Volume 1 – Arco 2
Capítulo 32: A Verdade
“A Hiyori tem aquilo em seu celular e, como não podemos deixá-la ter controle sobre nós, sua ajuda será necessária, Ayane”, dizia Honsing.
“Qual plano, Honsing?”, perguntou Ayane, com seu nervosismo claro em sua voz.
“Preciso que pegue os yukatas do vestiário feminino e traga até mim. Com as estudantes e a Hiyori jogadas ao desespero, elas irão te relatar sobre isso e, quero que diga que o culpado é disso tudo é o Alger”
“E-Eh?”, Ayane parecia genuinamente perplexa ao ouvir o plano de Honsing.
“Se perguntarem por detalhes, diga que Alger junto de outros dois garotos estavam planejando fazer isso como se fossem 'pregar uma peça’ com os yutakas das garotas”
“M-Mas como isso vai nos ajudar?”, perguntou Ayane, com um tom de insegurança e hesitação enquanto ouvia o plano.
“Hiyori aparenta ser uma mulher fria, mas até mesmo pessoas frias têm uma contraparte, que é a sua raiva, já que uma vez que estimulada, ela será liberada a um ponto onde não haverá mais como parar”
“E-Em outras palavras, Honsing…?”
“Ao dizer que foi Alger quem fez isso, ela irá explodir de raiva e, junto das estudantes, confrontar os garotos, armando o cenário perfeito para mim” Hosing carregava em sua voz um tom de malícia.
“E quanto a você? O que fará, Honsing?”
“Fu… Quem irá roubar os yukatas serei eu. Aposto que Hiyori, desatenta, irá deixar seu celular nos yukatas, então vou procurar até achar e, quando achar, irei excluir a nossa corrente”
Hosing tomava um tempo para rir consigo mesmo.
“Com o álibi de Alger ser quem os roubou, eu irei aparecer com yukatas para todas elas e irei manipular a Hiyori para fazer com que quando Alger aparecer, ele seja julgado não só pela Hiyori ou as estudantes, mas sim, por todos”
“T-Tudo isso realmente é necessário?”
“Sim, Ayane. O que me diz, aceita me ajudar com o meu plano, para que ambos possamos nos livrar das nossas amarras?”, propôs Honsing, como se fosse um demônio fazendo um acordo irresistível.
“Sim”, respondeu Ayane, com firmeza em sua voz.
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Meu queixo estava caído e, assim como meu corpo, trêmulo; enquanto todos estavam virados para Alger, em completo silêncio, meus olhos, arregalados, os observavam.
Então, lentamente,eles viraram-se em minha direção e quando eu finalmente pude ver seus rostos, dei um passo para trás.
Meu corpo, ainda trêmulo, fervia; algo dentro de mim parecia gritar para que eu saísse dali, como se houvesse vários leões bem na minha frente e eu, fosse apenas um pequeno cervo.
Essa sensação, ela era… medo.
Quando me dei conta, as sobrancelhas franzidas das garotas e seus olhos arregalados, me lançando olhares perplexos e horrorizados, aumentava a tensão em meu coração.
Então, olhei para os garotos; sobrancelhas franzidas; olhares de raiva e ódio eram lançados em mim enquanto alguns deles, cerravam suas mãos em punhos.
“Seu lixo”, “Manipulador de merda”, “Eu te odeio”, “Nojento”, “Repugnante”, “Eu vou te matar”
Como mil facas que ao serem lançadas em minha direção perfurassem minha pele, eu sentia as duras palavras daqueles jovens perfurando meu coração.
Rapidamente, um sentimento de culpa fazia meus lábios pressionarem-se um contra o outro, minhas sobrancelhas ficarem franzidas e um olhar horrorizado ser esculpido em meu rosto.
Apenas um pensamento corria pela minha mente no momento: Como ele conseguiu me gravar planejando minha liberdade com a Ayane?!
Mas, outro pensamento surgiu pela minha mente e, quando o analisei, uma expressão de surpresa surgiu em meu rosto, que rapidamente foi trocada por uma de raiva.
— A-Alger, seu lixo! Seu pirralho trapaceiro! — Meu grito calava a todos — Como você ousa gravar sem permissão a minha voz e manipulá-la desse jeito?! Seu bastardo!
— O que?! Seu plano agora é acusar ele de ter editado sua voz, quando claramente tudo que estava naquele maldito áudio era verdade?! — gritou Hiyori, lançando-me seu olhar fervente em raiva.
— Não ouse defendê-lo, sua vadia! Você sabe que o motivo disso tudo estar acontecendo é você! — Apontei para Hiyori — Você é a grande causa disso e a grande culpada de tudo!
— Eu não estou defendendo ninguém! Todos aqui tivemos a verdade revelada em frente dos nossos olhos! — Hiyori apontou para mim de volta — Você é o pior que eu já vi na vida!
— Como é?! Eu sou “o pior” aqui?!
— Então sua babaquice e ego frágil o cegaram de perceber que além de me prejudicar, o que você fez também afetou minhas alunas, que não têm nada haver com essa situação?!
— Esse áudio foi sim manipulado! Eu nunca gravei ele antes na minha vida inteira! E se não acreditam, eu posso provar!
— Ah, você pode? Então vá em frente, Honsing — Hiyori dá um passo à frente — Prove para nós que o que está falando é verdade.
A voz autoritária e aquela expressão em seu rosto, como se fosse alguém superior a mim, me dava ódio!
— Tudo bem então. Esse á… — Enquanto eu sentia um arrepio pela minha espinha, meus olhos, quase que instintivamente, se direcionaram à Alger.
Ele tinha aquele sorriso de convencido enquanto estava com os olhos fechados, apenas escutando tudo, mas ao mesmo tempo, minha intuição me avisava para não proceder com a minha fala.
Por alguns segundos, eu o olhava da cabeça aos pés, tentando ler seu rosto e sua linguagem corporal. Mas mesmo assim, eu não conseguia encontrar nada do que minha intuição me dizia.
Então, no último momento que eu iria contrariar meus instintos, me lembrei de quando eu havia pisado na cabeça de Alger e o humilhado. Esse garoto, ele…
Já havia planejado tudo!
Durante aquele silêncio no local, a expressão em meu rosto antes raivosa, agora havia sido substituída por uma séria.
Cerrei os punhos enquanto todos olhavam para mim, fazendo seus olhares de julgamento me atormentar ainda mais.
— O que foi, Housing? O gato comeu sua língua, ou você desistiu de tentar nos convencer, finalmente vendo lixo de ser humano que você é? — disse Alger.
Então, comecei a andar em sua direção enquanto todos ainda me julgavam, mesmo sem dizerem uma única palavra, deixando seus olhares falarem por si.
Finalmente, estando frente a frente com Alger, ao invés de satisfazer meu desejo de quebrar a cara dele na frente de todos, pressionei meus lábios um contra o outro e fechei ainda mais meus punhos.
Olhei em seus olhos: Eu te odeio, Alger Reder. Ainda sim, todos me julgam por ter orquestrado e executado o plano, mas mesmo com a parte mais leve dele, eu não estava sozinho nessa.
— Honsing, você é o único culpado aqui e todos sabem disso — retrucou Alger.
Após mais um breve minuto de silêncio e uma troca de olhares entre mim e Alger, ouvi um suspiro de cansaço e, olhei na direção.
— É verdade que o áudio mostrou que Ayane também está envolvida nisso e é sua cúmplice. Entretanto, ela estava claramente hesitante quanto a isso — disse Hiyori.
— Se esse é o caso, então porquê ela concordou em me ajudar?
— Você a manipulou dando a falsa impressão de que ela também estava “presa” nessa situação e, por desespero, ela te ajudou. Mas Ayane não passa de uma vítima sua, Honsing — explicou Hiyori.
Hiyori olhou para Ayane: Certo?
Ayane com um olhar perplexo em seu rosto, parecendo processar a explicação de Hiyori, até de repente, um olhar de tristeza se formar em seu rosto enquanto ela abaixava a cabeça.
— Sim — disse Ayane, cerrando os punhos.
Sua traidora maldita! gritei em pensamentos.
— E quanto aos yukatas? — perguntou Yukari.
Alger passou por mim, como se eu não fosse nada para ele, e foi em direção a porta.
— Por que não vê por si mesma? — disse Alger, antes de sair do local e Yukari segui-lo.
Assim como Yukari, as demais garotas saiam do local, junto dos garotos, deixando apenas eu e Hiyori sozinhos.
— Honsing, não se esqueça de que ainda me deve setenta mil Ienes.
— Claro, não vou esquecer.
Hiyori então saiu e, após alguns segundos da saída de todos, resolvi sair também e, do outro lado de fora, todos estavam de frente para um cabideiro com vários yukatas e kimono jackets nos cabides.
— Graças a Hiyori, ninguém ficou de “mãos abanando” nessa situação, exceto pelo Honsing, é claro — disse Alger.
Nesse momento, tudo que eu podia fazer agora era ficar com os punhos cerrados e uma expressão séria enquanto um pensamento corria pela minha mente.
Parece que eu perdi.
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Após a minha derrota, eu passei a ser tratado como um verdadeiro lixo humano e, posteriormente, cumpri meu “acordo” com Hiyori, entregando-a 70.000 de Ienes em espécie.
Mas logo depois de receber, ela havia me feito um convite “interessante”, no qual eu e Ayane deveríamos encontrá-la em uma área interna do SPA que poucos sabiam da existência.
Entretanto, ao entrar junto de Ayane na área que, parecia-se mais com uma varanda luxuosa, Hiyori estava com os cotovelos sob o corrimão dessa área, com os olhos fechados e rosto relaxado.
— Você parece estar bastante calma para alguém que chamou dois recepcionistas até um lugar isolado para uma simples “conversa” — disse, com uma expressão calma no rosto.
Hiyori ao invés de me devolver a provocação, continuou em silêncio, como se eu sequer estivesse em sua frente.
— Ayane, há algo que eu ainda não entendi. O que é essa área luxuosa que é isolada das demais? — perguntou Hiyori.
Olhei em volta.
Haviam alguns pares de sofás-camas e, só parando para analisar agora, Horikita, Makyu e Payman estavam em um destes sofás-cama, separados por uma mesa de vidro com seus pés de madeira.
No canto do local, avistei um balcão com prateleiras cheias de garrafas de bebidas alcóolicas e copos que pareciam ser caríssimos e em um dos lados das prateleiras, uma porta.
— Ela está certa, Ayane. Não me lembro de ter visto este local antes, que se assemelha a uma varanda luxuosa — disse, enquanto ia até Horikita, Makyu e Payman.
— Esta “varanda”, se chama “Resting”. Ela tem este nome devido ao dono deste SPA usar esta sala somente para atender seus “convidados especiais” e visar o bem estar deles — respondeu Ayane.
— Em outras palavras, ele fazia contratos e conversava com outras pessoas que possuíam um grande poder financeiro e econômico.
— Precisamente, Honsing — concordou Ayane enquanto se aproximava de mim e parava ao meu lado.
— Senhorita Horikita, Senhores Payman e Makyu, imagino que Hiyori também os chamou aqui para termos uma “conversa”, não? — perguntei.
— Sim. No entanto, ela ainda não nos disse o moti…
— Parece que vocês chegaram alguns minutos antes — uma voz distante interrompeu Horikita — Sendo assim, acredito que não há muito porquê esperar.
Rapidamente, eu e Ayane nos viramos para trás; imediatamente, arregalei meus olhos.
Aquela voz era de Yukari, que se aproximava de nós, junto de Yoichi e Gyomen em cada lado.
— O-O que vocês estão fazendo aqui?! Essa área é somente para “pessoas autorizadas”! — disse Ayane, com uma expressão mista de confusão e desespero em seu rosto.
Os três então pararam, com uma postura e olhares sérios enquanto nos olhavam.
E por fim, Alger parava na frente de ambos, com ambos seu olhar e sorriso formando uma expressão maliciosa em seu rosto.
Ao olhar para aqueles três, vi que eles estavam do mesmo jeito que eu e Ayane, surpresos.
Olhei para trás por cima do ombro: Hiyori…
Ela abriu um de seus olhos: O que foi, Honsing?
— Poderia explicar para mim e Ayane porquê esses quatro também estão aqui? Ou você simplesmente decidiu os chamar para participarem da “conversa” entre nós três?
Um leve suspiro escapou dos lábios de Hiyori e ela abriu ambos os olhos, revelando a calma que havia em seu olhar.
— Eu os convoquei aqui, entretanto, não foi para uma “conversa normal” e, também não chamei o grupo da Yukari — respondeu Hiyori, com uma calmaria em sua voz.
— Então qu… — Makyu rapidamente ficou em silêncio ao olhar para uma direção e então, todos nós olhamos juntos.
— Ah, sim. Ele — disse.
Alger tinha um sorriso e olhar debochado em seu rosto, como se estivesse até mesmo sentindo pena de todos nós.
— Fu… — Esta pequena risada era tudo que escapava dos lábios de Alger e, de repente, todos ao lado dele estavam com uma expressão de deboche em seus rostos.
Então, me passa pela mente o arrepio na espinha que eu havia sentido mais cedo.
Alger, seu desgraçado… O que você fez?!