Volume 1

Prólogo

Preto.

Essa cor dominava a minha visão e os meus arredores; meus sentidos estavam começando a ficarem bagunçados.

Então, um flash de luz me atinge; de uma hora para outra, havia várias crianças pelo local.

Todas elas estavam correndo de uma grande fantasia de urso; de repente, minha visão escurece totalmente.

Antes mesmo que eu pudesse notar, eu estava na presença de dois homens adultos e, uma criança.

Ah, então é isso que chamam de flashback?
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Nesse mundo há várias pessoas com dons e talentos especiais.


Ser bom em matemática; ser ótimo nos esportes; ser um gênio nato; ser incrivelmente criativo; e dentre outras coisas.

Não era surpresa para ninguém, mas não me encaixo nessas coisas. Não é por eu não ter nenhum dom ou talento, e sim, porque eu não gosto de me considerar parte dessa categoria privilegiada.

Eu era apenas uma pessoa comum, que vivia uma vida comum, que jogava coisas comuns e fazia coisas comuns, como tomar banho e ir à escola.

Mas algo que realmente me surpreende é a mente humana.

Quando alguém não consegue achar uma explicação, sempre culpam uma força maior. O meu ponto é que cada um tem sua religião, seja Cristão, Católico, Evangélico, Budismo, Hinduísmo e dentre outros, mas todos acreditam num só ser: Deus.

E bem, eu não acreditava nem em Deus e nem em Lúcifer. Eu sou um completo Ateu de ambos os lados, acreditando puramente na Ciência e nas descobertas humanas.

Meu nome é Alger Reder Pealiceder.
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Era mais um dia comum de aula.

Eu entrei em minha sala e me sentei no último lugar da fileira da janela para observar o céu azul, mas exteriores vieram perturbar minha paz.

Yo! Algermado na Rede. — Eu olhei para as vozes com um olhar de ódio e vi cinco pessoas próximas a mim.

— “Me desculpe!”, isso será o que todos irão dizer após eu amassar a cara de vocês — disse.

— Hoho! Então o senhor edgy se acha capaz de intimidar pessoas mais fortes do que ele?! — Um deles tentou me socar.

Impulsionei-me para trás, caí, rolei para trás e desviei do soco.

Peguei a cadeira na minha frente, o cara que tentou me socar olhou para mim, mas já era tarde para ele.

Martelei-o nas costas usando a força em meus braços junto da cadeira, e a quebrei no processo.

O valentão caiu no chão.

Ele não vai se mexer depois disso.

Soltei os pedaços da cadeira e me virei para eles:

— Quem é o próximo?

— Como?! — perguntou um dos caras do grupo, que antes eram cinco e agora são quatro.

Ah, é verdade, há algo que eu esqueci de dizer.

— Eu fui transferido para cá neste ano porque minha antiga escola me expulsou e, o motivo, é que... — Enchi o pulmão de ar. — Eu sou bom de briga!

— Bom de briga? Bom de briga é o caralho! — Um deles tentou me chutar no saco.

Pulei para trás e desviei dele; ao girar meu corpo, contra-ataquei com um chute em sua têmpora, garantindo um nocaute.

Dito e feito, ele caiu duro no chão.

Olhei para o último à minha frente.

Mas espera, se de cinco eu nocauteei dois, agora restam apenas três. Certo?

Os outros dois agarraram-me pelos meus braços. O cara parado à minha, dando pequenos saltos para os lados, deu um soco no meu peito.

Foi forte.

Cuspi o ar dos meus pulmões, eu sentia uma leve dor no peito.

Outro soco, no meu abdômen.

Inconscientemente, enrijeci meu abdômen, mas ainda sentia a mesma dor que a do meu peito.

Um, dois, três: Três socos em minha:

Mandíbula, costela da esquerda e em meu rosto.

O soco na costela me pegou desprevenido, não tive tempo de endurecer esse local.

Eu senti um pouco de dor.

Puxei o máximo de ar possível e, no quarto soco, me abaixei de modo forçado. Ele acertou o cara da direita.

Com um braço livre, afundei meu punho no da esquerda.

Livre, retomei minha atenção ao que estava à minha frente e veio um chute de baixo para cima.

Por reflexo, me movi para trás, agarrei sua canela e o puxei.

Chutei seu tornozelo, e seu rosto, o jogando para trás. Ele havia desmaiado.

Por um momento, senti um perigo vindo por trás e recebi um pequeno flash dos mesmos caras me agarrando por trás novamente.

Girei e saltei, chutando um e com o impulso do giro chutei outro de esquerda, usando o calcanhar.

Pousei no chão, e olhei para ambos no chão, mas um se levantou.

Me virei e disparei em direção a parede, ouvindo os passos dele atrás de mim. Empurrei algumas mesas, as desorganizando.

Parei de frente para a parede e virei-me, encostei as mãos na parede. Ele vinha fervorosamente em mim.

Impulsionei-me e o recebi com uma voadora de dois pés em seu peito, o lançando junto de algumas mesas pela janela.

E é nesse exato momento em que a fadiga me atingiu.

Huff… Huff… Puff… Bando de merdas. — xinguei.

Ainda ofegante, sentia que olhares me cercavam.

Olhei à minha volta.

Os cinco estavam desmaiados, com sangue nas roupas; mesas espalhadas e desorganizadas; olhos arregalados, respiração tensa, corpos congelados.

O restante da sala estava na lousa, amontoados, n
ão movendo um único músculo.

Além dos olhares da classe, sentia uma forte sensação de um par de olhos vindo diretamente das câmeras.

Eu olhei para os meus punhos ainda cerrados, havia sangue neles.

Antes que pudesse ter tempo de respirar, a porta abriu e um berro entrou na sala.

— Mas o que é isso?! Alger Reder Pealiceder! Acho bom você ter uma ótima desculpa para o diretor! — gritou o professor de física.

Era óbvio que o culpado era eu. A própria situação indicava isso, mas ele pôde ser capaz de julgar tão rápido assim sem nem ouvir o meu depoimento.

Saí da sala; passei no banheiro, lavei as mãos e parei em frente a diretoria.

Eu gentilmente abri a porta e entrei, o diretor estava sentado em sua cadeira.

Braços cruzados, sobrancelhas relaxadas, pálpebras semi-fechadas, olhar afiado.

Me sentei na cadeira, com o silêncio dominando a sala.

— Então, Alger Reder, qual o motivo de sua visita aqui logo em seu primeiro dia de aula? — perguntou Vergher, o diretor.

Ele casualmente havia quebrado o silêncio.

— O professor de física me mandou para cá. — respondi.

— Você atrapalhou a aula dele? — perguntou Vergher.

— Você sabe muito bem o que aconteceu, eu sentia você observando pelas câmeras.

— Muito astuto você, mas eu quero ouvir pessoalmente de você o que aconteceu. — disse Vergher.

— Fiz cinco dos seus amados alunos lamberem o chão por zoarem com o meu nome e, com o meu conhecimento sobre as pessoas, eles eram um bando de valentões. — expliquei, com um sorriso sarcástico e tom de deboche.

— Hmm, entendi. — Ele suspira.

— Bem, eu deixaria passar por ser seu primeiro dia de aula, mas infelizmente terei de lhe dar uma suspensão por dano a patrimônio público e excesso de violência. Você não pagará pelos danos a propriedades da escola, fique tranquilo. — disse Vergher.

— Só?

— Também te mandarei para a detenção por uma hora até que se acalme completamente, você ainda parece estar com o sangue fervendo. — disse Vergher.

— Heh, você é mesmo ligeiro hein.

— Claro. — Ele ajeita seus óculos. — Sendo diretor dessa escola, preciso estar atento aos mínimos detalhes.

Me levantei, saí da sala e com as mãos nos bolsos caminhei até a sala de detenção. Entrei na sala, deixei as cadeiras nas paredes e reuní 9 mesas até chegar no formato de uma cama. Deitei-me nelas.

Não era a cama improvisada mais confortável do mundo, mas dava pro gasto.

Coloquei as mãos por trás de minha cabeça e cruzei as pernas, enquanto olhava para o teto.

Sei que disse que não gosto de me considerar um privilegiado, mas parece que até mesmo eu sou um.

Eu possuo uma percepção extrassensorial, e com ela eu consigo detectar: Algum perigo, emoções, sentimentos, pensamentos, intenções, observações; também tenho uma precognição.

À primeira vista isso pode parecer legal, mas é um saco.

Claro, essa habilidade tem uma gama de vantagens, mas eu não as controlo. Elas agem de modo passivo, e às vezes acabo percebendo coisas que não gostaria, como: emoções alheias.

É uma merda quando isso acontece.

Bocejei enquanto lembrava da luta.

— Deixe-me ver… Eu quebrei uma coluna, um nariz, uma mandíbula, talvez tenha trincado um crânio e quebrei uma caixa torácica. — disse, contando nos dedos.

— É, cinco. Tive sorte de não ser dez, do contrário, eu teria que ser mais brutal, com todos da escola vindo torrar a porra do meu saco, resultando em uma suspensão de um ou dez meses igual da última vez. — suspirei.

— Aí ia ser foda mesmo.

Continuei esperando pacientemente até poder sair de forma “legal” desta sala.



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