Volume 1

Capítulo 1: Negociação

Meu nome é Alger Reder Pealiceder.

Depois do estrago que fiz com aqueles 5 filhos das putas, levei a suspensão de uma semana.

Mas eu tenho certeza que o diretor Vergher me deu uma advertência também. Ele não deixaria isso passar em branco.

— Bosta. Errei o lado da blusa de novo.

Tirei a blusa, a virei e a coloquei novamente. Olhei-me no espelho.

Blusa aberta com mangas, uma gravata preta, blusa branca por baixo, calça preta e sapatos marrons.

— Tudo certo.

Peguei a bolsa escolar de ombro, saí de casa, parei no ponto e peguei um ônibus. Quando saí do ônibus, cá eu estava: na frente da escola.

Amontoados de pessoas em seus cantos; risadas; sorrisos e olhos apertando-se contra si.

Parece que perdi muita coisa nessa uma semana de suspensão.

Suspirei.

Pendurei a bolsa no ombro, coloquei as mãos nos bolsos e andei pelos grupos sociais.

Finalmente, entrei na escola.

Olhares me cercavam e o silêncio dominava o local. Encarei todos a minha volta pelos cantos dos olhos. Não parei por um momento de andar.

— É ele, não é? — sussurrou uma voz.

— Sim, é ele mesmo — respondeu outra voz.

— Por culpa dele, um quase morreu e o diretor simplesmente o pune com uma suspensão de uma semana?!

— Sinto dó deles.

— Que cara lixo.

— Desagradável.

— Aquilo foi totalmente desnecessário.

Eles cochichavam entre si, com sobrancelhas franzidas, olhares afiados, olhos semi-cerrados, lábios pressionados contra si mesmos.

Entrei em minha sala e fui recebido com as mesmas expressões de antes. Coloquei a minha bolsa na cadeira e voltei para os corredores.

Parece que a notícia de eu ter espancado aqueles 5 bostas se mantinha viva.

A fúria deles por eu ter brutalizado pessoas que eles provavelmente nem conheciam, junto do julgamento era tão irritante que chegava a sufocar.

Mas isso é bom.

Pense nesse cenário: Eu, espanquei 5 valentões e as pessoas, temendo-me, abrem caminho para mim.

Nesse caso, me tornaria um privilegiado de merda, e eu não quero isso.

Enquanto andava, me deparei com os mesmos quatro caras. O quinto não estava com eles.

Sobrancelhas franzidas, olhares com chamas por dentro e dentes cerrados chocaram-se com um semblante sério.

Eles me cercaram e um agarrou-me pela gola.

Tínhamos a mesma altura.


— Ei, seu merda, tá ligado no que tu fez?! — perguntou um deles, exaltado.

— Sim. Os humilhei em um Cinco versus Um — respondi, com deboche.

— Você por acaso tem merda na cabeça?! Agora por sua culpa, o nosso parça tá numa cama de hospital! — gritou ele.

— Sinto muito — disse, em tom baixo.

— Hã!? “Sinto muito”. O que tu quer dizer com isso?! Tá zoando com a gente?! — Ele estava mesmo puto.

— Sinto muito pelos pais dele terem que gastar dinheiro com um merda.

— Seu bosta! — gritou ele enquanto outro me lançou um soco.

Empurrei o da minha frente, abaixei-me; desviei do soco e contra ataquei com uma rasteira 360°.

Eles caíram, me levantei; os encarei de cima, enquanto eles estavam em baixo.

Em menos de cinco segundos dominei facilmente a situação, sem nem precisar bater neles.

— Mesmo se vocês passassem um ano treinando, nunca estariam perto do meu nível. Não estariam perto nem mesmo de chegarem aos meus pés.

Sobrancelhas franzidas; olhares fervorosos e afiados; dentes cerrados;

Mas um som alto cortava o clima; era o sinal.

Eu e eles rapidamente olhávamos para a direção do sinal, que emitia seu alto som, até finalmente parar.

Os encarei e eles me encaram de volta.

— Já que somos da mesma sala, podia segurar vocês aqui e fazer vocês matarem aula, mas eu me foderia junto. Então lhes darei um recado: fiquem bem onde estão, abaixo de mim.

— Tch. E o que você tem que a gente não tem pra você ter tanta arrogância, hein, seu merda?! — perguntou um dos quatro.

— Tudo — respondi.

Virei-me com as mãos nos bolsos, caminhei até a minha sala, deixando eles para trás.

Após essa pequena humilhação, provando minha superioridade a eles, provavelmente não vão mais vir atrás de mim pra torrar a porra do meu saco.

Honestamente, minha paciência com aqueles quatro não duraria muito.

Entrei na sala, sendo recebido com olhares de desgosto e raiva. Um clima de ódio se instalou no local.

Andei até meu lugar e me sentei.

— Atenção turma, atenção, por favor — pediu educadamente o professor.

A classe virou o rosto para ele, que voltava a explicar o conteúdo de sua matéria: Química.

Essa aula estava tediante, então constantemente desviava minha atenção para a janela, vendo uma quadra de tênis.

Haviam dois times jogando: Garotos e Garotas.

O placar estava empatado, 5 a 5.

O garoto batia sua raquete contra a bola, e a garota contra atacava, refletindo a bola.

Do jeito que eles jogavam, parecia que a raquete facilmente cederia e…

— Alger, está acompanhando a aula? — perguntou o professor.

— Sim. A radiação Gama é a mais perfurante e mais forte — respondi.

— Hmm. Não está errado, mas estamos vendo sobre elementos químicos. — Ele suspirou — Pare de ficar prestando nas aulas de clube e acompanhe a explicação.

— Tá.

Ele se virou, voltou a desenhar setas, esferas e símbolos no quadro.

O tédio volta.

Finalmente, o sinal tocou.

Algumas pessoas de 3 a 5 saiam da sala, enquanto outras ficavam. As que continuavam na sala tiravam bentos; marmita japonesa; de suas bolsas.

Eu também tirei algo da minha bolsa, mas não era um bento, e sim um sanduíche de carne.

Como alguns, saí da sala, abri o pacote plástico e o joguei fora, encarei o sanduíche e o mordi.

Estava delicioso.

Passei pelos meus colegas de classe, que me encaravam com um olhar de ódio e raiva.

Continuava andando, dando grandes mordidas no meu sanduíche.

13 centímetros de altura e 12 de largura. Um grande sanduíche.

Estava tudo bem, até sentir dois leves toques no ombro.

Me virei, somente para ser recebido com um soco no estômago.

Esse soco foi muito forte, nem pude resistir a ele.

Eu voei para trás, bati as costas no armário, junto da cabeça.

Olhos arregalados, respiração forte e tensa, mãos trêmulas. Firmei as mãos e olhei pra frente, havia cinco caras enormes do terceiro ano.

Parecia que eles saíram de Jojo’s Bizarre Adventure.

Um deles cospe e pisa no meu sanduíche. Estava na metade.

— Tu tá fudido na minha mão — disse.

Eles me cercaram.

Ainda com as mãos no armário, os encarei; semblante sério; olhar raivoso.

Um deles tentou um soco; me impulsionei pra baixo, desviei do soco. Contra ataquei com um chute em seu joelho e outro na têmpora; ele caiu de joelhos.

Sua cabeça havia afundado no armário.

Agora, são quatro.

Outro tentou um soco; desviei, o dei uma cotovelada na mandíbula e um chute. Ele caiu no chão.

Três.

Um me agarrou pela perna e começou a me bater contra o chão, como se eu fosse um chicote.

Me protegi, com os antebraços e colocando as mãos atrás da cabeça sempre quando ia de colisão contra o chão.

Até que ele me jogou em direção a janela.

Bati contra a janela, os vidros foram jogados longe, e um alto som dele se quebrando dominou o corredor.

Tive tempo de reação suficiente para me agarrar nas laterais da janela e impulsionei-me para frente.

Recebi o mesmo cara de antes com uma voadora de dois pés em seu rosto; momentaneamente, com impulso, dei outro backflip.

Pousei no chão, havia somente um agora.

Ele avançou, e me acertou um soco.

Dois, três, quatro; cinco socos.

E veio um sexto, um soco cruzado que me jogou de volta pros armários. Eu bati contra, ficando com a visão meio trêmula.

Visão trêmula; respiração ofegante; dores pelo corpo, nariz e boca sangrando.

Olhei para frente, ele estava correndo em minha direção, pelo largo corredor.

Novamente, um flash vem em minha mente.

Nesse flash, eu levava um soco do armário ambulante e morria, com uma cratera no rosto.

Um forte sentimento de estar acorrentado preencheu minha mente.

Olhei para frente, com a visão um pouco turva, ele socou.

Momentaneamente, relaxava meu corpo e caía pro lado; desviei do soco. Sentia um forte vento passando por mim.

Encostei no chão com as mãos, impulsionei-me, caí de pé pra frente. Virei-me, o armário ambulante avançava em mim.

Com um passo, peguei impulso e avancei.

Dei um soco em sua traqueia; um chute no joelho; pulei pra trás, fui girando dando pequenos saltos e chutei sua têmpora direita.

Ele caiu duro no chão, fazendo barulho.

Olhos arregalados; respiração ofegante.

Forçava a visão para enxergar a minha frente e olhei para o lado. Uma parte dos armários arrebentada, com um rombo.

Respirei fundo.

— O sinal, ele tocou? — perguntei em voz alta para mim mesmo.

Eu estava focado demais na luta para notar mínimos detalhes.

Olhei para os lados, não vi ninguém. Olhei melhor em volta, não tinha câmera alguma no corredor.

Esses desgraçados, escolheram justo esse corredor sem câmeras, só para me sentar à porrada? Pensei.

Respirei fundo, lutando internamente para não desmaiar. Senti olhares me cercando.

— Tch. Saiam já daí, eu sei que vocês estavam observando a luta o tempo todo! — gritei.

Multidão de cada lado do corredor apareceram.

Olhares incrédulos; queixos caídos; mãos nas bocas; espanto em seus semblantes.

Enquanto olhava para a multidão de um lado, me virei, travei meu olhar em um garoto de óculos.

O famoso nerd.

Fui andando até ele, o agarrei pela a gola.

— Ei, ele não te fez nada! — gritou um cara ruivo.

Ele agarrou meu pulso, olhei para ele com semblante sério e olhar penetrante.

— Não atrapalha.

Ele lentamente afrouxou seu aperto, até soltar meu pulso. Olhei para o nerd.

— Você, você parece saber de bastante coisa. — Apontei pros cinco brutamontes desmaiados. — Sabe quem mandou aqueles merdas atrás de mim e porquê?

— E-Eu… não sei de nada — respondeu o nerd, em tom baixo, desviando o olhar.

— É mesmo? — Aproximei o nerd do meu rosto, o encarei nos olhos.

Nem precisei usar minha detecção de pensamentos para perceber sua mentira. Seu nervosismo já deixava isso claro.

— Você está mentindo. Se não dizer a verdade, hoje você vai aprender a voar — ameacei-o.

— Tá bom! Eu falo! — gritou ele.

Nem precisei me esforçar.

— Aqueles cinco que você tinha batido neles. — Ele ajeita seus óculos.

— O que tem?

— Eles pagaram aqueles cinco gorilas caídos atrás de você para, uh… te mandar pro hospital, e se possível, pro caixão — respondeu o nerd.

O soltei e respirei fundo.

— Tudo bem.

Coloquei as mãos nos bolsos.

Eu lutava internamente para não desmaiar.

Passei pela multidão; fui ao banheiro, lavei o rosto; entrei na sala e sentei no meu lugar.

Ao decorrer do dia, eu havia me recuperado. Não totalmente, mas já era o suficiente para bater em algumas pessoas.

16:30.

Já não tinha quase ninguém na escola a essas horas.

Com a bolsa pendurada em meu ombro, desci escada por escada, andei corredor por corredor.

Agora, estava andando pelo lado de fora da escola.

— Você tá de sacanagem?! Eu paguei mil e duzentos Ienes pra vocês enfiarem aquele Alger pro inferno! — gritava uma voz familiar.

Segui a voz, me encostei em uma parede próxima.

— E outra, vocês têm dois, dois, dois e quatro metros! Como vocês perdem para uma pessoa de um e setenta e seis?! — A voz estava extremamente irritada, era outra, porém também familiar.

1,76. Me pergunto como haviam descoberto a minha altura.

— Nós sabemos muito bem disso, mas aquele rato se movia rápido demais e ele era forte — disse uma voz.

— Ele, Alger Reder, mais forte do que cinco geladeiras ambulantes?!

— Sim. Eu sou mais forte do que esses cinco juntos. — Saí da parede, me deparando com os mesmos grupos.

Aqueles cinco brutamontes e aqueles quatro valentões de antes.

Deixei a bolsa no chão; estralei os dedos.

— Vejo que para pagarem cinco alunos do terceiro para me matarem, queriam ver até onde minha força vai, certo? — Sorri.

Sobrancelhas em diagonal; olhar de superioridade; sorriso de total confiança.

— Por que não deixam que eu mesmo mostro a vocês o que eu posso fazer? — Fui me aproximando deles.

Um dos brutamontes veio em minha direção e lançou-me um soco. Desviei para o lado e contra ataquei com um soco cruzado, pegou de raspão em sua mandíbula.

Ele caiu.

— Como?! — perguntaram todos ao mesmo tempo.

— Quando se quer nocautear alguém no queixo, força é meio irrelevante. Basta fazer seu soco pegar de raspão no queixo, que o seu cérebro irá bater nas paredes do seu crânio — expliquei.

Um a um que avançava contra mim, eu desviava e contra atacava com o mesmo soco de antes: cruzado na mandíbula.

Havia somente uma pessoa agora: O que havia me agarrado pela gola mais cedo.

— Seu merda! — Ele tentou um uppercut.

Fui para trás; desviei do soco e avancei; contra ataquei com um tapa cruzado em seu rosto e um soco cruzado na mandíbula, pegou novamente de raspão.

Ele então caiu.

— Mesmo com a explicação, eles nem tentaram prever o ataque. — Me virei, fui até minha bolsa e a pendurei no ombro.

Colocava as mãos nos bolsos e andava para fora do local. Saí da escola.

Parei em um ponto, entrei em um ônibus e andei de volta para a minha casa.



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