Volume 1 – Arco 1
Capítulo 18: Provas e Testemunhas
Depois que Yoichi havia me contado tudo que ele sabia sobre o Gyomen, havíamos saído da cafeteria.
Como eu os convidei, por educação, paguei a conta.
Yoichi havia dito que Gyomen tinha uma irmã que sempre saía à noite para fazer compras ou sair com os amigos.
Me pergunto como ele sabe dessas coisas, mas isso é o de menos agora.
Quando ela saia para fazer compras, geralmente era em um mercado que fica perto da cafeteria, então apostei na sorte de que ela iria para esse mercado, e…
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Agora são 23:00.
Eu estava em um mercado 24 horas, segurando um jornal, que tinha uma lista de descontos de cair o cu.
— Costela de porco por duzentos e trinta e oito Ienes… ehh… — suspirei — Que barato…
Olhei para o lado, uma garota havia acabado de entrar no mercado, sozinha.
Deve ser ela; seus cabelos azul marinho; seus olhos pretos, seus traços faciais eram iguais aos do Gyomen.
Me aproximei dela. Ela estava vendo o preço de um refrigerante que na garrafa, sua cor marcante era vermelho e suas letras brancas.
Sim, estou falando da concorrente da Pepsi.
Parei ao seu lado, olhando para o jornal.
— Err, licença, você sabe onde ficam os ovos graúdos? — disse.
— Ovos graúdos? — falou ela.
— Sim. — Ergui a cabeça e olhei para ela, com um sorriso no rosto — Dizem que os graúdos têm mais proteína do que os bran…
Quando percebi, meus olhos arregalaram e minhas sobrancelhas se ergueram; minha boca se abriu; meu pulmão se encheu de ar.
— Uhh, moço? Há algum problema? — perguntou a garota.
— S-Seu cabelo, seus olhos, eu tenho a impressão de já ter a visto.
Ela olhava para mim, confusa.
Coloquei um dedo na minha testa e espremi os olhos: Não, espera, já devo ter te encontrado antes em algum lugar.
— Moço, eu nunca te vi na vida — disse ela.
— Tch. Espera, está vindo, eu já devo ter a visto em algum luga.. — Abri os olhos e apontei para ela — Espera! Eu já sei quem você é!
— Hãaa?
— Você se parece muito com ele. Por acaso, você conhece um cara chamado “Gyomen”? — perguntei.
— Err… Sim? Ele é meu irmão. Mas o porquê da pergunta? — disse a garota.
— É que vocês dois são muito parecidos! Sua mãe a fez ser uma obra prima pelo visto. — Pisquei um olho.
— H-Hã?! — Ela sorria e me dava um leve empurrão — P-Para com isso seu bobo!
— Hahah! Foi mal, é que escapuliu — sorri, coçando a nuca.
— Não sabia que na escola do meu irmão tinham garotos tão assanhados como você — falou a garota.
— E-Ei! Eu já disse que foi sem querer!
— Hahahah! Eu só tô brincando! — Ela olhou para mim — Mas quanto aos ovos, ouvi dizer que estão em falta.
— Ahh cara, fala sério! — suspirei — Mas aí, qual o seu nome?
— Uhh, Karuizawa.
Estendi minha mão: Prazer, Alger.
Ela apertou minha mão, sem hesitação alguma.
— Prazer, Alger! — disse Karuizawa.
Sorrimos um para o outro e soltamos nossas mãos.
— Então, eu estava saindo, mas agora que te encontrei, queria bater um papo enquanto te acompanho pelo mercado. Posso? Claro, se isso não for um incômodo.
— Uhh, ok — aceitou Karuizawa.
Ela colocou o refrigerante no carrinho e saiu andando pelo mercado empurrando-o, eu a acompanhei.
— Então, o assunto que eu queria discutir é sobre a escola. Como vai? — falei.
— Vai bem, e a sua?
— Não muito bem… — disse.
— Por que?
— É que chegaram uns dois babacas que dominaram a escola — falei.
— Ah, os Monsters. Meu irmão me falou deles. — Karuizawa suspirou — Eles são só dois adolescentes que querem atenção.
— Concor… espera, quantos anos você tem?
— Vinte e dois — respondeu Karuizawa.
— Uau… vinte dois anos e tá bonitona…
— O-O quê? Mas são só roupas comuns — falou Karuizawa.
Dei uma pequena risada, junto de um sorriso: Mesmo assim!
— Mas aí, eu quero acabar com esse reinado dos “Monsters” e trazer a paz à escola. Só que se eu pedisse, seu irmão recusaria.
— Eh? Você quer a ajuda dele?
— Sim — respondi.
— Bom, eu posso falar com ele. Quem sabe ele se dispõe a ajudar? — disse Karuizawa, sorrindo.
— É-É. Mas e se ele recusasse? — perguntei.
De repente, ela abaixou a cabeça e seu sorriso sumiu. Ela estava com uma expressão melancólica no rosto.
— Bem, aí eu ficaria decepcionada.
Coloquei a mão em seu ombro: Ei, desculpa se te deixei triste com essa pergunta. É que eu realmente quero a ajuda dele, mas você não precisa se cobrar tanto assim.
Karuizawa olha para mim, com um leve sorriso no rosto.
— Alger, você também tem dezessete anos, não é?
— U-Uh? Sim, eu tenho. Por quê?
— Para alguém da sua idade, você sabe como puxar papo e como confortar uma mulher — respondeu Karuizawa.
Nesse momento, senti como se meu rosto estivesse pegando fogo. Sem me olhar em um espelho, eu podia dizer com clareza que eu parecia um pimentão.
— E-Eehh?! E-Eu deveria ficar feliz com isso?! — falei.
— Hahah! Claro que sim! — Ela me deu um sorriso.
Depois da nossa conversa, eu e ela tomamos nossos próprios caminhos.
Agora, chegamos no presente.
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Eu estava com a minha mão estendida para Gyomen.
Com raiva, ele aperta minha mão.
Seu aperto era forte.
— Fico feliz que tenha aceitado me ajudar.
— Cala a boca, seu merda. Só estou nessa para não desapontar a minha irmã — falou Gyomen.
— Tudo bem. Mas, preciso que me responda três coisas antes de eu te contar o que eu tenho em mente — disse.
— Tch. E o quê é?
— Você estava gritando que eu e Yukari estávamos aqui, mas só quando eu apareci. Mas estamos com pouco tempo, então serei direto. — Enchi meu pulmão de ar.
— Um: Por que gritou só quando eu apareci? Dois: Quem é o mandante deles? Três: Por que os Monsters foram suspensos?
— Não vejo necessidade de respon…
Bati uma palma: Quer decepcionar a sua irmã, antes mesmo de começarmos a agir?
— Filho da puta — xingou Gyomen.
Ele suspirou.
— Um: A Horikita pediu que caso o vissem, que gritassem. Dois: O nome do mandante é “Payman”. O motivo deles terem sido suspensos, eu não sei — respondeu Gyomen.
— Hmm, entendi. Bem, agora me sinto mais confortável em te contar meu plano. — O chamei com a mão — Poderia chegar um pouco mais perto?
Relutantemente, Gyomen se aproximou. Quando ele parou, cheguei perto de seu ouvido e sussurrei todo o plano.
— O quê?!
Me afastei: Esse é o plano.
— Você é louco! Nem fudendo que vou fazer parte disso! — disse Gyomen.
— Ei, eu nunca disse que você bateria de frente com ele sozinho. O Yoichi vai te ajudar nessa — falei.
— O que?
Quando chegamos aqui, disse que as pessoas não estavam o vendo ou escutando pela minha causa e da Yukari, mas como vocês sabem, isso é uma grande mentira.
O que acontece é que o som se propaga no espaço por meio de coisas sólidas, líquidas e gasosas. Um exemplo de gasoso é o próprio oxigênio, e se removido isso, criará um vácuo onde o som não poderá se propagar.
Noite passada, antes de encontrar a Karuizawa, pedi para que o Yoichi removesse as partículas de oxigênio em volta do telhado por 20 minutos.
— Mais para frente eu explicarei melhor. Agora, preciso que execute a primeira parte do plano.
— Tch. Seu nojento — disse Gyomen.
— Ei, quem teve essa ideia foi a Yukari, eu apenas disse os equipamentos.
— Tanto faz — suspirou Gyomen.
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Parei em frente a porta da sala do Conselho Estudantil. Bati duas vezes na porta.
— Entre — falou uma voz, que era familiar.
Abri a porta e entrei na sala. Havia um garoto de cabelo e olhos azul marinho, vestindo seu uniforme de forma impecável, de pé em frente a janela.
— O que quer, Yukari? — perguntou o garoto.
— Aposto que já sabe dos Monsters, certo, Manabu?
Manabu Kokyo, esse é o nome do presidente do Conselho Estudantil.
— Mas é óbvio que eu já sei. — Ele ajusta sua gravata — Por que a pergunta?
Manabu olhava para mim, com seu olhar sério e expressão fechada.
— Quando eu estava na liderança da escola, você não fez nada. Quando aquele bullying com o Yoichi começou, você não fez nada. Por quê? — perguntei.
— Primeiro lugar, você nunca esteve na liderança. — Ele se virou em minha direção — Segundo, você não representa uma ameaça para mim, e terceiro…
Manabu se aproximava de mim; suas mão estavam nos bolsos; sua cabeça e ombros estavam erguidos.
Ele para na minha frente: Eu não sou babá para tomar conta de pirralhos.
— Então você só se intromete no que é da sua conta e o que representa uma ameaça pra você? Que jeito mais autoritário de se agir — disse, com um sorriso sarcástico no rosto.
— Assim como os outros, você é alguém que não entende a responsabilidade deste cargo, então não vejo motivos para explicá-la a você — falou Manabu.
— Eu já fui a Rainha deles. Acha mesmo que não sei qual o peso de um cargo alto?
— Quer mesmo comparar seu título de “Rainha” com o meu, que é mais importante? — disse Manabu.
— Seria divertido, mas não. O que eu quero é saber porquê você até agora não fez nada em relação aos Monsters.
Milimetricamente, Manabu arregalou os olhos e levantou as sobrancelhas.
Ele se vira: Não é da sua conta.
Soltei um suspiro: Tudo bem, sendo assim, não vou mais te aborrecer com essas perguntas.
Me virei e toquei na maçaneta, abri a porta e a bati. Comecei a andar silenciosamente.
Manabu suspirou: Quase…
— Quase que eu descobri sobre seu caso com a Horikita? — sussurrei em seu ouvido.
Manabu se virou rapidamente com uma cotovelada; abaixei-me e contra ataquei com um gancho em sua mandíbula.
Ele caiu para trás.
— Tch, você é rápida. Agora entendo porque o Alger não te venceu.
— Obrigada. — Estendi minha mão para ele — Não me leve a mal, eu quero ter uma conversa amigável com você.
Ele pegou na minha mão, puxei-o, levantando-o.
— Apenas agiu por legítima defesa, eu entendo. — Manabu passava a mão em seu queixo.
— Mas como você sabe sobre isso? — perguntou Manabu.
— Não te interessa — respondi, com um sorriso malicioso no rosto.
Manabu me socou no rosto; eu caí no chão.
Manabu sentou-se em meu abdômen; com uma mão, ele agarrou meus pulsos, os prensou no chão e lentamente ergueu seu punho.
— E-Eh?!
Seu punho cerrado desceu de encontro com meu nariz.
— Ai! — Sem nem tempo de eu gritar de suposta dor, ele já me deu outro soco, mas dessa vez na boca.
Manabu continuava socando meu rosto, sem uma única pausa enquanto eu me debatia com as pernas.
Felizmente, isso não era problema para mim. Comparados aos do Alger, seus socos não são nada. Sequer podem tirar uma gota do meu sangue.
Em uma tentativa desesperada, rapidamente enchi meus pulmões de ar e soltei um grito: Socorro!
— Estamos no último andar. Acha mesmo que alguém vai te escutar, ainda mais com essas paredes abafadoras de sons? — Manabu deixou seu punho suspenso no ar.
— P-Por que está fazendo isso? — perguntei, com a voz trêmula.
Meus olhos estavam semicerrados marejados, minhas sobrancelhas franzidas, meus lábios trêmulos; eu estava com uma expressão horrorizada em meu rosto.
— Huh, isso sequer te interessa? — Um sorriso largo de orelha a orelha se abriu no rosto de Manabu.
— Acontece que você se meteu na minha vida e por isso, terei de te silenciar de alguma maneira, e escolhi usar a violência para isso — respondeu Manabu.
— I-Isso é tudo? — disse.
— Sim — concordou Manabu.
— S-Sendo assim… — Minha voz antes trêmula em um segundo retornou a ser estável — Isso é o suficiente?
— Hã? — Manabu ficava com uma expressão confusa no rosto.
Então, a porta foi violentamente empurrada; eu e ele olhamos na direção, tudo que veio a seguir foram vários flashes de luz e Manabu foi jogado contra a mesa dele.
Eu nem vi o que aconteceu! gritei em pensamentos.
Quando me dei conta, quem havia o chutado era Alger. Olhei na direção da porta novamente, quem estava lá era o Yoichi, Gyomen e Horikita.
— Você está bem? — perguntou Alger enquanto estendia sua mão para mim.
Eu peguei em sua mão e levantei-me. Olhei para Manabu.
Seus olhos estavam arregalados e suas sobrancelhas levantadas; ele estava de boca aberta tentando compreender o que estava acontecendo.
Agora, é um 5 contra 1.
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Fiz uma ilustração para obra.