Peace Out Brasileira

Autor(a): John C.


Volume 1

Capítulo 16: Nova companhia? A mulher que não sorri!

Espaço: Casa do Spark

Tempo: Sábado de manhã.

Após a rápida introdução da amiga de Talita, os três adentraram na casa de Spark, enquanto Demon, ficou pelo lado de fora da casa para não chamar atenção. A garota continua sem esboçar alegria alguma, o que deixou Spark particularmente incomodado com tamanha frieza pela falta de expressão facial.

A garota se manteu em silêncio e observou a casa em seus minuciosos detalhes. Demon a observa pelo lado de fora e com uma certa distância. Suas preocupações naquele momento era identificar que tipo de habilidade ou poder esta nova companhia poderia manifestar.

Talita continuou a arrumar a cozinha para que os três possam almoçar. Spark foi o primeiro a se sentar a mesa, enquanto Luiza se assentou na cadeira logo a frente de Spark, o que a permitiu ficar diretamente encarando o garoto.

A situação estava extremamente constrangedora para Spark. Ele não sabia se era rude parar de encara-la, ou se deveria falar alguma coisa para aliviar a tensão que estava sentindo. Olhar para o rosto dessa garota e perceber a ausência de expressão, o deixava sem brechas para saber se ela estava à vontade ou, gostando de sua companhia.

Talita, que estava arrumando a mesa, resolveu se manifestar:

— Pelo jeito, a Luiza gostou da sua pessoa Spark.

— Ahn? Gostou? Como assim Talita? Ela está bem séria e não disse nada até agora...

— Bem, eu a conheço já faz um tempinho. Sei que mesmo ela estando assim, dá para perceber em suas ações o que ela está sentindo ou pensando. — disse Talita, continuou a arrumar a mesa.

Luiza, finalmente, resolveu conversar com Spark.

— É verdade. Gostei do ambiente, gostei da moradia e gostei da companhia. Tudo me parece deveras tranquilo por aqui. — disse Luiza, expressou com um sotaque distinto.

— Nossa, você fala de uma maneira diferente. Que legal! De onde você é? — disse Spark, acalmou um pouco.

— Conheço pouco sobre meus antecessores familiares e suas origens. No entanto, sendo de minha ciência, sou da cidade próxima daqui.

— Entendi. O povo da cidade deve falar assim como você então, eu imagino... É bem legal conhecer pessoas de lugares diferentes. — disse Spark, esboçou um sorriso tranquilo.

— É deveras interessante observar a simplicidade deste local. Não apenas no sentido de recursos tecnológicos, mas culturalmente, a montagem e estruturas das moradias se assemelham. Me parece um local agradável e pacífico para se viver. — disse Luiza, permaneceu séria.

— Ah, é sim bem pacífico. Aliás, posso fazer uma pergunta para você?

— Permissão concedida.

— Você é séria assim o tempo todo? Não precisa ficar assim toda hora, até porque, deve ser cansativo ficar sério todo o momento... Hehehe.

Talita e Luiza param por um momento e ficam em silêncio. As duas se encaram rapidamente e passam a olhar para Spark. Sem entender, o garoto resolve perguntar:

— Por que estão me olhando assim? Eu disse algo de errado?

— Spark, veja bem... Não é como se ela quisesse ficar séria a todo o momento, entende? — disse Talita, sentou-se à mesa para almoçar.

— Desculpe Talita, acho que não entendi o que quer dizer...

— Luiza, este aqui é o Spark. Estou dividindo a casa com ele e até o momento, pude perceber que ele é um bom rapaz confiável. Te trouxe aqui para conhece-lo porque sei, que não gosta de causar más impressões ou insistir em amizades. Porém eu te peço, confie em mim e confie nele. Tire a dúvida dele antes que isso possa causar uma confusão entre vocês, por favor. — disse Talita, encarou Luiza.

Luiza pensou um pouco a respeito. Silêncio ficou por alguns instantes. A garota decide se expressar sobre o ocorrido:

— Já que é de confiança de minha amiga, o tratarei como um indivíduo de confiança e lhe explicarei minhas condições.

— Tudo bem... — disse Spark, acanhou-se.

— Eu não sou uma garota em sua normalidade. Me reconheço como um ser humano, no entanto, não sou um comum. Fui geneticamente alterada por meus pais antes de nascer, e acabei adquirindo uma doença, de efeito colateral das mudanças genéticas, algo que chamam de Frigidus Facies. Em latim, significa rosto frio, o que em seu entendimento, trata-se da incapacidade de expressão facial.

— Meus pais são doutores da área de medicina. Especializaram-se no ramo de pesquisas e desenvolvimentos genéticos. Financeiramente, conquistaram o que queriam com seus trabalhos. — disse Luiza, começou a comer.

— Isso explica o carrão. Poxa, que bom então que vocês estão bem, não é?

— Eles são infelizes, pois se arrependeram de suas ações. Eu sou o sucesso da pesquisa deles.

— Você é sucesso da pesquisa deles? O que quer dizer com isso?

— Como dito anteriormente, meus pais são da área medicinal e trabalharam com desenvolvimentos genéticos. Um de seus trabalhos era de apresentar uma alteração genética em humano. Seus corpos foram cobaias de seus próprios testes e com essa razão, aplicaram em si mesmos o resultado de suas pesquisas.

— Era do interesse do governo aplicar mudança genética em seres humanos, com o argumento de criarem uma nova espécie forte de humanos geneticamente alterados para o futuro. No entanto, o resultado da pesquisa não alterou geneticamente meu pai ou minha mãe.

— O resultado de suas pesquisas acabou vindo com o meu nascimento. Nasci com cabelo azul, geneticamente alterado como resultado de suas pesquisas. Demonstrei grande inteligência na resolução de problemas envolvendo em áreas lógicas e exatas. Contudo, me encontro incapaz de expressar sentimentos em meu rosto.

— Poxa vida. Eu não entendo nada desses assuntos de geneticamente alterado, mas pelo que pude entender, é por causa dessas coisas que você não consegue sentir? — disse Spark, assustou-se com a quantidade de informações.

— Não sou incapaz de sentir. Sou incapaz de demonstrar. Meu rosto sempre permaneceu em sua neutralidade. Não tenho sensibilidade nos músculos de minha face para esboçar ou expressar alguma coisa. Sei que isso não altera o fato de que sou má vista por ter meu rosto em uma única expressão. Espero que isso não lhe torne um incômodo ou algo insuportável.

— Spark, em resumo, Luiza é uma boa pessoa, mas tem o seu rosto sempre de forma séria. — disse Talita

Spark pensa um pouco a respeito disso tudo. É de fato, uma novidade conhecer uma pessoa que está sempre em sua única expressão, pois isso, não era nem um pouco convidativo. No entanto, isso não o desmotivou a conhece-la.

— Eu espero que possamos nos tornar bons amigos Luiza. Eu vou ter que te conhecer melhor para poder saber o que anda sentindo com as coisas, mas isso vem com o tempo, não é? Não se preocupe com isso, sei que um dia você vai sorrir! — disse Spark, esboçou um sorriso determinado.

— Agradeço pela paciência que demonstra em minha pessoa. Saiba que é do meu interesse lhe conhecer em um nível mais profundo do que este atual.

— Hehehe, que legal! Então, podemos nos considerar amigos a partir de hoje? — disse Spark, ofereceu sua mão para apertar

— Sim. Me parece vantajoso tê-lo como um amigo Spark. — disse Luiza, apertou a mão de Spark.

Spark e Talita demonstram felicidade com a atual situação. Luiza, embora não demonstrar felicidade, se sente feliz e confortável.

Espaço: Templo das Criações

Em uma outra dimensão, Luxúria e Inveja são escoltados por um anjo de grau menor em um local inusitado. Este local era vasto, com altas colunas e quadros colocados na parede. Todos os registros nestes quadros estavam em movimentação, o que sinalizava que estavam vivos.

Ao adentrarem neste local, o anjo começou a falar:

— Este local é onde todos os registros de criações do Criador estão. Nele, são documentados e observados desempenhos, numerais, qualidade e não esquecendo também de suas próprias existências. O Criador permitiu que viessem até aqui para darem prosseguimento em suas tarefas designadas. No final das colunas, há uma porta. Nesta porta, estão selecionadas as criações que vocês poderão interferir. — disse o anjo, com uma voz tênue e mansa.

Após proferir suas palavras, o anjo se retira do local. Luxúria e Inveja se encontram neste vasto espaço sozinhos. Ao adentrar na porta, se deparam com 7 quadros na parede. Luxúria começou a se contorcer de incômodo.

— Hmm, pelo o que se contorces desta forma? — disse Inveja, provocou Luxúria.

— Esse lugar é muito calmo!! Não pretendo ficar me queixando porque querendo ou não, é o que nos foi disponibilizado para darmos continuidade ao plano. Mas sinceramente, eu odeio essa calmaria toda! Não tem nada para se esbanjar por aqui!

Iahahahahahaha, por outro lado, eu vou me divertir muito ao ver essa sua carinha nervosa por um tempo aqui. Foi mesmo uma boa idéia ter vindo te acompanhar.

Dane-se isso por agora. Quanto mais nos apressarmos com as coisas, mais rápido voltarei ao meu território. Porém, voltarei triunfante e gozando do meu mais novo título de representante maior! Sim, isso me dará forças para continuar nessa joça sem-graça.

— E eu achando que seu motivo de querer ficar era eu dando risada da sua cara. Enfim, você ouviu o anjo antes de vir para cá. Precisamos oferecer recursos para os desafiantes adentrarem aos desafios, do contrário, seremos punidos severamente pelo anjo maior. Já pensou que tipo de recursos dará a eles?

— Linguagem. Esses idiotas precisam só saber a conversar e lá eles se viram. — disse Luxúria, procurou entre as pilhas de livros ao lado de cada quadro.

— Certeza que dará a eles apenas linguagem? Se for muito escasso, seremos punidos também seu idiota. Não estou afim de me dar mal só porque você está de birrinha e cabeça quente por não ter o que quer.

— Se você quer dar mais alguma coisa, dê a eles então! Se quiser se doar a eles também, pode ir e doe-se. Não é você que vai pegar esses livros e achar o guia da linguagem de cada local mesmo... Comece você a pensar em outra coisa para dá-los.

— Iaaahahahahaha, realmente, me divertirei muito estando aqui ao seu lado! E falando em divertir, teremos que nos disfarçar também. Não é como você quisesse aparecer de cara limpa para o Ira e o seu conector.

— Não preciso me disfarçar para o Ira. Mas para o conector, para preservar nossas identidades, segundo instruções do próprio anjo, terá de ser feito. Não esquente cabeça com isso, porque eu já tenho bons disfarces para podermos vestir.

— Você não me disse que havia pensado em disfarces...O que tem em mente?

— Algo... Apropriado... Hohohahahahaha.

Espaço: Templo do Representante Maior do CYEYU

O anjo que escoltou Luxúria e Inveja, aproximou do templo do Representante Maior do CYEYU para dar informações. Em sua presença, o anjo prostrou-se em sua frente e começou a conversar:

— Representante, venho humildemente informa-lo que Luxúria e Inveja já estão em seus locais remanejados para o desafio proposto.

— Muito bem querido. Continue a me informar se houver alguma mudança dentro do que foi combinado.

— Representante, devo adicionar ou retirar alguma observação em minhas designações?

— Vejo que anda incomodado com o fato de tê-los deixados em um local de tamanha importância... Por que te afliges desta forma?

— Receio que permitir tamanha responsabilidade na mão de criações cujo único propósito é de punição e destruição, é deixar vulnerável o futuro das criações já feitas pelo próprio Criador.

A expressão do rosto do Representante Maior muda drasticamente. Sua expressão facial passa a ser de raiva e incômodo pela constatação do anjo de grau menor.

— Por um acaso esqueces que o Criador está no controle de absolutamente tudo? Nada pode escapar da vontade dele, nem mesmo os dois que estão na sala da criação! Não diga tamanha blasfêmia em sequer supor que algo sairá do controle querido!!

— Peço perdão pelas minhas ignorâncias proferidas Representante. Vejo que apenas observei a situação do meu ponto de vista limitado.

— Vá e cumpra o seu dever! Não te preocupes com nada além do que lhe foi designado, pois nossas funções, já foram determinadas. Alegrai de participar deste ato grandioso em que envolve o Senhor! — disse o R. Maior, levantou suas mãos ao alto, dando glória ao Senhor.

— Corretamente dito! Partirei em direção aos meus serviços por agora. Grato pelas palavras edificantes.

O anjo imediatamente se retira do local. O Representante Maior permaneceu em seu templo, assentou em seu trono e pensou a respeito do que foi dito:

“Nem mesmo eu tenho todas as respostas pelas razões dos quais o Criador permite que as circunstâncias ocorram. No entanto, não deixarei de apoia-lo em suas decisões e decretos.”



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