Volume 1 – Arco 1

Capítulo 8: Explicações

Sei que fiz “aquilo” pelo momento, mas agora, eu realmente estou me sentindo mal.

É isso que chamam de “consciência pesada”?

Eu sei que preciso dar explicações a ela, antes que nosso “laço recém formado” se perca para sempre.
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Depois de um longo banho, fui para o meu quarto.

Liguei meu notebook e solicitei uma vídeo chamada para Yukari.

Ela não havia me bloqueado, isso era bom.

“Vídeo chamada recusada”

A esse ponto, ela nem deve querer ver meu rosto.

Solicitei de novo. Recusado.

Solicitei novamente, recusado.

Eu continuava tentando, tentando e tentando.

Acho que foram 39 tentativas.

Mas na 40° tentativa, ela me atendeu.

Eu ficava em silêncio, enquanto Yukari estava com o microfone mutado. A webcam dela estava desativada, enquanto a minha estava ativada.

Err. Yukari, você não está nada bem, né?

Ela continuava mutada.

— Você deve me odiar agora, mas me desculpe — suspirei — Eu fiz coisas sem o seu consentimento, e isso deve ter ferido você. Me desculpe.

Yukari sequer ligava seu microfone.

— Mas tem duas outras coisas que quero falar. Você me daria o privilégio de me ouvir?

Estou com nojo de mim mesmo. Não só por ter feito algo sem pensar, mas também por dizer essa palavra: privilégio.

Eu continuava esperando por sua resposta, encarando a webcam. Até que ela ligou o microfone.

— Isso não te dá o direito de abusar de mim, seu lixo — disse Yukari.

— Sim, você está certa. Mas…

Ela corta minha fala: Eu quero que você morra, seu bosta!

Suspirei.

— Yukari, eu entendo que você esteja se sentindo assim. Eu também me sentiria da mesma forma se alguém fizesse isso comigo.

— Não, você não entende! Você não está na minha pele pra entender a minha dor! — gritou Yukari.

— É verdade. Por isso, estou me desculpando e quero fazer algo que te faça se sentir melhor — disse.

— Quer fazer algo pra me agradar? Muito bem então, se mata.

Suas palavras soaram como um tiro no meu peito.

— Não, eu não vou fazer isso. Você está instável por minha culpa, e eu agi sem pensar em você. Eu entendo perfeitamente isso, mas há duas coisas que eu quero te falar.

— Vai se lamentar mais?! Eu não quero ouvir! — Sua voz estava trêmula.

Juntei minhas mãos abertas, fechei os olhos; como se estivesse rezando.

— Por favor, Yukari. Me dê uma segunda chance, prometo que é algo importante — disse, depositando minhas últimas esperanças na resposta dela.

Hmm. Fala.

Sua voz estava mais calma.

— Você não deve mais acreditar em mim, mas há mais pessoas além de nós com poderes na escola, e possivelmente espalhadas pelo mundo.

Sniff. — Isso era tudo que saia do microfone dela.

— Têm duas pessoas com o poder de invisibilidade. Eu fui atrás de uma ontem; era um cara. Consegui o encurralar, mas surgiu outra que me golpeou por trás, e os dois me nocautearam depois.

— Tá, e…? — O tom baixo de voz dela representava apenas tristeza.

— Talvez seja possível uma pessoa ter mais de um poder e usá-los simultaneamente — disse.

— O quê? — falou Yukari.

— Sim. A segunda pessoa me golpeou, mas a segunda deve ter algum poder que altera as partículas de oxigênio.

— E como você chegou a essa conclusão? — perguntou Yukari.

— Quando encurralei a primeira pessoa, alguns segundos antes da segunda aparecer, tive um flash em que eu estava sufocando, e depois eu não consegui mais respirar — respondi.

— Não havia ninguém te estrangulando?

— Não. Eu me debati e não havia nada atrás de mim, também não sentia toque algum no meu pescoço — disse.

Ela ficava em silêncio.

Uh, Yukari, dá pra ligar a webcam?

Como pedido, ela ligou a webcam.

Seu olhar sempre penetrante era de alguém abalado agora; sua esclera estava avermelhada; sua pálpebra inferior estava inchada e vermelha; ela segurava um travesseiro em seus braços.

— Tem algo que somente as turmas B e C sabem, ou eles planejaram algo, ou todo esse exame de duplas é uma farsa.

— Uma farsa? — disse.

— Sim. Esse papo de “mostrar que as duplas se ajudam” é furado. Deve ter sido entregue a outra dupla uma informação que não sabemos, ou algum comando. Não teria outro motivo para isso.

Hm. Eles devem ter alguma informação e agindo de acordo com a informação e planejaram roubar nossos métodos. Esse exame deve ter a proposta de apresentar as melhores turmas — falei.

— Se sua teoria estiver correta, nós da turma A iremos descer para a C, e a turma B vai virar a A e a C a B. Vergher deve estar envolvido nisso, mas será que o motivo da outra dupla fazer isso realmente é por rank? — disse Yukari.

Nossa teoria é que foi dito algo para a outra dupla e essa dupla está agindo com base no que foi dito. Eles devem estar agindo principalmente pelo fato da minha dupla ser a turma A.

Então se nossa teoria estiver certa, o verdadeiro significado desse “ranking” é colocar todas as turmas das escolas contra si e as vencedoras serão ditas como melhores e promovidas.

Enquanto as que perderam serão ditas como piores.

1° Resultado: Turma A e D vencem o exame, sendo as melhores. Mas como não sabemos de algo, não devemos receber nada, e se recebermos algo será em pontos e compensação de notas.

2° Resultado: Turma B e C vencem o exame, sendo as melhores. Elas devem receber um prêmio por isso, e ocorrerá uma mudança de “ranking” nas turmas.

A turma B será a turma A e a turma C a turma B, enquanto a turma A será a C e como minha turma é a mais baixa, não haverá mudanças.

Turma B > A
Turma C > B

Turma A > C
Turma D > D

— Quanto ao que você disse sobre poderes simultâneos, temos dois possíveis cenários.

— Quais? — perguntei.

— Realmente há alguém que pode usar dois poderes de forma simultânea e a possibilidade de alguém conseguir ter mais de um poder é válida — respondeu Yukari.

— E o outro? — Falei.

— Usaram alguém com Manipulação de Oxigênio de longa distância, e a possibilidade de alguém usar dois poderes de forma simultânea e de alguém conseguir ter mais de um poder são descartadas.

— Tem razão — Concordei.

— Alger, você confia no Yoichi?

— Não. Ele é uma das minhas principais suspeitas — respondi.

— É porque ele se ofereceu para ser o líder da sua turma?

— Não só por isso, ele também tem um poder — falei.

?!

— Deve ser apenas intuição, mas não sinto algo legal vindo daquele cara. — Cruzei os braços.

Olhei de relance para o horário: 23:22.

, amanhã a gente fala mais sobre isso, pode ser? Já está bem tarde.

A-Ah! Tudo bem então. Boa noite. — Ela sai da vídeo chamada.

Suspirei.

Parece que eu havia aliviado 1% do peso das minhas costas.

Desliguei e fechei o notebook.

Agora, vou poder dormir mais aliviado.
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Mais um dia, mais uma preparação até o exame.

Agora temos três aulas e o resto do dia para nos dedicarmos ao exame. Ambas as duplas parecem estar levando isso a sério.

Ao ponto de colocarem um espião na nossa dupla.

Porém, mesmo conversando com a Yukari sobre tudo isso, ainda me sinto mal.

Mal por ter abusado dela.

Será que pedir desculpas, mesmo que eu já tenha pedido, seria o certo? Ou eu deveria deixar as coisas seguirem do jeito que estão?

Eu não sei.

Bom, as três primeiras aulas haviam acabado. Estava na hora de irmos para nosso horário de preparação para o exame.

Enquanto as duas turmas andavam para a sala, puxei a Yukari para o meu lado; a tirei do aglomerado de pessoas.

— A-Alger? O que você qu…

Cortei sua fala: Só quero conversar um pouquinho.

— Deixa isso pra depois — disse Yukari.

— É rápido, sério.

Ela me encarava com seu olhar frio; seu rosto estava sem manchas, inchaços e sua esclera estava totalmente branca.

Era como se ela sequer tivesse chorado.

Yukari suspira: Tudo bem. Apenas cinco minutos.

— Perfeito. — Segurei sua mão e saí daquele corredor.

Subimos para o terceiro andar; entramos em uma sala vazia e fechei a porta.

— Então, o que queria falar comigo? — Ela cruza os braços.

— É sobre algo bem delicado.

— O que? — falou Yukari.

Andei até ela, parei em sua frente; ela continuava de braços cruzados, me encarando com seu olhar frio e afiado.

Reuni coragem.

Envolvi meus braços à sua volta; nossos peitos se pressionaram um contra o outro; eu sentia seu corpo quente.

O silêncio dominava a sala.

Yukari não havia mexido um único músculo.

— Sei que já disse isso, mas senti que não tinha sido o suficiente. Então, me desculpe por ter te causado todo aquele mal.

Só tinha eu e Yukari nessa sala, eu não estava sentindo ninguém nos observando e nenhum perigo à volta.

Yukari descruza os braços e me afasta de leve.

— Eu já ouvi pela primeira vez. Não sou surda, sabia?

Ela estava com a cabeça baixa.

— O que você fez não foi nada legal. Posso até parecer bem, mas é porque eu não quero trazer isso à tona — disse Yukari.

— Por mais que eu esteja brava com você, ainda temos um exame pelo caminho, e ficar pensando nisso só vai atrapalhar. — Ela suspira.

— Sim, eu sei. Posso fazer algo para te recopensa…

Ela me interrompe: Não, não preciso que você faça algo para retribuir. Eu já pensei em algo.

Hm? O quê? — perguntei.

Subitamente, ela me empurra contra a parede e me beija.

Que merda isso significa? Ela está querendo me zoar ou dizer algo?

Afinal, que porra é essa?

Pensar muito nessa situação não vai me ajudar.

Eu tentei a empurrar de volta, mas ela segurava meus ombros enquanto me beijava.

Não consigo mais negar o fato de que ela beija muito bem.

Eu estava começando a entrar no clima.

De repente, sinto sua mão deslizar pelo meu peito, abdômen, quadril, até chegar no meu pênis.

Para os mais distantes: amigão, fanfarrão, peça, arma, mangueira; taquara biônica.

Para os mais chegados: pau.

O que caralhos ela estava querendo com isso?!

Ela para de me beijar momentaneamente; pego o máximo de ar possível.

— O que voc… — Mal tive tempo de terminar minha fala, ela voltava a me beijar.

Sinto meu rosto queimando, meu corpo quente; o fato de sentir nossas línguas se envolvendo faz meu coração disparar como nunca; eu lutava para não fechar meus olhos.

Quando foi a última vez que eu senti essa sensação?

Sua mão massageava calmamente meu pênis, até descer em meus testículos.

Até que ela tirou a mão e quando agarrou, apertou com força.

Ahh! — gritei.

Ela parava de me beijar e eu caia de joelhos no chão, com a mão no meu saco.

Olhei para ela, com raiva em meus olhos.

— Filha da puta! Qual é a porra do seu problema?!

Ela me encarava com suas pálpebras inferiores pressionadas e pálpebras semi-fechadas; seu olhar de superioridade e um pequeno sorriso cheio de malicioso.

Estava claro que ela havia dominado a situação.

Whoops! Que pena, não é? Já se passaram mais do que cinco minutos e aqui está você, na minha frente, com uma dor insuportável nas bolas e de barraca armada. — disse Yukari.

— Que coisa, não é mesmo? — Ela estava adorando isso.

— Pode desarmar a sua barraca em paz, desde que não esteja pensando em mim. — Ela abre a porta — Bye bye! Pff-Hahahah!

Ela saia da sala enquanto eu ficava agonizando de dor no chão.

Que merda de bipolaridade é essa que eu havia presenciado bem na minha frente?

Hnhm! Porra! — gritei.

Mal conseguia tirar uma mão do meu saco.

Eu respirava fundo enquanto tomava coragem para tentar me levantar, mesmo agonizando de dor. Até que decidi me levantar; péssima escolha.

Isso só ajudou a intensificar a dor.

Nesse exato momento, eu lutava para não chorar de dor.

Yukari, sua vagabunda! Eu te odeio!

Passo por passo, lentamente consegui dar pequenos passos.

Os pequenos passos se transformam em passos normais, que se transformaram em largos passos em direção ao banheiro.
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Entrei na biblioteca.

Eu estava morto e exausto, suando.

Nunca achei que algo tão simples poderia ser tão intenso.

Oh, Alger. Você está atrasado. — Yoichi me olhou dos pés à cabeça — Aconteceu alguma coisa pra você estar tão suado assim?

— Bem, huff, eu enquanto corria pra cá, huff, bati com tudo no professor de Educação Física, ele ficou puto e me mandou pagar, puff, cento e cinquenta flexões — disse.

Era uma mentira, mas uma que seria convincente o suficiente no momento.

Ah, tudo bem então. Boa recuperação — disse Yoichi.

— Obrigado.

Ele se virava e voltava a falar com os outros alunos.

Me senti sendo observado; olhei para o lado.

Yukari estava me encarando, com seus olhos vermelhos cheios de malícia.

— Cala a boca! — gritei.

Todos me encararam.

A-Ah. Desculpa.

Eles voltavam a se concentrar em seus estudos, como se nada tivesse acontecido.

Aceitaram o meu pedido de desculpas ou só me ignoraram?

Eu não faço a menor ideia. Tudo o que eu sei é que a Yukari está rindo de mim agora.

Como eu sei disso? Simples: Eu ainda estava encarando ela.

Filha da puta.



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