Peace Out Brasileira

Autor(a): John C.


Volume 1

Capítulo 14: Vamos recomeçar!

Espaço: Casa do Spark

Tempo: Sexta-feira de noite.

Spark e Talita se aproximam novamente da casa. Ao chegar, Spark pegou seu baú, pegou os vários pedaços rasgados da foto e colocou dentro de seu baú. O silêncio permanecia no local, não havia muito o que pudesse comentar daquela situação trágica. Talita auxilia Spark na procura de outros pedaços da foto de seus pais, até que, finalmente o baú é fechado.

Spark tenta pegar o baú, mas seus braços estavam quebrados da anterior queda livre do corpo de Talita. Ao ver que era incapaz de pegar o baú, ficou extremamente triste ao repensar sobre o que havia ocorrido. Talita se aproxima de Spark e começa a conversar com ele:

— Spark, não precisa se esforçar tanto... Pode deixar o seu baú aqui por enquanto. Você havia me falado que aqui é pacífico, então não acho que podem rouba-lo de você aqui fora. — disse Talita, colocou sua mão em seu ombro.

— Eu sei Talita, não fico triste em pensar nessa possibilidade. Fico triste em pensar em tudo o que houve. Sinto que fui muito ingênuo, e por isso, deixei de tomar uma atitude esperada e correta quando tive a oportunidade. Achei que o Demon, apesar de ele ter a aparência que tem, poderia ser uma boa companhia... Me enganei.

— Saiba que não te vejo como culpado disso. Você pelo visto é inexperiente, pois espera o melhor dos outros antes mesmo de pensar sobre o pior deles. Neste vasto mundo, é preciso ter equilíbrio em nossos sentimentos. Para sobreviver e evitar situações dessas, precisamos ter equilíbrio em nosso meio de pensar. Você é inocente Spark.

— Tem razão Talita. Vou melhorar nisso. Obrigado pelo ensinamento.

— Agora vamos para a casa descansar, porque amanhã é outro dia. — disse Talita, esboçou um sorriso cansado.

— Eu tenho uns pedaços de panos limpos para curativos Talita. Você está toda machucada e precisa descansar bem. — disse Spark, levantou e caminhou em direção de sua casa.

Talita acompanha Spark para dentro de sua casa. Ao chegar por lá, Spark trouxe um cesto de pedaços de panos limpos para curativos. Talita trouxe consigo mesma uma maletinha de kit de primeiros socorros, o que facilitou o tratamento de seus ferimentos e posteriormente, os ferimentos de Spark.

Depois de todo o tratamento, Spark se despede de Talita e foi se deitar no sofá. Talita permaneceu acordada por um tempo ao pensar no que havia ocorrido e no bem-estar de Spark. Levantou-se de sua cama lentamente e prosseguiu até a porta de seu quarto. Abriu lentamente para observar se Spark já havia caído em sono.

Ao perceber que Spark estava em seu sono profundo, Talita saiu lentamente de seu quarto em direção a Spark, deu um beijo em sua testa e retornou lentamente para o seu quarto.

Espaço: Floresta, a caminho da casa de Spark

Demon, em sua forma inofensiva, começou a andar pelo caminho destruído em direção a casa de Spark. Não havia muito o que lhe passava na cabeça naquele momento, por isso, suas decisões eram baseadas em instintos. Ao chegar na casa, percebeu que as luzes estavam todas apagadas. A fogueira estava apagada e o baú do garoto estava por ali também.

Ao abrir o baú, ele se deparou com os pedaços rasgados da foto. Ao ver os pedaços, lembrou sobre as condições impostas por Deus de não causar nenhum dano a sua propriedade, o que significa, que ele havia quebrado uma das condições de Deus. Isso o deixou em estado de pavor, pois com certeza, uma punição pesada viria sobre ele. Sua vontade naquele momento, era de corrigir o que havia feito.

Demon pensou em pedir para a garota utilizar de seus recursos e consertar a foto, porém, automaticamente foi apagada essa ideia. Pensou em entregar essa foto para alguém do vilarejo que pudesse corrigir, contudo, seria deveras estranho deixar uma foto rasgada com um estranho. Suas opções estavam cada vez mais limitadas.

Para esvaziar a cabeça de seus pensamentos pessimistas, Demon resolveu perambular pela floresta para pensar melhor no que poderia fazer para consertar a foto do garoto. Ao caminhar na floresta, começou a ouvir passos e vozes de pessoas. Ao se aproximar, percebeu que estavam se aproximando de uma caverna, as pessoas usavam capas pretas e seguravam lamparinas.

Estas pessoas de capa preta e com suas lamparinas, adentraram em uma caverna, e continuavam seguindo para dentro. A luz da lua cheia batia diretamente nesta caverna. Demon despertou interesse e por isso, passou a segui-los. Ao chegar dentro da caverna, percebeu que no meio, deixavam suas lamparinas em uma elevação, onde se reuniam os de capas preta.

Demon se escondeu entre as rochas da caverna, aproximou do local luminoso para ver o que estavam fazendo. Ao se aproximar mais, deparou que no meio do encontro dos capas pretas, havia uma mulher amarrada. Sua boca estava selada por uma fita adesiva grossa, o que a impedia de gritar.

O Sacerdote dos capas pretas andou em direção ao meio. Iluminado pela luz da Lua, começou a falar:

— Irmãos e irmãs! Estamos hoje reunidos para buscarmos nossa benção anual do culto ao inimigo e adversário de Deus! Pois sem ele, nossas vidas estariam fadadas ao fracasso. Devemos nos lembrar daqueles que nos pisaram, mas também daqueles que nos reergueram e por isso, devemos nossa lealdade a ele! — gritou o Sacerdote, animou todos os reunidos.

— A cada ano que passa, se torna mais difícil realizarmos nossos sacrifícios por razão da ausência da pureza que reincide nesse mundo! Contudo, devemos nos alegrar irmãos, porque este ano conseguimos, mais uma vez, cumprir com os desejos de nosso adorado ídolo! Está aqui conosco, uma virgem de 23 anos! — gritou o Sacerdote, todos o aplaudiram.

Demon imediatamente entendeu que se tratava de um ritual de invocação demoníaca. Ele não viu isso com maus olhos, pois entendia que os envolvidos se tratavam de pessoas que escolheram trilhar o caminho do que é considerado rebelde. Esta situação poderia lhe trazer algum benefício, pois dependendo de quem apareceria, Demon poderia pedir um favor.

Os capas-pretas começaram o seu ritual. Palavras de uma linguagem antiga começaram a serem recitadas. Esta era a linguagem dos anjos caídos. Demon identificou imediatamente o que estavam dizendo, e seus dizeres eram estes:

— Venha diante de mim, óh poderoso e invencível inimigo de Deus. Não há ninguém igual a ti. Realize nossos desejos egoístas e lascívias para a prosperidade daqueles que te alcançam de boa vontade.

Depois de recitaram por exatos 66 vezes, uma forte luz é propagada do chão, manifestou entre eles um corpo reluzente, jorrava poder e luminescência. Imediatamente, todos se ajoelharam e adoraram a criatura reluzente.

A luz lentamente dissipou e revelou assim o corpo por trás de toda luz.

Era um ser de aparência masculina. Atraente, de olhos brancos, cabelo de fios finos. Seu estilo era preto e branco em sua perfeita divisão. Demon imediatamente reconhece que se tratava do anjo do qual brigou nos céus, diretamente com Deus. Seu nome era Heylliel. Seu título era Satanás. O ritual dos capas pretas foi um sucesso.

Após toda luz se esvair, todos os capas pretas recitavam a frase na linguagem antiga:

— Rei das trevas, conceda nossos desejos. Banhe-nos com vossa luz e encha-nos de bênçãos. Sua oferenda está dada assim como nossos corações a ti!

Demon retornou a sua forma comum e começou a caminhar em direção de Satanás. Logo, ele percebe a vinda de Ira e abre um sorriso debochado em seu rosto. Ao caminhar em meio dos capas pretas, todos passam a observar Ira se aproximar de Heylliel, como se houveram invocado outro tipo de Demônio para os darem bênçãos.

Os capas pretas começaram a adorar Ira. Isto irritou profundamente a Satanás.

— Quem diria que você apareceria por aqui... Infelizmente, não estou surpreso que esse bando de idiota queira você por perto. — disse Demon, aproximou de Heylliel.

Está se aproximando de mim, sim, ele que representa a fagulha de todas as guerras e contendas, Ira, o subordinado furioso, mas domado... — disse Heylliel, com uma voz harmônica, como se cantasse enquanto falava.

— Parece que tu ainda não entendes que é impossível ir contra aquele que tudo criou. Ainda que você não queira, faz parte dos planos dele suas ações e até pensamentos. Lembro da vez que você, infelizmente, resolveu aparecer em meu território, só para bostejar sua ideia de rebeldia para cima de mim...

— Não possuo mais tolerância para os que se submetem a vontade de alguém. Diga o motivo de sua aproximação para que eu não tenha mais que aturar sua presença ignóbil e irrelevante.

— Muito bem, quero que você conserte uma coisa. Depois disso, o nosso débito estará pago devidamente.

— Consertar? Acho que você está se confundindo. Me recuso a consertar ou corrigir. Já passou pela sua cabeça em pedir para um de seus subordinados lhe auxiliar neste pedido tão desimportante?

— Já pensei, mas eles são devidamente ocupados com suas obrigações. Já você, que andas perambulando por aqui de forma irresponsável e vagabunda, poderia muito bem quebrar esse galho. Preciso te lembrar o por que você tem um débito comigo? Acho que seus adoradores ficarão infelizes em saber que o Diabo tem suas dívidas...

— Falas com tamanha petulância e arrogância em minha presença, o Rei do mundo! Achas que foi de grande favor a sua influência em guerras que a humanidade participou? Eles sempre quiseram isso. Não é como se você tivesse me feito um favor, apenas agilizou um processo natural destas sub-criaturas.

— Acho que até mesmo você, tem o seu orgulho para manter. Já disse, me ajude a consertar uma coisa, e retirarei o débito que tu me tens.

Contrariado, Satanás aceita ajudar com o pedido de Ira. Ira se retirou da caverna e trouxe até ele o baú, do qual continha a foto rasgada dos pais de Spark. Satanás rapidamente pega a foto, a restaura em seu estado original e a arremessa com grande força para fora da caverna.

— Até que você tem seu lado bonzinho... Obrigado pelo favor. — disse Demon, esboçou um sorriso sádico.

Satanás ficou extremamente irritado ao ter ajudado Ira com o seu pedido. Os capas pretas ofereceram a virgem, porém, como o seu humor estava extremamente ruim, exigiu que fossem sacrificadas 20 virgens para receberem suas bênçãos. Após a sua exigência, Satanás foi embora e deixou os capas pretas para trás.

Sem sucesso com o ritual, os capas pretas soltaram a mulher virgem, que acabou fugindo daquele local e nunca mais retornou. Todos os envolvidos ficaram extremamente desapontados com a atitude de Satanás. Resolveram então, abandonar suas práticas.

Demon retorna até a casa de Spark e deposita a foto dentro do baú novamente. Suas intenções não eram de uma reaproximação física, mas sim, de observar de longe a reação do garoto com esta nova situação.

Na cabeça dele, passavam pensamentos de cumprimento de suas condições perante o Criador. Com a foto intacta, sua condição de não destruir a propriedade do garoto ainda estava de pé. Contudo, ainda lhe passavam alguns pensamentos de expectativas e consequências de suas ações.

Evidentemente, seu relacionamento com o garoto passava apenas de uma mera condição para acesso de sua força e poder. Mesmo tendo isso em mente, calma atingiu seu coração naquele instante, pois sentiu consigo mesmo que havia feito o que era correto aos olhos de Deus.



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