Volume 1 – Arco 2
Capítulo 29: Desrespeito ao Mestre
Estava tudo escuro.
Eu não conseguia enxergar e muito menos ouvir algo, até que comecei a escutar alguns sons abafados, que era indescritível..
Lentamente, os sons de antes se tornavam vozes abafadas que pareciam estar conversando. E… espera, o que é isso?
Eu sinto algo entrando na minha boca.
É molhado, frio e…
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Ao abrir os olhos , por reflexo cuspi o que estava entrando pela minha garganta e puxo o máximo de ar possível.
Me sentei na cama, ainda ofegante e pelo susto.
— Que… porra é essa…?
— Finalmente acordou, Manabu — disse uma voz familiar.
— O que você quer?
— Eu queria saber se você… — A figura de um homem sussurrou algo no meu ouvido.
— Do que você está falando? Mas é óbvio que não! — gritei.
De repente, das sombras, outra figura surgiu: É, ele está mentindo. Manipulação de Probabilidade.
— Interessante. — A primeira figura olhou pra mim — Deixei algumas frutas lá embaixo, assim você recupera os sais minerais e opotássio do seu corpo. Mas em troca, quero que faça algo por mim.
— O quê? — perguntei.
A figura com um leve sorriso maligno no rosto, me respondeu.
A figura havia me ordenado a fazer algo para ela, por puro benefício próprio.
— E se eu me recusar a te obedecer? Eu vou ter que me humilhar na sua frente, mais uma vez? — perguntei
— Se recusar…? — A figura parecia confusa — Bem, parece que você não me deixa escolha. No fim…
— “No fim”? O que?
Meus olhos arregalaram; meu queixo estava trêmulo junto de minhas mãos e sobrancelhas.
A resposta que a figura havia me dado era…
Horrível.
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Bocejei enquanto digitava no notebook.
Os primeiros, segundos e terceiros anos devem estar em algum dos passeios agora. Só se passou um dia, mas eles já devem ter ao menos planejado.
De repente, sinto algo vibrando na minha mesa; era meu o celular. O peguei da mesa e, tinha alguém me ligando.
Atendi: Alô?
— Alô, Vergher. Como é que vai? — disse uma voz familiar.
— O que você quer, Alger? — perguntei.
— Bom, eu queria te pedir um favor — respondeu Alger.
— Hm?
— Quero que me dê mais quatro favores — disse Alger.
Isso vai ser interessante, pensei.
— Tudo bem. Agora você tem mais quatro favores meus.
Ele me diz o que falar e eu sigo seu comando, falando o que ele queria.
— O segundo: eu preciso de setenta mil Ienes para agora — falou Alger.
— Estou passando na sua conta bancária agora mesmo — disse, abrindo uma aba com o meu saldo.
— O terceiro: Quero que você aceite o meu acordo.
— Qual acordo? — perguntei.
— Ele é dividido em duas partes.
— Prossiga — falei.
— Não devem ter o contado, mas a Horikita e o Makyu estão pressionando todos os alunos do hotel e, ninguém está fazendo nada sobre isso. Minha teoria é de que o “Payman” tenha pagado o anfitrião, os funcionários, a Hiyori e o Marcelo.
— E o que eu tenho haver com isso, Alger? — perguntei.
— É aí onde você entra. Na primeira parte do meu acordo, preciso que você encomende para mim um cartão feito do papel “Couché trezentas gramas”, escrito “MESTRE” e abaixo, o nome da Yukari.
— Agora a segunda parte: venha até a minha atual localização e confirme tudo que eu disser. Caso alguém o questione sobre “certas coisas”, faça ameaças “pacíficas” de expulsão e demissão.
— E então, o que acha disso, Vergher? Você está disposto a aceitar este “acordo”? — disse Alger, com um ar vitorioso.
— Tudo bem, eu aceito. Mas em troca, quero que você suma completamente do mapa, como se nunca tivesse existido — falei.
— Eh? Hã? Como assim? — falou Alger do outro lado.
— Você me ouviu muito bem, Alger. Eu cumpri com o nosso favor e aceitei o acordo, mas não lhe darei setenta mil Ienes de graça.
— Acho que você está fazendo um grande erro. Se esqueceu quem fez sua escola receber uma classificação alta no ranking das escolas mais competitivas? — disse Alger, com arrogância.
— Oh? O que foi? Está nervoso por eu pedir algo tão simples em troca de aceitar seu plano, sabendo que essa escola é uma das melhores e que as outras já têm vagas cheias? — O pressionei.
Sorri: Você não esperou que eu aceitasse seu acordo e ficasse de mãos atadas, não é mesmo?
— Tch. Quero que faça o último favor virar cinco — disse Alger.
— Tudo bem.
— Agora, retire o que você quer em troca — ordenou Alger.
— Certo. Em troca de aceitar este acordo, você será expulso pessoalmente por mim e banido desta escola — disse, o dando um “Ultimato”
— Retire isso também, por favor — pediu Alger.
— Me recuso.
— O que está acontecendo aqui?! Nós não tínhamos combinado de que você aceitaria meus favores?! — gritou Alger, do outro lado da linha.
— Já aceitei muitos favores seus. Além de que nunca havíamos combinado de que eu seria obrigado a aceitá-los. Afinal, são favores, não decisões obrigatórias — disse, ainda sorrindo.
— Faça o último favor virar dois favores e tire essa parte.
— Aceito a parte de dois favores, mas quanto a segunda… — Me segurei para não rir — Fu… Me recuso.
— P-Por favor!
— Pedir com jeitinho não vai mudar a minha resposta — falei.
— E-Eu… — Sua respiração estava tensa — E-Eu posso te oferecer algo em troca!
— Minha final answer continua sendo “Não”
— M-Mas…. — Parece que tudo que ele tinha para tentar me persuadir havia acabado.
— Você já me fez perder muito tempo com essa conversa e com a sua insistência. Adeus. — Desliguei.
Ainda com um sorriso de superioridade, coloquei o celular na mesa e entrelacei os dedos.
— Ele deve estar me odiando agora, já que não há como gravar áudio estando em uma chamada. E eu duvido muito que ele saiba da existência do “Histórico de Ligações”, heh.
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Soquei a parede: Bosta!
Respirei fundo: Não há o que fazer. Minha única opção agora é…
Apelar para o “Plano C”
Saí do banheiro e comecei a andar pelos corredores, tentando pensar em algum plano, mas parei ao começar a escutar sussurros.
Segui as vozes e, haviam duas pessoas em uma área aberta do SPA, parecendo ser algum tipo de varanda.
A primeira pessoa era alta enquanto a segunda mais baixa, parecia ser um homem e uma mulher; eles pareciam estar conversando entre si.
Me esgueirei numa parede e olhei para os dois.
— Você ainda não me respondeu — disse o homem.
— Hm? Do que você está falando? — falou uma voz feminina.
— Você o chamou pelo sobrenome? — perguntou o homem.
— Ah, sim — respondeu uma mulher.
O homem se virou, com a cabeça baixa e mão na testa. Ele então ergue a cabeça respirando fundo ao tirar sua mão da testa.
— Agora ele deve saber que você está ao nosso lado. Maraviha. — disse Honsing.
A mulher tocou no ombro dele: Ei, fique calmo. O Alger é apenas um garoto ingênuo e fraco. Ele sequer se perguntou como eu sei o sobrenome dele!
Essa mulher… é a recepcionista; ela disse isso com um sorriso no rosto.
— Hmm, realmente. Se ele fosse mesmo esperto, estaria tentando pensar em alguma forma de “virar o jogo”, mesmo sabendo que é impossível. Heh — disse Honsing, sorrindo.
Ah, espera aí. Eu acabei de ter uma ideia.
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De repente, um som alto vem de um dos corredores; Honsing que antes estava falando com a moça, se calou.
— Quem está aí? — perguntou Honsing.
— Infelizmente, a dedução do Honsing e sua estão erradas, moça. Eu… — Saí de trás da parede — Posso morder caso eu queira, sabia?
— O que está fazendo aqui, Alger? — perguntou Honsing.
— Bom, depois de ir ao banheiro, eu ainda estava sem sono, então decidi ficar andando pelos corredores e… parece que eu cheguei numa hora muito importante — respondi.
— O Mestre mandou você voltar para o seu dormitório — ordenou Honsing.
Olhei para a moça; suas sobrancelhas estavam franzidas e seu olhar era de pura confusão.
— Ah, parece que ela não está sabendo. Que feio, Honsing, porquê não contou a ela sobre o nosso “joguinho”? — sorri.
— O Mestre mandou você ir para o seu dormitório — repetiu Honsing.
Me aproximei dele e fiquei de frente para ele: E o que acontece se eu não for?
— Oh, já entendi. — Ele sorri — Alger, se você queria ser expulso da excursão, era só ter dito de uma vez.
— V-Você vai me expulsar deste SPA?
Ele colou seu rosto com o meu: O que foi? Por acaso ficou com medinho, foi?
Me distanciei, com o meu sorriso sumindo: M-Medo, é?
Ele colidiu sua testa contra a minha: Cadê toda aquela sua arrogância agora, hein?
— Honsing, me diga, como você quer me expulsar de um local… — Arregalei os olhos com um largo sorriso se formou no rosto — Sem ter poder legal sob esse SPA?!
— Aonde quer chegar com isso? Eu posso muito bem comprar esse SPA a hora que eu quiser — disse Honsing, em um tom de superioridade.
— Heheh. Hahahahaa! — Comecei a empurrar a minha testa contra ele — Você não tem poder algum sem o seu dinheiro, não é mesmo?! Ou seja, tudo que lhe resta são ameaças vazias!
— O quê? — Suas sobrancelhas franziram e seu olhar foi de superioridade para um de raiva.
— É surdo ou burro? — Segurei minha risada — Vá em frente, compre esse SPA, fortaleça a sua aliança com essa recepcionista.
— Como é? Por acaso está ousando desafiar a autoridade do “Mestre”?
— “Mestre” é a minha bola! Você é só um charlatão arrogante que sem dinheiro, é inútil! — Um olhar de louco surgiu no meu rosto enquanto eu sorria.
— O Mestre mandou você calar a boca — ordenou Honsing.
— Hã? O que foi? Não consegue encarar a realidade de que você precisa formar uma aliança para se sentir “seguro”, contra um adolescente de dezessete anos? — Meu sorriso se fechou.
Honsing teve um tique nervoso no olho: Você por acaso se acha superior a mim?
— Não. Você tendo uma aliança com esse SPA só prova um fato meu. — Meu rosto de convencido se tornou um de desapontamento.
— Ah, é mesmo? E qual seria esse “fato”? — disse Hosning.
Enquanto minhas sobrancelhas eram de tristeza, meus olhos se arregalaram e um enorme sorriso se formou no meu rosto.
Botei a língua para fora e lambi a bochecha de Honsing: Que você é patético e infinitas vezes inferior a mim!
Honsing fechou o punho e lançou um soco na minha direção; a moça rapidamente me empurrou para o lado;
Ela foi lançada para trás pelo soco do Honsing.
— O que você está fazendo?! — gritou Honsing.
A moça estava com a mão no rosto, segurando as lágrimas: N-Não vê? Ele está querendo te provocar para você bater nele.
Sua voz estava trêmula.
— Ah, a mocinha é mais esperta do que eu pensei. Além de ser uma gata e mais bonita que você também, Honsing — falei.
Honsing cerrou seu punho e respirou fundo; ele relaxou a mão.
— É realmente muito engraçado. Um adulto na casa dos seus vinte à trinta anos precisando de peões para enfrentar um adolescente de dezessete anos. Pfft! — Segurei o riso.
— Ah, e onde está o “Mestre” agora? Foi embora por ver que sua autoridade não funciona mais contra mim? — Fui andando até a moça.
— O Mestre mandou você calar a boca e voltar para o seu dormitório ou pedir por perdão, do contrário, você receberá uma punição — disse Honsing.
Estendi a mão para a moça.
Ela pegou na minha mão; a puxei, levantando ela do chão.
— Obrigada — disse a moça, com um sorriso no rosto.
Ela foi para perto do Honsing novamente.
Me virei para o Honsing.
— Isso por acaso foi uma ameaça? Ah, não, já entendi. Você está usando uma das suas ameaças vazias, não é mesmo?!
— Não me surpreende você só ter isso no seu “arsenal”, afinal, no fim de tudo você não passa de um ser patético! — disse; um pequeno sorriso se formou no meu rosto.
— Você é tão baixo ao ponto de agredir uma mulher que não tem nada haver com isso, hein? Se fosse para te colocar em uma classificação, seria de… — Me aproximei dele e parei em sua frente.
— “O Homem mais Imundo e Fraco que já existiu nesse mundo” — O sorriso no meu rosto aumentou — Combina perfeitamente com você, não acha?!
— Ei, você não acha que já chega desse teatrinho e provocações? Desse jeito, vai acordar a todos — disse a moça.
A lancei um olhar penetrante: Eh? Quando foi que eu te dei permissão para entrar na conversa, vadia?
A moça me deu um tapa no rosto, fazendo meu sorriso sumir; Honsing me dá um chute no estômago e um soco cruzado no queixo.
Muito fraco.
Caí no chão, com uma expressão de dor.
— Eu te disse para obedecer aos meus comandos, Alger. Agora, contemple a sua punição e pague pelo desrespeito ao Mestre — disse Honsing.
Me ajoelhei no chão; juntei as mãos na frente da testa e abaixei a cabeça.
— Desculpe, eu não quis te desrespeitar!
Honsing pisou na minha cabeça, esfregando seu sapato no meu cabelo enquanto pressionava meu rosto contra o chão.
— Grhh!
— Alger, você sabia que sem uma prova, uma acusação verdadeira de agressão se torna falsa? — disse Honsing.
— O que quer dizer com isso? — perguntei, com meu rosto sendo pressionado contra o chão.
— Desde o momento em que veio aqui, você achou alguma câmera pelo local? — disse Honsing.
— I-Isso quer dizer que…
— Exatamente, Alger. Eu posso humilhá-lo o quanto eu quiser e não haverá provas de que eu fiz isso — respondeu Honsing, com um tom de voz ameaçador.
— P-Perdão! Eu imploro por perdão! — disse.
— Hã? Eu não ouvi direito. Por que o senhor não faz a questão lamber o meu pé? — Ele tirou o seu pé da minha cabeça.
Ergui a cabeça somente para ele enfiar seu sapato na minha boca.
Tch.
Coloquei a língua para fora e lambi o seu sapato: Roh rahor, eu lhe imrohlo. Ue dê o seu perão.
— Não ouvi direito. Poderia repetir? — Ele tirou seu sapato de dentro da minha boca.
— P-Por favor, eu lhe imploro… Me dê o seu perdão… — disse, com um olhar de tristeza.
— Parece que você aprendeu que minha autoridade e poder aqui, são maiores que a sua “força de vontade” e arrogância. — Ele se afastou e se virou.
Honsing saiu andando do local.
— Te deixarei sozinho para que reflita sobre tudo que falou para mim. E é bom que comece a me tratar com o devido respeito, do contrário, não irei hesitar em te humilhar — disse Honsing.
Eu estava com uma expressão de derrota esculpida no meu rosto.
A recepcionista me estendeu sua mão: Acho que ele exagerou, mas você pediu por isso, Senhor Reder.
— M-Me deixa aqui sozinho, tá bom? — disse, olhando para baixo.
— Tudo bem. Só não desrespeite ele daqui para frente, ok?
— T-Tá… — respondi.
— Antes de ir, qual o seu nome? — perguntei.
— Ayane Yamarai — respondeu Ayane, com um leve sorriso no rosto.
Ela então, saiu do local, me deixando sozinho.
Me levantei enquanto tirava meu celular da cintura.
— Nojo. — Cuspi no chão — Ao menos, esse laço de amarrar o Yukata foi útil hoje.
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Suspirei: Ainda acho que o Honsing foi longe demais com o Alger.
Abri a porta de um dormitório vazio e fechei a porta após entrar; me deitei na cama.
— Por mais que o Alger estivesse o provocando, aquilo não era necessário, ainda mais depois de ver a cara de derrota e tristeza dele, eu me senti culpada por isso…
De repente, meu celular vibrou. O tirei do bolso e havia uma nova mensagem.
Esse número não está na minha lista de contatos, pensei.
Cliquei na mensagem; meus olhos arregalaram como nunca antes e meu queixo caiu.
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