Volume 1 – Arco 1

Capítulo 7: Mímico Oculto

O método que escolhemos está funcionando.

Todos tiveram uma melhora significativa, até mesmo Alger e a turma D.

Estou orgulhosa dos resultados.

Mas tem alguma coisa estranha.

Alger não para de olhar para a outra mesa; seu olhar incrédulo e duvidoso, seu rosto de espanto.

Olhei para a outra mesa.

Não havia nada de estranho, mas parece que tem algo que está o incomodando.

Seu olhar acompanha o vento. Até de repente a porta se abrir e fechar sozinha, como se tivessem mexido nela.

Alger olhava para a porta.

Ele pegou seu celular.

Já havíamos discutido antes de virmos para cá que se alguém usasse o celular, que fosse fora. Ele sabia exatamente disso, a não ser que…

Ah, entendi.

— Alger, sem celular — disse.

— Não enche. A minha mãe estava ligando e eu não consegui atender, só isso — falou Alger.

— Se vai conversar com sua mãe, faça isso lá fora, por favor — falei.

Tch. Tá bom. — Ele se levantou da cadeira e saiu pela porta.
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— Certo pessoal, vamos fazer uma pausa! — disse Yoichi.

— Finalmente!

— Já não estava aguentando mais!

— Achei que minha cabeça fosse explodir…

Eles estavam realmente exaustos.

— Que demora. — Cruzei os braços.

Peguei meu celular. Tinham se passado 5 minutos desde quando o Alger saiu.

Qual a necessidade de toda essa demora?

— Algum problema, Yukari? Você nem tocou na sua marmita — disse Yoichi.

— A marmita ainda está quente — menti.

— Que coisa, não? — Ele sorri pra mim.

— É. — sorri — Aliás, eu deixei meu caderno na sala que a gente tava. Pega lá pra mim?

— Claro. Vai demorar só um pouco — disse Yoichi.

— Sem problemas.

Ele saia pela porta.

Se o Alger estiver tendo problemas com algo, Yoichi vai poder ajudá-lo e trazê-lo para cá.

Mais e mais tempo se passava, eu já havia comido a minha marmita, e a sala desfrutava do descanso até o horário de ir embora.

Estava tudo bem, até um som alto vir da porta e ela ser bruscamente empurrada pra trás.

— Pessoal! Temos problemas!

Olhei na direção da voz.

Era Yoichi; seu olhar confiante de sempre agora era de preocupação, seu rosto amigável era de espanto.

Assim como eu, todos da sala olhávamos para ele, com olhares incrédulos e cheios de espanto.

Yoichi estava carregando Alger nas costas. Havia sangue escorrendo pelo nariz dele e ele estava desmaiado.

Me levantei da mesa: O que aconteceu?!

Isso era muito estranho.

Eu fui a única da escola inteira que conseguiu rivalizar com ele, então, como ele havia perdido?!

— Eu não sei. Enquanto eu buscava seu caderno, encontrei ele desmaiado no chão com a respiração fraca. Talvez ele tenha desmaiado por falta de ar — respondeu Yoichi.

— E por que não o levou a enfermaria?! — gritei.

— Ele estava longe demais da enfermaria, sinto muito. — Ele estava com o caderno na mão.

Suspirei fundo e peguei o caderno.

— Eu também queria que vocês soubessem disso, me desculpe se incomodei vocês — disse Yoichi.

Tsk. Leva logo ele pra enfermaria, o doutor deve estar lá — falei.

— Tudo bem. — Ele virou e saiu pela porta.

As duas turmas ainda estavam incrédulas perante a essa cena.

— Como?

— Que merda?

— O que foi que aconteceu?

Eles tinham as mesmas dúvidas que eu.

Que porra aconteceu?
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Finalmente, consegui sair daquela sala.

Acho que a Yukari entendeu o meu plano.

Agora, concentre-se. Tente sentir a mesma sensação estranha daquela pessoa invisível.

Respirei fundo; fechei os olhos; deixei minha mente e corpo relaxados.

E como uma alfinetada, senti a mesma sensação estranha mais a frente.

— Te encontrei! — Guardei o celular no bolso e disparei.

A cada passo, a sensação ficava ainda mais forte. Até que em um corredor, essa sensação estava bem diante de mim.

Avancei.

A pessoa invisível saia da minha frente; parei, virei-me e a empurrei contra um armário.

Ugh!

— Não precisava abrir caminho, era justamente você quem eu estava procurando, seu merda — Fiquei com a mão sob o peito dela.

A pessoa se manteve calada.

— Vamos, você não tem nada a dizer? Eu consigo saber sua exata localização, seu bosta. Por que estava infiltrado na nossa dupla? — perguntei.

Ele sabia que se revelasse sua voz, eu teria mais chances de descobrir quem ele era.

Pelo peito pequeno e reto, é um homem.

Fui atingido no estômago por ele e empurrado; caí no chão.

Essa foi a brecha perfeita para ele fugir.

Ei! Volta aqui! — Me levantei e corri atrás dele.

Esse merda corria bem, mas ainda era lerdo.

Eu estava quase o alcançando, mas ele vira para um corredor à esquerda.

O segui; ele entrou em uma sala e as mesas eram bagunçadas por ele. Uma cadeira era erguida por ele e jogada contra mim.

Desviei; ele saiu da sala e voltei a segui-lo.

Esse rato era lerdo mas tinha muita resistência para correr.

Se eu pudesse contar o tempo, acho que foram 5 minutos de perseguição dele virando em corredores, entrando em salas, jogando coisas na minha direção e eu desviando.

Até eu finalmente conseguir alcançá-lo.

O agarrei pela roupa e o joguei para trás. Ele caiu no chão; pude saber pelo som.

Virei-me, pulei e desci com uma pisada nele.

Ghaah!

Devo ter acertado alguma costela dele.

O agarrei pelo cabelo; o coloquei de pé e o dei um soco cruzado. Não perdi nem um segundo e o enchi de socos no rosto; finalizei com um chute vindo de baixo pra cima.

Ele bateu na parede e caiu sentado.

O agarrei pela gola e o ergui.

— E então? Pretende dizer ou você é um masoquista que gosta de apanhar pra mim? — falei.

Sem respostas.

Ergui meu punho, mas meu sensor de perigo começou a apitar.

Olhei para trás, não havia ninguém.

Que porra?!, pensei.

Retornei minha atenção para a pessoa invisível.

— Por que estava nos espionando? Fala! — gritei.

Novamente, sem respostas.

Por algum motivo, mesmo fazendo tudo isso, sinto como se eu estivesse acorrentado, em um lugar escuro e frio.

Por que eu estou sentindo isso, logo nessa situação?

Tsk. Que se foda isso.

Quando estava prestes a nocauteá-lo com um soco, vinha um flash na minha mente.

Nesse flash, eu sufocava, como se não pudesse respirar, e caia no chão.

Que porra de flash foi esse?! O que isso quer dizer?!

Mesmo no meio daquela situação, várias perguntas vinham à minha mente.

Até repente, parecia como se alguém estivesse me enforcando e tampando meu nariz.

Me debati; não havia ninguém atrás de mim.

Eu não estava conseguindo respirar!

A pessoa invisível me socou; o larguei e rodei para trás.

Meus olhos arregalaram; coloquei minha mão no pescoço. Não vinha ar nenhum pela boca ou nariz!

Lentamente, era como se meu cérebro virasse água. Eu sentia minha cabeça leve; meu corpo começava a ficar muito leve.

Eu estava enfraquecendo.

Não importava o quanto de oxigênio eu tentasse puxar com meu nariz ou com a minha boca, não vinha nada!

Minha visão estava ficando turva; meu corpo tremia; eu sentia minhas veias saltando para fora. Eu estava tendo dificuldades até mesmo para me manter em pé.

Até sentir algo acertando minha cabeça, mais especificamente, no osso occipital.

Era algo duro de ferro.

Caí de joelhos; botei uma mão no chão e um punho inglês mas sem espinhos era jogado no chão.

A pessoa invisível à minha frente pegava. Tentei me levantar o mais rápido possível, mas a pessoa invisível socou o meu nariz.

Eu caí para trás, enquanto via tudo ficando preto à minha volta.

Até a escuridão total dominar a minha visão.
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Depois que o Yoichi levou o Alger para a enfermaria, as duas turmas se reuniram e voltaram para casa.

Menos eu.

Isso não faz o menor sentido.

Como o Brutal Guy, que já enfrentou boa parte da escola, seria derrotado de repente?

Eu preciso de respostas, e é isso o que eu vou ter!

Suspirei.

— Daqui a pouco o portão fecha. Quando que ele vai acordar? — falei.

Mas subitamente, senti um forte calafrio subindo pela minha espinha, e uma sensação de estar sendo observada.

Olhei pro Alger, ainda na cama, inconsciente.

Esfreguei minha mão no meu cotovelo.

Ei, Alger. Acorda logo.

Eu olhei para a porta, ela estava fechada, e quando olhei para o lado, Alger estava com os olhos abertos.
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Tsc. Que merda.

Fui nocauteado, sem nem descobrir quem era aquela pessoa.

Mas agora sei que ela não está sozinha.

Merda… Eu precisava falar sobre isso com a Yukari. O Yoichi com toda aquela sua aura, não é 1% confiável.

Onde ela está? Cadê a Yukari nessas horas?

Porra!

Eu estava puto comigo mesmo, com um forte sentimento de derrota. Até que eu ouvi uma voz me chamando.

Ei, Alger. Acorda logo — disse a voz, abafada.

Essa voz… eu a reconheço.

Será que é…

Um pequeno raio de luz surge no meio da escuridão, e ele se aproxima cada vez mais, crescendo, até ele cobrir totalmente a minha visão.

Eu sentia meu corpo sob algo macio, fresco e fofinho.

Pisquei o olho duas vezes. Eu estava olhando para o teto da enfermaria.

Me sento na cama, coloco a mão na cabeça.

Minha cabeça ainda estava doendo.

Olhei para o lado, Yukari me encarava com um olhar de espanto e semblante de surpresa.

— A-Alger, o que…

Tampei a boca dela: Antes que diga algo, preciso do seu número.

Hnmhn?

Oh, desculpa. — Tirei a mão da boca dela.

— Eu falei: Pra quê?

— Quero conversar com você depois sobre esse método que está sendo usado. Tive algumas novas ideias — disse.

Uhh, tudo bem. Meu número é…

Cortei a fala dela: Calma.

— Peço que fale devagar no meu ouvido — falei.

Ela me encarou com um olhar de desgosto: Esquisito.

— Anda logo, porra.

Eu tirei o meu celular do bolso, ela sussurrou dígito por dígito calmamente, com sua voz suave e macia.

A adicionei na minha lista de contatos.

— Pronto. — Guardei o celular.

— Se falar merda, eu vou te bloquear — disse Yukari.

— É sobre o método mesmo, relaxa. — Sorri — Mas aí, você é mó gata, sabia disso?

? — Ela cruza os braços — Você me elogiando é raro. Aconteceu algo?

— Não, nada. Só notei o quão bonita você é de perto, só isso — respondi.

— Qual o sentido disso? Fala logo. — Ela me encarou com seu olhar afiado e penetrante.

Pelo menos uma vez na vida, alguém já pegou algo seu, escondeu, mentiu, e você em algum ponto da situação acreditou.

Ou então já presenciou essa situação, certo?

Bem, para um mentiroso ser um bom mentiroso, ele deve enganar a si mesmo, não deixando nenhum sinal de nervosismo, desespero ou ansiedade transparente.

Ele deve enganar seus próprios sentimentos, emoções e sua posição em alguma situação.

— Estou mentindo?

— Bom, não. Eu sou mesmo bonita, mas vindo de você é o mesmo que alguém me bajular para conseguir algo — disse Yukari.

Ah, não. O que eu quero eu posso conseguir agora mesmo. — Me levantei da cama e fiquei de frente para Yukari.

Ela estava sentada em um banco, me olhando com seus olhos vermelhos, junto de um olhar afiado e rosto sério.

— Sério, você está agindo muito estranho. O que você quer? Fala logo.

— Por que a pressa? — Sorri.

— Já são quase cinco e meia. Eu não quero me atrasar por sua causa — respondeu Yukari.

— Mas você já está se atrasando aqui por mim, então… — Agarrei bruscamente o peito dela — Vamos aproveitar um pouco!

Isso a fez se levantar, e ela me empurrou com força contra a parede.

— Qual o seu problema, seu merda?! — gritou Yukari.

— Quer saber? Pra mim já deu! — Ela pegou sua bolsa.

Eu corria na direção dela, agarrava seus dois pulsos; respirava fundo e dava um longo beijo nela.

Se fosse para dizer o tempo, diria que foram 15 segundos.

Nossos lábios se pressionavam um contra o outro, nossas línguas deslizavam, eram pressionadas e esfregadas uma na outra.

Yukari se debatia para se soltar; ela me deu uma joelhada no saco, se afastou e me deu um soco na mandíbula.

Eu caí no chão, com uma mão no queixo e outra no saco.

— Porra! Isso doeu!

— Cala a boca! — gritou Yukari, com uma voz estridente.

Ela pegava sua bolsa do chão e com passos pesados, saia da enfermaria.

Eu me levantei do chão, fui em direção a parede e a soquei.

— Porra! Qual o problema dela?! É culpa da vagabunda da mãe dela por ter dado genes tão perfeitos a ela! Vadia! — gritei, o mais alto que pude.

Tenho certeza que a Yukari deve me odiar agora, mas tinham duas pessoas invisíveis aqui.

Elas estavam nos encarando diretamente.

Eu não podia fazer contato visual, do contrário, perceberam que eu tinha os notado e poderiam me asfixiar novamente, ou asfixiar a Yukari também.

E o resto, vocês já sabem.

Peguei minha bolsa embaixo da cama.

As duas pessoas ainda estavam aqui.

Pendurei a bolsa no ombro e saí da enfermaria; desci escada por escada e saí da escola, com um gosto amargo na minha boca.

Essa situação era realmente desagradável.



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