Peace Out Brasileira

Autor(a): John C.


Volume 1

Capítulo 4: As tribulações começaram!

 

Tempo: Quinta-feira, de manhã.

Espaço: Casa do Pastor.

O dia começou a amanhecer na pequena vila camponesa. O garoto, não conseguiu dormir a noite inteira pensando no que havia presenciado e preocupado com o pastor que não havia voltado para a sua casa. Muitas coisas passavam em sua cabeça naquele momento, mas ele precisava se arrumar para ir à escola. Vestiu seus sapatos e acabou indo mais cedo na expectativa de não ter que incomodar a mulher do pastor e seus filhos.

O relacionamento do garoto com o pastor era um relacionamento semi-paternal, pois, apesar do pastor não ser seu pai biológico, ele se preocupava com o garoto e o dava alguns ensinamentos. Ele o escutava sobre seus problemas quando havia necessidade de desabafar e parecia genuinamente interessado. Contudo, o garoto não conseguia se sentir íntimo do pastor por haver uma relação muito superficial por parte de sua mulher e dos seus filhos.

Ao chegar na escola, percebeu que ele foi o primeiro a chegar. O silêncio do local deu a ele tempo e espaço para continuar pensando no que havia passado:

“Como esse demônio da floresta foi aparecer por aqui do nada? Só pode ter aparecido do nada, pois dentre todo o tempo que estive por aqui, nunca vi nada igual. E por terem dado o nome de demônio, com certeza é algo ruim. Como o pastor me disse uma vez, quem mexe com eles está fadado a destruição e infelicidade, mas o que ele não me disse é por que eles aparecem.”

“Será que eu fiz alguma coisa para ele aparecer? Será que eu disse algo para ele aparecer? Será que eu senti alguma coisa que o fez aparecer? E por que ele falou comigo de forma casual? Ele me conhece de algum lugar? Credo... Eu não quero me envolver com esse tipo de coisa. É melhor ficar sozinho do que mal acompanhado, apesar de eu ficar sozinho boa parte do meu tempo.

 “Não, não é bom ficar pensando que ele possa ser uma boa companhia, nada de bom pode vir de demônios e isso é fato! A melhor coisa que posso fazer é me acalmar agora e ficar atento para não me encontrar com essa coisa de novo”, pensou o garoto.

Em meio aos seus pensamentos, o garoto se depara que o pastor se dirige diretamente a ele. O pastor, estava com uma expressão um tanto assustada e preocupada, o que aumentou a ansiedade do garoto:

— Seja sincero comigo e diga-me, você chegou a fazer alguma coisa ou mexeu com essas forças malignas em algum momento? Fui até a sua casa na expectativa de encontrar esse demônio da floresta e ele não estava mais lá. Tentei então procurar alguma forma de desenhos ritualísticos que possam ter chamado a sua presença por lá, mas também não consegui achar nada que pudesse ser algo desse tipo.

— Fiquei durante a noite por lá procurando em suas coisas qualquer coisa que pudesse atrair essas criaturas até a sua casa, mas também não encontrei nada a respeito disso. Não acho que ele poderia ter aparecido assim para você por acaso filho. Então me diga com sinceridade, você fez algo para chamar esse demônio a sua casa? — disse o Pastor.

— Não! Eu jamais mexeria com esse tipo de coisa! O senhor mesmo me disse que essas forças não devem ser mexidas ou provocadas! Não acho que fiz alguma coisa para chamar essa criatura em minha casa ou disse alguma coisa que pudesse ter feito isso! O que posso pensar nesse momento é se minha casa é mal-assombrada ou coisa assim. O que também não pode ser, pois moro nela a tanto tempo e nunca havia visto nada igual.

— Bom, seja como for, é melhor evitar entrar em contato com isso. Vejo em seu rosto que não conseguiu dormir bem essa noite, não é?

— Poxa, está tão evidente assim em minha cara pastor?

— Se algo além desse ocorrido estiver te afligindo, venha conversar comigo. Você sabe que eu te escutarei.

— Obrigado pela preocupação, mas eu estou bem.

O sinal da escola toca, sinalizando que as aulas irão começar.

— Bom, eu já vou entrando. Obrigado por me acolher em sua casa pastor.

— Disponha filho. Tenha uma boa aula.

O garoto entrou pelos portões da frente, sem seu material escolar, pois havia deixado dentro de sua casa. Como havia acontecido todas essas coisas na noite anterior, acabou tomando a decisão de ir para a aula sem seu material. O problema de ir para aula sem material é ser chamado atenção na frente da sala de aula, pois, os professores daquela escola eram rígidos quanto em suas matérias, priorizavam responsabilidade nos alunos e queriam que estes pudessem honrar com seus compromissos de tarefas e trabalhos que venham a receber conforme suas aulas.

Para aqueles que esqueciam seu material, sofriam ostracismo por parte dos professores e da sala de aula, que também cobravam um ao outro. Chegando na sala, os colegas de classe logo começaram a chegar e notaram que o garoto não tinha sua mochila e material encima da mesa. Logo começaram a cochichar entre si sobre a situação. Simulavam o tipo de bronca que esse garoto levaria do professor, mas isso não o deixava aflito. Haviam duas pessoas dentro da sala de aula, que deliberadamente, não gostavam do garoto.  Admitiram publicamente isso, de forma que se formou uma antipatia entre o garoto e essas duas pessoas.

Um se chamava Cairo. Um garoto de descendência alemã que possuía uma grande confiança de si mesmo perante os outros. Arrumou antipatia com o garoto por situações em que, na tentativa de caçoa-lo na frente da classe, o garoto o respondia com algo que o deixava em uma situação de vergonha. Seu relacionamento com o garoto tornou-se hostil.

O outro é conhecido pelo apelido de Montanha. Um garoto alto e obeso, que não possuía muitos amigos pela sua aparência intimidadora. Acabou simpatizando pelo Cairo, que foi o único que conversou com ele de forma natural, lhe fazendo pensar que tivessem uma boa amizade. Com isso, agarrou em suas antipatias e rivalidades junto com o garoto Cairo, dando a Cairo, uma confiança e segurança de suas ações perante o garoto.

Logo então entra na sala Cairo e Montanha e se deparam que o garoto estava sem sua mochila. Vendo então que era motivo de caçoar, Cairo tomou iniciativa em sua provocação:

— Olha só! Alguém esqueceu o material e teve audácia de aparecer por aqui mesmo assim. Meus parabéns senhor coragem, pela audácia de dar as caras por aqui sem puder ao menos anotar alguma coisa.

— Só não esqueceu a cabeça porque ela está colada no pescoço, se não, iria se esquecer também de trazer. — disse Montanha, falava alto.

Os colegas da sala de aula dão risada da situação. O garoto fica em silêncio.

— Qual é a desculpa dessa vez? Um cachorro comeu todos os seus materiais? Ou você os usou para limpar a sua bunda no banheiro?

O Garoto permanece em silêncio. Passou a ficar aborrecido pelas provocações do Cairo.

— Parece que o cachorro comeu a língua dele também. Não consegue falar?  — disse Montanha.

Colegas da sala de aula dá risada da situação. O garoto permanece em silêncio e bem incomodado com a situação.

— Olha aí Montanha, está vendo? É o que dá quando não se tem a mamãe e nem o papai em casa para poder avisar o esquecido do filho de levar o material para a escola.

O Garoto entra em um estado de fúria e resolve responder:

— Esquecido está você de pagar o valor inteiro para o seu cabelereiro. Somente assim para ele fazer essa porcaria de penteado. — disse o garoto, falou alto para todos da sala ouvirem.

Colegas da sala de aula começam a rir do penteado do Cairo. O garoto sabia que isso iria afeta-lo, e por isso, resolveu contra-atacar em seu visual. A expressão de Cairo mudou e ele, passou a olhar fixamente para o garoto a aula inteira, como se o fuzilasse pelos olhos.

O garoto tomou bronca do professor sobre o material ausente em sua sala de aula, mas tirando isso, foi relativamente calmo o período de aula naquele dia.

Ao terminar a aula, o garoto imediatamente sai de sua carteira e vai em direção do bebedouro da escola para tomar uma água antes de ir embora para sua casa. É surpreendido por Cairo que o agarra em sua gola de roupa e o arrasta até o quintal da escola que era em seus fundos.

Montanha os acompanha fazendo com que os 3 estivessem reunidos na parte traseira da escola e sem colegas de classe ou da escola olhando por perto.

Em uma árvore que estava localizada no meio desse quintal, estava encima desta árvore entre os galhos, o Demônio da floresta. Ele deparou com essa situação oportuna para identificar onde estava o garoto, pois, havia perdido de vista na noite anterior e saber como ele reagiria em tal situação lhe seria benéfico.

Ira possuía uma habilidade sensorial de sentir sentimentos alheios e pôde identificar que os 3 estavam tensos e agressivos um com o outro. É um prato cheio para conhecer o que deixava o garoto naquele estado, uma vez que, lhe é interessante emanar esse sentimento de raiva em seu conector.

Os garotos então começam a discutir:

— Seu maldito! Como você ousa querer falar do meu cabelo e me colocar nessa situação vergonhosa na frente dos outros da sala de aula? Só pode estar querendo apanhar nessa sua cara para aprender a respeitar os outros!

— É engraçado você querer falar de respeito, quando você sequer me respeita e sequer respeita os meus pais! Você nem os conhece e teve a ousadia de querer falar deles!

— O que tenho para conhecer deles? Todo mundo sabe que eles não estão aqui, você não tem mãe e muito menos um pai! Seu pai você diz que foi embora para procurar emprego, mas não acho que ele foi embora por causa disso. Ele foi embora porque não suportava a ideia de ter um filho tão bosta como você!

— Cale essa boca! Pare de falar dos meus pais! — disse o garoto, partiu para cima de Cairo, acertando 3 socos em sua cara.

Montanha o interrompe e tenta lhe aplicar um mata-leão, quase sufocando o garoto. Porém, Cairo o interrompe e devolve os socos no rosto do garoto.

— Você não é ninguém especial para achar que ninguém pode falar de você ou de seus pais. De uma coisa é certa, você não tem pais e é por isso que sua boca fala mais do que deve. Por causa disso, te farei um favor de quebra-la para você! — disse Cairo, desferindo socos na cara do garoto.

— Eles não estão aqui, mas isso não lhe dá direito de ofendê-los! Eu tenho muito orgulho dos meus pais e não vou deixar você falar deles da forma como você bem entende!

Pela pressão sanguínea de seu sentimento de fúria e pelos golpes levados em sua cabeça, o garoto desmaia diante da situação. Logo após o seu desmaio, a figura que estava observando encima da árvore cai no chão com tremenda força e causa uma forte onda de choque que atinge Montanha e Cairo.

Eles são levemente empurrados para trás e deparam-se com a criatura. Um ser escurecido, olhos amarelos, um sorriso malicioso em seu rosto com seus dentes pontudos a amostra, seu corpo estava muito muscular e devia possuir 2,20 metros. Olhando-os diretamente, Cairo e Montanha não conseguiram esboçar outra reação que não seja de paralização por pânico. Antes que eles pudessem pensar em alguma frase para emitirem de suas bocas, a criatura começa a falar:

— Maravilhoso! Vocês me ensinaram algo extremamente valioso para mim, ainda que não saibam o que é...

— Quem é você...? — disse Cairo, apavorado, tremia suas pernas.

— Vocês resolveram me dar o nome de Demônio da floresta. Não gosto desse nome pois me rebaixa pelo menos uns 3 cargos. — disse a criatura, olhava diretamente nos olhos dos garotos enquanto esboçava um sorriso largo.

— Apesar de vocês terem me ensinado uma coisa boa, largue esse garoto, pois preciso dele vivo.

— Larga ele Montanha. Esse moleque deve estar acompanhado dessa... Coisa.

— Não! Esse moleque ousou querer bater na gente e precisa sofrer um pouco mais para aprender uma lição!

Ira fica incomodado por ter sua ordem rebatida por esse ser humano. Passou a encara-lo friamente.

— Eu disse para você solta-lo.

— Não vou soltar ele! Vai fazer o que cara?!

Ira sorri de forma sádica e coloca suas mãos sobre o pescoço de Montanha. O apertou, quase o sufocando completamente. Pela força da criatura, Montanha é forçado a soltar o garoto, que fica largado e desmaiado no chão. Cairo fica ao lado observando e apavorado com a situação toda, tremia muito suas pernas. Ira não fica satisfeito em apenas aperta-lo, resolve arremessa-lo na direção contrária da escola.

Pela força aplicada em seu arremesso, Montanha fica inconsciente e seu corpo passa a receber todo tipo de dano pelos impactos e quicadas que acabou dando por razão da força aplicada pela criatura. Após arremessa-lo, Ira volta a encarar Cairo:

— Obrigado pela valiosa lição, seu merda!

Ira pega o garoto desmaiado no chão e passa o levar em seus ombros até a sua casa no meio da floresta. Cairo, ficou admirado com essa cena absurda que acabara de presenciar e decide não importunar mais o garoto. Depois que o pavor passou, correu para tentar ajudar o Montanha que estava bem ferido. Estava inconsciente e bem machucado, assustando Cairo ainda mais com essa situação.

 



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