Peace Out Brasileira

Autor(a): John C.


Volume 1

Capítulo 24: Um teste?! Me prove sua capacidade!

Spark e Luiza estão de frente com Uria. Imediatamente, Uria aponta para Spark e pergunta:

— O que você é?!

— O que eu sou? Como assim?

— Você é homem ou mulher?!

— Eu sou homem!

— E você? O que você é? — disse Uria, apontou para Luiza.

— Eu sou uma mulher.

— Vocês são unidos?!

— Sim, somos um grupo. — disse Luiza.

— Muito bem, ao saber disto, terei que explicar como as coisas serão daqui pra frente e dependendo da resposta de vocês, suas vidas se tornarão um desastre.

Spark e Luiza ficam admirados com a firmeza de Uria. Eles escutam atentamente o que Uria tem a dizer.

— Garoto, você é fraco! Você não pode ser fraco se quiser sobreviver a essa guerra, entende o que eu quero dizer com isso?!

— Eu... Sou fraco?

— Extremamente fraco! Me impressiona tamanha coragem de vocês ao dizerem que pretendem participar desta guerra, porém, na atual situação em que se encontram, não serviriam de outra coisa além de corpos descartáveis na linha de frente!

— Poxa vida, eu não fazia ideia que era tão sério assim. — disse Spark, ficou aflito.

— Você, já que é uma mulher, em Arista temos outros campos dos quais você poderá atuar se não desejar partir para o confronto direto. No entanto, sua participação deve ser efetiva para garantir uma maior probabilidade de sucesso nesta guerra contra os subterrâneos!

— Entendo, vocês levam em consideração as capacidades físicas e atribuem moralidades e limitações encima das diferenças entre os gêneros. Acredito que posso colaborar de outra forma além do combate direto.

— Muito bem. No entanto, eu não vou permitir que você seja fraco garoto! Em Arista, todos os homens desempenham os papéis mais pesados, desde construções e até mesmo confronto na manutenção da ordem e segurança. Se você quiser se envolver nisso, terá de provar a sua força!

— C-como eu posso provar isso?

— Vamos fazer o seguinte. Se você conseguir me acertar um soco, irei apenas treinar o seu corpo fraco. Mas se você não conseguir me acertar um soco, passarás pelo desespero todo de aprender tudo do zero!

— Tudo bem, vou tentar! Vi muitas vezes as lutas do Capitão Spark, então não deve ser tão difícil acertar um golpe! — disse Spark, entrou em uma pose de combate.

A pose que Spark tomou era semelhante com uma pose de boxe, porém, sem a base aplicada. Luiza admirou a coragem de Spark, já que percebeu que sua oponente aparentava apresentar muito mais experiência de combate do que ele.

Uria permaneceu em sua pose inicial, porém, levantou sua mão esquerda e encarou Spark.

— Muito bem, vou utilizar apenas da minha mão menos habilidosa em defesa. Se você conseguir penetrar minha defesa e me acertar apenas um golpe, não te farei passar pelo meu treinamento. Contudo, se falhares, tu conhecerás o inferno comigo!

— Está bem, eu vou tentar pra valer então! — disse Spark, avançou rapidamente contra Uria e levantou seu punho direito.

Spark desferiu um soco em direção do tronco de Uria, mas a trajetória do golpe é desviada pela mão esquerda de Uria. Rapidamente, Spark desferiu um outro golpe com a sua mão esquerda, que também é rapidamente desviada a trajetória de seu soco pela mão esquerda de Uria.

Mesmo em clara desvantagem de força e agilidade, Spark continuou desferindo seus golpes na expectativa de acertar Uria e para isso, utilizou também de chutes baixos com a intenção de acertar as pernas de Uria, porém, Uria pulava e desviava dos chutes que viam pela parte de baixo também.

Luiza percebeu a clara diferença entre os dois e temeu pela segurança de Spark. A diferença entre habilidade e poder entre os dois era comparável de um leão contra um mero rato.

— Não me diga que pretende participar da guerra com essa agilidade lenta e inútil. Se não consegue me acertar, com certeza será morto com tremenda facilidade nas mãos dos subterrâneos! — disse Uria, desviava dos golpes do Spark.

— Eu não sou experiente em luta. Só precisei lutar quando arrumava briga com o Montanha e o Cairo!

— Isto não será o suficiente. Com certeza, terá de melhorar se quiser participar nesta guerra. Prepare-se para enfrentar um treinamento extremamente difícil a partir de agora!

Uria executou um rápido movimento e atacou a nuca de Spark pelas costas. Automaticamente, Spark perde a consciência, desmaia e cai de cara no chão. Uria o segura pela gola de sua camisa, e começa a carregar Spark em seu ombro.

Luiza fica admirada com a situação toda, porém, sem esboçar reação alguma, isto incomodou Uria.

— Você não parece incomodada com o fato de eu ter nocauteado o seu amigo aqui. Por um acaso o odeia?

— Não o odeio. Minhas capacidades de expressões faciais são nulas. Este é um problema que venho enfrentando desde o meu nascimento.

— Tu és muito fria de fato. Consigo sentir o cheiro de sua frieza sentimental também.

— Cheiro? Como consegues sentir o cheiro de sentimentos?

— Nós Aristeus, temos uma excelente capacidade olfativa que nos permite identificar várias informações de um indivíduo. Com esta razão, os mantive aqui comigo neste momento, pois pude perceber que vocês dois não possuem capacidades físicas avantajadas para um confronto na proporção de uma guerra. — disse Uria, começou a caminhar em direção a Arista enquanto carregava Spark desmaiado em seu ombro.

— Que tipo de informações vocês conseguem pelo olfato?

— Quase tudo. Capacidade física, desenvolvimento mecânico, odor corporal de cada indivíduo, confiança ou timidez, forte ou fraco mentalmente e suas devidas emoções. No entanto, vocês são um tanto curiosos quando comparados com seus 2 amigos que foram na frente.

— Somos diferentes em que sentido?

— Não apenas em capacidade intelectual, mas aquela sua amiga branca de orelhas estranhas tem uma excelente capacidade física. Sua outra amiga de vestimenta rosa claro, também possui uma capacidade física avantajada quando comparada com vocês.

— Você nocauteou o Spark. O que pretende fazer com ele?

— Ele passará por um processo rigoroso de treinamento. Vou fortificar o corpo dele e ensina-lo técnicas de luta para que possa participar do confronto na guerra. Não vou questionar o motivo de sua determinação, mas auxiliarei para que ao menos possam sair vivos disto.

— Havia mesmo a necessidade de tê-lo nocauteado?

— Sim, havia. É necessário perceber a própria fraqueza e incapacidade para achar razões em fortificar-se. O indivíduo que acredita já ser capaz de algo, onde arrumará motivação para melhorar naquilo que faz?

— Deveras, é sábia a sua colocação.

— Farei uma recomendação de ti para o setor de pesquisas tecnológicas de Arista. Talvez por lá, você consiga alguma coisa que possa resolver essa sua neutralidade absurda.

— Agradeço pela recomendação.

Luiza, Uria e Spark seguiram em direção da trilha com a intenção de chegarem até Arista.

Em algum lugar da floresta.

Demon estava caminhando entre as árvores para espairecer suas ideias, pois havia ficado irritado com a recepção calorosa dos indivíduos que anteriormente o atacaram. Não havia plano ou estratégia em sua mente, apenas lhe deu vontade de explorar mais sobre este novo local.

Enquanto caminhava, lhe dava tempo para recuperar o seu folego e machucados feitos em sua pequena luta com Uria. É notado uma semelhança do tipo das árvores locais, todas altas e com uma coloração extremamente amarelada.

Em meio de sua caminhada sem rumo, Demon se deparou com uma caverna em meio a essa floresta amarela. A caverna não era algo incomum, mas por se tratar algo novo em meio daquela floresta reta e uniforme, Demon concluiu que seria interessante averiguar o que havia dentro dela, por pura curiosidade.

Ao se aproximar desta caverna, começa a reparar como por dentro, era uma caverna aparentemente lisa e sem animais por perto, o que para ele, era um tanto estranho. Demon não era um expert em biologia ou algo do tipo, apenas pôde presumir de que por se tratar de uma entrada para um suposto abrigo, deveria ter algum tipo de vida rodeando por perto.

Sem pensar muito, Demon adentra na caverna e caminhou tranquilamente, reparando os detalhes em sua volta com um olhar curioso. Surpreendentemente, Demon é recepcionado por uma criatura de aparência escura e olhos brancos em sua totalidade. Sua aparência era semelhante com a sua, porém, com algumas distinções de cor de pele e detalhes em sua cabeça.

Esta nova criatura se aproxima de Demon com uma expressão de surpresa:

— Ohhh, o que você estava fazendo lá fora? Parece estar todo ferido também... — disse a criatura da caverna.

— Primeiramente, quem é você? — disse Demon, ergueu sua guarda.

— Eita, calma lá rapaz, não precisa ficar atento comigo, somos da mesma espécie e com isso, temos os mesmos objetivos! Eu só estou surpreso que você, um subterrâneo de dois chifres, tenha saído das profundidades e estava dando uma volta na superfície...

— Você mora aqui?

— Morar aqui? Não, aqui é o meu posto de vigilância irmão, sou apenas um guarda que observa o movimento da superfície por este ponto mesmo... Aliás, você deve ser um tanto anômalo, pois não possui algumas características nossas... Você esteve junto com os experimentais?

— Experimentais? Você anda falando de coisas estranhas...

— Pelo visto você deve estar cansado de ter andado na superfície ainda com a estrela no céu, além de estar machucado, provavelmente você está exausto mesmo..., mas não te preocupes, vamos entrando que lá dentro, darão um jeito em seu cansaço e em suas feridas.

A criatura demonstrou estar confortável e íntimo na presença de Demon, porém, Demon ainda não estava seguro com esta criatura.

— Prazer em te conhece-lo carinha, me chame de Disto! – disse a criatura, abraçou Demon e o acompanhou adentrando a caverna.

— Me chame de Demon.

— Demon hein? Esse nome é bem exótico de fato, mas não se preocupa que agora você está em boas mãos... Aliás, você vai participar do combate real militar?

— O que é isso?

— Não sabe o que é? Olha, eu não sou de ficar me intrometendo nos assuntos dos outros, mas, acho que você tem grandes chances de vencer neste combate. O Rei está querendo eleger mais um comandante de nossas tropas e como um teste de força, ele realizou uma espécie de combate entre nós para poder eleger este comandante.

— E por que você acha que eu deveria me tornar um comandante?

— Porque ser um comandante te dará prestígio entre todas as tarefas realizadas aqui entre nós, além de ter acesso a todas as nossas estratégias de guerras contra os Aristeus, esses tipos da superfície... Você tem dois chifres, o que significa que tu és muito forte.

— É mesmo é? Parece ser uma oportunidade e tanto então... — disse Demon, esboçou um sorriso sádico.

Demon não se interessava pelo prestígio ou reconhecimento daqueles seres, no entanto, a oportunidade de ficar por dentro das estratégias de guerra lhe daria uma vantagem para traçar suas próprias estratégias e cumprir com o desafio dado a ele naquele mundo.

A melhor forma de derrotar um oponente é sabendo suas fraquezas e com isso, Demon decide participar deste evento realizado entre os subterrâneos. Disto o acompanhou até as profundezas da caverna, que o levava ainda mais para baixo.

É percebido construções e estruturas no ambiente. As luzes eram emitidas por uma espécie de rochas e minerais. O ambiente era bem iluminado, e estruturado com casas, mansões, uma verdadeira cidade embaixo da terra. Impressionado com a organização do local, Demon começou a reparar subterrâneos parecidos com Disto e subterrâneos de dois chifres.

— Você havia comentado que haviam subterrâneos de dois chifres, não é?

— Sim eu disse, mas isso é senso comum entre nós... Por um acaso tu perdeu sua memória quando saiu lá fora?

— Eu devo ter perdido alguma memória sim... — disse Demon, tentou disfarçar.

— Entendo, ter ficado exposto a luz da estrela deve ter te deixado bem exausto ao ponto de perder a memória..., mas não se preocupe meu camarada, eu vou lhe explicar as coisas de novo! Subterrâneos normalmente nascem com 1 chifre, mas há casos que nascem com dois chifres.

— E por que isso ocorre?

— Acreditamos que é porque deveria ter nascido dois subterrâneos do mesmo casco, mas acabaram se juntando e tornaram-se 1 subterrâneo de dois chifres... Os de dois chifres são bem mais fortes e capazes do que os de 1 chifre, são os que fazem frente em trabalhos pesados e são os que se tornam líderes de combate também.

— Mas existem também os que nascem com 3 chifres, mas isso só acontece com a realeza. — disse Disto, continuou caminhando com o Demon.

— Imagino que os de 3 chifres sejam muito fortes do que os de dois chifres então.

— Sim e não, no caso das fêmeas, elas ganham uma espécie de poder psíquico que as tornam excelente para estruturar decisões e vantagens para nossa sociedade e por isso se tornam conselheiras do Rei. Já os machos, se tornam sim muito mais fortes que apenas dois chifres, mas ganham uma inteligência absurda também, com capacidade de aprendizado e raciocínio muito mais elevado que todos nós.

— Parece ser um cara muito competente pelo visto... — disse Demon, com um sorriso de animação em seu rosto.

— Não se refira ao nosso rei com tanta casualidade assim camaradinha, ele é um ser respeitado por todos os subterrâneos e também o costumamos ver como um pai para todos nós. Infelizmente, houveram perdas na família real que motivaram esta guerra em que iremos travar com os Aristeus, mas estamos todos contentes em poder dar a nossa força a ele.

— Vocês são muito unidos mesmo, nada mal...

— Somos camaradinha, somos, pois tu és um de nós e vamos lutar juntos!



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