Volume 1 – Arco 1

Capítulo 16: A volta do Rei e encontro de Três

Depois que forcei o Yoichi a me contar tudo e passar apenas uma parte das informações para a Yukari, se passaram quatro semanas.

Os olhares tortos para Yoichi haviam sido reduzidos, mas continuavam.

Ah, e antes que eu me esqueça, hoje pedi para o Yoichi fazer uma pesquisa sobre o Makyu e a Horikita.
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Soltei um longo bocejo: Fala sério. Hoje é segunda.

— Você nem entrou e já está assim? — disse uma voz.

Me virei, era a Yukari.

Como sempre, me perturbando nos meus momentos internos de paz.

Hmh.

Uh? Disse algo? — falou Yukari.

Tch. Não enche o saco! — Dei um passo e no mesmo instante parei.

— Espera um pouco. — Me virei.

— Só percebeu agora?

Raramente, eu e a Yukari pegamos o mesmo ônibus. Mas não importa se estamos juntos ou não, uma coisa sempre acontece: todos disparam na direção da Yukari.

Hoje ninguém fez isso.

Têm pessoas passando por nós e entrando na escola.

— Do dia pra noite, eu me tornei invisível — disse Yukari.

Parando pra pensar, essas quatro semanas foram calmas demais para os eventos passados. Será que…?!

— Yukari, vo…

Ela me interrompe: “Payman é quem fez isso”, certo?

Yukari andava em direção a escola, eu a seguia.

— Preciso confirmar se minha influência desapareceu por completo — disse Yukari.

Entramos na escola e subimos as escadas. No corredor, Yukari parou, parei junto dela.

Ela encheu seus pulmões de ar e soltou um grito: Bom dia, pessoal!

Estranhamente, ninguém respondeu. Eles continuaram andando, como se nada tivesse acontecido.

Sequer olhavam para a Yukari.

Olhei para Yukari; ela não parecia abalada com isso.

Um suspiro sai dos lábios de Yukari.

— Parece que agora me tornei uma “Rainha Invisível” — Ela se virou para mim — O Yoichi sabe o que está acontecendo?

— Ele disse que estaria ocupado tentando arrumar um emprego, então as chances dele saber de algo são baixas — menti.

— E porque não arriscar? Você já fez coisas assim antes e outras muito piores — falou Yukari.

Coloquei a mão no meu bolso.

— Você tem um bom ponto. Mas respondendo sua pergunta, o motivo é… — Tirei meu celular do bolso — Eu estou sem bateria.

Ah.

Esse foi o “Ah” mais genuíno que já ouvi.

Guardei meu celular no bolso. Olhei para o meu lado; a primeira pessoa que eu vi, a puxei pra perto.

E-Eh?! — Era um cara que nunca vi na minha vida.

— O que caralhos está acontecendo aqui? — perguntei.

— C-Como assim?

Yukari coloca a mão no ombro do cara.

— Calma, ele não vai te morder. Só queremos saber porquê todos parecem estar agindo estranho — explicou Yukari.

— V-Vocês não sabem?

— Sabemos do que? — falei.

— O King voltou — respondeu o cara.

Maravilha. Outra pessoa com um apelido tosco.

King? Quem é ele? — disse Yukari.

— O n…

Yooo! Alger, Yukari! — gritou uma voz ao longe.

Olhei na direção da voz, havia um cara acompanhado de três brutamontes se aproximando.

Cabelos loiros, para trás e espetados; sobrancelhas franzidas; pálpebras semi-fechadas, pequenas rugas nas pálpebras inferiores; olhar de arrogância e de superioridade.

Quem caralhos é ele?

Ele parou e colocou a mão no ombro do  “brother” à minha frente e o lançou um olhar frio.

Isso foi o suficiente para fazê-lo tremer: M-Me desculpa!

Enquanto esse cara saiu correndo, o loiro olhou para mim. Ele colocou as mãos nos bolsos.

— Como sabe nossos nomes? — perguntou Yukari.

Ah, mas isso é muito fácil de responder. — Ele abre um sorriso no rosto — Quem não conheceria a Queen e o “Peão Favorito da Rainha”?

Humm. Você tem razão, deve ser um máximo você nos conhecer. Principalmente, pelo fato de eu nunca ter o visto pela escola — disse Yukari, sorrindo.

— Sua mentira não vai colar aqui. Quem caralhos é você? — perguntei.

— Mentiras? Ha ha! Não, não! Me desculpe se os fiz entenderem errado. — Ele estende sua mão — Sou um aluno novo que fez amizade com os três grandões atrás de mim.

— Quanto a pergunta de vocês, todos da escola falam sobre os dois, então realmente fica difícil não saber quem ambos são. E sou um aluno novo, muito prazer — respondeu o cara.

— E qual é o seu nome? — perguntou Yukari.

Nesse momento, um flash veio à minha mente, onde esse cara segurava a mão de Yukari, quebrava sua traqueia com um só golpe e eu era atingido por alguém vindo de trás.

— Miles é o meu nome — respondeu “Miles”

Mentiroso, pensei.

Hmm. — Yukari estende sua mão — É um prazer.

— O prazer é todo meu — disse “Miles”, calmamente.

As mãos de ambos estavam prestes a se tocarem, mas algo aconteceu.

Eu agarrei o pulso de Yukari; a puxei para perto e mirei um chute curvado no peito do Miles. Os três gorilas atrás dele haviam desviado.

Desviado do quê? De “Miles”, que havia sido empurrado para trás.


Consegui acertar o chute nele, mas não em seu peito.

“Miles” havia bloqueado, usando os antebraços. No entanto, quando meu chute gerou um efeito de “empurrão”, ele forçou seus pés contra o chão, deixando marcas.

Agora, a distância entre nós era de 3 metros.

Ele ergueu a cabeça; um olhar de raiva estava estampado em seu rosto.

— Por que fez isso, seu merda? — perguntou “Miles”

— Posso não ter autoridade o suficiente para isso, mas sendo o “Peão Favorito da Rainha”, julguei que você não é digno o suficiente para apertar a mão dela — disse.

Olhei para Yukari e dei pisquei meu olho direito.

— Me desculpa, mas se o mero chute de um peão faz isso contra você, eu não podia permitir que a minha Beautiful Queen apertasse a sua mão — disse, sorrindo.

Pelo amor da paciência humana… isso é patético. Jamais imaginei tais palavras saindo de minha boca.

Tudo isso é apenas uma atuação, mas uma que eu não gostaria de estar fazendo.

Mas a Yukari é esperta, então deve ter entendido o meu sinal.

— Ora ora, meu peão está com ciúmes? — disse Yukari, sorrindo.

Ela entendeu!

Virei o rosto e fiz biquinho: Não me provoca.

Pelo canto de olho, tentei avistar a mesma garota que eu havia visto naquele flash. Mas ela não estava lá.

Depois da minha reação inesperada, ela deve ter recuado para pensar em outro plano ou executar outro no lugar deste, já que esses dois não parecem ter preparo algum.

Eles por acaso… estão nos subestimando?

“Miles” fecha seu punho.

— Esse seu chute realmente é forte, ai.

— Não vou me desculpar se é isso que você quer — falei.

Ele ergueu as mãos e fez um movimento de levantar e descer: Calma lá, só estou dizendo que seu chute é bom.

“Miles” coloca as mãos nos bolsos.

— E também, me desculpa se os causei algum incômodo, não era a minha intenção.

O encarei, com um olhar sério: Tá bom.

— Bora — disse “Miles”, para os três grandalhões do terceiro ano atrás de si.

Eles, junto de “Miles”, saíram andando pelo corredor. Mas ainda não haviam ido embora.

— Então, qual foi a desse te…

Antes que Yukari continuasse sua fala, ela se calou.

Meus lábios gentilmente encostaram e foram pressionados contra a bochecha da Yukari.

— Eu consigo sentir eles do outro corredor nos observando, então vamos precisar atuar mais um pouco. — sussurrei enquanto envolvia meus braços na cintura da Yukari — Acha que consegue?

— Você me subestima muito as vezes, sabia? — sussurrou Yukari, que envolvia os braços dela em meu pescoço.

Mas de repente, ela se afasta e me empurra. Dou alguns passos para trás, evitando uma queda.

— E-E-Eu te dei permissão pra me tocar?! — disse Yukari.

Suas bochechas e orelhas estavam avermelhadas; seus lábios pressionados; suas sobrancelhas franzidas. Seu olhar era hesitação, mas também, de desejo.

A clássica Tsundere. Uma garota que finge não sentir nada pelo par da sua vida, mas que no fundo, sabe que o ama e só não consegue admitir isso para si mesma.

Boa, Yukari.

Se eu estiver certo, essa atuação dela vai fazer o “Miles” perder interesse em nos observar.

— M-Me desculpa, foi sem querer.

Yukari suspira e cruza os braços: Tudo bem, eu te desculpo.

Conforme ela falava isso, sua voz diminuía.

— O sinal logo vai tocar. Vamos indo? — Abri um sorriso, fingindo ser o garoto bonzinho.

— Tá bom… — Yukari se aproximou de mim.

Eu e ela voltamos a andar, até pegarmos caminhos diferentes, já que somos de turmas diferentes.

Ela é da A e eu da B.
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Tch! Que merda! Se ele não tivesse reagido daquele jeito, poderíamos ter acabado com essa merda!

— Agora acredita no que eu falei? Ele consegue ser imprevisível às vezes — disse.

— Fica quieto, Payman. Você nem se preocupou em nos parar.

— Vocês quiseram ir atrás dele por conta própria. E se a Horikita tivesse seguido o plano, tudo estaria uma merda agora — falei.

— É, tem razão.

, quando for falar algo perto dele, cheque se não há escutas pelo local ou nas suas roupas. Aquele rato é realmente esperto — disse.

Uhh, tá bom.

— Aquele verme do Alger provavelmente deve estar no mínimo desconfiado de você. Mas também tem a vagabunda da Yukari — suspirei — Você interrogou todos?

— Sim. Aparentemente, ninguém disse nada de mim ou da Horikita para o Alger e a Yukari.

Hm, isso é bom. E por quanto tempo pretende ficar usando esse nome falso, Makyu? — perguntei.

— “Miles” é brega, mas foi o que veio na cabeça, eu sei. Agora respondendo sua pergunta, até que nenhum deles descubra algo sobre mim — respondeu Makyu.

— Ótimo, agora… — Coloquei a mão no queixo — Como eu poderia fuder aqueles dois?

Enquanto tentava pensar em um plano, um me surgiu a mente.

— Makyu, deixe a Horikita trabalhando em segundo plano por enquanto, eu tive um plano — disse.

Ho ho, senhor “ideias mirabolantes”. Qual é o seu plano dessa vez? — perguntou Makyu.

— Você verá.
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Após todo aquela atuação idiota e esse dia merda, cheio de atividades, o horário de ir embora chegou.

Me espreguicei; durante as aulas, pude organizar meus pensamentos e chegar em conclusões básicas. Agora só preciso da Yukari e do Yoichi.

Peguei minha bolsa escolar, a pendurei do ombro e saí da sala.

Isso vai me dar um cansaço do caralho, mas valerá a pena.
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Agora são 20:18.

Constantemente, eu olhava para os lados, tentando procurar algum sinal de vida daqueles dois.

Antes de vir para cá, dei uma passada rápida em casa, tomei banho, troquei de roupa e vim para cá.

— Algeeer! — gritou uma voz.

Finalmente, eles apareceram.

Yoichi estava vestindo uma camisa branca e calça preta, Yukari vestia uma camisa preta e uma calça moletom jeans.

— Demoraram — disse.

— A Yukari nos fez pegar dois ônibus errados, por isso demoramos — disse Yoichi.

— Tanto faz — falou Yukari, com um olhar de desinteresse.

Encarei a Yukari, esperando ela me olhar de volta.

— O que foi? — disse Yukari.

— Você está bem? — perguntei.

— Espera, o quê? — falou Yoichi.

Eu e Yukari olhamos para ele, com olhares de dúvida.

— É meio raro ver você se preocupando com alguém, Alger — falou Yoichi.

Ah, só é incomum ver a Yukari com cara de desânimo — disse.

— Eu estou bem. — Ela boceja — É que eu queria estar na minha cama agora — respondeu Yukari.

Uau, você dorme cedo — disse Yoichi.

Hmm? Não, eu apenas gosto de descansar bastante — explicou Yukari.

— Então engole o descanso.

— Grosso — disse Yukari.

Que novidade, mais alguém me chamando de grosso.

Levantei a mão. Um atendente próximo veio até nós, segurando um bloco de notas e uma caneta. Ele gentilmente diz: Boa noite, jovens. O que vão querer?

— Cappuccino — disse Yukari.

— Um café normal — falou Yoichi.

— Expresso — disse.

Após anotar os pedidos, o atendente entra para a cafeteria, com um sorriso no rosto.

— Escolheu aqui fora porque lá dentro seria barulhento? — perguntou Yoichi.

— Também. Mas o principal motivo é pelo o que eu tenho a dizer a vocês, ser “pessoal” — respondi.

— Tem haver com o Miles? — falou Yukari.

— Não. Miles não existe.

— Miles? Quem é ele? — perguntou Yoichi.

— Yoichi, fez o que eu te pedi?

Ah, sim. — Ele tirou o celular do seu bolso e o virou para nós.

Em sua tela, havia um documento de um jovem de cabelo loiro para trás e espetado; pálpebras semi-fechadas e um olhar de superioridade.

“Makyu Hanagake
Idade: 17 anos
Está atualmente cursando o Ensino Médio”

Junto desses dados simples, havia outros.

— Yoichi, lembra quando você me contou aquilo?

— Lembro. E o que tem? — disse Yoichi.

— Depois, eu fui até uma pessoa com alto poder de influência e comecei a perguntar para ela sobre duas pessoas, dando os detalhes físicos. — Apontei para Yukari.

— Desculpem a demora! — disse o atendente, deixando um Cappuccino, um café normal e um Expresso na mesa.

Oh, valeu — agradeci.

Porra, ele me interrompeu meu raciocínio.

O atendente volta para dentro da cafeteria.

— Bom, como eu dizia, fui atrás da Yukari perguntar sobre duas pessoas, dando seus detalhes físicos. Após isso, pedi para ela fazer uma pesquisa entre todos da escola, assim como fiz com ela.

Peguei a xícara de café: Depois, ela me trouxe as informações que havia conseguido e eu as passei para você e pedi outra pesquisa, Yoichi.

Dei um gole no café.

— E graças ao trabalho duro de vocês, já conseguimos descobrir exatamente quem são eles.

— Quanta generosidade — disse Yukari, dando um gole em seu Cappuccino em seguida.

— Yoichi, vou te dar uma rápida contextualizada.

Uhh, tudo bem — disse ele.

— Hoje, nos encontramos com Makyu, que mentiu seu nome, dizendo que ele se chamava “Miles”. Ele junto de Horikita, iriam nos emboscar, mas com minha reação inesperada, consegui evitar isso.

— Então foi por isso que você o chutou  — falou Yukari.

— Sim — concordei.

— Mas como você sabia disso? — perguntou Yoichi.

Ah, é verdade, não te contei sobre isso. — Coloquei a xícara na mesa — Há uma coisa que nunca falei para você, Yoichi.

— E o que é? — disse Yoichi.

— Bom, eu e a Yukari também temos poderes — respondi.

Seu rosto calmo fez uma transição para um de espanto.

Peguei o celular da mão dele: Eu tenho um bom motivo para ter pego seu celular agora e não ter te contado sobre isso antes.

Yoichi continuava calado.

— O motivo pra ele não ter te dito nada, é porque eu já sabia antes de todos que o Alger tinha um poder — expliquei Yukari.

— E eu peguei seu celular pra enviar para o meu número e o da Yukari os documentos em PDF com os dados do Makyu e da Horikita — expliquei.

O rosto de surpresa de Yoichi lentamente se transformava em um de raiva.

Coloquei seu celular na mesa: E também, tenho outro motivo para você não ficar puto e tentar quebrar nosso acordo.

— Quais? — perguntou Yoichi.

— Além de que em nosso contrato, eu lhe oferecia proteção, o mandante do Makyu e da Horikita acabou de nos dar a chave perfeita para as pessoas pararem de te odiar.

?

— Você atuará em segundo plano, mas com uma função importante no final. E também, mesmo que tenhamos poderes, se apenas usássemos eles, só nos causaria problemas.

— Bem pensado — disse Yukari.

Yoichi suspira e pega sua xícara de café: Então, qual é o plano?

— Quanto a isso… — Peguei a xícara de café — Nenhum.

Hããã?! — gritam os dois, juntos.



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