tentar alcançá-lo. 

— Não vai adiantar, hihi.

— Ahrg!

O rabo maior que seu corpo o jogou para longe, as mãos estendidas de Sandir resplandeceram enquanto foi acertado. O voo abrupto o tornou em um boneco no ar, até que aterrissou perto de Luri com o nariz machucado em sangue.

— É outro maluco aqui por acaso?! Hein? ME diz...

— Ser maluco é… é-é parte do plano… Apenas escute. Só escute, terceiro nível.

Deitado de barriga pra cima, estendeu a mão esquerda para o alto. Estava apagada, ao contrário da outra que emitiu outro ritmo de pulso com uma nova melodia.

Sandir se levantou e limpou o nariz com agressividade. Mostrou a mão aberta em posição de guarda e simplesmente soltou:

— Me soca!

Os dedos delicados de Luri recuaram para trás. Apenas a luz da bochecha do outro invadiu sua visão com o símbolo estampado com amarelo.  Balançou as chuquinhas com medo… e até repulsa.

— Já viu que tenho a energia, agora, faça o favor de não me atrapalhar. Soca minha bochecha logo!

Luri, a mulher que podia ser a mais tranquila, era desrespeitada logo na frente de um inimigo. Fechou as mãos e apertou os dentes, canalizou seu descontentamento como um fio de impulsividade instantâneo. 

— Então tomaa!

— Me marcou?! — A voz feminina do outro lado exclamou em dúvida, o touro tentava ver o seu rabo que soltava uma luz anormal para o corpo negro enquanto deu voltas desgovernadas.

O golpe dela arrastou ventos até o rosto de Sandir. Tinha o foco fixo no símbolo que Sandir apontou. Surpresa, retirou seu punho afundado nas bochechas como se negasse o que fez.

— Uh!

O monstro foi simplesmente jogado de lado. Um campo de combate era terraplanado pelos impactos tão fora de escala. 

Aquele parque de diversões, que permanecia em flutuação pelo apagão recente, estava em perda de equilíbrio vagarosamente. O cair do touro desencadeou uma inclinação em direção à saída, o que fez Luri e Sandir preocupados com os pés que inclinavam.

— Esse parque vai cair. Amplifico e redireciono trens com esses outros trens que brilham. E precisamos resolver esse trem logo.  ENTENDEU? 

No momento em que sentiu seus pés escorregarem, Luri viu o sujeito ainda intacto de seu golpe correr para longe. 

— Me acompanha!

“Quem pensa que é?” A líder deixou se levar pelo estranho que conheceu. Correu em direção ao grande alvo caído. Porém, antes que os dois pudessem se preparar, duas outras criaturas os interromperam pelo percurso.

Sandir moveu a marca de seu rosto para o braço. O ataque repentino que recebeu só servia para ser aproveitado no outro alvo marcado. Luri aguentou com seu escudo e disparou um soco na mandíbula da outra criatura.

A aura estava intacta, e a marca era cintilante. Os dois eram pessoas perfeitas para a defesa, não tinha como contradizer isso.

O touro se sacudiu com agilidade, as criaturas negras liberaram pequenas luzes de seus corpos, entregaram os pontos brilhantes ao cristal grande que acumulava ainda mais destes movimentos esquisitos.

— Agora ficou interessante, É uma pena não poder ficar por muito tempo. — Mirou os chifres nos dois.

As imensas pontas apontadas para suas cabeças o fizeram interromper a corrida. Era algo que não esperavam. Os chifres foram lançados feito flechas em cada um dos dois. Desviaram por pouco, abaixaram e deslizaram.

Luri pode ver o ataque cortar fios do cabelo, a trajetória das balas anormais foram para uma subida abrupta após errarem os alvos. Atingiram em cheio a roda-gigante mais ao fundo. 

A estrutura tremeu e perdeu a fixação. Ferragens soltaram ao ter suas juntas dilaceradas ao aguentar os chifres. Despencaram e ignoraram aqueles que estavam mais abaixo, perto da entrada do parque.

Mark, que estava junto das vítimas, reparou com ímpeto anormal à altura. Reviveu a cena da torre num instante. 

Seu bracelete ativou e deixou a corda sair, que enrijeceu como uma grande espada de quase quinze metros. 

DE NOVO

Respirou com leveza e simplesmente girou os ombros, cortou os ventos que zumbiram com a ponta do arpéu. A arma de locomoção era a mais efetiva das armas. Desviou a trajetória das ferragens, que aterrissaram em volta dos sobreviventes.

Réviz pode atentar a esse fato. Will pode. Nirda também. Todos puderam. 

Entretanto, antes que pudesse ouvir as palavras que seu pai soltou, viu a sua silhueta fantasmagórica ao longe.

— De novo. Eu vi de novo. De novo, Réviz, de novo! — soou com a voz trêmula. 

O indicador foi para o mesmo caminho que havia chegado. Réviz não entendia o que queria dizer. Dessa forma, ele engoliu, insatisfeito com as inúmeras informações desconhecidas que surgiam naqueles dias.

— Vá! Essas coisas estão acabando. Vá ajudá-la!



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