Peace Out Brasileira

Autor(a): John C.


Volume 1

Capítulo 15: Uma nova perspectiva!

Espaço: Casa do Spark

Tempo: Sábado de manhã.

Estava amanhecendo na casa de Spark. O garoto estava dormindo em seu sofá, enquanto Talita já estava acordada e preparava um café-da-manhã. Spark acorda lentamente de seu sono e repara os pequenos barulhos de utensílios na direção da cozinha. Sua primeira reação foi se levantar do sofá e ao fazer isso, reparou que não sentia mais dores em seu corpo.

Seus braços estavam enfaixados, mas não haviam mais dores em suas articulações e ossos. Spark fica confuso ao mexer os seus braços enfaixados com facilidade e indolor.

Spark olha imediatamente para Talita, que estava na cozinha, também com seu corpo enfaixado. Sua confusão aumentou mais ainda, pois era óbvio que, pelo ocorrido de ontem, seu corpo estaria ainda mais dolorido neste dia. Spark se aproximou de Talita e resolveu perguntar:

— Bom dia Talita.

— Ah, bom dia Spark. Dormiu bem?

— Sim. Na verdade, acho que dormi bem até demais. Não estou sentindo dor alguma em meu corpo.

— Poxa, que legal! Isso é sinal que você descansou muito bem, não é mesmo?

— Falando em descansar bem, você parece estar bem também Talita. Você não anda sentindo dores no corpo também?

— Ah, sim! Na verdade, eu também tive uma boa noite de sono. Nada como um descanso para estarmos bem novamente, não é? Hahahaha. — disse Talita, constrangeu-se com a observação de Spark.

— Nossa, que estranho isso... Eu já volto, vou dar uma olhada lá fora.

Spark sai para os fundos de sua casa, para o seu quintal. Ao chegar em seu quintal, reparou que o seu baú ainda estava por lá. Ao abrir o baú, percebeu que a foto de seus pais estava intacta. Isso deixou Spark ainda mais confuso com toda a situação, porém feliz ao perceber que a foto estava inteira.

O garoto não sabia o que pensar diante desta situação. Lhe veio em mente que podia se tratar de um sonho e que nada do que havia ocorrido ontem foi real. Se nada havia de fato ocorrido, não haveria necessidade de ficar com raiva de Demon, do qual, passou pela sua cabeça ao lembrar da cena onde ele havia rasgado a foto, que no momento, estava intacta em suas mãos.

Ao se deparar com seus braços enfaixados, Spark resolveu voltar para a casa e perguntar para Talita o que havia ocorrido ontem. Demon estava encima de uma árvore, observando toda a situação logo pela manhã. Sua audição estava boa, o que lhe permitiu ouvir a conversa até mesmo de dentro da casa.

Spark depara com Talita sentada a mesa e se servindo do café-da-manhã. Sem perder tempo, o garoto começa a falar:

— Talita, o que aconteceu ontem?

— Ahn? Como assim o que aconteceu ontem Spark?

— Eu acho que tive um sonho. Neste sonho, Demon rasgou a foto dos meus pais e lutou contigo. Porém, ao me deparar com o meu baú lá fora, a foto está inteira. Pode ser um sonho, mas se for, por que estamos enfaixados dessa forma? De alguma forma, não estou sentindo dor alguma... O que houve ontem? — disse Spark, olhou diretamente para Talita.

Talita percebeu imediatamente que estava em uma situação delicada. Se ela dissesse que foi um sonho, tornaria complicado justificar os curativos em seus corpos. Porém, se ela dissesse o que de fato houve, deixaria a situação ainda mais complicada, pois, não haveria como justificar o bem-estar repentino dos dois.

Nesta situação, ela decidiu mentir para Spark.

— Então Spark, talvez você não se lembre mesmo do que ocorreu ontem, não é? Estávamos brincando um com o outro, quando você acabou tropeçando em uma pedra no meio do caminho e caiu em um buraco fundo. Como você caiu encima de seus braços, achei que era melhor fazer um curativo neles. — disse Talita, esboçou nervosismo.

— Bom, isso justifica o curativo em meus braços..., Mas e você Talita? Por que está assim?

— Eu tive que descer no buraco para tentar te tirar de lá, mas no meio do caminho, acabei perdendo o equilíbrio e me machuquei toda até chegar onde você estava.

— Entendi. Que bom que isso não foi nada sério e que estamos bem agora. — disse Spark, esboçou um sorriso sincero.

— Pois é. Tivemos muita sorte nisso mesmo, hahahaha — disse Talita, aliviada.

Claro, não era do feitio de Talita mentir, mas para ela, estava com boas razões para poder mentir naquele momento. Spark não havia percebido por inocência, ou talvez, não quisesse admitir para si mesmo o fato ocorrido ontem por ter sido absurdo para si. Aliviado e convencido que se tratou de um sonho, posicionou-se a mesa para tomar seu café-da-manhã.

Satisfeita com a resolução da situação, Talita começa conversar com Spark enquanto se alimentavam:

— O que você faz nos finais de semana Spark?

— Agora de manhã, eu normalmente limpo a casa. Fico com um tempo livre depois disso.

— E o que você faz em seus tempos livres?

— Eu imagino!

— Imagina? Como é isso?

— Você conheceu as histórias do Capitão Spark, não é? Pois bem, eu vou para o quintal, imaginar como seria se eu fosse o Capitão Spark para salvar pessoas inocentes do perigo!

— Ohhh, tipo um teatrinho?

— Sim, tipo isso mesmo, hahaha.

— E você brincava disso sozinho?

— Bem, sim. Eu sei que é estranho, mas brincar sozinho de imaginação também tem suas vantagens. Eu posso imaginar qualquer coisa e continuar seguindo em frente com a história que eu criar na minha mente.

Talita se impressiona ao saber que Spark utiliza de seu tempo livre para ficar imaginando suas histórias. No entanto, ela achou deveras criativo e divertido que o garoto consegue se divertir, ainda que sozinho. Com isso em mente, ela pensou em uma oportunidade:

— O que acha de eu trazer uma amiga aqui em casa para você a conhecer Spark?

— Amiga? Legal, você não me disse que tinha amigos ou amigas Talita.

— Não sou uma pessoa de muitas amizades, mas ela é uma boa amiga, com certeza!

— Claro que pode trazê-la até aqui. Ficarei feliz em conhecer sua amiga e farei o meu melhor para causar uma boa impressão!

— Hahaha, tudo bem então. Trarei ela aqui depois do almoço para vocês se conhecerem.

— Está certo então Talita! — disse Spark, esboçou um sorriso.

O dia retornou a sua normalidade, que para Talita, era o ideal. Spark ao finalizar seu café-da-manhã, dirigiu até a frente da sua casa, pegou uma vassoura e começou a varrer as folhas que estavam amontoadas em seu pequeno caminho de pedras. Demon, estava observando o garoto enquanto estava encima das árvores.

Ele ouviu toda a conversa que houve dentro da casa. Claramente, ele não compreendeu o motivo pelo qual a garota havia mentido para o garoto. Embora confuso, entendeu que essa situação era benéfica, pois, lhe permitiria aproximar do garoto para mantê-lo sobre controle em oportunidades que para ele, eram desfavoráveis.

Demon parou por um momento para analisar a situação mais uma vez. Desta vez, não se tratava apenas dele com a garota que já havia uma antipatia, mas com uma garota completamente nova nesta situação. Passou pela sua cabeça que poderia significar mais uma garota que possuía tais habilidades que a garota, esbanjava até então.

Situações novas para ele é uma oportunidade de planejar. Sua ideia inicial se tratava de uma aproximação amigável com essa pessoa nova. A razão de pensar dessa forma é que, a tornando uma aliada, suas chances de controlar o garoto em suas rotinas, ofereceria mais chances de sucesso.

Em meio a seus pensamentos e planos, Spark repara que Demon estava encima de uma árvore. Passou a encará-lo, até que, Demon percebeu que foi identificado pelo garoto.

— Demon, desça até aqui!

— O que você quer dessa vez? — disse Demon, desceu da árvore com um pulo.

— Eu tive um sonho bizarro ontem. Você estava lá.

— Olha só, já sonhando comigo e nem amigos somos. É muita carência para um ser humano só...

— Você fez uma coisa que me deixou muito irritado. Fico contente que se tratou apenas de um sonho. — disse Spark, continuou a varrer as folhas.

— Por um acaso você sonhou que eu fiz algo contigo, porque no fundo, você sente pavor da minha presença, não é mesmo?

— Não sei o porque sonhei isso, mas acho que é porque você tem essa aparência do mal.

— Aparência do mal. Parece até um elogio vindo de você.

— O sonho foi muito real para mim, e por isso, peço desculpas se eu lhe tratar de uma forma diferente por enquanto.

— Me pedindo desculpas por um sonho... Quanta inocência! Chega a me dar enjoo ter que ouvir tamanha baboseira.

— Falando em ouvir, o que nós somos Demon?

— O que nós somos? Que tipo de pergunta é essa por acaso?

— Digo, como você enxerga isso que nós temos um com o outro?

Em sua mente, passava apenas a resposta de “um simples conector para o meu poder”. Obviamente, ele não poderia falar isso de forma tão direta. Por isso, resolveu alterar a sua resposta:

— Te vejo apenas como um conhecido. De fato, nos conhecemos, mas somente isso.

— Hmm... Está bem.

— Parece estar desapontado com a resposta. Não fique assim moleque. Para ser meu amigo, é preciso ter os mesmos interesses e valores que eu tenho. Olhando de cima, você é completamente o oposto do que eu espero.

— Agora que você comentou, é verdade. Ainda não achamos algo que concordamos.

— Não precisa se apressar para achar isto também. Coisas assim levam tempo. E coisas assim, também podem levar muito mais tempo do que o esperado.

— Por mim tudo bem. Enquanto houver respeito um pelo outro, dá para convivermos mesmo com ideias diferentes! — disse Spark, esboçou um sorriso sincero.

— Você é estranhamente feliz, mesmo tendo uma vida muito merda...

— Hahahaha, eu tento!

Demon se sentiu aliviado em saber que poderia ter aproximação com o garoto, pois, para seus planos de controle do próprio, era necessário a sua presença, pelo menos, para influencia-lo em alguma coisa.

Ambos notam que Talita saiu de casa e partiu em direção ao caminho da cidade a pé. Ela já não estava mais com as faixas em seu corpo. Estava utilizando uma camisa rosa e calça preta desta vez. Ao reparar a alegria no rosto da garota, Spark fica encabulado, pois de fato, a achava atraente.

Ao perceber que Spark estava se permitindo florar este sentimento, Demon, imediatamente chamou atenção de Spark para focar em seu trabalho de limpar as folhas aos redores de sua casa.

Observar que a garota estava bem novamente e que o garoto também aparentava estar saudável, deixou Demon em um estado de alerta. Com certeza, isso não era algo de capacidades humanas envolvidas. Era de seu conhecimento as limitações dos poderes de um ser humano comum.

Um carro preto e luxuoso se aproxima da casa de Spark. Tanto Spark e Demon, que estavam fora da casa conversando, observam a chegada do veículo. O carro se aproxima da casa de Spark.

Uma garota de cabelos azuis e olhos verdes sai do banco de trás deste carro. Sua expressão era neutra, não demonstrou excitação alguma. Talita, sai do banco de trás logo em seguida e segurava uma sacola roxa.

— Ela veio almoçar conosco Spark! O almoço está aqui comigo! Quero que conheça a amiga que te falei antes, Luiza! — disse Talita, empolgou com a situação.



Comentários