Volume 1 – Arco 1
Capítulo 19: Encurralado
Antes da Yukari entrar na sala do Manabu, ela estava conosco no telhado, escutando o meu plano.
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— E o que você está esperando pra executar esse plano? — disse Gyomen.
— Uma pessoa chegar — falei.
Não tenho total certeza, mas acho que deve ter se passado 19 minutos, então ele deve chegar agora.
— Demorei? — disse uma voz.
Olhei na direção da voz, era Yoichi.
Naquela mesma noite, eu havia pedido para o Yoichi cobrir a área do telhado, eliminando o oxigênio à volta por 20 minutos até que eu convencesse o Gyomen.
— O que ele está fazendo aqui?! — perguntou Gyomen.
— Esqueceu que ele é meu peão? Seria natural incluí-lo em algum plano meu.
— Tch. — Gyomen virou o rosto.
Suspirei: De qualquer forma, vou dizer o plano mais uma vez e deixar as coisas bem claras.
— A Yukari vai até a sala do Conselho conversar com o Manabu. Ela vai bater algum papo com ele e fazê-lo bater nela.
— Ainda não estou de acordo com isso — falou Gyomen.
— Quer mesmo voltar atrás de sua palavra e decepcionar sua irmãzona? Se esse for o caso, eu não vejo problema algum em te mandar pro hospital. — O lancei um olhar penetrante.
Os lábios de Gyomen pressionaram-se por um breve momento.
— Eu só não vejo motivos da Yukari se deixar ser espancada por ele — explicou Gyomen.
— Hahahah! Espancada? Eu? Não, acho que você entendeu mal as coisas, heheheh. — Yukari sorria — Alger já venceu a maioria das pessoas dessa escola e tenho total certeza de que ele é o mais forte.
Yukari segurou o riso: Acha mesmo que um dos socos do Manabu poderia me machucar?
— Se a própria criadora do plano está de acordo, não vejo objeções.
— Concordo — falou Yoichi.
— Agora, vamos à segunda parte: As paredes da sala do conselho abafam os sons de dentro e fora, então a Yukari vai estar com uma escuta escondida por baixo da gola do uniforme e eu com um fone.
— Ao meu sinal, vamos arrombar a porta, eu defendo a Yukari e boom, noventa e nove por cento do plano concluído — expliquei.
— E os um por cento? — perguntou Gyomen.
— Os um por cento… — Tirei meu celular do bolso — Eu mesmo farei.
Depois de explicar 52% do plano, Yukari foi para a sala do Conselho Estudantil. Tive que esperar um pouco para fazer uma ligação.
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— Alô? — disse uma voz do outro lado da linha.
— Alooo, como está agindo nas sombras, Horikita? — disse.
— A-Alger?! Como conseguiu o meu número?!
— Isso não importa muito, já que tenho algo importante para te falar.
— Foda se, como voc…
Cortei a fala dela: Vamos parar com essa briga de gato e rato.
Ela se calou por um momento.
— Ha! Até pare…
Novamente a interrompi: Venha para o meu lado e você terá provas daquele seu caso.
Horikita ficou quieta por um momento, até falar: Onde você está?
— Estou na frente da porta do conselho.
Ela desligou. Guardei meu celular no bolso.
— Eh? Mas já? — disse Gyomen.
— Sim. Quando se oferece uma chance de fuder com uma pessoa que fez mal a outra, essa pessoa que foi a vítima pode ser movida a um sentimento de ódio e vingança enorme, como agora.
Fui até a porta e a abri: Vamos.
Eu, Yoichi e Gyomen saímos do telhado e paramos na frente da porta do conselho. Horikita estava lá.
— Por que você não estava aqui? — perguntou Horikita.
Gentilmente, um sorriso se abriu no meu rosto, coloquei as mãos na minha frente, sinalizando que eu estava desarmado.
— Heheh, foi mal. É que eu achei que você demoraria, então eu pensei “Por que não ir comprar um lanchinho enquanto ela não aparece?”
— Hmph. E o que esses dois estão fazendo aqui? — disse Horikita.
— Eu disse que te daria posse do Manabu, certo? Para isso, precisamos de testemunhas — expliquei.
— Você está certo. — Ela vira seu corpo em minha direção — Então, qual é o plano?
— Eu estava pensando em apenas tentar persuadir ele jogando nós mesmos como testemunhas e caso ele não aceite, faço ele aceitar na base da porrada — disse, com um olhar sério.
Para que sua mentira seja convincente, você deve falar como se fosse verdade, sentindo o sentimento que a sua mentira o faria ter no momento, seja raiva, tristeza, ódio ou seriedade.
— Tudo be…
— Socorro!
Um grito veio de dentro da sala. Foi baixo, mas ainda dava para escutar.
Olhei para Horikita e pela primeira vez em muito tempo, vi uma expressão de horror no rosto de uma mulher.
Seus olhos arregalaram, suas sobrancelhas franziram; seus dentes se pressionavam; ela lentamente abaixava a cabeça colocava e as mãos nela, ficando de joelhos.
— Horikita, rápido! Não podemos deixar isso acontecer de novo! — gritei, enquanto me afastava da porta.
Horikita ergueu sua cabeça. Parece que meu grito foi o suficiente para fazê-la voltar à realidade.
— Afastem-se! — Disparei em direção a porta e a chutei, empurrando-a violentamente.
Lá estava uma cena que traumatizaria a Horkita: Manabu estava em cima de Yukari, com o punho erguido.
Rapidamente o dei um chute no rosto, o jogando contra sua mesa. Virei e estendi a mão para Yukari: Você está bem?
Ela pegou na minha mão e a puxei, levantando-a.
Yukari se jogava nos meus braços, me dando um forte abraço: Alger!
— Calma, está tudo bem, nós estamos aqui. — A abracei.
— O que aconteceu aqui? — falei.
— Ela havia tentado me agre…
O lancei um olhar penetrante: Não perguntei pra você.
Manabu se calou.
— E-Ele iria me estuprar… — disse Yukari, com voz de choro.
— Tch, seu lixo imundo! Já não basta ter feito isso com a Horikita, você quer fazer isso com a minha Rainha também?! — gritei.
Felizmente, Yoichi havia fechado a porta, então estava tudo bem.
— Horikita?! — Parece que ele finalmente havia notado que ela também estava aqui.
— Tch. Vocês não entendem! — gritou Manabu.
— Não, quem não entende aqui é você. — Eu soltei Yukari e fui andando até Manabu.
Eu o agarrei pela gola do uniforme e ergui meu punho: Escuta aqui seu merda, eu iria resolver isso de forma pacífica, mas agora que você me irritou, vou te dar duas opções.
— Como eu soube que você abusou da Horikita ano passado, sugiro que você se entregue a ela, fazendo tudo que ela pedir na hora que ela mandar sem questionar ou hesitar, entendeu?
— E aqui vão as opções; um: Você aceita e esse assunto morre aqui. Dois: Eu te mando pro hospital.
Manabu sorri: Heh, porquê eu deveria aceitar?
— Porque isto está em modo de gravação de áudio — disse Gyomen, enquanto tirava seu celular do bolso.
— E são cinco testemunhas contra uma pessoa só, ainda mais considerando a situação da Horikita, eles vão acreditar mais em nós do que em você — falou Yoichi.
— Imagina só se o diretor soubesse disso, seria muito divertido ver você se fudendo — disse, abrindo um sorriso de orelha a orelha.
Enquanto sorria, arregalei os olhos: E então, Manabu?! Pretende aceitar ou vou ter que te quebrar e denunciá-lo a escola inteira e a polícia?!
— Vou te dar três segundos! — Ergui meu punho — Um, dois, três…
Rapidamente, desci meu punho de encontro com o rosto de Manabu.
— Aceito! — gritou Manabu.
Meu punho parou, fazendo uma pressão de vento que balançava o cabelo de Manabu. Ele estava em choque.
O soltei e andei até a Horikita: Tudo bem, esse verme agora é seu, faça o que quiser com ele.
— Bem vinda ao time, Horikita — sorri.
— Agora que está tudo resolvido, vamos sair logo daqui, já estou ficando enjoado de compartilhar o mesmo espaço com um estuprador. — Eu saí da sala.
Eventualmente, todos saíram também e tomamos nossos caminhos. Ao menos, era para isso acontecer.
— Tch. Algeeer! Seu merdaaaa! — gritou Manabu.
— Parece que te deixei bem puto, hein? — disse.
Manabu olhou para trás, assustado.
Eu, Yukari, Yoichi e Gyomen estávamos na sala, parecia que tínhamos saído e voltado sem que ele notasse, o que não está errado.
Graças a invisibilidade do Gyomen, conseguimos realizar tal feito.
— C-Como você…
Andei até ele: Isso não importa muito, o mais importante aqui é que agora que a Horikita saiu, vamos começar a real negociação!
— Real negociação? — Manabu estava confuso.
— Manabu, você sabia que a Yukari é mais esperta do que parece? — falei.
— Por exemplo, acha mesmo que arrombei a porta porque “ouvi o grito da Yukari”? Não. O que acontece é que ela estava com uma escuta e eu, com um fone, que você não o notou até agora.
Tirei o fone bluetooth do meu ouvido. Ele era pequeno então era difícil de se notar.
— Tá, e daí? — perguntou Manabu.
— E daí que mesmo que você consiga provar que é inocente, ainda temos provas, como as câmeras em volta dessa sala — expliquei.
— Hah! Tudo bem, esse blefe não funciona comigo.
— Manabu, sabia que a porta dessa sala não fica trancada? Com isso, foi muito fácil chegar aqui antes de você e esconder algumas câmeras — falou Yukari, enquanto eu ia até um vaso de planta.
— E tem como provar que não está mentindo, Yukari? — disse Manabu.
Coloquei a mão na terra do vaso e uma pequena câmera estava na minha mão: Essa é uma das vinte e cinco que ela espalhou por essa sala.
O rosto confiante de Manabu foi para um de surpresa: O que vocês querem?!
— Eu nada, mas ela sim.
Yukari caminhava até Manabu: Temos provas o suficiente de que o estupro realmente aconteceu e imagine só, você tenta me estuprar, qual seria o resultado disso tudo?
Ela parou na frente dele.
— Você não é burro, então sabe que nós quatro podemos fuder com a sua vida — disse Yukari.
— Sim, eu se… nós quatro?
— Alger propôs que Horikita teria sua posse, em troca, ela viria para nosso lado, mas isso não é uma total verdade.
— Está mais do que claro que ela irá nos trair, então eu quero propor um acordo entre nós.
— Qual? — perguntou Manabu.
— Você me dá total acesso e controle ao fluxo de informações dentro e fora da escola, em troca, não vazamos as filmagens, áudios e a causa do estupro. Sabemos o quanto você sente falta da sua irmã.
Parece que ela conseguiu pegar o Manabu desprevenido, eu vi seus lábios e queixo tremerem um pouco.
— Mas… — dizia Manabu, com hesitação.
— Quem te deu posse a Horikita foi o Alger, não eu, mas se estou na sua frente, roubando-o deles e o Alger não faz nada, não há motivos para hesitar. — Yukari estendeu sua mão para ele.
Manabu ficou quieto por um momento.
— Tudo bem, mas só se tirarem as câmeras daqui — disse Manabu.
— De acordo.
Eles então apertaram as mãos um do outro e Yukari sorriu.
— Ah, só mais duas coisas. Quero que me passe seu cargo de presidente em segredo, também não hesite em cumprir minhas futuras ordens, okaaay? — Yukari sorria.
— Tch, tudo bem. Melhor do que ficar à mercê dele — disse Manabu, me encarando friamente.
— Fico feliz de ter feito negócios com você, Manabu. — Yukari olha para mim — Vamos, meu peão.
Yukari junto de Yoichi e Gyomen saiam da sala.
— Amanhã eu tiro as câmeras, Manabu — disse, saindo da sala logo depois.
63% do plano havia sido feito, ainda faltam 37%
Enquanto eu andava pelo corredor, as pessoas estavam com semblantes sem vida. Parece que os Monsters botaram muita pressão neles.
Eu, Yukari, Gyomen e Yoichi nos separamos para que as chances de descobrirem algo sejam reduzidas o máximo possível.
Até que alguém me pegou pela gola do uniforme, era Makyu.
— Seu merda, o que você fez com a Horikia? Ela está estranha e me disse que tinha apenas “conversado” com você — disse Makyu, com seus olhos queimando em ódio.
Sorri: Eu? Nada, apenas conversamos. Está com ciuminhos por acaso?
Makyu ergueu o punho e tentou um soco; me abaixei e contra ataquei com um chute em seu queixo. Ele caiu para trás.
— Oh, já caiu? Pensei que duraria mais — disse, na frente de todos.
— Não vá se achando, isso foi apenas sorte e eu estava desatento.
— Beleza, Senhor Desculpinha. — Me virei e voltei a andar, o deixando naquela cena humilhante.
Isso não fazia parte do meu plano, mas admito que foi bem divertido.