Volume 2

Capítulo 1: Quando seus ataques regulares melhoram, as aventuras ficam muito mais fáceis.

— Ah, você acha que vai ser tão fácil assim, Hinami?

Era três da tarde em um domingo, aquele dia da semana em que as pessoas normais geralmente constroem relacionamentos indo jogar boliche ou cantar karaokê ou fazer outras coisas com seus amigos. Eu, por outro lado, estava enfrentando a tela da TV no meu quarto, murmurando para mim mesmo com um controle nas mãos. Comportamento típico de Tomozaki, o personagem de última classe mundial. Sim, esse sou eu, e agora eu estava fazendo o que faço de melhor.

— Sim, bam!

Ao exibir minha nerdice completa, Found — o personagem ninja que Hinami estava controlando — foi arremessado para fora do palco. Naturalmente, o jogo na tela era Attack Families, também conhecido como Atafami.

— Ha-ha! Cara, isso foi bom.

Com isso, eu venci, e a tela de pontuação apareceu.

Eu nunca perdi para Aoi Hinami, a heroína perfeita da nossa escola, conhecida por mim como a prodígio dos games em ascensão NO NAME. Nós jogamos dez partidas apenas hoje e provavelmente cinquenta ao todo até agora. Em outras palavras, cinquenta vitórias, zero derrotas. Eu podia praticamente ver a carranca de frustração dela.

Claro, no campo de batalha da vida real, minha pontuação ainda era um grande zero. Uma mensagem de chat chegou de Hinami.

NO NAME: Se você não estiver muito cansado, que tal mais uma?

Mesmo nessa mensagem curta, eu podia sentir tanto sua determinação obstinada em vencer quanto aquela determinação estoica que não a deixaria feliz até me vencer no meu melhor.

Sem querer, eu sorri.

nanashi: Nada te desanima, né, NO NAME?

A mesma velha Hinami. Suspirando com bom humor, eu pensei no dia anterior, quando nos encontramos para o almoço em um restaurante italiano em Kitayono e fomos ver um filme juntos.

Uma coisa que posso dizer logo de cara é que não aconteceu como deveria.

 

 

— Não. Quando você diz assim, parece que está falando demais, ou está sendo sarcástico. Entende?

— S-sarcástico?

Era início da tarde, e o calor de junho começava a ficar intenso — a estação estava naquela metade em que o calor da primavera se transforma em umidade do verão. Hinami e eu estávamos sentados em um café ao ar livre no primeiro andar do shopping.

— Tente se imaginar sendo um pouco mais sincero, como se estivesse apenas falando o que pensa.

Envolta em um casaco de material que eles venderiam na Muji, ou em uma loja parecida com essa, e apoiando graciosamente o queixo na mão, a heroína perfeita com a língua afiada continuou a me instruir.

Como nanashi, o melhor jogador de Atafami, mas um novato no jogo da vida, tudo o que eu podia fazer era obedecer humildemente.

— Um... então, aquela parte em que as heroínas saltam do carro com suas armas...

Mas eu estava pensando em outra coisa.

— Não, tente de novo. Você ainda parece estar dando uma palestra. Coloque mais sentimento nisso.

— Sentimento, huh...? Droga, aquela parte! Quando as heroínas saltaram do carro?

Isso não deveria acontecer de jeito nenhum!

— Não está mal, mas acho que você deveria usar mais as mãos. Não exagere, é claro.

Quero dizer, precisava de muita coragem para convidá-la. Mas assim que nós dois saímos do cinema, ela disse: — Então, se você acabou de ver um filme com uma garota, como começaria uma boa conversa? Me dê um comentário e não esqueça do tom!

E de repente, eu estava recebendo uma lição completa.

— M-mãos? ...As heroínas! Saltaram do carro! ...Ah, sério, Hinami.

— O quê?

Eu parei no meio da frase, olhei para ela e disse o que estava me incomodando.

— Você aceitou sair comigo para ver um filme apenas para me dar essa lição?

Ela piscou duas vezes.

— É óbvio! Que outro motivo eu teria para vê-lo?

Melhor do que um simples — duh — eu suponho.

Eu suspirei.

— ...Certo.

Típica Hinami, eu admito, mas droga.

Em outras palavras, depois do incidente com Erika Konno no antigo escritório do diretor, o que não teve absolutamente nenhum impacto duradouro em nossa turma — ou parecia que não teve, pelo menos superficialmente — eu convidei Hinami para ver um filme sem realmente querer. Nossa turma pode não ter mudado, mas eu mudei, só um pouco. Tudo bem, mas aí ela tratou isso como uma de nossas aulas normais de gente comum. Sim,  Hinami-san é difícil. E sim, eu sou um aluno lento.

Dito isso, a única coisa que mudou é que, em vez de pensar que ela tem uma personalidade horrível e confiança demais, eu passei a respeitá-la de verdade. Ela é realmente incrível, sinceramente. Não foi tanto um choque assim que nossa ida ao cinema se transformou em uma lição em vez de um encontro. Na verdade, acho que isso é mais saudável, ou pelo menos melhor a longo prazo... certo?

— ...Certo?

— Yeah... O quê?

— O que você quer dizer com 'o quê'? Você está mesmo me ouvindo?

O olhar penetrante e poderoso dos grandes olhos de Hinami encontrou os meus. Seu lindo cabelo balançou levemente, me fazendo cócegas quando roçou minha bochecha. Droga, ela está perto!

— D-desculpe! O que você estava dizendo?

Sem querer, desviei o olhar. Só porque sempre fui ruim com contato visual.

— Neste momento, você está praticando como comentar sobre um filme. Quando terminarmos, você vai praticar como responder quando ela te contar o que achou do filme. Você entendeu, não é? Então, se apresse e se concentre para podermos seguir em frente.

— S-sério?

— É claro. De qualquer forma, próximo...

Do jeito espartano dela, Hinami-san estava tomando totalmente as rédeas. Eu comecei a ficar envergonhado, então decidi fazer uma sugestão.

— Primeiro, me deixe te perguntar uma coisa. Você tem tempo amanhã?

— Oi? Por que essa pergunta repentina? Escute, eu tenho muito o que fazer. Não posso te dar toda a minha atenção por dois dias inteiros...

— Atafami.

— O quê?

Eu peguei um vislumbre de ansiedade nos olhos dela quando ela virou o olhar na minha direção. Quando se trata de Atafami, ela é um livro aberto.

— Primeiro a ganhar dez partidas. O que você acha?

— Pode vir.

Sim, ela está sempre pronta para jogar.

Foi assim que acabei ganhando dez jogos seguidos no domingo. Cara, isso foi ótimo.

Espera aí... as falhas da Hinami são contagiosas?

 

 

Era segunda-feira, o início de mais uma semana. Eu estava na nossa sala de aula antes do início das aulas. Desde que nos encontramos no sábado, a Hinami e eu pulamos nossa reunião matinal habitual.

— Ei, Tomozaki! Tomozaki!

— Huh? Ah, Izumi.

Ela entrou na sala de aula alguns minutos antes da aula começar. A mesma velha Izumi: cheirando bem, meio distraída, peitos enormes.

— Escuta só!

— O que foi?

— Acho que... memorizei perfeitamente.

O tom dela era sério, quase grave. Sem dúvida, ela estava falando sobre a tarefa que eu havia dado a ela: memorizar todos os movimentos para uma partida de Atafami.

— Nossa, sério mesmo?

— Sim!

Desde o incidente no escritório do antigo diretor, eu estava navegando pelo campo de batalha sutilmente alterado da escola com um complexo de inferioridade um pouco menor.

— Nesse caso, você realmente vai poder jogar contra o Nakamura em breve.

— Sério?! ...Yay!

Izumi fez uma pose de — lá vamos nós.

 

Uau, isso foi fofo. Ela era tão sincera e apaixonada.

Como você pode ver, eu realmente conseguia ter uma conversa normal agora. Ok, eu admito, isso acontecia principalmente porque a Izumi era uma boa conversadora, e eu apenas a seguia. Eu não tinha melhorado tanto assim. Além disso, estávamos falando de Atafami, que era um assunto mais fácil para mim.

Por isso, decidi tomar a iniciativa e ganhar mais experiência.

— Isso me lembra...

— Huh? O que?

Para mim, todos os dias eram dias de treinamento especial. Eu escolhi um dos tópicos de conversa que eu tinha memorizado para usar com a Izumi.

— Ouvi dizer que o aniversário do Nakamura está chegando.

— ...sim, e-está, mas como você sabe disso?! Quero dizer, por que você está me dizendo isso?

Izumi gaguejou, ficando vermelha. Acho que falar diretamente sobre o Nakamura é um pouco insensível? Hinami-san, qual é o seu veredito?

— Ah, sei lá... Ha-ha.

— Não ria de mim! De qualquer forma, o aniversário dele é daqui a um mês. Isso não é exatamente 'está chegando'!

Ah, vamos lá, ela não podia achar meus erros fofos?

Ainda assim, melhorei em comparação com o meu antigo eu solitário. Quando estou na aula, converso com a Izumi sobre Atafami e outras coisas aleatórias, e também converso com a Mimimi e a Tama-chan e a Hinami em grupo. Minha aura de solitário está aos poucos desaparecendo. Isso é meio incrível

Claro, se eu pensar bem, ficar impressionado com minha própria habilidade de conversar com algumas pessoas na sala de aula pode ser um problema em si. Vou fingir que não percebo isso.

O problema é Erika Konno e sua turma. É como se eles estivessem sempre falando alto o suficiente para eu ouvir, coisas como — Que esquisito! — ou — Aquele olhar dele é tão estranho — ou — É hilário o quão desesperado ele é! — Como se estivessem tentando me atingir onde dói. Estou cansado disso. Fora isso, tudo está tranquilo.

Pensando mais a respeito, eu sempre estou cercado de garotas, o que provavelmente não vai me tornar popular com os outros caras. Não ficaria surpreso se eles achassem que eu sou um daqueles tipos.

Estava pensando que seria melhor pedir conselhos para Hinami sobre o assunto quando ocorreu um incidente durante o intervalo antes da quarta aula.

— Tomozaki.

— ...Sim?

Uma voz desconhecida estava dizendo meu nome. Quando me virei, encontrei Mizusawa.

Mizusawa era um dos caras que sempre estava com Nakamura. Ele era o que tinha cabelo estiloso, permanentemente ondulado  e tingido, e um rosto bonito e fresco. Ao contrário de Takei, o outro membro central do grupo de Nakamura, Mizusawa era menos um puxa-saco e mais um conselheiro militar que o sustentava das sombras. Na época em que tudo aconteceu com Mimimi e Tama-chan na aula de culinária, essa foi a impressão que tive.

— Ah, alguém quer me ver de novo...?

Perguntei a ele em um tom baixo.

Mizusawa riu alto. — Relaxa, cara! Só estou conversando com você. Acho que isso não acontece muito com você, né?

Seu tom era leve. Mas enquanto eu me sentia aliviado por Nakamura não estar me chamando de novo, também estava incomodado com a instabilidade da minha posição. Acho que no meu nível, as pessoas sentem que podem me chamar de — cara — quando quiserem.

— O que você quer dizer com 'só estou conversando com você'?

— O que você acha que eu quero dizer? Escuta, aquilo foi loucura outro dia, né?

— Outro dia? Você quer dizer com Erika Konno?

— É! — Mizusawa riu com alegria. — Nunca vi ninguém a deixar tão irritada.

— Para com isso, cara!

Eu não sabia o que dizer, mas tentei parecer animado e engraçado. É tudo uma questão de prática. Obviamente, tenho praticado todos os dias para manter a energia no meu tom e expressão. Mas não funciona tão bem com pessoas de status mais alto.

— Olha, Tomozaki.

Por algum motivo, a expressão de Mizusawa era gentil.

— Na verdade... foi uma coisa boa.

— Uma coisa boa?

Não pude deixar de parecer um idiota.

— Sim. Tipo, você estava dizendo o que realmente pensava, né?

Lembrei-me do que gritei para Konno no escritório do antigo diretor. Droga. Foi um pouco embaraçoso ser perguntado se esses eram meus verdadeiros sentimentos, mas assenti. Eram.

— É, acho que sim.

Estranhamente, Mizusawa sorriu. — Pensei assim! Tipo, ok, eu quero dizer isso direito. Eu não sou contra o que você fez.

— ...O quê?

— Olha, esse tipo de coisa geralmente é demais para as pessoas. É loucura. Muita gente te chamaria de esquisito por causa disso... pessoas como Konno. Mas eu? Acho que foi incrível, e na verdade...

Ele parou de falar, mas eu estava tão envolvido com seu discurso inesperado que não pude deixar de incentivá-lo.

— ...Na verdade?

— Eu concordo com o que você disse. E fiquei impressionado por você ter sido tão corajoso. Só queria dizer que você tem pessoas como eu ao seu lado.

— Ao meu lado?

Nunca uma vez durante meu tempo no ensino médio eu tinha considerado que alguém pudesse estar ao meu lado. Algo para se pensar.

— Enfim, não tem um ponto específico que eu esteja tentando fazer. Só, tipo, vamos sair para comer alguma coisa com algumas pessoas.

— Algumas pessoas...?

Essas palavras me pareceram sinistras, mas tentei manter meu tom animado quando disse: — Ok! — eu tinha Izumi em mente como meu modelo. Aquele leve — Ok! — dela tinha um tom agradável.

— Claro, o Shuji não vai vir.

— Ah, é verdade.

Talvez ele tivesse planejado dizer isso o tempo todo, ou talvez ele tenha percebido como eu estava me sentindo, mas as palavras de Mizusawa varreram casualmente minhas preocupações.

— Não é mesmo? Não seria legal se o Shuji estivesse lá, né?

— Uh, bem... acho que sim.

Disse vagamente.

— Escuta, Tomozaki.

Mizusawa me olhou seriamente e depois sorriu.

— É mais engraçado se você responder instantaneamente. Tipo, 'Sim, claro'.

— ...ah, entendi.

Enquanto eu estava ali, impressionado pelo poder do normie, Mizusawa continuou falando.

— Não é mesmo? De qualquer forma, quando eu disse algumas pessoas...

Ele sorriu de novo e olhou nos meus olhos.

— ...Eu quis dizer a Aoi ou alguém assim.

Sua escolha me pegou de surpresa.

— Ah, é. Hinami.

Disse, tentando parecer calmo o suficiente para esconder que ele tinha me atingido.

— Sim, vocês dois estão bem próximos ultimamente, né? Vamos convidá-la e outra garota para sair. O que acha?

— Sim, parece divertido.

Flexionei os músculos do rosto para sorrir casualmente.

— É, né? Ok, cara, a gente se fala mais tarde.

— Ok.

Enquanto disparava outro — Ok — inspirado em Izumi, finalmente percebi que muitas pessoas tinham notado que Hinami e eu estávamos ficando próximos. Mimimi e Izumi também tinham falado algo sobre isso. Como eu suspeitava, os normies são incrivelmente bons em perceber mudanças nos relacionamentos humanos...

Ainda assim, sair para comer juntos? Honestamente, foi tudo tão repentino que me senti meio intimidado. Mas esse tipo de coisa não seria tão incomum para um estudante do ensino médio normal, certo? Caramba, estudantes do ensino médio são incríveis. Devem estar sempre fazendo coisas por aí.

Por outro lado, sair para comer não era um grande problema, e eu ficaria bem enquanto Hinami estivesse lá, certo? Eu não queria depender tanto dela, no entanto.

 

No mesmo dia, Mizusawa e eu conversamos um pouco no almoço e de novo depois da escola. Ele tem uma aura completa de normie. Claro, Mimimi e Izumi também são normies, mas tudo sobre os caras normies é intimidador.

Eles têm essa vibração que te lembra onde você está na cadeia alimentar — bem mais assustador do que as normies. Eu estava super nervoso enquanto estávamos conversando. Espero que pelo menos eu estivesse ganhando alguma EXP com isso.

Ao mesmo tempo, bem, eu não sei o que vai acontecer no futuro, mas parece que isso pode se transformar em uma espécie de amizade com outro cara da minha classe, e um normie, ainda por cima. Não posso reclamar disso! Além disso, fiquei feliz por ele concordar com o que eu gritei para Konno.

— Tudo bem então. Faz um tempo desde que nos encontramos aqui. Vamos começar.

— Vá com calma comigo, por favor.

 

Estávamos na Sala de Costura #2 depois da aula. Era a primeira vez que nos encontrávamos lá desde o incidente no escritório do antigo diretor. A sala familiar e empoeirada tinha uma calma estranha.

— Primeiro, vamos revisar seu objetivo atual. Você se lembra qual é? O pequeno, quero dizer.

Hinami não perdeu tempo para iniciar a discussão.

— Sim, claro. Sair com uma garota que não seja você, certo?

— Certo.

Ela assentiu.

— Mas quanto mais penso nisso, mais assustador parece.

— E quanto mais ouço suas queixas, mais cansada eu fico.

Hinami retrucou indiferentemente, acariciando as pontas de seu cabelo preto sedoso e bonito. Ao cruzar as pernas novamente, vi o reflexo do sol nas janelas brilhar em sua coxa com um flash branco cegante. Ela era realmente bonita, incluindo sua forma.

— Mas o que eu devo fazer? Eu só invento uma maneira legal de convidar alguém para sair?

Hinami balançou a cabeça.

— Não, é melhor que isso aconteça como uma conclusão natural de uma conversa. Seria fácil alcançar o objetivo se você simplesmente saísse convidando todo mundo, afinal.

Não tão fácil para mim, mas de qualquer forma.

— Preciso tornar isso natural, né?

— Sim. Além disso, se você fosse sair sozinho com alguém agora, suas habilidades ainda são tão baixas que a conversa provavelmente secaria e o encontro seria um fracasso. Você precisa fortalecer essas habilidades primeiro.

— A-ah, entendi. Você quer dizer habilidades de conversação, certo?

— Não é um problema que você pode resolver da noite para o dia, mas a memorização de tópicos é a resposta. Você está acompanhando isso?

Memorização. Em outras palavras, construir um estoque de coisas para conversar com as pessoas. Eu continuava com isso mesmo durante esses dois dias em que não me encontrei com Hinami.

— Sim.

— Eu pensei nisso. Do que tenho visto, você parece estar praticando.

— Do que você viu?

Repeti, surpreso.

— Você tem usado os tópicos, certo? Por exemplo, quando está falando comigo, Mimimi e Hanabi.

— Ah, sim.

Era só isso que ela queria dizer. Quando estou conversando com Izumi ou Mimimi, Tama-chan e ela, tento encontrar o máximo de oportunidades possível para mencionar os tópicos que memorizei. Ela percebe isso simplesmente me observando.

— Continue assim. Existe uma grande diferença entre memorizar tópicos e usá-los em conversas reais. O fato de você poder usá-los é um grande avanço.

— S-sério?

Não sabia como responder ao elogio.

— Claro, às vezes você está tão desesperado para introduzir um tópico que acaba soando artificial, ou você faz uma introdução longa para algo que acaba sendo trivial. Tipo, você vai dizer algo do tipo 'Ei, pessoal, escutem só! Aquele programa de TV outro dia...' Isso ainda precisa de trabalho.

Suas palavras atingiram em cheio, especialmente dadas as palavras desnecessárias e o uso de suas habilidades de atuação para imitar meu tom nerd.

— Eu vou melhorar...

Minha voz se perdeu em um silêncio desanimador. Hinami me olhou com um sorriso satisfeito. Ela estava ficando ainda mais sádica do que antes?

— Bem, não deve ser tão difícil, já que as áreas para melhorar são claras. Em seguida, gostaria de falar sobre nosso plano para o futuro... mas antes, alguma coisa mudou ultimamente?

— Mudanças... Ah.

Lembrei de algo.

— Hoje falei com Mizusawa sobre várias coisas.

— Mizusawa? Agora que você mencionou, eu os vi conversando algumas vezes.

— Sim. Foi por isso que não pude ir à biblioteca antes de mudarmos de sala hoje.

— Entendi... Bem, não há muito que você possa fazer sobre isso.

Hinami tinha me instruído a continuar trabalhando no meu absurdo objetivo de médio prazo — arrumar uma namorada até o começo do terceiro ano. Como parte disso, ela também tem me lembrado para conversar com Kikuchi-san, minha paixão, o máximo possível.

— Nós mudamos de sala às segundas e quartas, então estou planejando ir depois de amanhã...

— Nesse caso, não importa. Pode até ser para melhor. De qualquer forma, o que aconteceu com Mizusawa?

— Bem, você sabe toda aquela confusão com Konno? Ele me disse que concordava com o que eu disse para ela, e disse que deveríamos sair para comer alguma coisa com algumas pessoas. Ele disse que você deveria ir também, e outra garota.

— ...Hã. Mizusawa disse isso?

Hinami franziu o cenho. Comportamento incomum. Bem, franzir o cenho em si não era incomum, mas ela raramente fazia essa expressão em resposta a algo ou alguém que não fosse eu, especialmente quando era alguém com quem parecia estar em bons termos.

— O quê? Tem algo errado?

— Por quê?

— Nada, é só...

— Não é grande coisa. De qualquer forma, isso pode acabar funcionando bem.

Ela levou um dedo aos lábios como se estivesse pensando profundamente. Eu senti que ela poderia estar prestes a mudar de assunto, mas sua expressão permaneceu a mesma.

— O que você quer dizer com 'funcionar bem'?

— Obviamente, o que estávamos falando há um minuto. Habilidades de conversação. Ou eu deveria dizer, habilidades de encontro. Você deveria poder praticar bastante se todos nós saímos juntos.

Ela parecia estar levando isso para uma direção completamente diferente.

— Praticar, huh...? Bem, seria fácil praticar se eu estivesse em um grupo com você, Mizusawa e mais uma pessoa.

— Exatamente.

Imaginei a situação: Lá estava eu, em um ambiente vagamente normie, me sentindo tranquilo porque Hinami estava sentada ao meu lado.

Assim que eu estava ficando irritado por precisar desse reforço, Hinami começou a falar novamente.

— Além disso, você pode praticar convidando alguém para sair, além de falar com essa pessoa durante o encontro.

— Hã? Convidar alguém para sair?

Ah, já vi onde isso vai dar.

— Sim. Você vai convidar a outra garota. Obviamente.

— ...É, era de se esperar.

Bem, acho que é assim que funciona. No jogo da vida, o treinamento rigoroso simplesmente não para.

Para resumir o resto da nossa reunião, aqui está o que decidimos:

Minha tarefa era escolher quem convidar, levando em consideração os relacionamentos entre mim, Hinami e Mizusawa. Depois de decidir, eu teria que pensar na melhor maneira de convidá-la e, em seguida, realmente fazer isso.

Em outras palavras, a escolha, o planejamento e o convite estavam todos nas minhas mãos. Uma peça solo estrelada por Fumiya Tomozaki. Tudo dependia de mim. Será seguro deixar tanta responsabilidade comigo? Ou talvez seja um teste? Tipo, como leões deixam seus filhotes na beira de um penhasco para ver qual deles consegue subir de volta? A única diferença é que eu sou mais uma larva de mosquito do que um filhote de leão. Será que isso será um problema?

No final das contas, no entanto, se a especialista jogadora Hinami-san está me dizendo para fazer isso, não tenho muita escolha. Posso achar isso frustrante, mas não acho que ela esteja muito errada. Significa que não será aceitável para o top gamer nanashi, também conhecido como Fumiya Tomozaki, cortar caminho.

Com esses pensamentos na cabeça, fui para casa e comecei minha reflexão solitária.

Número um. Quem convidar?

Não lutei muito com essa escolha. A lista de garotas que eu poderia convidar basicamente se resumia a Mimimi, Tama-chan, Izumi e Kikuchi-san. Kikuchi-san seria difícil tanto em termos de personalidade quanto do grupo com o qual ela se relacionava. Tama-chan também não parecia adequada para esse tipo de situação. Afinal, ela quase se meteu em uma grande confusão outro dia na aula de economia doméstica. Mesmo que Nakamura não estivesse lá, eu não achava que funcionaria.

Isso deixou Mimimi e Izumi. Das duas, Izumi provavelmente tinha uma conexão mais forte com Mizusawa. Ela pertencia ao grupo de Erika Konno, que estava intimamente ligado ao de Nakamura.

Com isso em mente, escolhi provisoriamente Izumi.

Pensando nela, passei para o ponto dois: como convidá-la.

Esperava que essa fosse a parte mais difícil, mas foi surpreendentemente fácil. Entre os tópicos de conversa que preparei com base nas informações de Hinami, um se destacava como especialmente promissor. Na verdade, já o tinha mencionado para Izumi.

— Ouvi dizer que o aniversário de Nakamura está chegando.

Basicamente, usaria isso como pretexto para convidá-la. Mais especificamente, diria a ela: — Você provavelmente não sabe o que dar de presente para o Nakamura, certo? Você deveria perguntar para o Mizusawa! Afinal, vocês são amigos. E a Hinami parece ser boa nisso também. Você deveria vir com a gente! Espere um segundo... acho que nem preciso estar nessa operação! — Eu admito que achei esse um plano muito bom.

 

Na manhã seguinte, contei tudo para Hinami quando nos encontramos na Sala de Costura #2.

— ...Bem, se é isso que você quer fazer, vá em frente. Essa é sua decisão final?

A resposta dela foi um pouco carregada, mas ela me deu sua aprovação. Ela se recusou a explicar quando perguntei o que ela queria dizer com isso, então não posso dizer o que estava acontecendo, mas decidi aceitar. Quando perguntei a Hinami sobre minha única preocupação — se Izumi compraria um presente para Nakamura em primeiro lugar — ela disse que as chances eram quase cem por cento de que ela compraria. Ela acrescentou que provavelmente ainda não tinha comprado porque o aniversário dele ainda estava a um mês de distância. O que me deixou com apenas uma opção: partir para a ação.

Então lá estava eu em nossa sala de aula no dia em que eu tinha que convidar Izumi. Mas...

Antes de fazer isso, meu primeiro obstáculo era dizer a Mizusawa que eu ia convidá-la. Se não o fizesse, ele pensaria que eu estava convidando alguém aleatoriamente sem perguntar a ele, e ele poderia já ter convidado outra pessoa. Era a coisa educada a fazer. Ou pelo menos foi o que Hinami me disse, acrescentando: — Normie ou não, isso não deveria ter passado pela sua cabeça?

Ela parecia totalmente irritada.

Não desisti, porém. Estou muito acostumado aos seus comentários ásperos para isso. No entanto, guardei esse conhecimento para a próxima vez.

Com isso em mente, entrei na sala de aula pela manhã. Eu estava planejando abordar Mizusawa quando ele chegasse à sala. Normalmente, ele chegava antes de Nakamura, então apontei para essa janela de oportunidade.

— Mizusawa.

Surpreso por ter conseguido dizer o nome dele tão suavemente, esperei pela resposta dele. Normalmente, eu teria gaguejado com certeza. Não foi tão ruim assim, Tomozaki.

— Hã? Ah, ei, Tomozaki! Por que está tão sério?

— O que?

— Enfim, o que está acontecendo? Você está nervoso com algo? Relaxe, cara!

Sorrindo, Mizusawa bateu em meus ombros. Aparentemente, eu estava tão nervoso que ele conseguia ver isso em meu rosto. Não tão bom assim, Tomozaki. Não importa, sou eu. Vamos em frente!

— Ah, não, só queria te perguntar sobre irmos comer alguma coisa, como conversamos outro dia.

— Ah, sim, isso.

— Você disse que seríamos eu, você, Hinami e mais uma pessoa.

— Sim, parece certo.

— Estava pensando em convidar a Izumi. O que você acha?

Estava claro que eu estava testando as águas; Mizusawa olhou nos meus olhos como se estivesse tentando ler algo ali. Deveria ter dito isso de maneira mais natural e confiante?

— ...Sim, acho que está bem.

— Sério? E-eu vou convidá-la mais tarde.

Ele mal esperou eu terminar antes de dizer: — Escuta, cara.

Então ele sorriu.

— Você está tramando alguma coisa, não está?

— Hã?

Ele apontou acusadoramente para a minha cabeça.

— Estou suspeitando disso faz um tempo! Seu corte de cabelo. Você começou a ir a um salão em vez de uma barbearia recentemente, não é? Você está desperdiçando um bom corte por não o arrumar.

Mais uma vez, ele me pegou totalmente desprevenido.

— V-você percebeu?

— É claro!

Ele disse, tocando meu cabelo.

— ...Eles fizeram um ótimo trabalho, aliás. Estou planejando ser cabeleireiro, então sou um crítico rigoroso.

— Ah.

Então, era isso. Como eu não era um normie, essa foi a melhor resposta que consegui dar. Olhei instintivamente para o lado. Minha vergonha não o impediu de bagunçar meu cabelo.

— Olha, você sempre foi meio perdedor, mas de repente você começa a ir ao salão, é amigo da Aoi, da Mimimi e da Izumi, e está agindo muito mais animado! E para completar, você vai convidar a Izumi por conta própria? Não me diga que é tudo coincidência.

— Uh...

Eu estava em pânico porque ele acertou em cheio, mas ao mesmo tempo, fiquei meio feliz que ele tenha percebido que eu estava mais animado.

— Então basicamente, você está em uma campanha para melhorar sua reputação, não está? Mas você está indo com muita sede ao pote. Quero dizer, é difícil imaginar que você está criando todas essas ideias sozinhas. Tem algo acontecendo, não é?

— Uh, n-não, nada em particular.

Mizusawa estava listando seus pontos como um palestrante motivacional, declarando tudo como fato, com gestos de mão acompanhantes. Mesmo enquanto eu admirava suas habilidades de dedução e comunicação, estava em pânico por dentro. Se ele descobrisse o papel de Hinami em tudo isso, seria o pior cenário possível.

— Eu sei o que você está tramando, cara...

Esperei em silêncio pelo veredito de Mizusawa. Ele apontou diretamente para o meu rosto.

— ...você está lendo um daqueles livros sobre como não ser um geek!!

Pela segunda vez em duas semanas, eu estava sendo acusado de seguir os conselhos de um daqueles livros. Ele estava insultando minha dignidade assim como minha irmã havia feito.

 

Chegou a hora do almoço e todos começaram a guardar seus livros e outras coisas. Foi quando planejei convidar Izumi.

Depois que Mizusawa terminou sua demonstração dedutiva, que acabou sendo inofensiva, ele disse: — Está totalmente bem se você convidar a Izumi. Boa sorte, cara! — Com seu apoio moral e sua permissão garantidos, eu tinha que seguir em frente. Eu queria me reunir por um segundo, mas quando olhei para o meu lado esquerdo, Izumi estava bem ali, o que tornava isso impossível. Este era o lado negativo de sentar ao lado dela. A propósito, não ficar dizendo nada até a hora do almoço não fazia parte da minha estratégia, eu estava apenas atrasado porque estava tão nervoso.

Ainda assim, eu havia planejado meu discurso e o repeti várias vezes em minha mente, e também pratiquei bastante a entrega e a fraseologia, então não deveria ser tão difícil.

Claro, eu sabia que ficar muito confortável poderia me preparar para uma queda. Já cometi esse erro muitas vezes, então não estava me deixando sentir excessivamente confiante. Lá vou eu!

— Izumi.

— Hmm?

Seus olhos redondos se voltaram para mim sem a menor sombra de algo desagradável em sua expressão. Vamos lá, o que há com esses olhos lindos? Eu deveria ser grato por suas boas intenções. Mas não é disso que se trata.

— Um, lembra que estávamos falando sobre o aniversário do Nakamura que está chegando em breve?

— De novo?! Não está perto! Ainda falta um pouco!

Izumi ficou visivelmente vermelha enquanto protestava furiosamente. Suprimindo o desejo de perguntar a ela o que exatamente contava como — não perto — versus — um pouco longe.

Continuei com meu discurso.

— Ok, mas você vai comprar um presente para ele, né?

— Sim, provavelmente vou... O que você está querendo dizer com isso?

Izumi se abanou com as mãos para se refrescar. Boa sorte com isso! De qualquer forma, agora eu tinha certeza de que ela planejava comprar um presente para ele, mas ainda não havia comprado. Vamos em frente!

— Na verdade, Mizusawa, Hinami e eu estávamos pensando em sair para comer, e queríamos convidar mais uma pessoa...

— Ahã. E você estava pensando em me chamar?

Continuei com meu script, o mais extrovertido que pude.

— Sim, mais ou menos. E... você vai comprar um presente para o Nakamura, certo? Bem, Mizusawa é próximo dele, e eu pensei que talvez você pudesse perguntar a ele o que você deveria comprar.

— Bom ponto!

Izumi aplaudiu e olhou para mim com satisfação, como se estivesse acompanhando meu raciocínio.

— A Hinami também parece ser boa nesse tipo de coisa, então... pensei que poderíamos todos fazer compras juntos.

— Ah, não, eu não gostaria de fazer vocês passarem por isso!

— Hã?

Fazer a gente passar por isso? Minha mente parou depois dessa reviravolta.

— Vocês estão planejando sair para comer, certo? Eu não gostaria de arrastar todos para a minha compra pessoal.

Ela acenou energicamente com as mãos. Foi aí que percebi o que estava acontecendo. Isso era apenas a personalidade de Izumi.

Mesmo fazendo parte do grupo de Erika Konno, que estava no topo da hierarquia da classe, ela estava muito consciente do humor geral de uma conversa e se importava muito com o que os outros pensavam dela. Ela era boa em fazer coisas para os outros e ser considerada. O lado negativo era que ela era ruim em deixar que outras pessoas fizessem coisas para ela. Era como aquele ditado sobre monges serem ruins em combate. Se você tem uma habilidade, o oposto provavelmente será seu ponto fraco. Talvez.

Se isso fosse verdade, então ela provavelmente não gostava de receber favores sem dar nada em troca. Droga, como eu estraguei isso? Como posso consertar? Odiaria se ela recusasse o convite por causa disso.

— Você realmente não precisa se preocupar com isso!

— Mesmo? Mas... todos os outros vão comprar presentes para o Shuji também?

Hã, vão? Não mencionamos nada sobre isso. Provavelmente não deveria mentir descaradamente sobre isso...

— Eu-eu não sei.

— Oh! Eu irei se todo mundo comprar um presente para ele também!

Ela estava oferecendo um compromisso, mas tive a sensação de que isso era basicamente um não. Droga, o que eu faço? Ela estava evitando uma resposta definitiva, o que significava que talvez eu tivesse que perguntar a ela novamente. Essa ideia definitivamente não me agradava, o que me fazia querer continuar insistindo até que ela tomasse uma decisão aqui e agora. Isso era evasão ou agressão?

— Um, mas eu realmente não acho que você precise se preocupar com isso...

— Mesmo?

— ...Ok, como eu posso dizer isso?

— O quê?

Eu não estava mais sendo claro, e Izumi estava ficando cada vez mais confusa. Isso não era bom.

Justo quando eu pensava que tinha que descobrir algo rápido... tive um lampejo de inspiração.

Será que foi realmente uma boa ideia? Eu não estava certo, mas em meu pânico, eu simplesmente soltei tudo com um impulso puro.

— Eu vou comprar um para ele também.

— Oi?

Izumi congelou.

— Eu vou comprar um presente para Nakamura também.

— ...O quê?

Ela olhou para mim como se não tivesse ideia do que eu estava falando. Claro que não tinha. Se uma cópia minha estivesse ouvindo nossa conversa, provavelmente estaria ainda mais confusa do que Izumi agora. Por que diabos eu compraria um presente para Nakamura? Nós éramos mais como inimigos do que amigos. Eu precisava recuperar a situação e encontrar uma desculpa.

— É só... eu quero consertar as coisas.

Eu disse, agarrando-me a qualquer desculpa.

— Consertar as coisas?

Os olhos de Izumi se iluminaram um pouco. Espere, o que ela estava esperando? Continuei apreensivo.

— Quero dizer, as coisas ficaram estranhas outro dia, mas como nós dois gostamos de Atafami, acho que devemos nos entender... Nakamura está realmente interessado em Atafami agora, certo? Além disso, pelo que aconteceu outro dia, ele não é uma pessoa má. Acho que poderíamos ser amigos...

As desculpas fluíram surpreendentemente bem. Por quê? Teria eu ganho alguma habilidade?

— De qualquer forma, eu estava pensando que talvez o aniversário dele seria uma boa oportunidade...

Quando terminei de explicar, Izumi ficou boquiaberta. Então, após um breve silêncio, ela se iluminou com um grande sorriso.

— Isso é incrível!!

Ela colocou ambas as mãos em meus ombros e me sacudiu violentamente. Que diabos? Minha cabeça balançava para frente e para trás.

— Isso é incrível! Eu amo isso, Tomozaki! Na verdade, eu estava me sentindo meio estranha com tudo isso. Quero dizer, você sabe que eu sou... amiga do Shuji, né?! E ultimamente eu tenho conversado bastante com você também. Então, eu estava pensando, tipo, vocês dois são caras legais, e ambos são meus amigos, então eu não queria que vocês estivessem, tipo, brigando! Ah, m-me desculpe.

De repente, percebendo o que ela estava fazendo, ela removeu as mãos dos meus ombros. Enquanto isso, meu coração se encheu de emoção ao ouvir Izumi me chamar de amigo. E por favor, não diga que ela estava sendo apenas educada.

— O-o-oh...

— Além disso, é péssimo quando seus amigos estão brigando, né? Então, eu ficaria muito feliz se dois dos meus amigos pudessem ser amigos um do outro! É só mais divertido assim! Ah, desculpe se estou sendo estranha com isso; é que eu acho que seria tão legal!

— Um, s-sim, foi o que eu pensei também!

Seu discurso belo e santo parecia uma garota apaixonada me atingindo com seus verdadeiros sentimentos. O que era isso? Luz?

Mesmo que fosse óbvio que ela estava usando maquiagem, e ela vestia seu uniforme escolar de uma maneira sexy, seu coração era tão puro. E seus seios eram tão grandes... Ok, não, você não pode pensar coisas assim na presença de uma santa.

— Eu vou te ajudar! Nós vamos fazer compras juntos para o presente!

Enquanto eu estava pensando em pensamentos irrelevantes, a conversa tomou um rumo estranho. Ainda assim, ela estava aceitando meu convite, então tudo está bem quando termina bem, certo...?

— Ah, uh... Um, obrigado!

Com isso, o — Grande Plano para Comprar um Presente para Nakamura — Ops, Tomozaki Nem Era Necessário havia se transformado subitamente no — Grande Plano para Reconciliar Nakamura e Tomozaki.

Depois da escola, contei a Hinami o que aconteceu.

— ...Enfim, consegui convidá-la.

Mais uma vez, a resposta de Hinami foi carregada.

— Bom trabalho. Mas vou te perguntar mais uma vez. Você tem certeza de que é isso que você quer?

— O que você quer dizer? Estive pensando nisso outro dia também.

— Bem, você e Mizusawa tinham originalmente planejado sair para comer.

— Sim, e...?

Ah, sim. Acho queo plano mudou para compras.

— Sinto que você perceberia isso se pensasse um pouco, mas há uma grande diferença entre sentar em algum lugar e conversar enquanto você come, e andar por vários lugares fazendo compras. Fazer compras será muito mais difícil para alguém no seu nível.

— ...Ah.

Ela estava certa. Se estivéssemos apenas comendo, contanto que Hinami estivesse lá, a conversa seria tranquila, e não haveria muito mais para pensar, então eu poderia relaxar. Mas se fôssemos fazer compras... eu teria que pensar no que comprar, no que dizer sobre o que os outros compraram, onde ficar, no que olhar, e...

Ugh, coisas demais que eu não sabia fazer.

— Eu posso dizer que você não pensou em nada disso.

Hinami suspirou.

— M-mas se eu não dissesse que ia comprar um presente, ela não teria aceitado.

— Normalmente, se alguém diz que se sente mal por fazer todo mundo ir fazer compras, você diz: 'Então vamos apenas sair para comer', certo?

— ...Ah.

Hinami olhou para baixo, balançando a cabeça e suspirando. Parece que eu só aumentei a dificuldade.

 

Na noite após nossa reunião, eu estava jantando com minha família. Segundo o mestre, seria estranho para mim organizar tudo, sem mencionar que seria demais para eu lidar de qualquer maneira, então ela ia assumir o controle.

Estava desfrutando da sensação de alívio enquanto comia. Minha irmã estava sentada ao meu lado e minha mãe estava em frente a nós, mas minha mãe comeu apenas algumas mordidas antes de ir para a cozinha começar a limpar. Ela estava em uma mini dieta onde não comia muito à noite. Ainda uma pessoa ativa em seus trinta e poucos anos. Meu pai estava no trabalho, então ele não estava comendo conosco.

Minha irmã e eu estávamos olhando para a TV e comendo em silêncio quando meu telefone começou a vibrar no bolso. Eu imaginei que era algum boletim informativo por e-mail.

— Huh.

Quando eu o puxei para fora, havia uma notificação de um aplicativo de mensagens dizendo: — Você foi convidado para entrar em um grupo. — O que estava acontecendo? Eu nunca tinha visto algo assim antes.

Convidado? Quando toquei nele, um convite para uma espécie de sala de bate-papo chamada — Grupo de Estratégia Pré-Aniversário — apareceu, e eu tive que aceitar ou recusar.

— ...O que é isso?

Hinami deve ter criado a sala de bate-papo. Havia uma notificação dizendo: — Aoi Hinami-san o convidou para entrar neste grupo

Aparentemente, era possível ver os outros membros, então toquei nesse botão e os nomes Takahiro e Yuzu-san apareceram como 'convidados' Yuzu-san devia ser Izumi, o que significava que Takahiro era Mizusawa.

Esta foi a primeira vez que fui convidado para algo assim, mas imaginei que fosse um grupo de chat para definir nossos planos de compras. O aplicativo de mensagens provavelmente tinha um sistema para isso, que Hinami, nossa organizadora do evento, usou. Habilidades de dedução impressionantes, né? Só não mencione como eu não sabia de tudo isso no começo. Pelo menos consigo entender agora.

Enquanto eu olhava novamente para o meu telefone, notei que o status de Yuzu-san havia mudado de 'convidado' para 'entrou'. Uau, a ação aqui é em tempo real. Ela deve ter notado o convite e decidiu aceitar na hora. Exatamente o que eu esperaria de uma pessoa comum como Izumi. Sem hesitação alguma quando se trata de entrar em círculos sociais.

Estava prestes a tocar em 'aceitar' também... mas eu fico nervoso com coisas assim. Mesmo que Hinami fosse a responsável por criar o grupo e Izumi e Mizusawa já soubessem sobre o plano de fazer compras, eu me sentia estranhamente desconfortável, como se talvez eu não devesse estar lá. Deve ser porque não sou como eles.

Enquanto eu encarava meu telefone e agonizava sobre o que fazer, uma voz desagradável interrompeu meus pensamentos.

— Ei, pare de falar alto sozinho. As pessoas estão tentando comer aqui.

Minha irmã estava me encarando. Quando olhei para ela, ela virou a cabeça e voltou a comer. Ela certamente era arrogante para alguém que raramente jantava conosco.

— Relaxe.

— Hmm. O que, você está jogando um jogo pornô ou algo assim?

— Ei! Eu não jogo essas coisas. Acredite em mim.

— Ah, não estava falando sério.

Ela me olhou com uma expressão entre um olhar distante e nojo.

— Ei, o que é isso...? LINE? Você está no LINE?

Ela deve ter vislumbrado a tela do meu telefone no processo de me encarar, porque de repente pareceu surpresa.

— Sim, e daí?

— Huh. Estranho.

Ela parecia infeliz por algum motivo e continuava me olhando enquanto comia.

— O que?

— Nada.

— Nada o que?

Insisti.

— Só achei estranho você estar no LINE

Resmungou.

— E isso é um grupo de mensagens, certo?

— Sim...

— O que, você foi convidado para algum grupo estranho que você não quer entrar?

Pela primeira vez, minha irmã tomou a iniciativa e continuou a conversa. Normalmente, ela era do tipo — oi, tchau.

— Não é estranho, mas... não sei. Entrar simplesmente não parece certo.

— Hmm.

Com essa resposta desinteressada, ela se afastou e voltou a assistir TV enquanto comia. Caramba, você que perguntou.

No entanto, eu realmente não me importei, então voltei a comer o meu jantar.

— ... Bem, isso acontece às vezes.

— Hã?

Ela estava me olhando. O que ela estava tentando dizer?

— Quero dizer, às vezes, você é convidado para se juntar a um grupo e se sente desconfortável com isso, mas ainda assim precisa entrar.

— Hmm.

Entendi o que ela queria dizer. Essa era uma nova experiência para mim, mas aparentemente não era tão incomum assim. O que era incomum era que minha irmã e eu estávamos realmente falando sobre um tópico de interesse em comum.

— Pode ser, mas ainda é muito estranho.

— Hmm.

Ela de repente começou a agir entediada novamente e voltou a me ignorar em favor de seu jantar. O que havia de errado com ela?

Ligeiramente magoado por sua grosseria, comecei a comer novamente.

— Você fez novos amigos ou algo assim?

— Hã?

Ela olhou para mim novamente enquanto fazia sua pergunta estranhamente oportuna. O que ela estava tramando?

— Estou perguntando se você fez alguns novos amigos e decidiu criar um grupo de chat juntos.

Ela fez beicinho, olhando para o lado enquanto me avaliava com um tipo de piedade condescendente. Eu não entendi.

Mas sério, quanto tempo tinha se passado desde que tivemos uma conversa real como essa? Nunca tivemos nada em comum. E agora ela estava falando sobre o lado desconfortável de fazer amigos?

Eu realmente não estava esperando por isso. Ela era uma integrante bastante sólida do grupo popular, e sempre parecia alegre e feliz sem pensar muito nas coisas. Ainda assim, acho que até ela se preocupava com esses grupos do LINE às vezes. Se isso fosse verdade, quanto tempo levaria para que eu conseguisse passar um dia sem me preocupar com essas coisas?

— Não, é tipo, eu não sei. Eu só conheci essas pessoas recentemente, e todas são bastante populares. Só estou hesitando em me juntar ao grupo delas, ou... nervoso, eu acho? Só isso.

— Sim, eu entendo de onde você está vindo. Isso é tão irritante.

Ela encolheu os ombros dramaticamente. Ela ficava irritada assim às vezes. Ainda assim, ela parecia meio fora de si hoje. Talvez algo tivesse acontecido recentemente que a estava incomodando? Pensei em perguntar.

Bem, talvez a EXP tenha sido uma consideração menor, mas eu também era o irmão mais velho dela, sabe?

— Você está tendo algum problema com seus amigos ou pessoas da sua classe?

Ela pareceu surpresa por um segundo, depois suspirou com exasperação e me olhou com um tipo de pena condescendente.

— Se eu estivesse, você teria algum bom conselho para mim?

Ela me deu um olhar avaliativo.

— Dro...

Eu nem consegui dizer — droga

Humilhante. Será que algum dia eu seria capaz de me manter em uma batalha com a minha irmã, a normie da minha própria família?

Com um gemido silencioso, entrei no grupo de Aoi. Como minha irmã disse, esse conflito interno sobre aceitar o convite era estúpido.

Em alguns minutos, a discussão começou e decidimos fazer compras no próximo sábado. Não havia muito tempo...

 

No dia seguinte era quarta-feira. Eu estava na sala de aula durante a aula de manhã quando nossa professora, Sra. Kawamura, fez um anúncio.

— Ok, então, eu já distribuí uma explicação sobre isso, mas na próxima, uh... terça-feira, começa o período de campanha para as eleições do conselho estudantil. Certo? Os alunos do terceiro ano estarão fazendo seus exames de admissão à universidade, então, a partir do próximo mês, os alunos do primeiro e segundo ano estarão no comando. Se você quiser se candidatar, precisa pegar um formulário comigo esta semana. Você vai precisar de um gerente de campanha, e é melhor escolher essa pessoa com cuidado. Os formulários devem ser entregues até segunda-feira que vem, pessoal.

A Sra. Kawamura tinha uma maneira característica de falar, e dessa vez não foi diferente. Ela não era do tipo que deixava passar, já era a professora responsável pela nossa turma, mesmo sendo relativamente jovem. Sua personalidade era única, realmente. Além disso, ela era muito bonita.

Então era hora das eleições estudantis novamente. Agora que eu pensava nisso, lembrei que as eleições foram por essa época no ano passado também. Claro, no ano passado eu era um aluno do primeiro ano, e nenhum dos meus colegas era tão insistente a ponto de dizer de repente — eu vou ser presidente do conselho estudantil.

As eleições foram totalmente sem graça. Acho que nenhum aluno do primeiro ano se candidatou, nem mesmo a Hinami, se me lembro bem. Ela deve ter decidido que as desvantagens seriam maiores do que os benefícios.

Quando a aula terminou, todo mundo começou a conversar animadamente. Eu fiquei na minha cadeira observando a Hinami distraído. Ela se afastou do grupo de normies com facilidade e pegou um papel com a Sra. Kawamura.

É, deve ser uma ficha de inscrição para se candidatar. Ela se destacava em praticamente todas as áreas, então por que deixaria passar uma chance tão óbvia de ser a número um?

Isso me lembrou, a Sra. Kawamura tinha dito algo sobre gerentes de campanha. Cada candidato precisava de um, eu acho. Não conseguia lembrar dos detalhes, mas tenho quase certeza de que eles tiveram que fazer um discurso no ano passado. Contanto que ninguém popular se candidate, ninguém realmente se importa com as eleições do conselho estudantil. Queria saber quem a Hinami vai escolher.

Enquanto todas essas ideias passavam pela minha cabeça, notei que a Hinami olhou na minha direção. Ela sorriu um pouco e depois desviou o olhar. Voltou para a sua cadeira, colocou o papel numa pasta de plástico e guardou na mochila.

Uh, isso significa o que eu estou pensando? Um calafrio de pavor passou por mim.

— Bom dia, Tomozaki!

Uma saudação excessivamente animada alcançou meus ouvidos.

— Uau!

Quase caindo da cadeira, me virei para ver a Mimimi. Como sempre, sua figura era muito atraente, seu rosto era muito bonito e ela estava cheia de energia.

— Por que está olhando para a Aoi? Está apaixonado?

Ela riu e se aproximou de mim. Eu recuei.

— N-não, eu não tenho uma c— 

— Aha! Então você não nega que estava olhando para ela!

— Ei, espere um segundo...

Ela estava ditando o ritmo, e eu estava me esforçando para negar suas acusações. Ela olhou para longe, apoiou o queixo na mão como uma detetive e voltou o olhar para a frente.

— ...Parece que ela vai se candidatar.

Seus olhos estavam na Hinami.

— Para o conselho estudantil?

— Sim!

Acho que a Mimimi também a viu pegar o papel.

— Bem, estamos falando da Hinami... Claro que ela vai se candidatar.

— Ah, você acha mesmo?

Havia um tom de gravidade na voz dela.

— Huh? Ah, bem, ela é a número um em tudo. Achei que ela iria tentar isso também.

— ...É verdade! Ela realmente é perfeita em tudo!

A Mimimi parou por um segundo, como se estivesse pensando em algo, e depois riu um pouco demais.

O que foi aquela pausa?

Eu estava curioso, mas não conseguia pensar em uma maneira natural de perguntar, e considerando todas as interrupções e hesitações quando tento falar com as pessoas, não tinha espaço para comentar. Por enquanto, me concentrei em como levar a conversa adiante sem mais pausas.

Bem, perfeita? Bem, talvez se não fosse tão rude...

— Há-há-há, ela realmente é perfeita.

Eu disse, concordando. Afinal, não era uma mentira.

— O que eu estou pensando é... quem a Aoi vai escolher como gerente de campanha?

— Sim...

Lembrei-me do pressentimento ruim que tive um minuto antes.

— Sim, essa é a grande questão.

— Quem quer que a Aoi escolha vai chamar muita atenção, né?

— S-sim, muita atenção...

Concordei, ao mesmo tempo em que sentia meu medo se transformar em certeza.

— Com certeza você não gostaria de estragar essa... Oh, aqui vem a professora! Até logo!

Com isso, a Mimimi voltou para o seu lugar.

Atenção, responsabilidade, um alto preço para o fracasso. Sim, isso resumiria bem.

Enquanto eu rezava para que meu pressentimento estivesse errado, pensei sobre como tínhamos aula em outra sala hoje, o que significava que eu tinha que falar com a Kikuchi-san, e então no sábado eu iria fazer compras com os normies, e... tinha tantas coisas na minha cabeça que não sabia por onde começar. Por enquanto, decidi esvaziar minha mente e apenas me preparar para a primeira aula.

Ah, iluminação.

Não demorou muito e o intervalo depois da terceira aula chegou.

Depois de retornar do reino da iluminação para o mundo real, fui para a biblioteca. Obviamente, eu não estava indo lá para planejar estratégias de Atafami desta vez. Eu ia falar com a Kikuchi-san.

Seria a primeira vez que nos encontraríamos sozinhos depois de confessar minha mentira sobre ler os livros de Michael Andi.

Quero dizer, ela sentava atrás de mim na aula, e nós até conversamos um pouco, mas havia uma diferença entre vê-la na aula e encontrá-la na biblioteca. Você sabe como às vezes você pode obter um impulso elemental do ambiente? Bem, a atratividade da Kikuchi-san ganharia um impulso quando estivesse perto de livros.

— ...Ah!

Quando entrei na biblioteca, por alguma razão andando muito devagar e silenciosamente, a Kikuchi-san me notou imediatamente e olhou na minha direção.

Eu tinha certeza de que aqueles olhos podiam dissipar qualquer efeito negativo sozinhos. Ela sorriu gentilmente para mim antes de olhar para o livro dela. A biblioteca era tão silenciosa e calmante quanto um templo.

 

Caminhei lentamente na direção dela, me sentindo um pouco envergonhado à medida que aquele sorriso me lembrava o da semana anterior. Puxei a cadeira ao lado dela, a movi um pouquinho mais perto dela do que da última vez, e me sentei.

— Olá.

Virando-se na minha direção com a calma e bondade amorosa de Nossa Senhora, ela me cumprimentou com uma voz tão suave quanto uma fada dedilhando uma harpa.

— O-o-olá.

Respondi, nervoso.

— Planejando mais estratégias?

Ela era tão pura, quase infantil.

— Uh, não, não. Hoje eu estava...

— ...Sim?

Abraçando o livro ao peito como um esquilo da floresta segurando nozes, ela inclinou a cabeça inquisitivamente para o lado. As árvores do lado de fora da janela da biblioteca escolheram aquele momento para acenar suavemente ao vento, e pessoalmente, não acho que tenha sido uma coincidência.

Eu planejava ser honesto de que tinha vindo especificamente para falar com ela, mas diante de uma magia tão poderosa que até poderia mover as árvores e as flores, não conseguia fazer um truque tão exagerado.

— Um... eu estava interessado naquele livro sobre o qual estávamos falando outro dia...

Levantei-me, fui até a estante de livros perto de nós e peguei um livro. Era o mesmo que eu sempre fingia estar lendo enquanto planejava estratégias de Atafami. O livro que fez a Kikuchi-san pensar erroneamente que eu era fã de Michael Andi.

Pela primeira vez, observei o título do meu adereço favorito. — O Piloto Mascarado e a Fada da Verdade.

— ...E pensei em tentar ler de verdade.

Seus olhos brilhavam como as lendárias joias que abrem a porta para o céu, ela ergueu as sobrancelhas surpresa e depois sorriu como uma típica aficionada por livros adolescente.

— Ah, seria ótimo...!

— Ufa... Fico feliz de ouvir você dizer isso.

Sorri de volta para ela (nem precisei pensar como fazer isso!), movi minha cadeira um pouquinho mais perto dela e me sentei novamente.

O som suave de duas pessoas virando as páginas de seus livros enchia a biblioteca, acompanhado pelo arrastar de pés.

Nenhum de nós disse uma palavra; apenas seguimos as palavras na página. Estávamos lendo livros diferentes de Michael Andi, mas eu sentia como se estivéssemos viajando juntos pelo mesmo mundo, entendendo um ao outro pouco a pouco, enquanto o tempo fluía como um rio calmo e suave.

Era tão tranquilo que mal podia imaginar que em três dias estaria fazendo compras com três normies. Quer dizer, eu não queria que esse dia chegasse. Queria ficar neste momento para sempre.



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